Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS SANTA CATARINA RELATORA RECTE.(S) ADV.(A/S) RECDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :JOSE AVELINO MAYER :LEANDRO BERNARDINO RACHADEL :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA DECISÃO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. ERRO DE GRAFIA NO NOME DO ADVOGADO. POSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. DECISÃO CONSOANTE À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Recurso ordinário em habeas corpus, com requerimento de medida liminar, interposto pela José Avelino Mayer contra julgado da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que, em , não conheceu o Habeas Corpus n , Relator o Ministro Moura Ribeiro. 2. O Recorrente foi condenado às penas de 2 anos e 8 meses de reclusão, no regime aberto, pela prática do crimes previsto no art. 7º, inc. IX, c/c art. 12, da Lei n.º 8.137/1990. A pena privativa de liberdade foi substituída por duas restritivas de direitos. 4. A defesa interpôs Apelação Criminal (proc. n ), à qual o Tribunal de Justiça de Santa Catarina negou provimento:

2 APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO (ART. 54 DA LEI 9.605/98 (CRIMES AMBIENTAIS) E ART. 7º, IX, C/C ART. 12, III, AMBOS DA LEI N /90 (CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO) C/C ART. 29 DO CP). SENTENÇA PROCEDENTE EM PARTE. RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR. NULIDADE ABSOLUTA DA SENTENÇA, ANTE A AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO RÉU E DA DEFESA PARA AUDIÊNCIA DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. NOTIFICAÇÃO DEVIDAMENTE REALIZADA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 222, 563 E 566 DO CPP. PREFACIAL AFASTADA. "A eiva de nulidade por cerceamento de defesa há que ser cabalmente demonstrada, não se constituindo motivo ensejador para que se anule o processo a mera presunção de lesão para uma das partes (STJ, RSTJ, 18/396; no mesmo sentido, STJ, RSTJ, 8/144)". "Intimada a defesa da expedição de carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado (Súmula 273 do STJ)". PLEITO ABSOLUTÓRIO. AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL PARA ATESTAR A IMPROPRIEDADE DO CONSUMO DOS ALIMENTOS (CARNE SUÍNA - LINGUIÇA) APREENDIDOS. DESNECESSIDADE. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. CONDENAÇÃO MANTIDA. Nas hipóteses do inc. I e da última parte do inc. II, ambos do 6.º do art. 18 do CDC, a configuração do crime prescinde da realização de laudo pericial, pois é de perigo abstrato ou presumido, bastando que o produto esteja em desacordo com determinadas normas para que sejam considerados impróprios ao uso e consumo [...] (AC n , de São João Batista, rel. Des. Alexandre d Ivanenko, j. 19/8/09). RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 5. Contra esse julgado a defesa impetrou o Habeas Corpus n , Relator o Ministro Moura Ribeiro, o qual não foi conhecido pela Quinta 2

3 Turma do Superior Tribunal de Justiça em : HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO AO RECURSO APROPRIADO. DESCABIMENTO. ERRO DE GRAFIA NO NOME DO ADVOGADO. POSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO FEITO. INOCORRÊNCIA DE PREJUÍZO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. Os Tribunais Superiores restringiram o uso do habeas corpus e não mais o admitem como substitutivo de recursos, e nem sequer para as revisões criminais. 2. Pas de nullité sans grief. Reconhecimento de erro de grafia em uma letra do nome do advogado na publicação do acórdão não enseja prejuízo, porque não impediu a identificação do feito. Constrangimento inexistente. Busca fonética não vedada. 3. Habeas corpus não conhecido. 6. Esse julgado é o objeto do presente recurso ordinário em habeas corpus, no qual o Recorrente alega que o acórdão prolatado pela colenda Corte Estadual de Santa Catarina, que mesmo reconhecendo que a publicação emitida em nome do Advogado que a esta subscreve foi veiculada com erro de grafia em seu nome, entendeu inexistir prejuízo para a parte e desproveu o pedido de reabertura do prazo para recurso. Ressalta haver... manifesto prejuízo à parte que se vê impedida de acesso ao recurso subsequente quando esse impedimento decorre de atos do próprio Poder Judiciário, que no caso em tela veiculou publicação com erro de grafia no nome do Advogado do Réu, que dessa forma, e por conta desse erro gráfico, não identificou seu nome naquela publicação. Afirma que diante desse contexto de intimação irregular do Advogado do Recorrente, o processo voltou à comarca de origem, Santo Amaro da Imperatriz/SC, onde foi deflagrada a Execução Penal (processo nº ), irregularmente, data venia, posto que ao Recorrente ainda deve ser dado o prazo para recurso às instâncias superiores. 3

4 Este o teor dos pedidos: Ex positis, requer que V. Ex.ª se digne, desde logo, em conceder liminar, tão somente para manter suspensa a execução penal em curso na comarca de Santo Amaro da Imperatriz/SC, processo nº , a fim de evitar o injusto início do cumprimento da pena, pelo Recorrente, já sexagenário, quando ainda lhe pende direito ao prazo para recurso às instâncias superiores. Ao final, requer que a competente Turma Julgadora conheça de provimento ao Ordinário, reconhecendo o erro material constante na publicação do edital nº 37, do DJ nº 920 inviabilizador da regular intimação do Advogado Recorrente acerca do conteúdo do Acórdão prolatado no TJSC, determinando, assim, a repetição do ato de publicação, agora com o nome correto do Advogado Leandro Bernardino Rachadel, garantido-se assim, a fluência de um novo prazo recursal. Examinada a matéria posta à apreciação, DECIDO. 7. Razão jurídica não assiste ao Recorrente. 8. A decisão recorrida harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal, no sentido de que o erro de grafia do nome do defensor não gera nulidade da intimação quando é possível a identificação do processo por outras formas: EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. CRIME MILITAR. FALTA OU NULIDADE DE INTIMAÇÃO DE ACÓRDÃO. INOCORRÊNCIA. ERRO DE GRAFIA. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO. Havendo publicação na imprensa oficial do acórdão prolatado nos embargos de declaração, conforme previsto no art. 370, 1º, do Código de Processo Penal, não há falar em falta ou nulidade da intimação. Pequeno erro de grafia do nome do defensor na publicação não gera nulidade quando presentes outros elementos que 4

5 permitem a identificação pelo próprio causídico como o destinatário do ato. Eventuais falhas de serviços prestados por outras entidades em averiguar e transmitir as intimações para os advogados constituídos não são de responsabilidade da Justiça. Sem a demonstração de que, da irregularidade, proveio prejuízo, não se reconhece nulidade, conforme o princípio maior que rege a matéria (art. 563 do Código de Processo Penal). Recurso ordinário desprovido (RHC , Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe ). EMENTA: Agravo de Instrumento. 2. Incorreção, pela simples omissão de uma consoante, na grafia do sobrenome do advogado. 3. Circunstância que não configura nulidade do ato processual, nem mesmo sua ineficácia, vez que não se tornou impossível a identificação do processo, para efeito de intimação. 4. Agravo desprovido (AI petição avulsa-agr, Relator o Ministro MARCO AURÉLIO, Relator para o Acórdão: Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ ). 9. Ademais, o princípio do pas de nullité sans grief exige a demonstração de prejuízo concreto à parte que suscita o vício, independentemente da sanção prevista para o ato, podendo ser ela tanto a de nulidade absoluta (arts. 563 e 566 do Código de Processo Penal; HC , Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ ; e HC , Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ ) quanto a de nulidade relativa (HC , Relator o Ministro Octavio Gallotti, DJ ; e HC , Relator o Ministro Moreira Alves, DJ ), pois não se declara nulidade por mera presunção (RHC , Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe ). Esse princípio, corolário da natureza instrumental do processo, exige, sempre que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela parte que suscita o vício (arts. 563 e 566 do Código de Processo Penal; HC , Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ ; e HC , Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ ), o não se demonstrou no caso. 5

6 Nesse mesmo sentido: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. INVERSÃO NA ORDEM DE PERGUNTAS ÀS TESTEMUNHAS. PERGUNTAS FEITAS PRIMEIRAMENTE PELA MAGISTRADA, QUE, SOMENTE DEPOIS, PERMITIU QUE AS PARTES INQUIRISSEM AS TESTEMUNHAS. NULIDADE RELATIVA. NÃO ARGUIÇÃO NO MOMENTO OPORTUNO. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. ORDEM DENEGADA. ( ) O princípio do pas de nullité sans grief exige, sempre que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela parte que suscita o vício. Precedentes. Prejuízo não demonstrado pela defesa. 3. Ordem denegada (HC , de minha relatoria, DJe , grifos nossos). HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL. RITO ADOTADO EM AUDIÊNCIA DIVERSO DO DISPOSTO NO ART. 212 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, COM ALTERAÇÃO DA LEI N /2008. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 1. O princípio do pas de nullité sans grief exige, sempre que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela parte que suscita o vício. Precedentes. Prejuízo não demonstrado pela defesa. 2. Ordem denegada (HC , de minha relatoria, DJe ). RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. ART. 212 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. INVERSÃO NA ORDEM DE PERGUNTAS ÀS TESTEMUNHAS. PERGUNTAS FEITAS PRIMEIRAMENTE PELA MAGISTRADA. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. ORDEM DENEGADA. 1. Pelo que se tem nos autos, não foi vedado à defesa nem à acusação inquirir diretamente as testemunhas. O juiz de primeira instância apenas afirmou, com base na sua interpretação do art. 212 do Código de Processo Penal, com a alteração da Lei n /2008, que deveria inquirir primeiramente as testemunhas. 2. 6

7 O princípio do pas de nullité sans grief exige, sempre que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela parte que suscita o vício. Precedentes. Prejuízo não demonstrado pela defesa. 3. Recurso ao qual se nega provimento (RHC , de minha relatoria, DJe ). E ainda: HC n , Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe ; HC n , Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe , dentre outros. 10. Na linha da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, pode o Relator, com fundamento no art. 21, 1º, do Regimento Interno, negar seguimento ao habeas corpus manifestamente inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência dominante, embora sujeita a decisão a agravo regimental (HC AgR, de minha relatoria, DJe 1º ). Nesse sentido, entre outras, as decisões proferidas no julgamento do RHC , de minha relatoria, DJe ; RHC , Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe ; RHC , Relator o Ministro Celso de Mello, DJe ; RHC , Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe ; RHC MC, de minha relatoria, DJe ; RHC , Relator o Ministro Teori Zavascki, DJe ; HC , Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 1º ; HC , Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe ; HC , Relator o Ministro Ayres Britto, DJe ; HC , Relator o Ministro Cezar Peluso, DJe ; HC , Relator o Ministro Eros Grau, DJe ; HC , Relator o Ministro Eros Grau, DJe ; HC , Relator o Ministro Menezes Direito, DJe ; HC , Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJe ; HC , Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe ; HC , Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe ; HC , Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe ; HC , Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe ; HC , Relator o Ministro Celso de Mello, DJe ; HC , Relator o Ministro Celso de Mello, DJe ; 7

8 HC , de minha relatoria, DJe ; e HC AgR, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe Pelo exposto, nego seguimento ao presente recurso ordinário em habeas corpus (art. 21, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal), ficando, por óbvio, prejudicada a medida liminar requerida. Publique-se. Brasília, 16 de maio de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 8