(Hangar Centro de Convenções da Amazônia / Belém-PA 10 de novembro de 2008)
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- Mikaela Carreira Figueiroa
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1 PRONUNCIAMENTO DO DIRETOR-PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO IBRAM, PAULO CAMILLO VARGAS PENNA NA SOLENIDADE DE ABERTURA DA EXPOSIBRAM AMAZÔNIA 2008 I CONGRESSO DE MINERAÇÃO DA AMAZÔNIA E EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE MINERAÇÃO (Hangar Centro de Convenções da Amazônia / Belém-PA 10 de novembro de 2008) I SAUDAÇÕES Mais uma vez, aqui, na chamada Metrópole da Amazônia, o Instituto Brasileiro de Mineração IBRAM organiza e promove evento com o objetivo melhor de apresentar e discutir os rumos, os desafios e as oportunidades para a mineração sustentável nesta região, cuja área perfaz cerca de 60% do território nacional. Para mim, a imensa satisfação de, como Presidente do Instituto, estar vivenciando este momento solene, se acrescem a sincera gratidão e o justo orgulho de ter sido contemplado com o título de Cidadão Honorário do Pará, graças à generosidade de seus representantes na Assembléia Legislativa deste grande Estado, generosidade esta tão característica de seu povo. 1
2 Desta feita e de forma inédita, se realiza a EXPOSIBRAM AMAZÔNIA, compreendendo o I Congresso de Mineração da Amazônia e a Exposição Internacional de Mineração. Suas origens se encontram na solicitação que nos fez a Sra. Governadora ANA JÚLIA CAREPA, logo nos primeiros meses de sua gestão, de trazer a Belém os já tradicionais Congresso Brasileiro de Mineração e EXPOSIBRAM que, em 2007, estavam para ser realizados como de fato o foram em sua 12ª edição, em Belo Horizonte. Com muito bom grado e entusiasmo, o IBRAM dedicou-se a enfrentar os vários desafios que acompanhavam aquele pedido. O maior deles, sem dúvida, era reproduzir neste nobre espaço a mesma qualidade e conteúdo que consagraram a EXPOSIBRAM internacionalmente como um dos mais importantes eventos da mineração mundial. E posso lhes assegurar que este desafio foi superado, como, daqui a pouco, poderemos todos constatar, quando da inauguração da feira. O mesmo cuidado se teve na concepção e formulação do I Congresso de Mineração da Amazônia. Sua programação representa a combinação dos temas de maior relevância para o setor mineral, distribuidos em seis diferentes painéis temáticos, com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros renomados em suas respectivas áreas de atuação. 2
3 Elementos a serem destacados na formatação deste Congresso são os três workshops, que serão realizados pela manhã. Especificamente conduzidos por especialistas do Conselho Mundial de Mineração e Metais (ICMM), são destinados a convidados especiais oriundos do governo, do setor privado e da sociedade civil, focando temas relevantes como Biodiversidade e Desenvolvimento Comunitário no contexto da Mineração. Desde já devo declarar e o faço com muita satisfação que este evento só foi possível graças ao apoio irrestrito e a sempre presente parceria da Federação das Indústrias do Estado do Pará, em particular de seu Presidente JOSÉ CONRADO, que abraçou, desde logo, a iniciativa do IBRAM. A propósito, também resultou dessa sinergia entre as duas entidades a criação, em tempo recorde, do Sindicato das Indústrias de Mineração do Estado do Pará -SIMINERAL, que passou a integrar essa Federação, consolidando para o setor mineral uma representatividade estadual há muito almejada. Da mesma forma, observadas as limitações e dificuldades de caráter administrativo que são impostas a um Governo que se instala numa sucessão vitoriosa de oposição, o IBRAM recebeu também diversos apoios, notadamente, de natureza institucional, por parte do Governo deste Estado e dos patrocinadores já mencionados. 3
4 Senhoras e Senhores, Esta é uma ocasião em que ao solene se mescla a alegria do início, da inauguração da exposição, do congresso e dos workshops que, certamente alcançarão pleno sucesso. Mas, nem por isso, na qualidade de Presidente da entidade que representa a indústria mineral brasileira, posso deixar de me manifestar sobre o período que estamos todos vivenciando, em função da crise mundial iniciada há cerca de 2 meses e que ora já afeta, de forma sensível esta mesma indústria. Há quinze dias, quando tive a honra de participar da Cerimônia de Abertura do 44º Congresso Brasileiro de Geologia, em Curitiba, em meu pronunciamento apontava que a volatilidade dos mais diferentes índices econômico-financeiros então observada e que ainda persiste, desencorajava fazer previsões de curto a médio prazo. Mas, lá, como aqui, creio ser possível vislumbrar um panorama de prazo mais longo quanto às atividades de mineração. Em que pesem os indícios e estimativas de diminuição, no mundo inteiro, das taxas de crescimento do Produto Interno Bruto e mesmo sinais de recessão em alguns países, ao IBRAM parece que se manterá válida a premissa da continuidade de modernização dos aglomerados urbanos, do aumento dos índices comparativos de habitantes nas cidades versus a população rural. Convém destacar que neste ano, esses dois índices já se igualaram e que a Organização das Nações Unidas projeta que, em 4
5 mais quatro décadas, 2/3 da humanidade estarão nas áreas urbanas. Sempre lembrando que, só na China, está em pleno andamento a transferência de 800 milhões de pessoas para áreas urbanas, ou seja, mais de quatro vezes a população do Brasil. Em conseqüência, a expansão das cidades e a modernização dos aparelhos urbanos ampliarão a demanda por bens e produtos que são, predominantemente, de base mineral. Talvez o crescimento da demanda não repita o nível de demanda que se verificou nos últimos cinco anos, mas, certamente, observados possíveis ajustes setoriais, será ainda muito positivo. No caso da Amazônia é de se destacar que, na citada base mineral, estão, além de outros, os minérios de ferro, de alumínio e de cobre. De outra parte, a conjuntura mundial já aponta para vários novos desafios à mineração. Dois parecem ao IBRAM ser mais significativos. O primeiro deles é a retração de fontes de recursos para atividades de prospecção e de pesquisa mineral, que já afetou empreendimentos nesta região, notadamente na Bacia do Tapajós, onde se implantaram vários projetos das chamadas juniorcompanies. Como se sabe, esses projetos têm seus financiamentos baseados em captações feitas externamente ao Brasil, em várias bolsas, notadamente a de Toronto, no Canadá, que, como todas as demais sofreram fortes quedas. 5
6 Por oportuno, é de se recordar que muitos empreendedores brasileiros tiveram que optar pela utilização de tais mecanismos de financiamento externo e para isso muitos abriram mão do controle acionário de seus empreendimentos por falta absoluta de mecanismos ou modalidades no Brasil que pudessem, adequadamente, prover tais fontes de recursos. Aliás, há mais de três anos, o IBRAM pleiteia e aguarda algum tipo de encaminhamento por parte do Executivo, quanto à edição de instrumento legal, capaz de permitir que os direitos minerários sejam oferecidos como garantias reais nesses financiamentos. Mas, como alertei em Curitiba, o desafio é muito maior e mais amplo do que já está ocorrendo no citado exemplo da Bacia do Tapajós. Corre-se o risco da repetição do dramático quadro, de algumas décadas, quando se verificou, no Brasil, a chamada curva da morte, ou seja, o declínio acentuado e a quase paralisação da prospecção e pesquisa minerais no País, acompanhadas por queda semelhante nos levantamentos e mapeamentos, tanto geológicos quanto aerogeofísicos, de responsabilidade da esfera governamental. É absolutamente imprescindível que se promovam ações conjuntas de governos, da academia e da iniciativa privada para garantir a continuidade de tais procedimentos e assegurar os recursos financeiros necessários. É imperiosa a manifestação de vontade política para, à semelhança do socorro, auxílio ou garantia concedidos a outros setores, tais como bancário, automobilístico e agrícola, que o Governo Federal prontamente providenciou, também o setor mineral seja por ele contemplado. 6
7 E é necessário repelir as propostas de aumento da carga tributária da mineração brasileira, como a que, há poucos dias se introduziu, solertemente, na Reforma Tributária. Aliás, nesta iniciativa, o caminho deveria ser o oposto, o de buscar diminuir tal carga tributária na mineração brasileira, que se constitui a maior do mundo. É o que atesta amplo estudo contratado pelo IBRAM à renomada consultoria internacional Ernst & Young. O segundo grande desafio que se coloca à frente do setor mineral, também ligado à questão da redução de crédito, é ceder no enorme esforço pela busca do desenvolvimento sustentável. Qualquer recuo que aí venha acontecer significará uma perda de grandes conseqüências naquilo que até agora já se conquistou, principalmente em termos da compreensão de uma sociedade que, demandante de bens minerais para seu consumo, aos poucos vem mudando a visão distorcida de que a exploração e o aproveitamento de recursos minerais são atividades predatórias e agressivas, de forma irrecuperável ao meio ambiente. No entanto, e principalmente na conjuntura atual, onde os empreendedores hesitam em efetivar investimentos e buscam alternativas onde possam obter respostas mais rápidas para sua tomada de decisão, não basta impedir tal recuo. É preciso, até mesmo como um instrumento contra a crise, solucionar a questão dos licenciamentos ambientais para as atividades de mineração, no que concerne aos atrasos que prejudicam a implantação ou expansão de projetos, trazendo vários ônus, inclusive os financeiros 7
8 que, no presente contexto da economia mundial, adquiriram especial significância. Como se sabe, no Brasil, de acordo com a legislação, a maior parte desses licenciamentos é de responsabilidade dos órgãos estaduais de meio ambiente. Estes, geralmente, não estão providos de forma adequada, de recursos humanos, materiais e orçamentários para o pleno cumprimento de suas tarefas. E, o que é mais grave, a não ser em alguns casos, não têm merecido da parte de sucessivas Administrações a devida atenção para solucionar tais deficiências. Isso, nem mesmo em Estados onde as receitas oriundas das atividades de mineração são significativas em comparação com as necessidades desses órgãos. Infelizmente, na Amazônia, isso também se verifica. E aqui, mais do que em qualquer outra região do País, há, ainda, a questão dos licenciamentos federais, resultante das grandes parcelas do seu território sob jurisdição de diferentes entidades dessa esfera de governo, as quais também padecem de deficiências semelhantes. Por oportuno, devo ressaltar que, e permito-me a expressão, o gargalo dos licenciamentos ambientais, não se restringe tão somente à mineração. Noticiário sobre os encontros e reuniões que a SUDAM promoveu aqui mesmo em Belém, na semana passada, informam que tais problemas atingem todo o segmento produtivo do País, especialmente na Amazônia. Em tempos de crise é preciso ousar e inovar. Sem nenhuma dúvida, a solução maior, mais abrangente, das questões de 8
9 licenciamento ambiental passa pela regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal, no que concerne a melhor esclarecer e definir as competências nas três esferas de governo. E, por isso mesmo, é imperativo que se retome o andamento dos projetos de lei que tratam da matéria no Congresso Nacional. Mas, ao mesmo tempo, é preciso, repito, inovar e ousar, mas nunca perdendo os padrões e os resultados positivos que o estado da arte, no trato dos aspectos socioambientais das atividades produtivas, já é capaz de assegurar. Isto é particularmente verdadeiro aqui, nesta vasta Amazônia, onde os esforços e investimentos do setor produtivo da mineração mais têm se direcionado, sempre no objetivo de compatibilizar suas atividades com o desenvolvimento sustentável que todos almejamos. Neste sentido e ao encerrar minhas palavras, quero, em nome do IBRAM, conclamar a todos, para que nos unamos na busca dos caminhos que permitirão, em um futuro, que espero não seja longínquo, aos brasileiros recordar este período de então turbulência e de incerteza, como aquele em que este País, com a participação da mineração, principalmente da Amazônia, superou estas adversidades. Bom Congresso e Exposição a todos! Muito obrigado! 9
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