TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS 11ª ZONA ELEITORAL DE FORMOSA GOIÁS

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Leonardo Deluca Escobar
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1 REPRESENTAÇÃO N Protocolo: /2016 Representante: Coligação Prefeitura Para Todos (PMDB, PROS, DEM, Pc do B, PDT, PHS, PEN, PMDB, PPL, PRP, PRTB, PSC, PSDC, PSL, PTB, PT do B, REDE e SD) Representado: Rodrigo César Faleiro de Lacerda -SENTENÇA - Trata-se de representação, com pedido de liminar, ajuizada pela Coligação Prefeitura para Todos em desfavor do candidato a Prefeito de Formosa/GO, Rodrigo César Faleiro de Lacerda, por suposta veiculação, em sua rede social (Facebook), de pesquisa eleitoral sem prévio registro no Sistema Pesquisas Eleitorais (art. 4, da Resolução TSE N /2015). de Registro de Certidão de fl. 41 emitida pela Chefe de Cartório, informando que não fora protocolado qualquer requerimento de registro de pesquisa eleitoral neste Juízo. Às fls. 42/43 foi deferida liminar pleiteada por este Juízo Eleitoral. Notificado, o representado apresentou defesa (fls. 46/49), alegando que a publicação, objeto da presente representação, não passa de uma propaganda eleitoral. Ademais, juntou documento (fl. 52), comprovando o cumprimento da liminar. deferimento dos pedidos da exordial. N 9.504/97, in verbis: Às fls. 53/56, o Ministério Público Eleitoral manifestou pelo É o relatório. Decido. Inicialmente, no caso dos autos, é válido transcrever o art. 33 da lei Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:

2 I - quem contratou a pesquisa; II - valor e origem dos recursos despendidos no trabalho; III - metodologia e período de realização da pesquisa; IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física de realização do trabalho a ser executado, intervalo de confiança e margem de erro V - sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo; VI - questionário completo aplicado ou a ser aplicado; VII - nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal. 1º As informações relativas às pesquisas serão registradas nos órgãos da Justiça Eleitoral aos quais compete fazer o registro dos candidatos. A Resolução TSE N /2015, em seu art. 4, dispõe que o registro de pesquisa será obrigatoriamente realizado por meio do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais, disponível nas páginas dos Tribunais Eleitorais, na internet. A finalidade da lei é evitar a divulgação de pesquisa sem acompanhamento da Justiça Eleitoral, haja vista a forte influência que ela provoca no eleitorado. No caso vertente, não houve o registro da publicação, ora discutida, no Sistema de Pesquisas Eleitorais (fl. 40), tampouco neste Juízo Eleitoral (fl. 41). O representado, em sua defesa, alega que a publicação configura propaganda eleitoral, pois não houve indicação de percentual de votos e referência a resultados comparativos entre os candidatos que disputam o presente pleito. Contudo, tal alegação não merece acolhida. Sobre o conceito de propaganda eleitoral, a Corte Superior Eleitoral assim já se manifestou: Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais

3 apto ao exercício de função pública.[...]. (Ac. N , , rel. Min. Eduardo Alckmin) O eminente professor Frederico Franco Alvim, em seu livro Curso de Direito Eleitoral, 2 edição, 2016, página 358, define pesquisa eleitoral, in verbis: As pesquisas eleitorais são ferramentas de sondagem periódica que permitem aferir os estados de ânimo e as tendências básicas do eleitorado. Prestam-se, teoricamente, a permitir que os interessados no pleito verifiquem os níveis de aceitação e rejeição popular de seus representantes e de seus respectivos programas, modelando, revendo, aperfeiçoando ou intensificando seus planos de ação, a fim de aumentar as chances de sucesso no certame. O referido autor ainda preleciona: Com efeito, embora as pesquisas não sejam instrumentos de propaganda, muitas vezes são assim utilizadas pelo conhecido potencial de influência que detêm sobre parcela da população que acredita no mito de quem sufraga em alternativa de menor expressão emite um voto desperdiçado. (Curso de Direito Eleitoral, 2 edição, 2016, página 358/359) Resta evidente, pelos conceitos expostos acima, que a publicação em tela não se trata de propaganda eleitoral, e sim de pesquisa eleitoral. Ademais, a ausência de percentuais não desconfigura a irregularidade da pesquisa eleitoral, conforme arestos do Tribunal Superior Eleitoral: Pesquisa eleitoral irregular. Registro. 1. A divulgação de pesquisa sem o esclarecimento expresso, de que as opiniões fornecidas ao público não são oriundas de pesquisa de opinião, configura divulgação de pesquisa eleitoral sem registro na Justiça Eleitoral, nos expressos termos do art. 21 da Res.-TSE nº / O fato de a agravante reproduzir pesquisa irregular, que já teria sido divulgada, não afasta a incidência do art. 33, 3º, da Lei das Eleições. 3. A não divulgação de números ou percentuais não descaracteriza a irregularidade da pesquisa eleitoral não registrada na Justiça Eleitoral. [...] (grifei) (Ac. de no AgR-REspe nº , rel. Min. Arnaldo Versiani.) [...] 1. A divulgação de pesquisa sem o registro exigido pelo art. 33 da Lei n 9.504/97 impõe a aplicação da multa prevista na referida legislação. 2. A finalidade da lei é evitar a divulgação de pesquisa sem acompanhamento

4 da Justiça Eleitoral, haja vista a forte influência que ela provoca no eleitorado. 3. Irrelevante o fato de a divulgação da pesquisa não mencionar, concretamente, os índices apurados. 4. O simples fato de ser propagado, de modo público e por veículo de comunicação, que o pretenso candidato ao cargo de prefeito, conforme pesquisa efetuada, está em primeiro lugar na preferência dos eleitores, tudo sem registro na Justiça Eleitoral, caracteriza infração ao art. 33 da Lei n 9.504/97. [...] (grifei) (Ac. de no REspe n , rel. Min. José Delgado.) Analisando detidamente a publicação, ora debatida, verifica-se que o candidato a Prefeito pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), cujo número desta sigla é 40, está em 1 (primeiro) lugar, tendo em vista o texto É 40 ao lado da seta de maior inclinação. Some-se a isso o fato de a reprodução gráfica ser precedida pelo texto: O momento é de virada. Estamos crescendo cada dia mais e vamos em frente.venha conosco!. Desta feita, a divulgação de pesquisa sem o registro exigido pelo art. 33 da lei n 9.504/97 impõe a aplicação da multa prevista na referida legislação. O art. 17, da Resolução TSE N /2015, assim estabelece: A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações constantes do art. 2º sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ ,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$ ,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, 3º, e 105, 2º). No caso em apreço, fixo a multa no valor mínimo legal, qual seja, de R$ ,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais). Sobre o assunto, trago à baila julgados do Tribunal Superior Eleitoral: Representação. Divulgação de pesquisa eleitoral sem prévio registro. Multa. 1. Reconhecida a prática da infração descrita no art. 33, 3º, da Lei nº 9.504/97, não é admissível a fixação da multa em valor inferior ao mínimo legal. [...] (Ac. de no AgR-Respe n , rel. Min. Arnaldo Versiani, no mesmo sentido Ac. De no ARESPE n 25489, rel. Min. Cezar Peluso) [...]. Pesquisa eleitoral. Divulgação em horário eleitoral gratuito, mas sem as informações exigidas pela Res.-TSE nº Aplicação de multa no mínimo legal. Inexistência de afronta aos princípios da

5 proporcionalidade e da razoabilidade. [...]. A pena prevista no art. 33, 3º, da Lei nº 9.504/97 aplica-se, não apenas à pesquisa não registrada, como também àquela que, supostamente registrada, não obedeça aos requisitos do art. 6º, parágrafo único, da Res.-TSE nº , por força do seu art. 7º. Precedentes do TSE. [...] (Ac. de no ARESPE nº , rel. Min. Joaquim Barbosa.) Por todo o exposto, nos termos do art. 33, 3, da Lei N 9.504/97, c/c os arts. 2 e 17, da Resolução TSE N /2015, JULGO procedente o pedido da representação, para condenar o representado, RODRIGO CESAR FALEIRO DE LACERDA, à pena de multa, que arbitro em R$ ,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais), por divulgação de pesquisa eleitoral sem registro na Justiça Eleitoral. Publique-se. Registre-se. Intime-se o representado para, caso queira, interpor recurso no prazo de 24 horas (art. 35 da Resolução TSE N /2015) ou pagamento da multa no prazo de 30 dias do trânsito em julgado da sentença, sob pena de inscrição da multa em dívida ativa da União (art. 346 do Manual de Práticas Cartórias do TRE/GO). Transitado em julgado, em não havendo o pagamento da multa, registre-se ASE 264 no cadastro eleitoral do representado no momento oportuno. Em seguida, arquivem-se os presentes autos. Notifique-se o MPE. Formosa, 18 de setembro de Rozemberg Vilela da Fonseca Juiz Eleitoral - 11ª ZGO

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