Supremo Tribunal Federal

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1 Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 10 25/04/2017 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS MINAS GERAIS RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) : MIN. ROBERTO BARROSO :WILDINE PAULO DE MOURA :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EMENTA: PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE OU ABUSO DE PODER. 1. A autoridade impetrada não precisou revolver matéria de fato para dar provimento ao recurso especial do Ministério Público. 2. A jurisprudência deste é no sentido de que embora a produção da prova técnica seja necessária para esclarecer situações de dúvida objetiva acerca da existência da infração penal, o seu afastamento é sistemático e teleologicamente autorizado pela legislação processual penal nos casos em que há nos autos outros elementos idôneos aptos a comprovar a materialidade do delito. Precedentes (HC , Rel. Min. Teori Zavascki). 3. Agravo regimental a que se nega provimento. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do, em Sessão Virtual, na conformidade da ata de julgamento, por maioria de votos, em negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. Brasília, 14 a 24 de abril de MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - RELATOR documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

2 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 10 25/04/2017 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS MINAS GERAIS RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) : MIN. ROBERTO BARROSO :WILDINE PAULO DE MOURA :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. Trata-se de agravo regimental contra decisão monocrática de minha lavra que negou seguimento ao habeas corpus, nos seguintes termos: [ ]1. Trata-se de habeas corpus, com pedido de concessão de liminar, impetrado contra acórdão unânime da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, da Relatoria do Ministro Ribeiro Dantas, assim ementado: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART. 184, 2, DO CP. OCORRÊNCIA. VENDA DE CDS E DVDS "PIRATAS". AUSÊNCIA DE ASSINATURA DE TESTEMUNHAS NO LAUDO DOS MATERIAIS APREENDIDOS. MERA FORMALIDADE. SÚMULA 502/STJ. SÚMULA 7/STJ. NÃO APLICÁVEL. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Não há falar em revolvimento fático probatório em relação ao reconhecimento da conduta típica delitiva de quem expõe à venda CDs e DVDs piratas, matéria que se encontrainclusive na Súmula 502/STJ, devendo, assim, ser mantida a decisão agravada por seus próprios fundamentos. documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

3 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 10 HC AGR / MG 2. Quanto à ausência de assinaturas de testemunhas no laudo dos materiais apreendidos, trata-se de mera formalidade. (Precedentes.) 3. Agravo regimental não provido. 2. Extrai-se dos autos que o paciente foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 184, 2º, do Código Penal, pois estaria comercializando mídias de CDs e DVDs pirateados. O Juízo de origem, contudo, rejeitou a peça acusatória. 3. Contra essa decisão, o Ministério Público interpôs recurso em sentido estrito. A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais negou provimento ao recurso. 4. Inconformada, a acusação interpôs Embargos de Declaração, rejeitados. Ato contínuo, interpôs Recurso Especial, inadmitido. 5. Em seguida, sobreveio a interposição do AREsp perante o Superior Tribunal de Justiça. O Relator, Ministro Ribeiro Dantas, deu provimento ao recurso determinando o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que prossiga no julgamento da ação penal promovida contra o recorrido.. Irresignada, a defesa interpôs Agravo Regimental no AREsp, desprovido. 6. Neste habeas corpus, a parte impetrante sustenta que o Superior Tribunal de Justiça teria analisado o conjunto fáticoprobatório dos autos para imputar ao paciente o crime previsto no artigo 184, 2º, do Código Penal. Alega, ainda, a falta de comprovação da materialidade delitiva, em especial porque não realizada a perícia de que trata o art. 158 do CPP. Daí o pedido de concessão da ordem para que seja declarada a nulidade do acórdão impugnado. Decido. 7. O habeas corpus não deve ser concedido. 8. De início, observo que a autoridade impetrada não precisou revolver matéria de fato para dar provimento ao 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

4 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 10 HC AGR / MG recurso do Ministério Público. Veja-se, nessa linha, o seguinte precedente: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS (ART. 184, 2º, DO CP). VENDA DE CD'S E DVDS "PIRATAS". PACIENTE ABSOLVIDO PELO TJMG. DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA ACUSAÇÃO PARA DETERMINAR O PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. I - Ao contrário do quanto alegado na inicial, a decisão da Ministra Relatora do STJ, que deu provimento monocraticamente ao recurso especial, para reconhecer a materialidade do delito e determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem para que examine as demais questões, apenas revalorou os fatos. Não há falar, assim, em indevido revolvimento do contexto fático-probatório, mas em mera releitura da qualificação jurídica atribuída aos fatos. Precedente: HC /MS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma. II - Não é possível, na estreita via do habeas corpus, desconstituir-se o laudo pericial que atestou a falsidade dos Cds e Dvds apreendidos, sob pena de, nessas circunstâncias, incorrer-se em indevida reapreciação do conjunto probatório. A conduta do paciente amolda-se, em tese, ao tipo previsto no art. 184, 2º, do Código Penal, uma vez que foi identificado comercializando mercadoria pirateada. Precedente: HC /MG, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma. III - Ordem denegada - Sem grifos no original. (HC , Rel. Min. Ricardo Lewandowski) 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

5 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 10 HC AGR / MG 9. Ademais, a leitura do acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça revela que o enquadramento típico da conduta imputada ao paciente decorreu da valoração da prova produzida durante a instrução criminal, não sendo possível às instâncias extraordinárias o reexame do material probatório para eventualmente chegar-se a conclusão diversa. 10. Por outro lado, não enxergo ilegalidade flagrante ou abuso de poder que autorize a concessão da ordem, especialmente porque é pacífica a jurisprudência deste, no sentido de que Embora a produção da prova técnica seja necessária para esclarecer situações de dúvida objetiva acerca da existência da infração penal, o seu afastamento é sistemático e teleologicamente autorizado pela legislação processual penal nos casos em que há nos autos outros elementos idôneos aptos a comprovar a materialidade do delito. Precedentes (HC , Rel. Min. Teori Zavascki). 11. Diante do exposto, com apoio no art. 21, 1º, do RI/STF, nego seguimento a este habeas corpus. 2. No presente agravo regimental, a defesa afirma que nada foi feito em relação ao laudo pericial, a única forma de verificação segura se faz através de perícias das mídias em sua totalidade, não sendo aceitável mera observação externa como fora feita com os CD's e DVD's. Assim, não há qualquer comprovação de que o material apreendido realmente continha a reprodução de alguma obra com violação de direito autoral. Aduz que não obstante a falta de materialidade observada, sabiamente, pelo juízo de primeiro grau, tal análise não poderia ter sido feita em sede extraordinária como foi feito, visto a vedação dada pela Súmula 7 do STJ. 3. O Ministério Público Federal, em parecer do Dr. Edson Oliveira de Almeida, manifesta-se pelo não provimento do agravo regimental. 4. É o relatório. 4 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

6 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 10 HC AGR / MG 5 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

7 Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 10 25/04/2017 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS MINAS GERAIS V O T O O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. O agravo regimental não deve ser provido. 2. Com efeito, observo que a autoridade impetrada não precisou revolver matéria de fato para dar provimento ao recurso especial do Ministério Público. Vejam-se os seguintes trechos do voto condutor do acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça: [...] O recurso não merece prosperar. Extraí-se da decisão agravada quanto ao reconhecimento da tipicidade da conduta: [...] Ocorre que, "a jurisprudência deste Superior Tribunal tem-se posicionado no sentido de que, sendo o crime de violação de direito autoral descrito no art. 184, 2º, do Código Penal sujeito à ação penal pública incondicionada e tendo sido constatada, por laudo pericial, a falsidade da mídia, é desnecessária, para a configuração de sua tipicidade, a identificação e inquirição do sujeito passivo, bem assim desnecessário o laudo individualizado de cada mídia fraudada" (AgRg no REsp /MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 17/11/2015, DJe 4/12/2015). [ ] Não há falar em atipicidade da conduta de quem expõe à venda CDs e DVDs piratas diante da edição da Súmula 502 desta Corte: "Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

8 Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 10 HC AGR / MG art. 184, 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas." Ante o exposto, nos termos do art. 253, parágrafo único, II, "c", do RISTJ, conheço do agravo para dar provimento ao recurso especial e, por conseguinte, determinar o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que prossiga no julgamento da ação penal promovida contra o recorrido." (e-stj, fls ) Portanto, não há falar em revolvimento fático probatório no tocante ao reconhecimento da conduta típica delitiva de quem expõe à venda CDs e DVDs piratas, matéria que se encontra inclusive na Súmula 502/STJ. [...] 3. Nessas condições, não vejo ilegalidade flagrante ou abuso de poder que autorize o acolhimento da pretensão defensiva, no ponto. Nessa linha, veja-se o HC , Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 4. Ademais, tal como consta da decisão impugnada, a jurisprudência deste, no sentido de que embora a produção da prova técnica seja necessária para esclarecer situações de dúvida objetiva acerca da existência da infração penal, o seu afastamento é sistemático e teleologicamente autorizado pela legislação processual penal nos casos em que há nos autos outros elementos idôneos aptos a comprovar a materialidade do delito. Precedentes (HC , Rel. Min. Teori Zavascki). 5. Diante do exposto, nego provimento ao agravo regimental. 6. É como voto. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

9 Tipo Texto 524 Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 10 AG.REG. NO HABEAS CORPUS MINAS GERAIS RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) : MIN. ROBERTO BARROSO :WILDINE PAULO DE MOURA :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO O habeas corpus é ação constitucional voltada a preservar a liberdade de ir e vir do cidadão. O processo que o veicule, devidamente aparelhado, deve ser submetido ao julgamento de Colegiado. Descabe observar quer o disposto no artigo 21 do Regimento Interno, no que revela a possibilidade de o relator negar seguimento a pedido manifestamente improcedente, quer o artigo 932 do Código de Processo Civil. Provejo o agravo para que o habeas corpus tenha sequência. documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

10 Extrato de Ata - 25/04/2017 Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 10 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO HABEAS CORPUS PROCED. : MINAS GERAIS RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO AGTE.(S) : WILDINE PAULO DE MOURA PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: A Turma, por maioria, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, Sessão Virtual de 14 a Composição: Ministros Marco Aurélio (Presidente), Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n /2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número