Gestão de Resíduos Sólidos de Curitiba. Brochura do Projeto
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- Sônia Salazar Prado
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1 Gestão de Resíduos Sólidos de Curitiba Brochura do Projeto Setembro de 2015
2 AVISO LEGAL Este documento (doravante designado Brochura ) foi elaborado pela Corporação Financeira Internacional ( IFC ), de acordo com o escopo do mandato de assessoria concedido pelo Município de Curitiba ( Curitiba ), exclusivamente para fins informativos, visando avaliar preliminarmente a oportunidade ( Oportunidade ) de investir no Projetode Gestão de Resíduos Sólidos de Curitiba ( Projeto ). Como destinatário da Brochura, você deve ler esta seção antes de considerar as informações estabelecidas ou mencionadas nesta Brochura. Caso não aceite, concorde ou compreenda as disposições previstas nesta seção, você deve devolver esta Brochura imediatamente. A Brochura e qualquer informação nela contida não constitui ou cria, nem tem a intenção de constituir ou criar (i) uma oferta que possa ser aceita ou uma solicitação de oferta para investir ou participar no Projeto e/ou (ii) qualquer relação legal vinculante ou outro dever ou obrigação exequível de acordo com a lei por qualquer investidor em potencial e outro destinatário da Brochura nos termos de ou com relação ao seu objeto, a respeito da IFC, de Curitiba e de outras entidades públicas locais, a respeito do que a IFC, Curitiba e outras entidades públicas locais não terão nenhuma responsabilidade por quaisquer perdas, custos e despesas incorridos por um investidor em potencial e outro destinatário da Brochura nos termos de ou com relação às matérias nela divulgadas e/ou no embasamento do destinatário na Brochura. Em todos os casos, quaisquer potenciais investidores e outros destinatários da Brochura deverão conduzir sua própria investigação e análise da Oportunidade e dos dados estabelecidos na Brochura. Nem a IFC, Curitiba e outras entidades públicas locais, nem qualquer um de seus outros representantes ou agentes prestam qualquer declaração (expressa ou implícita) ou garantia com relação à precisão ou integridade dos dados e informações contidos na Brochura e não terão nenhuma responsabilidade pela Brochura ou por qualquer outra comunicação verbal ou por escrito transmitida ao destinatário no curso de sua avaliação da Oportunidade. Nem a IFC, Curitiba e outras entidades públicas locais, nem qualquer um de seus outros representantes ou agentes terão a responsabilidade de reembolsar ou compensar qualquer potencial investidor e outro destinatário da Brochura por quaisquer perdas, custos ou despesas incorridos por qualquer investidor em potencial e outro destinatário da Brochura ao avaliar ou agir com base na Brochura ou de outro modo com relação à Oportunidade, conforme contemplado neste instrumento. As disposições acima são regidas pela legislação brasileira. 2
3 DESTAQUES UM MARCO EM TRANSAÇÕES DO SETOR DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL Um importante e confiável parceiro público O parceiro público é o Município de Curitiba, a terceira cidade do Brasil em termos de IED e lar para várias companhias internacionais, capital e centro econômico do estado do Paraná, um dos mais desenvolvidos do Brasil. Uma transação de tamanho relevante O parceiro privado a ser selecionado irá operar um sistema de gestão de resíduos que abrange 1,75 milhão de pessoas. Boa capacidade fiscal e de gerenciamento A Prefeitura de Curitiba tem um orçamento que totaliza em torno de BRL 8 bilhões anualmente e atualmente dispende aproximadamente BRL 180 milhões anuais no gerenciamento de resíduos sólidos, embora exista um potencial significativo de economia principalmente em relação ao transporte de resíduos. 3
4 HISTÓRICO DO PROJETO No contexto da Política Nacional de Resíduos, que exige que as cidades implementem práticas de gestão de resíduos de melhor qualidade e mais baratas, Curitiba está analisando a oportunidade de criar um sistema de gestão de resíduos moderno e integrado, com o objetivo abrangente de aumentar sua capacidade de coletar, transportar, tratar, recuperar valor e de descartar os resíduos municipais gerados na cidade, observando os fundamentos da sustentabilidade socioambiental e financeira. Além disso, o Município pretende reaver o estatuto de estar na vanguarda dos serviços municipais sustentáveis, para focar na redução dos resíduos enterrados em aterros e gerar receita proveniente dos resíduos por meio de uma maior reciclagem e da eventual produção de energia, bem como outras formas possíveis de agregar valor ao ciclo dos resíduos. Este Projeto será desenvolvido por meio de um contrato de longo prazo para o design, criação, financiamento, operação e manutenção de um sistema de tratamento de resíduos sustentável do ponto de vista socioambiental e econômico (a Operação ) com um parceiro privado selecionado por meio de uma licitação local e internacional. Curitiba pretende conduzir o processo de licitação durante a primeira metade de A IFC foi nomeada por Curitiba como Assessora Principal da Operação para auxiliar na estruturação e implementação da Operação. A IFC recebe apoio de Justen, Pereira, Oliveira & Talamini Advogados (Assessores Jurídicos), Mott MacDonald (Assessores Técnicos) e Tree Comunicação (Assessores de Comunicação). DESTAQUES DA OPERAÇÃO GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL VISÃO GERAL O governo brasileiro fez do saneamento - incluindo a gestão de águas, águas residuais, drenagem e resíduos - uma prioridade. A Procuradoria Geral da República está aplicando a legislação federal promulgada em 2007 e 2010 com esforços voltados para políticas adequadas de gestão de resíduos sólidos. No Brasil, os municípios são responsáveis pela coleta e disposição dos resíduos sólidos municipais. Há vários modelos de gestão de resíduos sólidos que podem ser implementados, de contratos de concessão por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP) a obras públicas municiais que prestam serviços de coleta e limpeza das ruas. As operações de disposição de resíduos e aterros são realizadas diretamente pelos municípios ou terceirizadas. A disposição em aterros sanitários é atualmente o método mais comum no Brasil. Para proteger o meio ambiente, a saúde pública e preservar os recursos naturais brasileiros, o Brasil adotou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) como parte da Lei Federal do Saneamento Básico, que estabelece regras para a coleta, tratamento e disposição de resíduos domésticos e industriais. Nos termos da PNRS, os resíduos sólidos municipais reutilizáveis e recicláveis são reconhecidos como commodities que podem ser negociadas e tratadas, gerando oportunidades tanto para parceiros privados especializados em 4
5 soluções ambientais, bem como para catadores de lixo 1, que podem desempenhar um papel importante no ciclo geral dos resíduos. A legislação estabeleceu que até o fim de 2012 os municípios precisariam apresentar seus planos de gestão de resíduos sólidos ao Ministério do Meio Ambiente e que até 2014 os municípios deveriam cumprir as exigências do plano, de substituir lixões por aterros e de implementar programas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos. Práticas de gestão de resíduos eficientes e sustentáveis têm prioridade alta na agenda política do Brasil, impulsionada pelo aumento da conscientização social de preocupações ambientais e pela necessidade de transformar resíduos em recursos, conforme preconizado pela política de resíduos mencionada, que estabelece metas que incorporam conceitos modernos na gestão de resíduos e pretende trazer novas ferramentas para a legislação ambiental. Apesar dos esforços mencionados, a evolução da disposição adequada de resíduos desde a implementação da PNRS é consideravelmente lenta, conforme é possível ver no gráfico abaixo: 1 Catadores de lixo são pessoas cuja função principal é recolher materiais reutilizáveis ou recicláveis deixados nas ruas para coleta ou de instalações comerciais por meio de acordos informais. No Brasil, eles podem ser registrados em associações/cooperativas ou podem atuar informalmente. Suas coletas são normalmente vendidas para instalações que fazem a separação/processamento focado na reciclagem. 5
6 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Evolução da Disposição Adequada no Brasil 55% 57% 58% 58% 58% 58% 58% 41% 39% 11% 5% Figura 1 Fonte: Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2014 (ABRELPE) A geração total de resíduos no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 78,6 milhões de toneladas (387 Kg per capita), um aumento de 2,9% em comparação a 2013, que é maior do que o aumento da população, que totalizou 0,9%. A respeito da coleta, o País teve 90,6% de seus resíduos adequadamente coletados (2014), um aumento de 3,2% em comparação a Em comparação com indicadores globais, o Brasil tem um grande potencial de desenvolvimento, especialmente em relação à disposição e a recuperação de valor no ciclo de gestão de resíduos: Quantidade de Resíduos Coleta Disposição Adequada Recuperação de Valor Global 90% 96% 27% Brasil 90% 58% 4% Figura 2 Comparação da Gestão de Resíduos Sólidos Um estudo recente desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) estimou que, para atingir as metas definidas pela política nacional, o Brasil precisa investir aproximadamente US$ 3 bilhões em Dispêndios de Capital (Capex) até 2031 e mais US$ 4 bilhões por ano além dos USD 2,9 bilhões atualmente gastos em Despesas Operacionais (Opex) com início em 2031 (presumindo-se o aumento adequado nos anos anteriores). Portanto, é possível concluir que o Brasil tem espaço significativo para desenvolvimento no setor de gestão de resíduos. 6
7 PARTICIPAÇÃO EM UMA OPERAÇÃO DE ALTA PRIORIDADE O Prefeito de Curitiba colocou publicamente no topo de sua agenda, no âmbito do desenvolvimento de infraestrutura estratégica em Curitiba, a entrega de um modelo bem-estruturado, sustentável, mas acessível. Nesse contexto, o Município pretende alavancar a participação do setor privado no ciclo de gestão de resíduos. O Projeto consiste na implementação de um sistema integrado e otimizado, por meio da adoção de padrões e princípios socioambientais elevados com o intuito de atingir uma sustentabilidade financeira de longo prazo. É importante observar que o novo modelo planejado deve ter por objetivo reduzir progressivamente as quantidades de resíduos enviados a aterros, priorizando a reciclagem. Curitiba também acredita que a participação do setor privado oferece a oportunidade de melhorar a eficiência por meio da introdução de princípios comerciais, uma maior atenção à satisfação dos clientes e acesso a inovações do setor e melhores práticas. Além disso, o setor privado está bem posicionado para usufruir da experiência local e internacional no campo da gestão de resíduos e introduzir tecnologias comprovadas, juntamente com o conhecimento gerencial, investindo em um mercado estável com um potencial de crescimento significativo. Portanto, resumindo, os objetivos gerais da Transação são: 1. Transferir a gestão e operação do sistema de resíduos sólidos para um parceiro privado qualificado; 2. Maior eficiência na gestão e operação do sistema de resíduos sólidos; 3. Reduzir a quantidade de resíduos enviados a aterros, procurando aumentar a sustentabilidade socioambiental e financeira do sistema; e 4. Implementação de planos de recuperação de resíduos, incluindo a possibilidade de geração de energia. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA CIDADE Por meio da implementação do Projeto, Curitiba pretende atingir os seguintes objetivos específicos: Otimização do sistema de coleta de resíduos; Otimização dos planos de transporte; Implementação de tecnologias para recuperação de valor; O uso de uma abordagem integrada em todo o ciclo de gestão de resíduos, aplicando princípios de sustentabilidade da coleta ao tratamento; Um aumento por etapas nos níveis de reciclagem e redução da quantidade de resíduos enviada a aterros; Desenvolvimento de um sistema que seja inclusivo com relação aos catadores de lixo (conforme definido pela PNRS); Melhoria do meio ambiente local e da economia por meio da melhoria dos setores de reciclagem; 7
8 Abordagem das ineficiências no sistema atual de gestão de resíduos para garantir eficiência na entrega do serviço. Como resultado, a Operação será estruturada estrategicamente para maximizar o escopo e a qualidade da infraestrutura e do serviço entregues pelo parceiro privado à Cidade, ao mesmo tempo que a torna sustentável para o orçamento da Cidade e acessível para as famílias e outros geradores de resíduos. 8
9 CONTEXTO HISTÓRICO SOCIOECONÔMICO O ESTADO DO PARANÁ O Estado do Paraná é um ponto estratégico para negócios no Brasil. Com 10,6 milhões de habitantes, o Paraná é um dos mais prósperos dos 26 estados brasileiros, representando 5,62% da população total do país e tradicionalmente por volta de 6% do PIB brasileiro. De um lado, o Paraná possui grandes sociedades produtivas e uma série de empresas de vanguarda baseadas em Curitiba, do outro lado, uma ampla variedade de empresas de pequeno e médio porte, que representam a maioria dos empregos. A Área Metropolitana de Curitiba é hoje um dos centros mais importantes da indústria automotiva brasileira, com fábricas da Volvo, Renault e Audi-VW e com sua estratégia de desenvolvimento urbano funcional, tem uma alta concentração de atividades industriais urbanas, enquanto o resto do Paraná é caracterizado por um forte setor de agronegócios. Figura 3 Paraná O Paraná está estrategicamente posicionado no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Sua capital, Curitiba, está localizada a menos de quilômetros de cidades grandes como Santiago de Chile, Buenos Aires, Bogotá, Assunção e Montevidéu. O estado também está bem localizado nos principais mercados de consumo do Brasil, ficando, entre outras coisas, a apenas 400 quilômetros de distância de São Paulo. O complexo de infraestrutura do Estado engloba 40 aeroportos, incluindo 2 aeroportos internacionais, 2 portos - sendo um deles o maior porto do sul do Brasil -, km de rodovias pavimentadas e km de ferrovias. O Estado do Paraná trabalhou para estabelecer um ambiente econômico estável e atrativo investindo em ciência e tecnologia, bem como em parcerias público-privadas para impulsionar a participação da indústria em P&D. O estado se esforça para modernizar constantemente sua política fiscal, expandir o comércio exterior, otimizar a infraestrutura e qualificar sua mão de obra. 9
10 A CIDADE DE CURITIBA O Município de Curitiba fica na Área Metropolitana de Curitiba, a sétima maior área metropolitana nacional em termos de PIB, que está situada no Estado do Paraná, no sul do Brasil. Curitiba tem uma área de 430,9 km² e uma população estimada em 1,751 milhão em 2010, de acordo com os dados do censo de É considerada a 4ª capital mais próspera do Brasil e a 8ª mais populosa. De acordo com a pesquisa de atratividade da EY de , Curitiba é considerada a terceira maior cidade para FDI (Foreign Direct Investment Investimento Direto Estrangeiro) no Brasil, depois do Rio de Janeiro e de São Paulo. A economia de Curitiba é dividida entre serviços (66%) e indústria (34%). É onde estão localizadas inúmeras multinacionais de vários setores, como indústria de automóveis, petróleo e gás, tintas e alimentos. Ademais, o Município de Curitiba é amplamente reconhecido no Brasil como inovador no desenvolvimento e planejamento urbano sustentável. MUNICÍPIO DE CURITIBA Figura 4 Estado do Paraná e Curitiba De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 4 (IBGE), o PIB total de 2012 do Município de Curitiba foi estimado em R$ 59,151 bilhões (~US$ 16,9 bilhões) em valores atuais, fazendo, assim, com que Curitiba seja o 4º município mais próspero do Brasil ftp://ftp.ibge.gov.br/pib_municipios/2012/pdf/tab01.pdf 10
11 CIDADE DE CURITIBA: PRINCIPAIS FATOS População (censo de 2010) Território 1,751 milhão 430,9 km² PIB per capita (real) [US$ ] Orçamento anual da Cidade (2016) 6 ~ US$ 2,0 bilhões Figure 5 Cidade de Curitiba: Principais Fatos O Município de Curitiba gera aproximadamente toneladas de resíduos por dia no total, o que equivale a aproximadamente 1,4 kg por pessoa por dia. A maioria desse material é composta de resíduos domésticos, que equivale a cerca de toneladas de resíduos por dia em média (cerca de 58% do total gerado) ou toneladas por ano. Aproximadamente toneladas de resíduos foram destinadas a aterros em Curitiba em 2014 e a cidade atingiu uma taxa de reciclagem de aproximadamente 23%. As toneladas de resíduos gerados variam diariamente, com seu pico às terças-feiras, quando aproximadamente toneladas de resíduos são coletadas. A geração de resíduos do Município também varia com mudanças sazonais e alterações nos padrões de renda e gasto da população. PRÁTICAS ATUAIS DE GESTÃO DE RESÍDUOS Conforme mencionado acima, Curitiba é amplamente reconhecida no Brasil como inovadora no planejamento e desenvolvimento urbano sustentável. Em termos de gestão de resíduos, desenvolveu inúmeras iniciativas inovadoras, incluindo o plano Lixo que Não é Lixo (LnL), o programa Câmbio Verde e, mais recentemente, as Estações de Sustentabilidade para recicláveis. O Município é responsável pela coleta e gestão dos resíduos municipais. Isso inclui resíduos gerados por residentes, pequenos negócios e nos terrenos públicos do município. A Cidade atualmente delega a coleta e disposição de materiais residuais a operadores do setor privado. O disposição final dos resíduos na região metropolitana de Curitiba é amplamente gerenciado pelo Conresol ( Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos ), um consórcio formado por 23 dos 29 municípios da área metropolitana, incluindo a própria cidade de Curitiba. Curitiba enfrenta desafios contínuos com relação à geração e gestão de resíduos, como a propagação de lixões irregulares, baixa taxa de reciclagem e altos custos de disposição e transporte (que requerem o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis). Em troca da prestação de serviços de gestão de resíduos, Curitiba cobra uma taxa fixa para usuários (diferenciada por uso, comercial e residencial) que totaliza aproximadamente BRL 90 milhões por ano para o Município. O Município é pago diretamente, praticamente todos os meses, por meio do imposto federal sobre propriedade territorial urbana (IPTU), que em 2013 teve uma taxa de inadimplência de apenas 10,06%. O Município também reconhece que há oportunidades para
12 obter mais valor dos resíduos gerados e mover sua gestão para um patamar mais alto na hierarquia de resíduos, reduzindo, assim, a quantidade de resíduos que vai para aterros, com um foco específico na reciclagem de materiais. O Município identificou uma oportunidade para repensar os sistemas de gestão de resíduos de Curitiba e para fazer uma mudança em etapas na gestão dos materiais residuais da cidade, de forma a gerar valor adicional proveniente dos resíduos, além de criar benefícios mais amplos, como melhoria ambiental local, preservação de recursos, criação de empregos e inclusão social. COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS MUNICIPAIS Há várias iniciativas e planos para fluxos de resíduos especiais em toda a cidade. A maioria dos resíduos sólidos municipais é capturada por sistemas de coleta de resíduos formais ou informais. Os serviços de coleta de resíduos em Curitiba abrangem as seguintes atividades: 1. Serviços de coleta operados pelo município: a. Serviço de coleta de resíduos para casas; b. Serviço de coleta de recicláveis para casas, conhecido como Lixo que Não é Lixo : o material coletado é entregue a uma instalação que faz a separação conhecida como UVR (Unidade de Valorização de Resíduos) e locais do Projeto EcoCidadão (desenvolvido em 2008 para formalizar o mercado de catadores de lixo privado); c. Programa de Reciclagem de Coleta Voluntária, incentivando a população a levar seu próprio material reciclável a estações de finalidade especial; d. Plano da Fundação de Ação Social para resíduos domésticos volumosos reutilizáveis; e. Planos para pequenas quantidades de resíduos de construção e demolição (C&D) e resíduos verdes domésticos e para resíduos comerciais e industriais (C&I) de pequenos negócios; e f. Coleta de resíduos domésticos perigosos, coleta especial de carcaças de animais e coleta em áreas públicas. 2. Coleta informal de recicláveis por catadores de lixo, [não implementada em aterros]; 3. Coleta de resíduos privada para geradores de grandes quantidades de resíduos comerciais e industriais e de construção e demolição (operada por empresas); e 4. Coleta de resíduos médicos operada pelo setor privado. A Cidade terceirizou a realização da coleta e transporte de resíduos municipais à Cavo, uma operadora do setor privado, com um contrato que expirará em abril de 2016, que pode ser renovado por mais um ano. As atividades de gestão de resíduos da Cavo incluem a coleta, transporte a aterros, coleta seletiva de recicláveis, limpeza de ruas e rios e monitoramento do aterro da Caximba, fechado em Fluxos de resíduos verdes e de construção e demolição domésticos são coletados pela Viaplan e pela Nicons, duas empresas privadas que operam em regiões separadas da cidade. 12
13 Município de Curitiba Coleta e Transporte Conresol (Disposição) Cooperativas (Recicláveis) IPPC (Recicláveis) Viaplan (Resíduo verde e C&D) Nicons (Resíduo verde e C&D) Cavo (Demais tipos de Resíduo) Aterro Fazenda Rio Grande Barracões do Programa EcoCidadão UVR Figura 6 Acordos Contratuais de Curitiba A taxa de coleta geral de resíduos municipais está alinhada com os padrões das melhores práticas internacionais, já que atinge uma taxa estimada de 99,7%. Esse número é sustentado pelo fato de que um pequeno número de casas, que não recebe coleta direta devido à sua inacessibilidade, recebe serviços de coleta por um método indireto (ou seja, o fornecimento de contêineres centralizados a uma distância pequena das casas. 13
14 O sistema de resíduos em Curitiba é altamente segregado e não possui uma abordagem sistemática. Esse esquema tem consequências claras sobre níveis de eficiência, e a sobreposição de serviços de reciclagem e coleta devido a vários planos concomitantes fornece escopo para uma melhoria significativa no sistema de resíduos. O Município atualmente não opera nenhuma estação de transferência de resíduos. Segue abaixo um resumo dos contratos de coleta e transporte e um resumo dos números financeiros dos serviços de coleta: Serviço / Contrato Coleta e transporte de resíduos sólidos domésticos e resíduos de limpeza Custo Mensal (R$ milhões) Custo Anual (R$ milhões) % do Custo 6,0 72,2 42,4% Coleta e transporte de recicláveis 1,6 19,5 11,5% Coleta indireta de resíduos domésticos 0,2 2,8 1,7% Limpeza manual bidirecional 0,6 7,6 4,5% Limpeza manual unidirecional 1,9 22,8 13,4% Limpeza mecanizada 0,2 2,5 1,4% Limpeza e lavagem do mercado 0,2 1,9 1,1% Remoção de cartazes e lavagem de calçadas 0,1 1,5 0,9% Limpeza especial 1,3 16,1 9,4% Limpeza de rios programa olho d'água 0,2 2,8 1,6% Coleta, transporte e destinação para tratamento de resíduos domésticos perigosos Manutenção e monitoramento do Aterro de Curitiba (Caximba) 0,0 0,3 0,2% 0,5 6,0 3,5% Coleta de resíduos verdes e de C&D domésticos 1,2 14,3 8,4% Total 14,2 170,3 Figura 7 Resumo de Custos dos Contratos de Coleta e Transporte Municipal Tipo de Coleta Tonelada por Ano Custo por Ano (R$) Custo por Tonelada (R$) Coleta de Resíduos Recicláveis de Porta em Porta Indireta Verdes e C&D Perigosos Figura 8 Resumo dos números financeiros de serviços de coleta 14
15 PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS A maioria dos materiais residuais coletados por sistemas de coleta de resíduos formais e informais em Curitiba é gerenciada em instalações controladas de tratamento e disposição de resíduos, incluindo os locais do EcoCidadão, a UVR, o Aterro da Estre e locais de tratamento associados. Vale observar que de fato existe alguma disposição não controlada de resíduos de Construção e Demolição (C&D) em Curitiba. O aterro da Caximba foi utilizado por Curitiba e alguns dos municípios ao redor de 1989 a A manutenção desse aterro é realizada pela Cavo e a área não utilizada é parte de uma ampla área de tratamento e gestão de água ou está listada como área florestal de proteção ambiental. Atualmente, o Conresol é responsável pelos acordos de tratamento e disposição de seus membros. A partir de novembro de 2010, os resíduos da Cidade de Curitiba e da maioria dos outros municípios na área metropolitana de Curitiba foram desviados de Caximba para o Aterro da Estre. Estima-se que o local tenha uma expectativa de vida total de 15 anos, incluindo os cinco anos em que já foi operado. Ele está situado no sul de Curitiba, no Município de Fazenda Rio Grande, cerca de 31 km do centro da cidade e é detido e operado pela Estre Ambiental, uma empresa privada. Alguns números fornecidos pela Estre são exibidos abaixo. Município Distância do Centro da Cidade ao Aterro Toneladas de Resíduos Aterrados em 2014 Viagens Mensais ao Aterro Quilômetros Percorridos Mensalmente Curitiba 31 km Figura 9 Resumo do Aterro da Estre O local recebe aproximadamente toneladas de resíduos não perigosos por dia de 21 municípios diferentes e opera 24 horas por dia, seis dias por semana; aproximadamente 70% do material levado ao local é proveniente de Curitiba, enquanto os outros municípios totalizam os outros 30%. Segue abaixo um resumo das quantidades aterradas no Aterro da Estre desde Região Curitiba Outros Municípios Total Figura 10 Quantidades aterradas no Aterro da Estre (toneladas) O contrato celebrado entre a Estre e o Conresol se encerra em outubro de 2015 e, portanto, um novo processo de licitação abrangendo o tratamento e a disposição está em curso. Vale ressaltar que a licitação mencionada 15
16 estabelece um prazo de 5 anos e é de natureza temporária e voluntária, ou seja, cada município tem a prerrogativa de participar e deixar o contrato, bem como o consórcio, a qualquer momento. Nenhuma quantidade é garantida nos termos desse acordo. A UVR, localizada na região de Campo Magro, é uma instalação de reciclagem de materiais com capacidade para processar toneladas por mês. A instalação está em operação há cerca de 25 anos e o local é detido e operado pelo IPCC (Instituto Pró-Cidadania de Curitiba Entidade do Governo Municipal). Por volta de 40% do material levado à UVR acaba sendo rejeitado e é enviado ao aterro da Estre. O programa EcoCidadão foi criado em 2008 como uma tentativa de formalizar o mercado privado de catadores de lixo e legalizar suas atividades, por meio da rede cooperativa Cataparaná. O projeto conta com mais de 20 locais formalizados, que totalizam aproximadamente 550 catadores de lixo e recebem em média toneladas de materiais da coleta do programa Lixo que Não é Lixo todos os meses, além de quaisquer materiais que os trabalhadores coletem de fontes de resíduos próximas. Os locais também conduzem atividades de separação de recicláveis. Outros fluxos de resíduos, como materiais do programa de coleta de resíduos verdes e C&D domésticos, são considerados muito contaminados para fins de reutilização ou reciclagem e também são enviados para o aterro da Estre. Resíduos domésticos perigosos são enviados ao Aterro e complexo da Essencis, que compreende uma área de m2 e tem uma célula de resíduos perigosos e uma área de aterro não perigoso, bem como outros planos de processamento e tratamento de baixa capacidade. Esse local é o único local de disposição de resíduos perigosos no Estado do Paraná. 16
17 COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS A composição dos resíduos gerados em Curitiba com base nos dados adquiridos nos aterros da Caximba e da Estre e conduzidos por operadoras do local. O gráfico pizza abaixo descreve a composição: Tecido 4% Recipientes de Longa Vida 1% Vidro 5% Metais (magnéticos) 2% Metais (não magnéticos) 1% Madeira 1% Borracha 2% Couro 1% Outros Materiais 0% Fraldas 5% Papelão 6% Plástico (Duro) 8% Resíduos orgânicos 38% Filme Plástico 10% Papel 16% Figura 11 Aterro da Caximba: composição média por peso de 2005 a 2010 Recipientes de Longa Vida 1% Metais (magnéticos) 1% Metais (não magnéticos) 1% Madeira 1% Borracha 0% Couro 0% Vidro 2% Outros Materiais 1% Fraldas 8% Tecido 3% Papelão 7% Material Orgânico 40% Plástico (Duro) 7% Filme Plástico 10% Papel 18% Figura 12 Aterro da Estre: composição média por peso em
18 Recentemente, outro estudo sobre a composição de resíduos domésticos foi feito entre os dias 3 a 7 de agosto de A coleta foi feita em várias regiões do Município e a quantidade total analisada foi de aproximadamente 500 kg. Os resultados em termos de peso foram os seguintes: Vidro 4% Papelão 4% Tecido 3% Tetra-pak 2% Borracha 2% Metais Ferrosos 1% Madeira 1% Couro 0% Metais Não Ferrosos 5% Fraldas 5% Orgânico 37% Plástico Fino 6% Papel 9% Plástico Duro 10% Outros 11% Figura 13 Estudo de agosto de 2015 sobre composição dos resíduos domésticos 18
19 Com relação ao programa recém-desenvolvido pelo Município de coleta voluntária, as toneladas de cada material foram disponibilizadas para dois dos quatro locais operacionais. Como o programa somente teve início em 2014, as toneladas ainda são muito baixas, mas Curitiba está disposta a desenvolver esta alternativa e disponibilizá-la em todas as partes da cidade: Plástico 2% Garrafas Pet 2% Sacolas de Mercado 2% Recipientes de Longa Vida 1% Metal (magnético) 3% Metal (não magnético) 0% Papel (branco) 12% Vidro (branco) 24% Papel (colorido) 14% Vidro (colorido) 24% Papelão 16% Figura 14 Composição dos Resíduos do Plano de Coleta Voluntária 19
20 FLUXO DOS RESÍDUOS Para resumir os itens fundamentais do fluxo de resíduos de Curitiba, apresentamos abaixo uma estimativa dos principais números para o ano de Tipo de Coleta Unidade 2015 Legenda: TPA toneladas por ano População habitante Resíduos Domésticos e Comerciais tpa Resíduos Indiretos tpa Limpeza Pública tpa Limpeza de Rios tpa Disposição Ilegal de C&D tpa Resíduos Totais tpa Resíduos per capita tpa 0,92 Lixo que não é Lixo tpa Voluntária tpa 28 Troca Verde tpa Coleta de Catadores de Lixo (estimada) tpa Recicláveis Mistos Totais tpa Recicláveis per capita kg/habitante/dia 29,9% C&D pequenos tpa Verdes Domésticos tpa Domésticos Perigosos tpa 47 Carcaças de Animais tpa 189 Resíduos Totais tpa Taxa de Reciclagem % 22,6% Resíduos Totais per capita kg/habitante/dia 1,33 Figura 15 Resumo dos Principais Números 20
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