Leishmaniose. Família: Trypanosomatidae (da mesma família que o Trypanosoma cruzi, causador de Chagas).
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- Teresa Jardim Aldeia
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1 Leishmaniose Parasito Reino: Protozoa Filo: Sarcomastigophora (porque possui flagelo) Ordem: Kinetoplastida (porque tem cinetoplasto) Família: Trypanosomatidae (da mesma família que o Trypanosoma cruzi, causador de Chagas). Gênero: Trypanosoma Complexo de espécies: Complexo Leishmania braziliensis (com 7 a 8 espécies, causadoras da leishmaniose tegumentar) e complexo Leishmania donovani (com 3 espécies, causadoras da leishmaniose visceral). - Contém flagelo, cinetoplasto (mitocôndria grande e única), núcleo. Forma promastigota.
2 Forma amastigota (pontinhos). - O flagelo está inserido na região anterior. O cinetoplasto fica numa posição intermédia entre o núcleo e o flagelo. - É um parasita digenético (apresenta duas formas de vida: promastigota e amastigota) e heteroxeno (hospedeiro definitivo é o mamífero e o intermediário, o invertebrado). - Por afetar cães, é uma zoonose. Animais canídeos funcionam como reservatórios, mas os cães são os mais marcantes. Podem apresentar a doença ou serem assintomáticos. - A reprodução é sempre assexuada (divisão binária). Vetor - Nas Américas, o vetor é o mosquito flebotomíneo do gênero Lutzomya. Nos outros continentes mais antigos, é o Phlebotomus.
3 Phlebotomus sp. Lutzomyia sp. Ciclo de vida
4 - Encontramos mais a forma promastigota (que é extracelular) no invertebrado e a forma amastigota (intracelular), no mamífero. - As formas promastigotas migram do intestino para a probócide do flebotomíneo, sendo injetadas com a saliva do mosquito. Essa é a forma infectante. Elas induzem a sua fagocitose pelos macrófagos e, dentro da célula, passam a ser amastigotas. - Na forma amastigota, o flagelo está internalizado. - As formas amastigotas não se transformam em promastigotas para infectar outros macrófagos. Mecanismos de defesa do parasito - Complexo liposfosfoglicano (LPG): capaz de inativar o sistema complemento, ainda atua contra radicais livres que tentam matar o parasita. Além disso, é responsável por retardar a fusão do vacúolo parasitóforo com o lisossoma. - Gp63: está mais presente nas formas amastigotas. Conseguem inativar o sistema complemento e degradam enzimas lisossomais.
5 - A infecção geralmente é assintomática. Isso porque há mecanismos de defesa do parasito e de defesa do hospedeiro. Quando esse equilíbrio é rompido, surgem as doenças (leishmanioses). Leishmaniose tegumentar americana (LTA) - Conhecida como botão-do-oriente, úlcera de Bauru. - Possui três formas de manifestação clínica: cutânea, mucocutânea ou cutânea difusa. - Cutânea: uma ou mais úlceras localizadas, próximas do local da picada; Úlcera profunda, ativa na periferia (de onde se retiram fragmentos para análise laboratorial). O fundo é granuloso e pode sofrer infecções secundárias. - Mucocutânea: lesões ulcerosas destrutivas das mucosas (nariz, boca, faringe); - Cutânea difusa: úlceras secas presentes em todo o organismo, pela pele. É causada pela Leismania amazonensis no Brasil.
6 - Após a infecção pelo mosquito, há um período de incubação de 2 semanas a 3 meses. Geralmente, evolui para quadro assintomático. Quando surgem lesões, elas regridem espontaneamente. Outras vezes, ficam estacionárias. Podem evoluir para necrose ou formação de nódulo dérmico (histiocitoma). - O infiltrado inflamatório pode liberar citocinas que aumentam o processo inflamatório. - Na forma cutânea, pode haver disseminação dos parasitos por via linfática ou hematógena para outras regiões da pele ou para mucosas, evoluindo para a forma mucocutânea. - O tipo de apresentação clínica depende do parasito, do vetor (que veicula determinados tipos de parasitos) e da resposta imune do paciente. Diagnóstico - Teste de Montenegro: administração de antígeno do parasito na pele do indivíduo para testar a presença de resposta imune. - Positivo: para formas cutêna e mucocutânea - Negativo: para forma difusa ou visceral - Há também a pesquisa laboratorial do parasito nas bordas nas úlceras. - Esfregaços corados, cultura de parasitos, inóculo em animais ou PCR também são alternativas. - Pode ser realizado teste imunológico (imunofluorescência indireta) para verificação da existência de anticorpos contra o parasito. Tratamento - Medicamentoso, com Glucantime (antimoniato de meglumina), que inibe a síntese protéica do parasito. Há cepas resistentes ao medicamento. Cardiopatas, nefropatas e gestantes não podem receber esse tratamento.
7 - Pode ser utilizada uma espécie de vacina, o Leishvacin. É capaz de induzir uma resposta imune contra o parasito. Apresenta menos efeitos adversos. - O melhor é associar o antimoniato e a vacina no tratamento. - Tratamento longo, com lesões residuais Epidemiologia - Aumento do número de casos no Brasil. São fatores que contribuem: moradia em áreas rurais, crescimento exagerado de cidades, desmatamento. Leishmaniose Visceral - A leishmaniose visceral (LV), ou calazar, é uma doença crônica grave, potencialmente fatal para o homem, cuja letalidade pode alcançar 10% quando não se institui o tratamento adequado. É causada por espécies do gênero Leishmania, pertencentes ao complexo Leishmania (Leishmania) donovani 1. No Brasil, o agente etiológico é a L. chagasi, espécie semelhante à L. infantum encontrada em alguns países do Mediterrâneo e da Ásia. ( - A transmissão pode ser vetorial (pelo flebotomíneo, como no caso da leishmaniose cutânea), por compartilhamento de seringas ou transfusão sanguínea. - Cães atuam como reservatórios, podendo apresentar a leishmaniose visceral canina. - A L. chagasi também infecta macrófagos, mas não produz lesão no local da picada. - Os parasitas vão para linfonodos e trato gastrointestinal. Podem migrar para fígado e baço, causando hepatoesplenomegalia. - Na medula óssea, podem causar diminuição da hematopoiese, com anemias e hemorragias freqüentes.
8 - Nos rins, há deposição de complexo antígeno-anticorpo, com glomerulonefrite proliferativa e inflamação de vasos. - Pode haver comprometimento de pulmão e linfonodos. Evolução - Há período de equilíbrio entre parasita e hospedeiro período assintomático. Nele, pode haver febre baixa recorrente, com tosse seca, diarréia, sudorese e prostração. - O paciente pode evoluir para a forma aguda depois de 2 meses, com febre alta, palidez de mucosas, hepatoesplenomegalia discreta. - Se não tratado, evolui para a fase crônica (o calazar). São sintomas mais graves, como disfunção de órgãos, fraqueza, desnutrição, hepatoesplenomegalia grave. Forma fulminante em poucos meses. - Há também casos de leishmaniose dérmica pós-calazar. Não se sabe como, mas alguns casos de leishmaniose visceral podem apresentar feridas leishmaniose tegumentar também. Diagnóstico - Pesquisa do parasita (por aspirado de medula óssea ou do órgão parasitado). Essa é a rotina. - Pode ser feito crescimento em cultura, inoculação em animais de laboratório ou PCR. - Existem métodos imunológicos de pesquisa de anticorpos (imunofluorescência direta ou ELISA). - O paciente apresenta hipergamaglobulinemia. - O teste de Montenegro é negativo. Tratamento
9 - Medicamentoso, com Glucantime (mais tempo e maiores doses). Profilaxia - Vigilância, detecção e controle de casos humanos, com diagnóstico e tratamento. - Atuação sobre reservatórios caninos (com coleta de amostras e exames; pode ser necessário o sacrifício de animais contaminados). - Atuação sobre os flebotomíneos (operações inseticidas). - Suplementação nutricional para grupos de risco e infectados. - Educação da população para a saúde.
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