Índices para catálogo sistemático: Linguística 400 Literatura 800 Métodos de ensino 371

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2 Conselho Editorial Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP contato@editorialpaco.com.br Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2014 Diógenes Buenos Aires de Carvalho Bárbara Olímpia Ramos de Melo Raimundo Isídio de Sousa Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. C2532 Carvalho, Diógenes Buenos Aires de; Melo, Bárbara Olímpia Ramos de; Sousa, Raimundo Isídio de. /Diógenes Buenos Aires de Carvalho; Bárbara Olímpia Ramos de Melo; Raimundo Isídio de Sousa. Jundiaí, Paco Editorial: p. Inclui bibliografia. ISBN: Ensino 2. Literatura 3. Linguagens 4. Cultura. I. Carvalho, Diógenes Buenos Aires de. II. Melo, Bárbara Olímpia Ramos de. III. Sousa, Raimundo Isídio de. Índices para catálogo sistemático: Linguística 400 Literatura 800 Métodos de ensino 371 CDD: 370 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

3 Sumário Apresentação 7 PARTE I LINGUAGENS, GÊNEROS, DISCURSO E ENSINO Letramentos em discussão e formação docente Capítulo 1 Nós, vós, eles: multiletramentos, formação de leitores e formação de professores 13 Hércules Tolêdo Corrêa Capítulo 2 Escolarização e letramentos: desafios para educação de jovens e adultos 29 Bárbara Olímpia Ramos de Melo Capítulo 3 Tornar-se professor: discutindo a formação docente e a prática pedagógica 49 Lúcia Maria de Sousa Leal Nunes Maria da Glória Soares Barbosa Lima Gêneros, referenciação e cultura digital Capítulo 4 Histórias em quadrinhos digitais: ampliando os links com os letramentos e sintaxe visuais na escola 73 Júlio Araújo Leonel Andrade dos Santos

4 Capítulo 5 As affordances do meio digital e suas implicações para o estatuto dos textos 91 Francisco Alves Filho Capítulo 6 Processos de referenciação na construção de sentidos de textos virtuais 109 Silvana Maria Calixto de Lima Discurso, mídia e ensino Capítulo 7 Língua, discurso jornalístico e escola: uma relação constitutiva 131 Maraísa Lopes Capítulo 8 Análise do discurso midiático e ensino de Língua Portuguesa 149 Ermínia Maria do Nascimento Silva Capítulo 9 Relações dialógicas e polifônicas na mediatização do acontecimento: um estudo discursivo sobre enunciados do mensalão na Folha de São Paulo On-line 171 Raimundo Isídio de Sousa

5 PARTE II LINGUAGENS E CULTURA Cem anos de Jorge Amado: espaços, vozes, identidades Capítulo 1 Relações entre Myriam Fraga e Jorge Amado: um passeio pela cidade 201 Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva Capítulo 2 Alteridade e otimismo: A Descoberta da América Pelos Turcos, de Jorge Amado 215 Maria Aurinívea Sousa de Assis Literatura, cultura e contemporaneidade Capítulo 3 A visualidade na poesia contemporânea 227 Feliciano José Bezerra Filho Capítulo 4 Mario Faustino: cantos de vitória da poesia 245 Diógenes Buenos Aires de Carvalho Capítulo 5 A escrita de autoria feminina: rompendo o silêncio 267 Solange da Luz Rodrigues Saulo Cunha de Serpa Brandão Capítulo 6 Literatura e identidade: relações na escrita angolana 289 Eliana Pereira de Carvalho Autores 305

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7 Apresentação O presente livro traz à cena um conjunto de textos que refletem as preocupações e interesses de todos aqueles que se voltam ao estudo e ao ensino da língua e da literatura. Trata-se de resultados de pesquisas desenvolvidas no ambiente acadêmico, mas que não estão alheias às transformações pelas quais passa a sociedade em geral, exigindo permanente correção de percursos e avaliação de metodologias, em especial quando se trata do desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Divididos em duas partes, esses trabalhos enfocam estudos linguísticos e literários, onde os conceitos de linguagem, gênero, discurso, cultura e ensino estão postos em diálogo, numa intersecção não apenas pertinente mas necessária e que, certamente, subsidiará a formação e a prática de professores de língua e literatura. Em NÓS, VÓS, ELES: MULTILETRAMENTOS, FOR- MAÇÃO DE LEITORES E FORMAÇÃO DE PROFESSO- RES, Hércules Tolêdo Corrêa constata que a educação, nos dias de hoje, volta-se para a necessidade de promover letramentos múltiplos, o que implica uma formação de professores comprometidos com práticas inovadoras e abertas às novas tecnologias. Trata-se do mesmo compromisso de revisão contínua nas práticas linguísticas propostas na e pela escola, apontado por Bárbara Olímpia Ramos de Melo em ESCOLARIZAÇÃO E LETRA- MENTOS: DESAFIOS PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, onde a autora retoma algumas concepções de letramentos e as relaciona à educação de jovens e adultos, em especial à alfabetização, tendo em vista o papel central da linguagem na constituição dos sujeitos. Nesse sentido, Lucia Maria de Sousa Leal Nunes e Maria da Glória Soares Barbosa Lima, em TORNAR-SE PROFESSOR: DISCUTINDO A FORMA- ÇÃO DOCENTE E A PRÁTICA PEDAGÓGICA, propõem- 7

8 Diógenes Buenos Aires de Carvalho Bárbara Olímpia Ramos de Melo Raimundo Isídio de Sousa (orgs.) -se a investigar a formação do professor de língua materna na perspectiva que conjuga formação inicial e prática docente com os fatores que concorrem para a consolidação do processo de tornar-se professor. Em HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DIGITAIS: AM- PLIANDO OS LINKS COM OS LETRAMENTOS E SINTA- XE VISUAIS NA ESCOLA, Júlio Cesar Araújo e Leonel Andrade dos Santos discutem as competências necessárias para o domínio da linguagem visual e o papel da escola nesse processo de letramento, apresentando, para tal, alguns resultados das Oficinas de Letramentos Digitais (OLDs) desenvolvidas pelo grupo de pesquisa Hiperged, do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFC. Considerando o surgimento desses novos gêneros digitais, Francisco Alves Filho, no trabalho AS AFFORDANCES DO MEIO DIGITAL E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ESTA- TUTO DOS TEXTOS, aborda a fragmentação dos textos potencializada por affordances e por hábitos e práticas de leitura a elas associadas, reavaliando as noções de unidade textual decorrentes dessas novas configurações textuais. Silvana Calixto de Lima, por sua vez, partindo de uma perspectiva sociocognitiva de construção da referência, campo de interesse da atual da Linguística de Texto, em PROCESSOS DE REFERENCIAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS DE TEXTOS VIRTU- AIS, trata da referenciação e sua intrínseca relação com a construção dos sentidos em textos que se materializam nos ambientes virtuais, em especial, em postagens do Twitter. Em LÍNGUA, DISCURSO JORNALÍSTICO E ESCOLA: UMA RELAÇÃO CONSTITUTIVA, Maraísa Lopes propõe- -se a analisar as relações entre o discurso jornalístico e a escola a partir da Análise do Discurso, visto que ele tem sido tomado como um instrumento didático na sala de aula. Também considerando os pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, Ermínia Maria do Nascimento Silva, no texto ANÁLISE DO DISCURSO MIDIÁTICO E ENSINO DE LÍNGUA PORTU- 8

9 Linguagens, Cultura e Ensino GUESA, pretende analisar as contribuições dessa perspectiva teórica para o trabalho com o discurso midiático em sala de aula. Por sua vez, encontramos em RELAÇÕES DIALÓGICAS E POLIFÔNICAS NA MEDIATIZAÇÃO DO ACONTECI- MENTO: UM ESTUDO DISCURSIVO SOBRE ENUNCIA- DOS DO MENSALÃO NA FOLHA DE SÃO PAULO ON- -LINE, um trabalho de Raimundo Isidio de Sousa que trata das produções de sentido do sujeito jornalístico, tendo como foco as estratégias textual-discursivas sobre o caso Mensalão utilizadas pelo jornal on-line Folha de São Paulo. No texto A VISUALIDADE NA POESIA CONTEMPO- RÂNEA, Feliciano José Bezerra Filho retoma as características e o percurso da poesia visual, refletindo sobre a influência dos novos suportes nas produções contemporâneas. O texto poético também é o interesse Diógenes Buenos Aires de Carvalho em MARIO FAUSTINO: CANTOS DE VITÓRIA DA POESIA, onde analisa o discurso poético veiculado pela poesia do poeta piauiense através de seus desvios e figuras, tendo como referência a poética estrutural formulada por Jean Cohen. Os trabalhos que encerram a obra se voltam para um tema de interesse crescente entre os estudos literários: a escrita como resistência. Solange da Luz Rodrigues e Saulo Cunha de Serpa Brandão, em A ESCRITA DE AUTORIA FEMININA: ROM- PENDO O SILÊNCIO, procuram refletir sobre a literatura de mulheres, em especial das afrodescendentes, retomando conceitos como patriarcado e androcentrismo e destacando sua importância no âmbito da produção contemporânea. Da mesma forma, em LITERATURA E IDENTIDADE: RELAÇÕES NA ES- CRITA ANGOLANA, Eliana Pereira de Carvalho propõe-se a analisar o caráter de resistência das literaturas africanas e, em especial na obra Nação crioula: a correspondência secreta de Fradique Mendes, do angolano José Eduardo Agualusa. Enfim, os estudos aqui apresentados refletem diferentes tendências e perspectivas presentes nas pesquisas sobre linguagem, 9

10 Diógenes Buenos Aires de Carvalho Bárbara Olímpia Ramos de Melo Raimundo Isídio de Sousa (orgs.) cultura e ensino e se constituem uma contribuição significativa para a compreensão desses conceitos, bem como para o aprofundamento do debate teórico sobre os mesmos. Profa. Dra. Zíla Letícia Goulart Pereira Rêgo Mestrado Profissional em Ensino de Línguas Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA/RS) 10

11 PARTE I LINGUAGENS, GÊNEROS, DISCURSO E ENSINO LETRAMENTOS EM DISCUSSÃO E FORMAÇÃO DOCENTE

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13 Capítulo 1 NÓS, VÓS, ELES: MULTILETRAMENTOS, FORMAÇÃO DE LEITORES E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Hércules Tolêdo Corrêa Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré [...] Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut Gilberto Gil 1. Plurais Com o desenvolvimento dos estudos sobre o letramento, nas últimas décadas, podemos falar, hoje, de letramentos, no plural. Dessa forma, o professor contemporâneo depara com a necessidade de trabalhar, em sala de aula, para que os alunos se tornem proficientes na leitura e escrita de textos de diferentes gêneros e que se utilizem de diferentes códigos e linguagens, os chamados textos multimodais (Kress e Van Leeuwen, 2001, Kress, 2006). Para que possam trabalhar com essa diversidade de linguagens, os professores precisam estar bem preparados para isso, o que exige uma reorganização dos cursos de licenciatura. Mas para falar de formação de professores precisamos também falar de 13

14 Diógenes Buenos Aires de Carvalho Bárbara Olímpia Ramos de Melo Raimundo Isídio de Sousa (orgs.) formação de leitores, porque não é possível formar professores de leitura que não sejam leitores. Outra questão ligada ao plural e que justifica o título que demos a este texto Nós, vós, eles (lembremos a tradicional terminologia gramatical, pronomes pessoais do caso reto, ou seja, que exercem a função de sujeitos) é o fato de que, neste artigo, trataremos de leitura e, principalmente, de produções que se dão de forma coletiva e colaborativa, as quais necessitam, necessariamente, de mais de um autor na produção e, quase sempre, do compartilhamento das interpretações, para uma construção plural de sentidos, também no plural, lembrando-se de que a única interpretação, o único e absoluto sentido já foram descartados por estudiosos tanto do campo das ciências linguísticas quanto no campo dos estudos literários (basta citarmos, dentre uma vasta bibliografia sobre essa questão, dois livros clássicos de Umberto Eco, A obra aberta, de 1983, Leitura do texto literário, de 1996). O plural se manifesta, ainda, no conceito de culturas, ou seja, na perda da hegemonia da chamada cultura erudita e também na consequente multiplicação do binômio erudito e popular, nas hibridações (García-Canclini, 2008). 2. No mundo digital Marc Prensky (2001) cunhou e difundiu as expressões nativos digitais e imigrantes digitais. Para o pesquisador, crianças e adolescentes contemporâneos, que nasceram numa época em que já existia a internet e na qual a tecnologia digital está cada vez mais ubíqua na vida das pessoas, podem e devem ser chamados de nativos digitais, enquanto indivíduos de gerações mais velhas, que cresceram e se formaram antes dos anos 90 do século passado, e hoje também vivem cada vez mais imersos na chamada cultura digital, seriam os imigrantes digitais. Há algumas controvérsias com relação a essa terminologia, que acaba por dicotomizar, polarizar e dividir os indivíduos em duas categorias apenas, e de certa forma estanques. O questionamento a este ter- 14

15 Linguagens, Cultura e Ensino mo, já feito por especialistas no assunto, como Ana Elisa Ribeiro (entrevista concedida à Revista Ciência Hoje em 2010), precisa ser considerado. De fato, não podemos dizer que todas as pessoas nascidas no século XXI podem ser chamadas de nativos digitais, tendo em vista as desigualdades regionais, sociais e culturais, em sentido mais amplo, de um país como o Brasil. Tampouco podemos dizer que os adultos nascidos antes dos anos 90 da década anterior sejam todos imigrantes digitais, até porque muitos indivíduos, por resistência, por medo ou por decisão, não aderiram ao mundo digital. Um colega acadêmico, pesquisador do letramento digital e similares, outro dia postou no seu Facebook a foto de um bebê usando um computador portátil (ao que parece, uma foto pessoal). Uma busca instantânea no Google imagens, com as palavras-chave bebê no computador nos remete a um conjunto imenso de imagens, ao qual o leitor pode ter acesso com um simples clique. Aproveitando a deixa, compartilhei a foto na minha linha do tempo do meu sazonal perfil do Facebook, com a seguinte provocação: tem ou não tem nativo digital? Algumas pessoas, geralmente ex-alunos, curtiram meu-dele post. Uns poucos comentaram. Ou minha provocação não surtiu muito efeito ou tenho poucos seguidores ou muitos estão convencidos de que a terminologia é realmente muito problemática. Ou nenhuma das opções anteriores. Diferentemente das avaliações oficiais, o acerto a esta questão não importa muito, o importante mesmo é colocar as alternativas na pauta de discussões. Outro conceito que tem aparecido com frequência quando se trata de pensar o mundo digital hoje é o de convergência. Grosso modo, podemos entender como convergência digital a capacidade, cada vez maior, de se reunir em um mesmo aparelho diferentes possibilidades de uso de diferentes linguagens e tecnologias. Assim, aparelhos portáteis reúnem hoje: câmera fotográfica, filmadora, aplicativos que possibilitam ler s, navegar por diferentes tipos de sites, enviar mensagens instantâneas de 15