Resgate em Estruturas Colapsadas
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- Natália Frade Raminhos
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1 1/17 1. FINALIDADE O presente tem como finalidade regular os procedimentos relativos ao resgate de vítimas em ESTRUTURAS COLAPSADAS pelas equipes de salvamento do CBMERJ. 2. DISPOSIÇÕES GERAIS 2.1. INTRODUÇÃO Um desastre natural é uma catástrofe ocorre quando um evento físico muito perigoso (tal como uma erupção vulcânica, sismo, um desabamento, um furacão, inundação, incêndio, etc) provoca direta ou indiretamente danos extensos à propriedade, faz um grande número de vítimas, ou ambas. Nos últimos anos, principalmente com a grande ocorrência de terremotos pelo mundo, tornou-se imprescindível para as equipes de resgates, a melhoria e criação de procedimentos de busca e resgate em estruturas colapsadas. Tecnologia, criatividade e abnegação dos técnicos especialistas foram fatores imprescindíveis para o nível de excelência atingido pelos socorristas nestes últimos 20 anos A UN e o INSARAG Desde a criação do INSARAG em 1991, um progresso significativo tem sido feito na melhoria dos padrões de assistência USAR (equipe de busca e resgate urbano) e a coordenação da resposta internacional às grandes catástrofes súbitas. As realizações do INSARAG incluem o estabelecimento de uma rede mundial de interessados em resposta a desastres e desenvolvimento das Diretrizes INSARAG. O compromisso das organizações e países membros do INSARAG é melhor ilustrado por aprovação unânime da Assembléia Geral das Nações Unidas da resolução 57/150, intitulada "Reforçar a eficácia e a coordenação de Assistência Internacional de Busca e Resgate Urbano" em 16 de dezembro de Esta Resolução aprova as Diretrizes INSARAG para serem usadas como referência para USAR internacional e resposta a desastres. Resgate em Estruturas Colapsadas As Diretrizes INSARAG foram preparadas por socorristas USAR em todo o mundo para orientar equipes internacionais USAR e países sujeitos a desastres, para executar operações de resposta a desastres durante grandes catástrofes. As Diretrizes são um documento vivo que é melhorado quando as lições são aprendidas e melhores práticas identificadas na avaliação das operações de resposta a desastres internacionais. 3. PROCEDIMENTOS 3.1. A Equipe Uma sugestão para montar uma equipe de primeira resposta para um evento envolvendo busca e resgate em estruturas colapsadas, seria a seguinte:
2 2/17-1 Chefe de resgate (Cmt da Operação/socorro); - 1 Oficial de segurança (segundo militar mais antigo da guarnição, independente de posto ou graduação); - 6 operadores de ferramentas/equipamentos; - 2 militares da área de saúde Sempre que puder trabalhar em lajes e concreto, ter em mente a palavra quecore (quebrar, cortar e retirar). Inicialmente, quebra-se o concreto; em seguida são cortados cabos, fios e armações metálicas; finalmente, faz-se a retirada de pedras e todo material, deixando sempre limpa a área de trabalho. Esta sempre será a sequência a ser seguida, quando for possível e viável, pela equipe de resgate até atingir o objetivo: Fig.1- Esquema QUECORE 3.3. São estes os materiais mais utilizados para a quebra: Britador/rompedor; Malho, marreta e corta-frio São estes os materiais mais utilizados para o corte: Ferramentas hidráulicas como Lukas, Lancier, Holmatro etc.; Ferramenta de corte do tipo DeWalt; Motocortador a disco; Tesourão; Force; Furadeira de concreto; e outros São estes os materiais mais utilizados para a retirada: Pequenos baldes e recipientes para a retirada de material de pequeno porte (areia, cascalho, pedras); Cintas de elevação, a fim de serem utilizadas para içamento de cargas pesadas (pilares e lajes), com utilização de guindastes; Tripé; Maquinário pesado: pá carregadeira, retroescavadeira, rastreador escavadeira do gênero bulldozer (trator de esteira), caminhões de despejo e guindaste.
3 002/2012 3/ Muito cuidado deve-se ter quando utilizarmos o maquinário pesado. O uso destes equipamentos deve seguir uma seqüência lógica, a fim de que o Comandante das Operações possa melhor organizar o Teatro de Operações, minimizando desta forma futuros transtornos. Para esta organização, damos o nome de Processo das Máquinas, conforme mostrado abaixo: Fig.2- Processo das Máquinas QUEBRAR Retroescavadeira de ponteira. RETIRAR Retroescavadeira, rastreador escavadeira e guindaste. CARREGAR Pá carregadeira. TRANSPORTAR Caminhões de despejo (caçamba ou basculante).
4 4/ Marcação de Estruturas Em evento de grande vulto onde há presença de várias estruturas colapsadas e de um número significativo de equipes de resgate, é muito importante que se faça a marcação de estruturas a fim de evitar que várias equipes adentrem, desnecessariamente, no mesmo local. Desta forma, a área atingida sofrerá uma busca de sobreviventes pelas equipes de resgate no menor tempo possível. Podemos assim dividir as marcações: Por área Fig.3- Identificação de estruturas ruas e fachadas - Se a numeração em uma estrutura estiver destruída, refazê-la baseada na numeração das edificações ao lado; - Se a numeração de todas as edificações da rua for destruída, refazê-las baseada na numeração das ruas laterais; - Utilizar sempre o spray laranja para a marcação
5 002/2012 5/17 Para fácil gerenciamento do local pelo Comandante de Operações, a área pode ser dividida/identificada em quadrantes e lados, assim como também os andares das edificações. Desta forma, haverá no posto de comando um mapeamento geral da área atingida, com informações contendo a identificação das equipes e seus locais de atuação. Fig.4- Identificação de estruturas quadrantes, lados e andares
6 6/ Na estrutura Este é um exemplo de marcação, onde as informações são sempre colocadas na fachada da estrutura atingida, com fácil visualização: Fig.5- Sistema de marcação em estruturas-situação do local Fig.6- Sistema de marcação em estruturas-exemplo
7 002/2012 7/17 Fig.7- Sistema de marcação em estruturas-modelo em X Fig.8- Sistema de marcação em estruturas-modelo em quadrado O Sistema de Marcação em Estruturas é extremamente importante, pois visa indicar, para as futuras equipes de salvamento, informações sobre o local, perigos e riscos existentes, horário de entrada e saída da última equipe e quantitativo/condição das
8 8/17 vítimas. Padroniza-se a identificação das equipes com as letras TF (task force força tarefa), principalmente quando em operações em nível internacional (Ex.: TF Brasil); utiliza-se, para este fim, o spray do tipo colorjet na coloração laranja; Quando a equipe USAR completar o seu trabalho na estrutura, um círculo é feito em torno de toda a marcação (padrão INSARAG). Depois que todo o trabalho for realizado na estrutura colapsada e confirmada a inexistência de vítimas, uma linha horizontal é traçada ao redor de toda a marcação Fig.9- Sistema de marcação em estruturas- trabalho finalizado Outra forma de alertar e orientar as equipes de resgate é através do som. Buzinas de ar ou de outros dispositivos de comunicação (tais como apitos) devem ser utilizados para sinalização, como segue abaixo: Fig.10- Alerta por som
9 002/2012 9/ Assim como o Sistema de Marcação em estruturas, existe também, por padronização mundial, o Sistema de Marcação de Vítimas, com a finalidade de indicar para as outras equipes a real condição de uma vítima, seja ela ainda não encontrada ou já atendida; Fig.11- Sistema de marcação de vítimas tipo 1 Fig.12- Sistema de marcação de vítimas tipo 2
10 10/17 Tanto o Sistema de Marcação de Estruturas como o de vítimas visam à agilização e à velocidade das equipes de salvamento colocadas no cenário, principalmente quando ainda existem vários locais para serem realizadas as buscas. Essas ações são facilmente visualizadas em casos de terremotos e furacões, em que várias estruturas são destruídas em uma determinada área. TERREMOTO NO HAITI 2010 Fig.13- Sistema de marcação de vítimas realizado no terremoto do Haiti em janeiro de 2010 Fig.14- Marcação realizada por uma equipe de resgate americana no terremoto do Haiti em 2010
11 SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL 002/ /17 Exemplos Fig.15- Exercício de situação exemplo de sistema de marcação em quadrado Fig.16- Exercício de situação exemplo de sistema de marcação em X / /
12 12/ Gerenciamento Sistemizado do Desastre - organização do teatro de operações: Sistema The Face a) Delimitar o local do acidente. Este será relacionado com a boca de uma face, pois é dela que surgem os gritos e sons das vítimas; b) Indicar e posicionar o Posto de Comando. Este deverá estar próximo ao local do acidente (à frente), sendo correlacionado com o nariz de uma face; c) Iniciar o isolamento. No caso do Sistema The Face, será o perímetro do rosto; d) Estabelecer as viaturas no local do socorro e prever a chegada de reforço operacional. Neste caso, correlacionar com a orelha de uma face; e) Triar e tratar as vítimas, merecendo total atenção e observação da equipe de saúde. Correlacionar, portanto, com os olhos de uma face; f) Estabelecer um local para acomodação das vítimas fatais, tendo o cuidado de não entrar em contato com as vítimas vivas. Essa área seria relacionada à testa da face; g) Estabelecer o trânsito das viaturas tanto de combate a incêndio e salvamento como as da equipe de saúde. Por analogia à face, as viaturas entram por uma orelha e saem pela outra, permitindo perfeita fluidez no trânsito. Fig.17- Sistema The Face
13 002/ / Durante o colapso, as estruturas podem apresentar diferentes comportamentos durante a sua queda, o que comumente chamamos de tipos de colapso. É importante o conhecimento desses tipos/padrões, visto que servirão de auxílio para o Comandante de Operações ao traçar a estratégia para iniciar a busca. São estes os tipos de colapso: Fig.18- Sistema The Face - Evolução Inclinado Uma das paredes desaba, colocando a outra em situação perigosa; Fig.19- Tipo de colapso inclinado
14 14/17 Formato em V Enfraquecimento do suporte interior. Falência das colunas; Fig.20- Tipo de colapso em V Empilhamento ou panqueca Maioria das colunas/pilares cai, permitindo o desabamento de um andar sobre o outro; Fig.21- Tipo de colapso empilhamento ou panqueca
15 002/ /17 Balanço ou suspenso Similar ao empilhamento, porém com solo estendido; Fig.22- Tipo de colapso balanço ou suspenso Observando essas imagens, constatamos que existem pequenos locais nos quais são formados bolsões de ar, permitindo, dessa forma, a sobrevivência de uma vítima após o acidente. Esses locais são chamados de espaços vitais (EV). Por isso, mesmo o cenário sendo desagradavelmente desanimador e chocante, nunca devemos precisar que as vítimas já se encontram sem vida, visto que até em eventos anteriores algumas já foram retiradas ilesas depois de vários dias após o colapso Sinais de Colapso Quando uma estrutura sofre qualquer tipo de abalo ou encontra-se instável, vários são os sinais que podem ser verificados pelo Comandante das Operações. É importante tal conhecimento visto que várias situações de risco e/ou acidentes, podem ser evitadas. Abaixo, veremos alguns sinais de colapso nas seguintes estruturas: - leves (madeira) - pesadas (concreto)
16 16/17 Fig.23- Sinais/perigos de colapso em uma estrutura leve
17 002/ /17 Fig.24- Sinais/perigos de colapso em uma estrutura pesada
18 18/ Buraco de rato A abertura de acessos, na vertical e/ou na horizontal, deve ser feita antes da utilização do maquinário pesado. Esses acessos são chamados de buraco de rato e têm como finalidade atingir os espaços vitais onde se encontram as vítimas. Como já foi dito, dividimos a área em quatro quadrantes, dimensionamos pessoal e material para cada quadrante e cada equipe iniciará o processo de abertura de acesso. O Comandante de Operações deve ter precaução e cuidado em não abrir muitos acessos (buracos), o que pode colocar em risco a estrutura já danificada e, consequentemente, as vítimas nos espaços vitais. Fig.25- Divisão da área atingida em quadrantes e abertura de acessos tipo buraco de rato
19 002/ / O acesso na vertical Quando for necessário o acesso na vertical, alguns detalhes devem ser observados: Delimitar e isolar a área onde será feito o acesso, colocando o menor número de pessoas sobre a laje/estrutura; Fig.26- Posicionamento da equipe de resgate Realizar com o spray do tipo colorjet laranja um quadrado com 1 metro de lado, local onde será feita a abertura. Uma técnica para evitar que esse material (parte da laje) caia sobre a vítima (caso a estrutura esteja intacta) é fazer um pequeno quadrado onde será colocada uma alavanca com um cabo (página 15); Fig.27- Marcação da área com spray laranja quadrado de 1m de lado O tripé deve ser armado tanto para descer o socorrista, como para içar materiais que estão sendo retirados do interior da estrutura. Também possui a finalidade de ser a ligação e a segurança entre a superfície e o socorrista;
20 20/17 Fig.28- Armação do tripé À medida que o trabalho vai evoluindo e avançando, os cortes não conseguirão mais ser executados com o britador, devido ao pequeno espaço para trabalho. Deve-se então utilizar as ferramentas leves, como a DeWalt, furadeiras de concreto, tesourões, motocortador a disco, talhadeiras e outras. O trabalho torna-se mais demorado e o material retirado (concreto, cascalho e pedras) deve ser colocado em baldes/recipientes e içado pelo tripé, mantendo, dessa forma, o local sempre limpo; Fig.29- Ruptura de lajes Localizada a vítima, ela deve ser estabilizada e içada em segurança pelo tripé;
21 002/ /17 Fig.30- Localização da vítima Fig.31- Resgate da vítima utilizando o tripé
22 22/ O acesso na horizontal Tão complexo como o acesso na vertical é o acesso na horizontal. Pequenas aberturas devem ser feitas em paredes, e isso irá gerar diminuição da resistência das mesmas. Entretanto, existe um meio para minimizar e/ou evitar um possível acidente, como veremos a seguir. O trabalho com o britador na horizontal é bastante cansativo e carece do auxílio de um segundo socorrista para a sustentação dessa ferramenta. O segundo socorrista irá se posicionar na parte acima do local onde será feita a abertura, sem comprometer a sua segurança. Fig.32- Vítima presa na estrutura colapsada Fig.33- Posicionamento da equipe
23 002/ /17 Com spray do tipo colorjet laranja, é feita uma marcação na estrutura de um triângulo equilátero com 1 metro de lado. Dessa forma, a estrutura ainda permanece segura após a abertura, permitindo o acesso em segurança das equipes de resgate. Deve-se observar que tanto a base do triângulo como a parte superior, devem estar afastadas das extremidades da estrutura no mínimo 10 cm, a fim de evitar diminuição da resistência; Fig.34- Triângulo equilátero 1 m de lado Com o auxílio de uma fita tubular ou cabo, o socorrista que está acima do triângulo irá sustentar o peso do britador, facilitando o manuseio da ferramenta pelos socorristas do solo; Fig.35- Utilização da fita tubular
24 24/17 Localizada a vítima, ela deve ser estabilizada e retirada com total segurança; Fig.36- Retirada da vítima Abaixo, seguem as imagens de um exercício de campo, com a utilização de vários materiais utilizados em resgate em estrutura colapsada, tais como alavancas, britadores, detector acústico e outros. Fig.37- Exercício de campo utilização do detector acústico Cabo Alavanca Fig.38- Exercício de campo abertura de acesso na vertical
25 002/ /17 Fig.39- Exercício de campo utilização do tripé Fig.40- Exercício de campo acesso na horizontal Fig.41- Exercício de campo sistema de marcação
26 26/17 4. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS 4.1. UN United Nation - Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas (UN), é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, com o objetivo de deter guerra entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo. Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões INSARAG - International Search and Rescue Advisory Group O INSARAG é uma rede de países e organizações sujeitas à resposta a desastres e catástrofes, dedicados à coordenação no campo operacional de busca e salvamento urbano (USAR - urban search and rescue). O INSARAG foi criado em 1991 seguindo as iniciativas das equipes internacionais de SAR (Search and Rescue) que responderam ao Terremoto da Armênia em As Nações Unidas foram escolhidas como o secretariado do INSARAG para facilitar a participação e coordenação internacional. A de Suporte de Coordenação de Campo (FCSS- Field Coordination Support Section), localizado no Ramo de serviços e Emergência (ESB - Emergency Services Branch) da OCHA (Office for the Coordination of Humanitarian Affairs) em Genebra, funciona como secretariado da INSARAG. 4.3 OCHA - OFFICE FOR THE COORDINATION OF HUMANITARIAN AFFAIRS O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (sigla em inglês: UNOCHA ou OCHA) é um órgão das Nações Unidas formado em dezembro de 1991, através da Resolução 46/182 da Assembléia Geral. A resolução teve como propósito aumentar a capacidade de resposta da ONU a emergências e desastres naturais. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Shoring Techniques Rescue Training Associates USA - National Urban Search and Rescue (US&R) Response System Rescue Field Operations Guide - FEMA National US&R Response System Structural Collapse Technician
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