Ciência e prática. Catarina Martinho. Introdução
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- Amália Mendes Farias
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1 Aumento de mucosa queratinizada em implante mal posicionado (Premiado como melhor caso clínico do concurso de pósteres da reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes, com o patrocínio da MAXILLARIS) 66 MAXILLARIS ABRIL 2016
2 Ciência e prática Catarina Martinho Médica dentista. Aluna do curso de Especialização em Periodontologia da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Assistente Convidada do Departamento de Periodontologia da FMDUL. catmartinho@hotmail.com Ana Ribeiro Soares Médica dentista. Aluna do curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Cátia Silva Médica dentista. Aluna do curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. João Gomes Médico dentista. Aluno do curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Paulo Mascarenhas Médico dentista. Docente do curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Lisboa. Catarina Martinho Introdução O sucesso do tratamento com implantes depende de vários fatores, nomeadamente de uma adequada posição tridimensional do implante e da presença de uma banda de mucosa queratinizada periimplantária compatível com a manutenção da saúde dos tecidos adjacentes. A posição tridimensional do implante tem implicações a nível protético, estético e biológico. Do ponto de vista biológico, a posição do implante vai condicionar a espessura óssea periimplantária, bem como as alterações que ocorrem no nível ósseo marginal 1. A espessura óssea vestibular é de particular importância, uma vez que tem influência direta na preservação da vasculatura óssea e na estabilidade dos tecidos moles 2. A mucosa queratinizada oferece proteção contra o trauma mecânico, afetando a estabilidade óssea a longo prazo e a estética 3,4. A presença de uma banda adequada de mucosa queratinizada periimplantária facilita a reabilitação protética e a realização dos procedimentos de controlo de placa bacteriana 4,5. MAXILLARIS ABRIL
3 Descrição do caso clínico O caso clínico pertence a uma paciente do género feminino, de 46 anos de idade, saudável e não fumadora. Em dezembro de 2012, observou-se a paciente na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Após avaliação clínica e radiográfica, estabeleceu-se o diagnóstico de periodontite crónica generalizada severa. A paciente era parcialmente desdentada, superior e inferior, reabilitada com próteses removíveis. O plano de tratamento proposto e realizado para o maxilar superior incluiu a exodontia dos dentes 16, 14, 22 e 24 e a reabilitação com prótese total fixa, suportada em seis implantes. Após a conclusão da fase protética, em dezembro de 2013, incluiu- -se a paciente num programa de suporte trimestral. O implante localizado na posição 24 apresenta uma inclinação vestibular acentuada, acompanhada de perda dos tecidos moles e duros, bem como da inserção baixa de um freio lateral, com inflamação persistente. De entre todas as opções terapêuticas possíveis e que foram apresentadas à paciente, optou-se pela realização de um enxerto gengival livre para aumento da banda de mucosa queratinizada, em junho de Figs. 1 e 2. Ortopantomografias (inicial e após a reabilitação com implantes no maxilar superior). 68 MAXILLARIS ABRIL 2016
4 Discussão Na reabilitação com implantes, um posicionamento tridimensional inadequado é, de facto, uma das maiores complicações que podem advir de um incorrecto planeamento cirúrgico, comprometendo a reabilitação protética, a estética e a estabilidade dos implantes a longo prazo. Para se conseguir resolver adequadamente esta complicação, pode mesmo ser necessária a sua explantação. Relativamente ao caso apresentado, do ponto de vista clínico, o implante na posição 24 tinha indicação para ser explantado, tendo essa possibilidade sido declinada pela paciente. Assim, numa tentativa de melhorar a condição dos tecidos periimplantários e proporcionar as condições necessárias para a manutenção de saúde, optou-se por uma solução de compromisso, que passou pela realização de um enxerto gengival livre para aumento da banda de mucosa queratinizada. Ciência e prática Fig. 3. Situação inicial. Fig. 4. Realização de implantoplastia. Fig. 5. Após a implantoplastia. Fig. 6. Elevação de retalho de espessura parcial para preparação do leito recetor. Fig. 7. Medição do leito recetor. Fig. 8. Desenho no local dador do enxerto (palato). MAXILLARIS ABRIL
5 Fig. 9. Recolha do enxerto gengival livre. Fig. 10. Medição do enxerto. Fig. 11. Colocação do enxerto no leito recetor. Fig. 12. Sutura (vista lateral). Fig. 13. Sutura (vista oclusal). Fig. 14. Após remoção da sutura (aos 15 dias). 70 MAXILLARIS ABRIL 2016
6 Fig. 15. Situação inicial. Fig. 16. Follow-up aos oito meses. Conclusão Apesar do tratamento realizado não ser o clinicamente indicado, a opção tomada acabou por se revelar favorável no cumprimento dos objetivos a que se propunha: melhoria da condição dos tecidos periimplantários e possibilidade de manutenção de um adequado controlo de placa bacteriana. Bibliografia 1. Spray JR et al. The influence of bone thickness on facial marginal bone response: stage 1 placement through stage 2 uncovering (2000). Ann Periodontol; 5(1): Merheb J et al. The fate of buccal bone around dental implants. A 12-month postloading follow-up study. Clin Oral Implants Res; 2016 Jan Bouri A Jr et al. Width of keratinized gingiva and the health status of the supporting tissues around dental implants (2008). Int J Oral Maxillofac Implants; 23 (2): Kim BS et al. Evaluation of peri-implant tissue response according to the presence of keratinized mucosa (2009). Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod; 107(3): e Lin GH et al. The significance of keratinized mucosa on implant health: a systematic review (2013). J Periodontol; 84 (12): MAXILLARIS ABRIL
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