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1 FLS. TRBPR Cs TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ REPRESENTAÇÃO n Representante : Coligação "Todos pelo Paraná" Representante : Carlos Alberto Richa Advogados : Cristiano Hotz e outros Representado : Roberto Requião de Mello e Silva Representado : Cleusa Rosane Ribas Ferreira Representado : Coligação "Paraná Com Governo" Juiz Auxiliar : Leonardo Castanho Mendes RELATÓRIO A presente demanda foi distribuída por prevenção em razão da RP Trata-se de pedido de direito de resposta formulado pela Coligação "Todos Pelo Paraná" e Carlos Alberto Richa em face de Roberto Requião de Mello e Silva e Cleusa Rosane Ribas Ferreira e Coligação Paraná com Governo, tendo como fundamento matéria veiculada pelos representados no horário eleitoral gratuito, bloco da noite, do dia 19/09, em que se atribui à Diretora do Presídio de Piraquara o ato de autorizar a comemoração do aniversário da organização criminosa auto denominada PCC, com bolos e salgadinhos. Diz-se que a festa aconteceu no dia 05/09, dentro do período de 01/09/2014 a 05/09/2014 relativo à comemoração da Semana do Encarcerado, com autorização da diretoria para a entrada de alimentos, após a devida vistoria, evento que contou com a participação direta da sociedade civil. Conclui-se que a propaganda veicula, portanto, fato sabidamente inverídico e, ademais, ofensivo à honra do candidato representante. Sustenta-se que, mesmo atribuindo-se o fato à Diretora do Presídio, no programa de TV, no site de cjínp^riia^aóliprêsentado Roberto Requião, a informação prestada é de que BeJ^fCí^ha autorizou a fe^ta, o que demonstra

2 FLS. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Representação n real intenção do representado é ofender a honra não da Diretora, mas do candidato Beto Richa. Que a própria SEJU - Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Paraná, emitiu nota pública sobre os fatos aqui tratados, de acordo com as matérias publicadas pelo Jornal Bem Paraná em 17/09/14 e Jornal Gazeta do Povo. Ainda, dizem que no debate realizado na TV Sudoeste, no último dia 18/09, o candidato Roberto Requião, com o propósito de fulminar a imagem do candidato Beto Richa, reforça a tese de que a propaganda da TV serviu para degradar o candidato representante. Requerem seja concedido o direito de resposta, pelo tempo não inferior a 01 minuto, a ser veiculada na propaganda eleitoral de TV dos representados, na modalidade bloco, período noturno, com veiculação da reposta no início do programa eleitoral subseqüente. Juntam documentos, às fls. 17/28, com cópias das mídias e degravação da propaganda, às fls. 29/32 e 35/37. Notificados, às fls. 41, os representados apresentaram Defesa, às fls. 43/50. Dizem que as informações são legítimas e verdadeiras, sem qualquer ofensa ou afirmação difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, tampouco, que tenha objetivo de incutir no eleitor estados mentais negativos. Que após a repercussão da notícia divulgada pelo candidato Roberto Requião, vários setores da imprensa local, veicularam matérias jornalísticas que afirmam que o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, representado por seu presidente, confirmava a denúncia de que a festa era para comemorar o aniversário do PCC. Assim, que não há que se fa^etftdireito de resposta, vez que se trata de meras críticas a fatos públicos^nptó jos, que não forajn negados pelo representante.

3 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Representação n Parecer da Procuradoria Eleitoral Auxiliar, às fls. 58/61, manifestando-se pela procedência do pedido de direito de resposta, opinando para que o representante seja intimado a apresentar o texto da resposta, a fim de ser submetido ao crivo judicial anteriormente à sua veiculação. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO Afirma o representante que o texto impugnado teria conteúdo sabidamente inverídico e cunho difamante e negativo, enquadrando-se no disposto no artigo 58 da Lei 9.504/97, que reza: Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social. O fato "sabidamente inverídico" foi conceituado pelo eminente Dr. Renato Lopes de Paiva, em voto proferido no Agravo n. 1395, da seguinte forma: Observe-se que não basta ser inverídico. O afastamento da verdade há de ser evidente, porque sabido, por todos conhecido: sabidamente inverídico. O vocábulo sabidamente, como soe ser nos textos legais, não é inútil. Tem sua razão de ser na necessidade de fixar uma inverdade qualificada. O referido Agravo restou assim

4 TREíPR TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Representação n Direito de Resposta. Ausência. Crítica à administração. Inverdade ou ofensa a reputação inexistentes. Agravo desprovido. Não atinge o patrimônio moral do candidato à reeleição a crítica à administração baseada em fatos que, não sendo sabidamente inverídicos, são amplamente noticiados pela imprensa. Situação de fato ao desabrigo da norma do art. 58 da Lei n /97. Fato sabidamente inverídico não é aquele que se tem por provavelmente não verdadeiro, mas aquele sobre o qual recai a certeza de seu total alheamento com a realidade. Hipótese em que dita inverdade é objeto de multipas e notórias opiniões e interpretações, críveis em sua maioria. Exegese do art. 58 da Lei das Eleições. (TRE/PR. Agravo interposto nos autos de Representação n Curitiba/PR. Julgado em Publicado em Sessão) Observa-se, do entendimento acima citado, que não basta, para que a afirmação seja considerada sabidamente inverídica, que haja alguma possibilidade de não condizer com a realidade. Não é outro o entendimento do C. Tribunal Superior Eleitoral, senão vejamos: ELEIÇÕES PROPAGANDA ELEITORAL. HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO. FATO SABIDAMENTE INVERÍDICO. 1. A mensagem, para ser qualificada como sabidamente inverídica. deve conter inverdade flagrante que não apresente controvérsias. 2. Não é possível transformar o pedido de resposta em processo investigatório com intuito de comprovar a veracidade das versões controversas sustentadas pelas parte. 3. Pedido de resposta julgado improcedente. (Representação n , Acórdão de 26/10/2010, Relator(a) Min HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 26/10/2010) Está em discussão nos autos a notícia veiculada pelo candidato representado Roberto Requião, no horário eleitoral gj^ttlíto^ão~dià\ 19/09, nestes termos:

5 TRBPR FLS. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Representação ji.!j i "No dia trinta e ura, do mês passado, na Penitenciária Estadual de Piraquara, com a complacência e autorização do diretor, comemorou-se o aniversário do PCC, da organização criminosa, com bolos e salgadinhos. (-) Minha gente, como está esse sistema não pode ficar. Diretor autorizando comemoração do aniversário do PCC." como segue: E ainda, trecho do debate realizado na TV Sudoeste, em 18/09, Ao invés disso, ele autoriza, através de sua estrutura, o PCC fazer uma festa de aniversário dentro da Penitenciária de Piraquara. (início aos 02 seg.) (...) E esse escândalo do aniversário do PCC ter sido festejado dentro da Penitenciária de Piraquara um é uma coisa, simplesmente, injustificável. Estamos sem governo. É um governo frouxo." (início aos 55 seg.) Os documentos trazidos aos autos, especialmente às fls. 28, no Plano Diretor do Sistema Penal do Paraná, demonstram que o evento mencionado na propaganda do candidato Roberto Requião não configurou comemoração ao aniversário de organização criminosa, como consta da propaganda, mas evento cultural promovido com a finalidade de realizar-se a ressocialização de encarcerados, o que é coisa bem diferente. Em que pese a alegação dos representados de^ue^informaçòes são claras e verdadeiras", tenho que há evidente contrajtôãt5^tre a notícjveiculada pelo candidato Roberto Requião e a situação compro^üàw autos.

6 TREíPR FLS._ >o TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PAR4NÁ Representação n Os representados alegam que, em reunião realizada com os representantes do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, receberam informação de que a festa realizada no presídio de Piraquara teria sido para comemorar aniversário da facção criminosa PCC. Consta nos autos, às fls. 19, a solicitação para realização do evento alusivo à comemoração da "Semana do Encarcerado", pelo professor Frederico Mangrich do Programa Esporte, Arte, Cultura, Lazer e Bem Estar da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Paraná, e dirigida ao Diretor do Complexo Penal de Piraquara, e o documento de fls. 20, com autorização do Diretor para a realização da referida festa. Alegam, ainda, que o candidato se valeu de seu programa eleitoral "para divulgar tal absurdo, sem, contudo, atribuir ao senhor governador a responsabilidade, conforme se infere do próprio texto degravado e que acompanha a inicial". No entanto, enquanto na propaganda em bloco, ora impugnada, o representado nega ter atribuído ao Governador a realização de festa de aniversário * para o PCC, vê-se que em seu site de campanha a divulgação é no sentido de que "Richa autoriza festa com bolo e salgadinhos na Penitenciária de Piraquara", conforme Ata Notarial às fls. 33/34. Portanto, verifica-se que o real intento da propaganda é atingir o Governador de forma indireta, insinuando-se, em primeiro lugar, a participação exclusiva do Diretor do Presídio, mas afirmando, na seqüência, que foi o Governador quem autorizou o evento. Ao contrário do que pretendem os representados, a informação oferecida pelos Representantes do Sindicato dos Agentes Penitenciários não pode ser presumida como verídica, considerado o cotejo com os documentos trazidos aos autos. E de fato, alegar que a notmetcteque ocàndidato à reeleição teria autorizado festa de aniversário para/>aakzação criminosji no presídio trata de mera de crítica construtiva, comum^s e(nbàçs políticos^emocráticos, se mostra

7 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PAR4N4 Representação n i absurdo - vez que falaciosa - e desvirtuado do objetivo da informação, caracterizando propaganda extremamente negativa. Para além disso, inegável o caráter difamante da notícia, mormente nos dias atuais em que todas as plataformas políticas defendem o combate à corrupção e às organizações criminosa. Assim, demonstrado pelos representantes que os fatos não ocorreram como o noticiado pelo representado em seu programa eleitoral, é procedente o pedido para que se conceda o direito de resposta, com o mesmo destaque da notícia inverídica veiculada. DISPOSTIVO Diante do exposto, julgo procedente a representação, para o fim de, nos termos do art. 58, III, "a", da Lei n /97, conceder o direito de resposta, a ser exercido pelo prazo de 1 (um) minuto, no horário eleitoral gratuito destinado ao cargo de Governador da Coligação Paraná Com Governo, no bloco noturno na televisão, devendo a resposta dirigir-se, necessariamente, aos fatos veiculados na ofensa. Determino, ainda, aos representados que se abstenham de veicular novamente o conteúdo da mencionada propaganda, no horário gratuito da TV e no rádio, seja em bloco ou inserção, ou por qualquer outro meio de divulgação, sob pena de multa de R$ ,00 (cinqüenta mil reais) por divulgação, no prazo máximo de 24 horas. Quanto a divulgações já feitas, determino que, no mesmo prazo, os representados procedam à sua retirada, em idêntico prazo, sob a mesma pena. Notifique-se a emissora gerado^e^coligação re^esentada, nos termos do artigo 58, III, "d", da Lei n /j

8 TREPR FLS. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PAR4N4 Representação n I4.6.IÓ.0U00 Intime-se o representante para apresentar a mídia com a resposta, no prazo estipulado no artigo 58, III, "e", da Lei n /97. Curitib LEONAKUU CASTANHO ME JUÍZA