BMP Introdução à Parasitologia Veterinária. Babesia. Alda Maria Backx Noronha Madeira. Departamento de Parasitologia ICB/USP
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1 BMP Introdução à Parasitologia Veterinária Babesia Alda Maria Backx Noronha Madeira Departamento de Parasitologia ICB/USP Alda Backx_2007
2 Filo Apicomplexa Classe Aconoidasida Ordem Haemosporida (haemosporidias) Gênero Haemoproteus Gênero Hepatocystis Gênero Leucocytozoon Gênero Plasmodium Classe Coccidia Ordem Piroplasmida (Piroplasmidas) Família Babesiidae Família Theileriidae Ordem Agamococcidiorida Família Rhytidocystidae OrdemEucoccidiorida
3 Ordem Piroplasmida 1. Protozoários que não tem flagelos, cilios ou formam pseudópodes. 2. Locomoção por flexão ou deslizamento. 3. Reprodução assexuada ocorre por fissão binária ou esquizogonia em eritrócitos ou outras células sanguíneas de mamíferos. 4. Apresentam complexo apical (menos desenvolvido). 5. Duas famílias: Babesiidae e Theileriidae
4 Família Babesiidae 1. São piriformes (piroplasma), redondos ou ovais. 2. Parasitam eritrócitos, linfócitos, histiócitos, eritroblastos ou outras células sanguíneas dos mamíferos. 3. Parasitam vários tecidos dos carrapatos, onde há a esquizogonia. 4. Complexo apical: anel polar, róptrias, micronema e microtúbulos subpeliculares.
5 Introdução - Babesia 1. Várias espécies do gênero Babesia acometem animais domésticos (cão, eqüinos, suínos, ruminantes). 2. Parasitam os eritrócitos dos vertebrados sendo transmitidos por várias espécies de carrapatos. 3. Babesiose principais sintomas: febre, anemia e hemoglobinúria. 4. Após resolução do quadro clínico animais podem ficar cronicamente infectados. 5. Babesiose relativamente grave para animais introduzidos em áreas endêmicas e que não tiveram exposição anterior.
6 Introdução 6. Localização do parasita: periférica (alta parasitemia) ou viscerotrópica. 7. Viscerotrópica: Podem causar doença sem alta parasitemia, os animais podem sofrer infecções letais com formação de trombo cerebral sem apresentar anemia. 8. Homem Babesia microti, B. dirvengis Babesia microti
7 Etiologia B. bigemina grande* periférica bovino B. bovis pequena # viscerotrópica bovino B. caballi grande viscerotrópica eqüino B. canis grande viscerotrópica cão B. gibsoni pequena periférica cão * Trofozoítos 2,5 µm a 5,0 µm, mais sensíveis aos quimioterápicos # Trofozoítos 1,0 µm a 2,5 µm
8 Ciclo biológico 1. Ciclo heteroxeno. 2. Acomete hospedeiros vertebrados e invertebrados. Podem variar de acordo com a espécie de Babesia. 3. Hospedeiro invertebrado: geralmente são carrapatos ixodídeos, carrapatos podem albergar mais de uma espécie de babesia. Há reprodução assexuada e sexuada. 4. Hospedeiro vertebrado: bovinos, equinos, cães, homem. Reprodução assexuada nos eritrócitos.
9 Ciclo biológico 1. Hospedeiro veterbrado esporozoítos eritrócitos trofozoítos multiplicação (fissão binária) merozoítos infecta novas células trofozoítos multiplicação (fissão binária) merozoítos infecta demais eritrócitos. 2. O ciclo trofozoíto merozoíto trofozoíto pode ser indefinido. A rápida multiplicação lisa os eritrócitos anemia hemolítica, hemoglobinúria.
10 Ciclo biológico 1. Em hospedeiros imuno-resistentes a fase de multiplicação pode ser reduzida ou ausente. 4. Alguns trofozoítos não se multiplicam, aumentam de tamanho gametócitos. 5. Carrapato ao sugar o sangue ingere trofozoítos, merozoítos e gametócitos. Somente gametócitos sobrevivem no lúmen intestinal do parasita. Gametócitos gametas (no intestino do carrapato). 6. A babesia é patogênica para o carrapato diretamente relacionada ao grau de parasitemia no hospedeiro e susceptibilidade do vetor leve depressão na produção de ovos até morte da fêmea ingurgitada.
11 Ciclo Biológico
12 Ciclo Biológico Repasto sanguíneo eritrócitos infectados (gametócitos) Eritrócitos digeridos Liberação gametócitos
13 Ciclo Biológico Conjugação zigoto célula intestinal reprodução assexuada (esporogonia) esporocinetos hemolinfa diversos órgãos, ovário e glândula salivar esporoblastos contendo esporozoítos imaturos multiplicação esporozoítos maduros (5.000 a ) infectantes que serão inoculados durante o repasto sanguíneo (carrapato).
14 Ciclo biológico 1. Há 3 tipos de reprodução: 1. Merogonia: reprodução assexuada nas hemácias do hospedeiro vertebrado merozoítos. 2. Gamogonia: terminação da formação e fusão dos gamentas tubo digestivo dos carrapatos. 3. Esporogonia: reprodução assexuada nas glândulas salivares dos carrapatos esporozoítos.
15 Ciclo Biológico Invasão de todos os tecidos do carrapato ovário do HI transmissão transovariana - que pode persistir por várias gerações) ovos larvas ninfas adultos (transmissão transestadial) nas glândulas salivares esporozoítos (infectantes) através da alimentação novo HD
16 Ciclo Biológico Transmissão transovariana B. bigemina B. bovis B. caballi B. canis Fêmea adulta se infecta Fêmea adulta se infecta Fêmea adulta se infecta Fêmea adulta se infecta N e A transmitem L transmite e perde a infecção L, N e A transmitem L, N e A transmitem
17 Hospedeiros Espécie Babesia bigemina Babesia bovis Babesia caballi Babesia canis Hospedeiro vertebrado Bovino Equino Cão Hospedeiro invertebrado Boophilus Rhipicephalus Dermacentor Rhipicephalus Rhipicephalus
18 Hospedeiros invertebrados Boophilus microplus Rhipicephalus sanguineus
19 Hospedeiros invertebrados Dermacentor nitens
20 Ciclo Biológico Transmissão transovariana (vertical) Importante para carrapatos de um único hospedeiro (ex. Boophilus microplus)
21 Ciclo Biológico Rhipicephalus sanguineus três hospedeiros.
22 Patogenia 1. Forma periférica: alta parasitemia, anemia hemolítica. 2. Forma viscerotrópica: eritrócitos infectados também podem ficar seqüestrados no endotélio capilar ou pós-capilar. Babesia induz a formação de protusões na membrana do eritrócito responsáveis pela adesão. Esta forma é freqüentemente associada à forma cerebral da babesiose. Animal apresenta hipotensão, alteração da coagulação e há formação de trombos.
23 Patogenia
24 Mecanismo de escape 1. Variação antigênica do parasita. 2. Adesão celular e seqüestro (evita que eritrócitos infectados sejam destruídos no baço) babesiose viscerotrópica. 3. Ligação de proteínas do hospedeiro aos eritrócitos infectados (eritrócitos infectados tornam-se invisíveis para o sistema imunológico). 4. Imunossupressão transiente (ainda não é totalmente conhecida).
25 Patogenia Pode variar de acordo com: 1. Idade do hospedeiro (animais mais velhos mais susceptíveis) 1. Animais jovens resistência natural quadro de menor intensidade (anemia e duração da parasitemia) anticorpos no colostro, persistência do timo, hemoglobina fetal (mais resistente à infecção por Babesia). 2. Estado nutricional 3. Estado imunológico 1. Imunodeprimidos mais susceptíveis 2. Após a primo-infecção recidivas: estabelecimento gradual de imunidade 3. Sem re-infecção por ~ 8 meses: menor resposta imunológica. 4. Grau de infestação 5. Virulência do agente 6. Associação com outros patógenos, hemoparasitas
26 Patogenia Possibilidades de ocorrência de surto - Regiões (Sul do País) onde o carrapatos não transmitem babesia o ano todo. Variação na população de carrapatos em função do clima. população de carrapato possibilidade surto. - Propriedades com intensivo controle de carrapatos (animais não tem exposição prévia). - Bezerros criados confinados (animais sem exposição prévia) são transferidos para o pasto geralmente depois da queda da imunidade passiva pelo colostro possibilidade surto. - A exposição é desejável, mas se for muito intensa doença clínica.
27 Resposta imunológica 1. Imunidade humoral e celular 2. Imunidade não é duradoura necessário contato com o agente. Animal imune mas sem contato com Babesia por mais de 8 meses susceptível. 3. Não há imunidade cruzada entre as espécies.
28 Resposta imunológica Diferentes mecanismos contribuem para resistência ao parasita durante cada estágio da infecção.
29 Equinos 1. Também denominada de piroplasmose equina ou nutaliose 2. A doença é o prrincipal impedimento para o trânsito internacional de cavalos. Países que possuem uma indústria equina importante estão livres da doença (Japão, Canadá, Estados Unidos e Austrália). Cavalos positivos para Babesia estão impedidos de entrar nestes Países, quer seja para competição ou exportação. 3. Brasil Problemas na exportação de equinos. 4. Babesia caballi parasitemias baixas < 1%, portadores por 1 a 3 anos, tende a ser menos patogênica: sintomas clínicos menos severos. Período de incubação entre dias. 5. Babesia equi Theileria equi Infecções persistentes por toda a vida: o animal perpetua o agente, divisão em 4 merozoitos (cruz de malta), desenvolvimento primário em linfócitos, período de incubação entre dias.
30 Equinos 1. Sintomas 1. Agudos: febre, inapetência, dispnéia, edema, icterícia, prostração (raro em áreas endêmicas). 2. Sub-agudos: mesmos sinais manifestação menos intensa e intermitente. 3. Crônicos: mais comuns, sintomas inespecíficos. 4. Portador assintomático pode reverter para quadros agudos ou sub-agudos em situações de estresse ou doenças intercorrentes. 5. Quadros sub-clínicos diminuição de performance em animais de competição, pode comprometer o potencial atlético do animal.
31 Bovinos 1. Tristeza parasitária bovina, febre esplênica, malária bovina, febre do Texas, água vermelha. 2. Além de babesia (B. bigemina e B. bovis), diferentes agentes podem ocorrer simultaneamente Anaplasma marginale, A. centrale e Ehrlichia spp 3. Período de incubação : 8 a 12 dias
32 Bovinos B. bigemina 1. Induz anemia severa. 2. Há alta parasitemia, intensa lise de hemácias na corrente sanguínea anemia que pode ser severa, icterícia, hemoglobinúria, acidose metabólica. 3. Acomete uma grande variedade de ruminantes: cervídeos, búfalos além dos bovinos. 4. Mortalidade em animais não tratados 50 a 90%. Babesia bigemina
33 Bovinos B. bovis: formação de trombos 1. Visceral, com tropismo pelo cérebro baço e fígado: parasitemia baixa (não detectável), formação de trombos nas vísceras. 2. Pode ocorrer diarréia, abortamentos, sintomas neurológicos (parasita nos capilares cerebrais), agressividade ou apatia extrema, paresia e convulsões. 3. Liberação de substâncias farmacologicamente ativas destruição das hemácias. 4. Distúrbios de coagulação (metabolismo do fibrinogênio): hipercoagulabilidade 5. Infecção aguda: aumento da atividade de agentes vasoativos - calicreína, bradicinina, histaminas estase sangüínea favorece adesão entre eritrócitos e destes ao endotélio vascular formação de trombos. 6. Antígenos na membrana do eritrócito favorece adesão destas células aos receptores das células endoteliais.
34 Cães 1. Importante no Brasil, descrita no Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. 2. Freqüente em cães jovens e com mais de 2 anos de idade. 3. Sintomas: 1. manifestações clínicas relacionadas com a intensidade da parasitemia. 2. doença hemolítica, anemia progressiva, pode ocorrer choque endotóxico e alterações da coagulação. 3. Sintomas: anemia, febre, anorexia, desidratação, perda de peso, dor abdominal e sensibilidade renal à palpação. 4. Babesiose cerebral pode ser observada.
35 Cães 1. Cepas de B. canis apresentam variabilidade genética, de virulência e de especificidade de hospedeiro invertebrado. B.canis canis: Dermacentor reticulatus B. canis rossi: Haemophysalis leachi B. canis vogeli: Rhipicephalus sanguineus Brasil ocorrência de cepas de B. canis ainda não está bem caracterizada. Babesia canis
36 Diagnóstico 1. Métodos diretos 1. Esfregaço sanguíneo (fase aguda) 2. PCR 3. Necrópsia lesões e histopatológico 2. Métodos indiretos 1. Testes sorológicos (úteis para animais na fase crônica ou assintomáticos baixa parasitemia): ELISA, imunofluorescência indireta. Babesia bigemina
37 Tratamento 1. Suporte, transfusão sanguínea (casos graves) 2. Imidocarb, Diaminazene (cuidado com superdosagem e há efeitos colaterais) 3. Tratamento é eficiente, são babesicidas.
38 Controle 1. Imunidade não é duradoura tentativas de promover exposição controlada ao agente. Interessante não eliminar todos os parasitas 1. Quimioprofilaxia: tratamento com doses sub-terapêuticas: doença em níveis subclínicos, para o desenvolvimento do estado de portador. 2. Controle de vetores (carrapatos): manter desafio o ano todo, não erradicar o carrapato. 3. Vacinas: vacinas vivas, inativadas, DNA recombinante (clonagem de genes que expressem proteínas imunogênicas, experimental). 4. Premunição: 1. Clássica: inoculação de sangue de animal contaminado monitorar a infecção. Desvantagens: inóculo desconhecido (quantidade, virulência), pode transmitir outras doenças. 2. Moderna: utilização de inóculos padronizados.
39 Controle 1. Regiões endêmicas : sem medidas de controle, para manter o estímulo à resposta imune através da exposição continuada ao parasita. 2. Áreas de instabilidade enzoótica (sofrem súbitos aumentos da quantidade de carrapatos): controle estratégico (uso de carrapaticidas, rotação de pastagens, seleção de animais resistentes, premunição).
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