Cirrose alcoólica 1. Alcoholic cirrhosis
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1 Cirrose alcoólica 1 Guilherme Augusto Assunção Guimarães 2, Rafael Diniz Linhares Soares 2, Sergio Custodio de Faria 2, Antonio de Freitas Gonçalves Junior 3 1.Trabalho realizado na Faculdade Montes Belos (FMB) como exigência parcial para receber o título de Bacharel em Farmácia. 2.Acadêmicos Faculdade Montes Belos, Curso de Farmácia. 3 Orientadora do trabalho de conclusão de curso Faculdade Montes Belos. * antoniojr@fmb.edu.br Resumo-Cirrose alcóolica. Através dessa pesquisa foi possível perceber aspectos da doença hepática alcoólica (DHA), principalmente quanto ao diagnostico e o tratamento. O diagnóstico deve basear-se na anamnese, exame físico, exames laboratoriais, exame histológico em alguns casos e resposta terapêutica à abstenção alcoólica. O tratamento deve incluir abstenção etílica e também transplante de fígado. As hepatites B e C, juntamente com o abuso de álcool, podem desenvolver ou acelerar o processo de cirrose hepática. Pelo fato do álcool ser hepatotóxico, o fígado sofre alterações estruturais e funcionais, com considerável comprometimento de sua estrutura. O principal tratamento de pacientes cirróticos é o transplante de fígado, com resultados satisfatórios. Entretanto, foi possível verificar que o tratamento medicamentoso não teve nenhum êxito remissivo para pacientes cirróticos, não existindo nenhum tipo de medicamento que possa tratar essa patologia ou amenizar o quadro. Em estágios não tão avançados da cirrose hepática a abstinência do álcool pode ter um resultado satisfatório para a melhora do paciente, podendo diminuir o quadro de cirrose hepática. Testes bioquímicos específicos podem ser realizados objetivando a obtenção de resultados sobre o quadro de cirrose. Palavras-chave: Hepatotoxicidade. Alcoolismo. Doença Hepática. Alcoholic cirrhosis Abstract: Alcoholic cirrhosis. Through this research was possible to perceive aspects of alcoholic liver disease (DHA), especially regarding diagnosis and treatment. The diagnosis should be based on history, physical examination, laboratory tests, histological examination in some cases and therapeutic response to alcohol abstention. Treatment should include ethyl abstention and also liver transplant. Hepatitis B and C, along with alcohol abuse may develop or accelerate the process of liver cirrhosis. Because alcohol is hepatotoxic, liver undergoes structural and functional changes, with considerable commitment of its structure. The main treatment of patients with cirrhosis is liver transplantation, with satisfactory results. However, we found that drug treatment had no success to Table of cirrhotic patients, the absence of any medication that can treat this condition or improve the situation. In not as advanced stages of cirrhosis of abstinence from alcohol can have a satisfactory improvement of patient outcome and may decrease the box cirrhosis. Specific biochemical tests can be performed aiming to get results on the framework of cirrhosis. Keywords: Hepatotoxicity. Alcoholism. Liver Disease. 1
2 1 Introdução O abuso do álcool é uma das principais causas de cirrose e doença hepática alcoólica (DHA), doença cuja causa consiste no alto consumo de álcool durante algum tempo. É uma doença causada pelo próprio homem, mas pode ser evitada, desde que o consumo de álcool seja controlado, não ultrapassando alguns limites ou fazendo-se a retirada total do uso de bebidas alcoólicas (ROCHA, PEREIRA, 2007). O fígado é o maior órgão sólido humano e localiza-se no abdômen superior, sob as costelas, do lado direito do corpo. É responsável pelo aproveitamento de um grande número de substâncias absorvidas pelo intestino e pela produção de várias proteínas que desempenham as mais diferentes funções no organismo, tais como a coagulação sanguínea e a defesa contra infecções (STRAUSS, 2004). Um de seus produtos é a bile, que é armazenada na vesícula biliar e eliminada na primeira porção do intestino delgado, chamada duodeno, pelo ducto que interliga estas duas estruturas (GUYTON, 1998). O álcool é um dos principais causadores de cirrose hepática, juntamente com as hepatites virais. O alto consumo diário de álcool pode acelerar o processo cirrótico, podendo culminar em um estagio mais crítico da doença (CASTELO, 2007). Além da cirrose o portador dessa patologia pode sofrer com o desencadeamento de um processo neoplásico, tendo em vista que o álcool atinge todas as células do fígado, consequentemente, o paciente pode chegar a um estagio canceroso grave. Se diagnosticado rapidamente, com suspensão do uso de bebidas alcoólicas, pode se ter uma melhor adequação a algum tratamento. Entretanto, quase sempre o diagnóstico é tardio e o estágio da doença já está bem avançado, com elevada probabilidade de letalidade (IIDA et al, 2005). A cirrose é uma doença crônica do fígado e este possui como uma de suas funções principais a metabolização de substancias. A doença pode desencadear danos em seu tecido comprometendo seu funcionamento (VIEIRA et al, 2007). O conhecimento da doença hepática possibilitou a adoção de novas condutas que resultou no aumento da possibilidade de cura ou paliação da doença, dependendo do grau em que se encontra. É facilmente perceptível os principais sintomas, auxiliando no estabelecimento de condutas que possam resultar numa melhor qualidade de vida para o paciente. Se o indivíduo adquirir a DHA é preciso um 7
3 cuidado bem maior, independente do estado em que se encontra. Quanto mais cedo o acompanhamento, monitoramento e tratamento corretos começarem, maior a probabilidade dos resultados esperados serem alcançados (ROOBBINS, 2001). 2 Revisão Bibliográfica 2.1 ETIOLOGIA O fígado é o principal órgão do corpo, podendo ser prejudicado através do alto consumo e exagero de bebidas ou alimentos. Ele é o centro do metabolismo e degradação de quase todas essas substancias e com isso, o decurso do tempo, vão se observando os sinais e sintomas de degradação característicos (Figura 1) (SILVA, 2010). Figura 1: Três estapas de um figado cirrótico, com os estágios leve, moderado e grave. Fonte: SANTOS et al, É um órgão complexo, essencial nas funções vitais e regulação das concentrações de alguns tipos de substancias químicas, tendo como objetivo principal degrada-las e excreta-las como subprodutos inofensivos, estes repassados à bili ou ao sangue, com consequenteeliminação pelas fezes e urina respectivamente (GUYTON, 1998). 8
4 O fígado é encarregado de oxidar todo o álcool, encontrando-se nele a maior quantidade de enzimas responsáveis pelas metabolizações, sendo elas: ADH (álcool desidrogenase), ALDH (aldeído desidrogenase), e o MEOS (Microsomal Ethanol Oxidizing System Sistema Microssômico de Oxidação), neste ocorrendo a oxidação do etanol a acetaldeído e ácido acético. Assim, o consumo crônico de etanol inibe significativamente a atividade da ALDH. Induzindo O CYP 450, há um processo de oxidação de álcool em duas fazes, na primeira sendo transformado em aldeído acético, e na segunda o aldeído acético se transformado em acetato e sendo eliminado na urina (SILVA, 2010). 2.2 COMPLICAÇÕES As manifestações da hepatotoxicidade ocorrem com o decorrer do uso prolongado e excessivo de álcool. Os tipos de manifestações mais comuns são os de degeneração, necrose, esteatose, colestase, icterícia. Os tipos de necrose podem se assemelhar aos da hepatite viral (SILVA, 2010). A esteatose é um dos tipos de lesões do fígado mais comuns e mais encontradas, sendo possível progredir para outros estágios mais avançados. Inicia-se quando a pessoa apresenta a hepatite alcoólica, podendo evoluir para cirrose alcoólica. Os dados sugerem que aproximadamente 30% das pessoas com o alto consumo de álcool desenvolvem essa doença. Corrobora esses dados o fato de que pessoas com obesidade tornam essa doença hepática bem mais alta, cerca de 2,5 a 3 vezes maior (SILVA,2010). Colestase e a cirrose biliar, primariamente caracterizada pela sigla (CBP), são uma doença progressiva crônica caracterizada pela destruição dos ductos biliares, fibrose e cirrose, e são divididas em três estágios. O estágio I caracteriza-se por lesões dos ductos biliares de pequenos e médios calibres; o estagio II pela fibrose em consequência do estagio I (um processo inflamatório); em decorrência da fibrose dos ductos biliares, tem-se o estagio III. Nesse último estágio as consequências podem evoluir para um estado terminal, o fígado apresenta coloração verde escuro, através da pigmentação da bile (ROOBBINS et al, 2001). O desenvolvimento da doença hepática crônica sofre muita variação, dependendo do tamanho do corpo, idade, sexo e raça. Os índices de ingestão diários observados e que estão próximos ao volume de 80g dia podem estar relacionados com a doença. Cada bebida 8
5 tem um determinado volume para se equivaler a esses 80g de álcool diário, por exemplo: 240 ml de wisque, duas garrafas de vinho e seis garrafas de cerveja de 360 ml. Todavia, para desenvolvimento da cirrose o consumo deve exceder ao período de 10 anos (ROOBBINS et al, 2001). A dependência etílica pode estar associada à deficiência de neurotransmissores, como serotonina, GABA, e dopamina. Experimentos revelam que gêmeos univitelinos e filho de alcoólatra, que tiveram uma criação diferente, ou seja, que foram adotados por outras famílias, apresenta tendência ao consumo de álcool, sugerindo que o alcoolismo tem característica genética (SILVA, 2006). O alcoolismo pode ser definido em dois tipos, I e II. O tipo I é mais frequente, em homens como em mulheres, tendo como fatores: genética e abuso de álcool e geralmente (inicia-se aos 25 anos). As consequências psicossociais não são muito graves, e se aceita bem a abstinência prescrita pelo medico. Já o tipo II tem inicio na adolescência, é mais frequente em homem, tem manifestações psicossociais intensas e com tratamento muito difícil (SILVA, 2006). O diagnostico da DHA baseia-se nos seguintes conjuntos: anamnese, exames físicos e laboratoriais, e melhora do paciente depois da suspensão do uso de álcool (FARIA et al, 2012) Anamnese São observados os seguintes sinais específicos: náuseas, vômitos, emagrecimento e dores abdominais coloração da pele amarelada e olhos (FARIA et al, 2012) Exames físicos O paciente pode apresentar ou não sintomas específicos do uso de álcool ou doença hepática (TEODORO et al, 2008) Laboratoriais As determinações dos níveis de albuminemia, do tempo de protrombina e da bilirrubinemia são úteis para detectar disfunção hepática (FARIA et al, 2012). 2.4 TRATAMENTO Tratamento não específico 2.3 DIAGNÓSTICO Recomenda-se a abstenção total de bebidas alcoólicas, podendo assim obter 9
6 uma diminuição dos níveis de inflamação do fígado e também reduzir significantemente os níveis de esteatose. Com essa abstenção pode se aumentar a sobrevida do consumidor em comparação aos que continuaram o consumo de álcool (FONTES et al, 2002) Tratamento específico de cirrose hepática. Observou-se que o maior consumo entre homens e mulheres, é o de cerveja, seguido por bebidas destiladas, vinhos e bebidas ice, sendo os homens os mais afetados. Para obtenção de resultados sobre quadros de cirrose dos portadores dessa patologia, são analisadas as provas bioquímicas para o perfil hepático. Algumas medicações são utilizadas no tratamento, como por exemplo: alguns medicamentos diuréticos, antiácidos e antibióticos. Alguns suplementos alimentares são utilizados para evitar a evolução da doença, estimulando o apetite, o que em etilista encontra-se consideravelmente diminuído. O transplante de fígado é também um mecanismo de tratamento, substituindo o órgão comprometido e anteriormente retirado (PAROLIN, 2002). 3 Discussão A cirrose é uma doença crônica de gravidade acentuada, sendo uma das principais responsáveis pela necessidade de transplantes hepáticos, estando atrás somente da hepatite do tipo C (PAROLIM et al, 2002; COELHO, 2007). O consumo de álcool entre as pessoas vem aumentando a cada dia, e os problemas relacionados com o etilismo também. 3 Resultado Observou-se no período entre 1998 e 2013, o principal tratamento de pacientes cirróticos é o transplante de fígado, não foi observado nenhum avanço no tratamento medicamentoso. Em estágios não tão avançados da cirrose hepática, a abstinência do álcool pode ter um resultado satisfatório, podendo estabilizar o quadro 4 Conclusão Esse trabalho objetiva promover o esclarecimento e conscientização da população etilista, procurando informar que o consumo de álcool elevado por um determinado tempo pode trazer sérios danos ao fígado, dentre eles a cirrose alcoólica. Informa também a quantidade 10
7 diária de álcool consumida que pode aumentar o risco de desenvolvimento de cirrose alcoólica. Busca ainda analisar os aspectos clínicos e morfológicos das cirroses, relacionando-os com os principais padrões histológicos conhecidos e suas complicações e as hepatites alcoólicas. Apresenta-se a cirrose hepática em decorrência do alcoolismo, seu desenvolvimento, tipos de diagnostico e tratamento, através de uma pesquisa bibliográfica em que se observa a evolução do estudo sobre a cirrose e sobre seus avanços sobre esse caso. Nos artigos e livros analisados o principal tratamento de pacientes cirróticos é o transplante de fígado, com resultados satisfatórios. O período observado foi de 1998 a 2011, acompanhando a melhora do paciente. Entretanto, foi possível verificar que o tratamento medicamentoso não teve nenhum avanço para pacientes cirróticos, não existindo nenhum tipo de medicamento que possa tratar essa patologia ou amenizar o quadro. Em estágios não tão avançados da cirrose hepática a abstinência do álcool pode ter um resultado satisfatório para a melhora do paciente, podendo estabilizar o quadro de cirrose hepática. Para se obter o resultado sobre o quadro de cirrose são analisados as quantidades de sódio, potássio, bilirrubinas totais e diretas, creatinina, TGO e TGP, fosfatase alcalina, albumina e atividade de protrombina. Referências Bibliograficas CASTELO, A; PESSÔA, M. B. B; ALVES, M, R, D; ARAÚJO, D, V. Estimativas de Custo da Hepatite Crônica B no Sistema Único de Saúde Brasileiro em Revista da Associação de Medica. Brasileira, v. 53, n 6, São Paulo COELHO, J. C. U; STADNIK, L; PAROLIN, M. B; FREITAS, A. C. T. Carcinoma hepatocelular: impacto do tempo em lista e das formas de tratamento pré-operatório na sobrevida do transplante de fígado cadavérico na era pré-meld em um centro no Brasil; Arquivo de Gastroenterologia, v. 44, n 3; São Paulo, FONTES, P. R; MATTOS, A. A; EILERS, R. J; NECTOUX, M.; PINHEIRO, J. O. P; Colecistectomia laparoscópica em cirróticos. Revista Arquivo Gastroentereologia, v.39. n.4, São Paulo, GUYTON, A C., HALL, John E. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. 6 edição, ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, IIDA, V. H; SILVA, T. J. A.; SILVA, A. S. F.; SILVA, L. F. F.; ALVES, V. A. F. Cirrose Hepática: Aspectos Morfológicos Relacionados às Suas Possíveis Complicações. Um estudo centrado em necropsias. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.41, n.1, Rio de Janeiro, Fevereiro,
8 PAROLIN, M. B; COELHO, J. C U; IGREJA, M; PEDROSO, M. L; GROTH, A. K; GONÇALVES, C. G. Resultados do Transplante de Fígado na Doença Hepática Alcoólica. Revista Arquivos de Gastroenterologia, v.39, n.3, São Paulo, Julho/Setembro, ROCHA; E. G, PEREIRA, M. L. D. Representaciones sociales sobre cirrosis hepática alcohólica elaboradas por sus portadores. Revista Arquivos Anna Nery, v.11 n.4; Rio de Janeiro Dezembro, ROOBBINS, S. L. Fundamentos de Patologia Estrutural e Funcional, 6 edição, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, VARGAS, R. Silva; FRANÇA, F. C. V. Processo de Enfermagem Aplicado a um Portador de Cirrose Hepática Utilizando as Terminologias Padronizadas NANDA, NIC e NOC. Revita Brasileira de Enfermagem, v.60, n.3; Brasília Maio/Junho; VIEIRA, A; ROLIM, E. G; CAPUA JR, A; SZUTAN, L. A. Recidiva da Ingesta Alcoólica em Pacientes Candidatos a Transplante Hepático. Análise de Fatores de Risco. Revista Arquivos de Gastroenterologia, v.44, n.3, São Paulo, Julho/Setembro, SANTOS; J. F. G, ROCHA; A, OLIVEIRA, L. C. M. Prevalência da Pancreatite Crônica em Pacientes Portadores de Cirrose Hepática Alcoólica: Estudo Histopatológico. Jornal. Brasileiro Patologia, v.43, n.2, Rio de Janeiro SILVA, Penildin; Farmacologia 8 edição, ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, SILVA, Penildon; Farmacologia. 7 edição, ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, STRAUSS, E; AEROSA, J. P. Infecções Bacterianas Pioram o Prognóstico da Hepatite Alcoólica. Revista Sociedade Brasileira de Medicina, v. 37, n.3, Uberaba, Maio/Junho, TEODORO,V; JUNIOR, M. B; LUCCHESI, L; KONDO, M; TUFIK, S. Avaliação dos Potenciais Evocados Relacionados a Eventos (ERP-P300) em Pacientes com Cirrose Hepática sem Encefalopatia. Revista Arquivos. Gastroenterol, v.45, n.1, São Paulo: Janeiro
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