EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 277ª ZONA ELEITORAL DE OSASCO - SP REPRESENTAÇÃO Nº

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1 EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 277ª ZONA ELEITORAL DE OSASCO - SP REPRESENTAÇÃO Nº REGIÃO OESTE PORTAL DE NOTÍCIAS LTDA. - EPP, qualificada na procuração anexa, por sua advogada, nos autos da supracitada REPRESENTAÇÃO que lhe move o PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA DE OSASCO, vem, respeitosamente, com fundamento no artigo 96, inciso V, da Lei nº 9.504/97, apresentar sua DEFESA, aduzindo para tanto as seguintes considerações: P R E L I M I N A R M E N T E Trata-se de Representação pleiteando direito de resposta em face da alegação de que a Representada teria praticado propaganda antecipada negativa ao veicular, em seu portal e página no Facebook, informação inverídica a respeito do Prefeito de Osasco, Jorge Lapas, que, afirma-se, estaria filiado ao Partido Representante. De início, cabe ressaltar que a representação carece de qualquer amparo legal. O artigo 58 da Lei nº 9.504/97 assegura o exercício do direito de resposta apenas a partir da escolha dos candidatos em

2 convenção, cujo prazo, definido no artigo 8º da mesma Lei Eleitoral, para a escolha dos candidatos e formação de coligações inicia-se apenas no próximo dia 20 de julho. No mesmo sentido, o artigo 3º da Resolução TSE nº /15. Daí porque a Justiça Eleitoral não é competente para analisar qualquer pedido de direito de resposta antes do início do processo eleitoral. Além disso, o objeto da presente Representação faz menção apenas ao Prefeito Municipal de Osasco, Sr. Jorge Lapas, e não ao Partido Democrático Trabalhista - PDT de Osasco, que é o Representante. O PDT, por sua vez, não é parte legítima para representar o Sr. Jorge Lapas, tampouco está autorizado a substituí-lo nos atos personalíssimos que seriam a ele inerentes. Se por um lado o atual Prefeito de Osasco ainda sequer é candidato à reeleição, por outro lado o Representante não demonstrou ter poderes para representar o Sr. Jorge Lapas perante a Justiça Eleitoral, muito menos para iniciar ações judiciais contra terceiros - pessoas jurídicas - que sequer seriam agentes do processo eleitoral. Além disso, o Representante nem ao menos apresentou um elemento essencial à demonstração do vínculo existente entre o atual Prefeito e o Partido Democrático Trabalhista - PDT, qual seja, a prova de sua filiação ao Partido. Tampouco se sabe se sabe se o Sr. Lapas será registrado como candidato à reeleição apenas por um único Partido ou por uma Coligação. Ora, a teor do art. 18 do Código de Processo Civil, é evidente que o Representante, uma pessoa jurídica, não pode substituir o Sr. Prefeito na qualidade de pessoa física sem dispor de autorização legal para tanto, tampouco pleitear em seu nome o exercício de direito de resposta, porque carece de legitimidade.

3 No presente caso, resta evidenciada a ilegitimidade ativa do Representante (1) por não ter o PDT escolhido em Convenção Municipal seu candidato à próxima eleição municipal; (2) por não estar o PDT apto a defender interesses pessoais de seus filiados, muito menos de pessoa física cujo vínculo com o PDT sequer foi demonstrado nos autos; (2) por não ter se iniciado o processo eleitoral, e, portanto, o Sr. Prefeito não ter sido escolhido candidato por um Partido ou por uma Coligação; (3) por não terem restado evidenciados quais seriam os prejuízos sofridos pela pessoa física do Sr. Prefeito, que não manifestou qualquer interesse pela causa, não tendo sequer assinado conjuntamente a Representação; razões que demonstram, sem qualquer dúvida, a imprestabilidade da presente Representação, que merece de pronto ser arquivada. DA INEXISTÊNCIA DE AFIRMAÇÃO OFENSIVA OU SABIDAMENTE INVERÍDICA A Resolução TSE nº /15, que dispõe sobre representações, reclamações e pedidos de resposta previstos na Lei nº 9.504/97 para as eleições de 2016, estabelece em seu artigo 3º: Art. 3º A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o exercício do direito de resposta ao candidato, ao partido político ou à coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social. (Lei nº 9.504/1997, art. 58, caput). No presente caso, NÃO HÁ SEQUER candidato, muito menos candidato ou Partido atingido por afirmação ofensiva ou sabidamente inverídica, até porque o processo eleitoral sequer se iniciou. Mas ainda que todas as condições objetivas estivessem presentes, ainda assim o pedido do Representante estaria prejudicado por não estarem os fatos enquadrados no dispositivo legal supramencionado.

4 É relevante lembrar que a última reforma eleitoral aprovada no Congresso Nacional introduziu dispositivos na Lei Eleitoral para evitar, ou tentar restringir, na disputa eleitoral entre Partidos e candidatos, o que já se denominou como a judicialização da política, que, como é sabido, prejudica o debate democrático. Teve, assim, o legislador a preocupação em aprovar normas que possibilitassem impulsionar os debates políticos que antecedem o início do processo eleitoral a respeito das pré-candidaturas, sem que isso representasse qualquer irregularidade, permitindo que a sociedade como um todo pudesse discutir temas políticos sem intimidações ou interferências indevidas em suas análises, críticas ou menções a Partidos ou nomes de précandidatos a cargos eletivos. artigo 21, estabeleceu: Por outro lado, a Resolução TSE nº , em seu Art. 21. É permitida a propaganda eleitoral na Internet a partir do dia 16 de agosto de 2016 (Lei nº 9.504/1997, art. 57A). 1º A livre manifestação do pensamento do eleitor identificado na Internet somente é passível de limitação quando ocorrer ofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos sabidamente inverídicos. 2º O disposto no 1º se aplica, inclusive, às manifestações ocorridas antes da data prevista no caput, ainda que delas conste mensagem de apoio ou crítica a partido político ou a candidato, próprias do debate político e democrático. Como se vê, pretendeu-se garantir plenamente o debate político antes e durante o período eleitoral, permitindo-se, inclusive, críticas a partidos políticos ou candidatos, desde que não atinjam a honra de terceiros ou a divulgação de fatos sabidamente inverídicos. Neste feito, o Representante, ao que tudo indica, pretende apenas e tão somente intimidar a Representada já antes do início do processo eleitoral, tentando, a qualquer custo, caracterizar uma notícia sobre um fato verdadeiro, postada na rede social, como um fato inverídico.

5 É tamanho o receio do Representante em debater questões relacionadas ao atual Prefeito que uma rotineira notícia veiculada em um post de um portal de notícias foi transformada em algo que cria um estado emocional negativo nos eleitores e traz um grande abalo eleitoral. Ora, o Portal de Notícias Região Oeste é um meio de comunicação social que surgiu para noticiar fatos do Município de Osasco e região, inclusive sobre questões relacionadas às Prefeituras e à política local. O que o portal fez foi tão somente veicular uma notícia verdadeira, e não um fato inverídico como insiste o Representante, tanto assim que a Representada incluiu, ao final da matéria, o link do próprio Tribunal de Contas do Estado e que possibilita acesso ao parecer emitido (cópia segue em anexo), cuja ementa é a seguinte: EMENTA: Município: Osasco. Contas anuais do exercício de Ensino: 24,61%. Profissionais do Magistério: 69,69%. Pessoal e Reflexos: 45,23%. Saúde: 28,75%. Superávit: 2,43%. Jurisprudência deste Tribunal. Parecer desfavorável à aprovação das contas da Prefeitura. Votação unânime. (g.n.). Ademais, esse mesmo fato já havia sido noticiado em dezembro de 2015 pela internet, no site denominado Web Diário, que veiculou a seguinte matéria:

6 No presente feito, o Representante alega que os fatos veiculados pela Representada são inverídicos. Aliás, foram duas Representações apresentadas sobre o mesmo fato: a primeira objetivando a aplicação de multa por suposta propaganda eleitoral negativa antecipada, e a que solicita direito de resposta. Pretende agora o Representante, que é uma pessoa jurídica não mencionada na matéria em questão, em substituição ao atual Prefeito que sequer foi escolhido como candidato, pleitear em nome de pessoa física (não candidato), direito de resposta para que seja veiculado um texto no portal de notícias da Representada, que, de toda forma, não serve para

7 desmontar o suposto fato inverídico, pior e mais grave, para com distorções absurdas fazer afirmações explicitamente inverídicas acerca do Parecer do TCE-SP, objeto da presente demanda. Como acima explicitado, a própria ementa do Parecer do TCE evidencia que se trata de decisão unânime do colegiado, fato esse incontroverso. Como também é incontestável que o Parecer do TCE da gestão do atual Prefeito opinou pela desaprovação das contas do exercício de Não pode, pois, o Representante, através de um pedido de direito de resposta, tentar distorcer tais fatos ou escondê-los da população de Osasco porque, em verdade, são sabidamente verídicos. O texto apresentado pelo Representante revela-se, pois, como imprestável e sequer poderia, em caso de deferimento do pedido, ser veiculado como resposta pelas tantas incongruências e inverdades que propala. Vale lembrar que o atual Prefeito do município de Osasco é pessoa pública, e, por tal motivo, está sujeito à veiculação de notícias a respeito de sua administração. Aliás, essa é inclusive a função social dos meios de comunicação, cujo objetivo principal é o interesse público. Seria tão óbvio para o atual Prefeito, que já é conhecido pelos eleitores, responder à notícia veiculada, que não se pode compreender a atual Representação a não ser como uma forma de intimidação e uma tentativa de censura, o que, aliás, é vedado pela Constituição Federal. Ademais, fica patente que quem criou um estado emocional negativo atingindo a figura do Sr. Prefeito foi o próprio Representante, ao dar enorme destaque a uma mera notícia que sequer foi impulsionada e nem está na página principal no Portal da Representada, transformando-a numa disputa judicial insensata e sem qualquer fundamento

8 legal, o que apenas evidencia seu interesse em esconder, a todo custo, fatos verdadeiros que merecem ser do conhecimento da população de Osasco. E se a mera veiculação de notícia sobre fatos verídicos é considerada responsável por criar um estado emocional negativo nos eleitores e por trazer um grande abalo, a ponto de ser objeto de Representação antes mesmo do início do processo eleitoral, deveria o partido Representante desistir de lançar candidatura à eleição municipal, já que demonstra não ter nenhum apreço pelo debate democrático. Não resta dúvida, pois, que o Representante quer CENSURAR a Representada, numa clara tentativa de proibir a divulgação de fato verídico relacionado ao Prefeito de Osasco, recorrendo ao método da intimidação, o que é um atentado à liberdade de imprensa, vedado pela Constituição Federal. Eleitorais em pedidos de direito de resposta: A propósito, vale destacar decisões dos Tribunais Agravo Regimental. Recurso eleitoral. Representação. Direito de resposta. Imprensa escrita. Alegação de veiculação de notícia sabidamente inverídica. I - O direito de resposta visa assegurar a integridade da honra, da reputação e do decoro, defronte as afirmações sabidamente inverídicas, feitas com o propósito de criar má impressão do ofendido perante o eleitorado. Em outras palavras, não cabe direito de resposta por qualquer crítica, ou por qualquer análise objetiva da vida pública do candidato. III - Desprovimento do recurso que se impõe. (TRE-RJ - REL: RJ, Relator: LUIZ ROBERTO AYOUB, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 13/11/2012) ELEIÇÕES PROPAGANDA ELEITORAL. HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO. FATO SABIDAMENTE INVERÍDICO.1. A mensagem, para ser qualificada como sabidamente inverídica, deve conter inverdade flagrante que não

9 apresente controvérsias. 2. Não é possível transformar o pedido de resposta em processo investigatório com intuito de comprovar a veracidade das versões controversas sustentadas pelas partes. 3. Pedido de resposta julgado improcedente. (TSE - Rp: DF, Relator: Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Data de Julgamento: 26/10/2010, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 26/10/2010). (g.n.). À evidência, que somente se assegura o direito de resposta apenas a candidatos, o que não é o caso, que tenham sido atingidos por afirmações SABIDAMENTE INVERÍDICAS, que também não é o que se apresenta nos presentes autos. Como se infere das decisões acima, resta consagrado o pleno direito à liberdade de expressão, com o consequente exercício da crítica política, sem que isso configure qualquer ilícito eleitoral. Por último, é preciso registrar que o próprio texto da matéria, objeto da presente Representação, evidencia que não há a aludida distorção dos fatos a fim de manipular o eleitor: Com a reprovação das contas de Lapas pelo TCE, eles seguem agora para votação na Câmara Municipal. E, caso sejam também reprovadas no Legislativo, Lapas fica inelegível, pois se torna Ficha Suja. Nesse ponto, Lindenberg também faz uma ressalva, afirmando que os vereadores teriam uma decisão mais política, enquanto avaliação do tribunal é técnica. (g.n.). Está claro que o post da Reclamada reproduz um fato verdadeiro, no contexto de um portal de notícias, onde sequer está em destaque, daí porque não pode ser definido como fato inverídico que enseje direito de resposta.

10 D O P E D I D O Por tais razões, não restando caracterizada a veiculação de nenhuma afirmação sabidamente inverídica e não se afigurando na espécie a possibilidade de direito de resposta ao Representante, muito menos a seu candidato que sequer foi escolhido, é de se reconhecer a ausência de fundamento legal para a pretensão aqui formulada, assim como a improcedência da presente Representação. Ante todo o exposto, requer, preliminarmente, seja o presente feito extinto sem resolução do mérito no que se refere ao Representado, com fulcro no artigo 485 do Código de Processo Civil. No mérito, requer seja a Representação julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE, determinando-se o seu arquivamento. Nestes termos, pede deferimento. São Paulo, 13 de julho de André Rota Sena OAB/SP

11 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO GABINETE DO CONSELHEIRO ANTONIO ROQUE CITADINI P A R E C E R TC /026/13 Município: Osasco. Assunto: Contas anuais do exercício de Prefeito: Sr. Antonio Jorge Pereira Lapas. Advogados: Drs. Graziela Nóbrega da Silva, Eduardo Leandro de Queiroz e Souza, Marcelo de Araújo Generoso, Gabriel Macedo Diniz, Camila Aparecida de Pádua Dias e outros. Acompanham: TC /126/13 e Expedientes: TCs /026/13, /026/13, /026/13, /026/13, /026/13, /026/13, /026/14, /026/14, /026/14 e /026/14. Procurador de Contas: Dr. José Mendes Neto. EMENTA: Município: Osasco. Contas anuais do exercício de Ensino: 24,61%. Profissionais do Magistério: 69,69%. Pessoal e Reflexos: 45,23%. Saúde: 28,75%. Superávit: 2,43%. Jurisprudência deste Tribunal. Parecer desfavorável à aprovação das contas da Prefeitura.Votação unânime.. Vistos, relatados e discutidos os autos do processo TC /026/13. Considerando o que consta do Relatório e Voto do Relator, conforme Notas Taquigráficas, juntados aos autos, a E. Segunda Câmara, em sessão de 10 de novembro de 2015, pelo Voto dos Conselheiros Antonio Roque Citadini, Presidente e Relator, e Sidney Estanislau Beraldo e da Auditora Substituta de Conselheiro Silvia Monteiro, decidiu emitir parecer prévio desfavorável à aprovação das contas da Prefeitura Municipal de Osasco, exercício de 2013, ressalvando, para instrução complementar em autos apartados, a matéria objeto do contrato celebrado, sem licitação, com a Empresa AFMED Serviços Médicos Ltda.. À margem do parecer prévio, determinou sejam endereçadas, por ofício, as recomendações propostas por Chefia de ATJ.

12 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO GABINETE DO CONSELHEIRO ANTONIO ROQUE CITADINI Determinou, ainda, o arquivamento dos expedientes que acompanham os autos, especificados no voto do Relator. Determinou, por fim, ao Cartório do Conselheiro Relator, no caso do Expediente nº /026/14, oriundo do Ministério Público do Estado de São Paulo, a expedição de ofício ao Procurador Geral de Justiça Ref. Ao Ofício nº 676/2014 8º PJ-ebn, de 10 de maio de 2014, dando-se-lhe conhecimento de que o relatório da fiscalização, relativo às contas anuais da Prefeitura Municipal de Osasco, exercício de 2013, nada trouxe quanto ao assunto tratado no mencionado ofício, arquivando-se o Expediente, após as providências. Presente a Procuradora do Ministério Público de Contas, Dra. Letícia Formoso Delsin Matuck Feres. Publique-se. São Paulo, 30 de novembro de MS ANTONIO ROQUE CITADINI Presidente e Relator