Diretrizes da OMS para diagnóstico de Dependência
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- Rayssa Alvarenga Brás
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1 Diretrizes da OMS para diagnóstico de Dependência 1 - Forte desejo ou compulsão para usar a substância. 2 - Dificuldade em controlar o consumo da substância, em termos de início, término e quantidade. 3 - Presença da síndrome de abstinência ou uso da substância para evitar o aparecimento da mesma. 4 - Presença de tolerância, evidenciada pela necessidade de aumentar a quantidade para obter o mesmo efeito anterior. 5 - Abandono progressivo de outros interesses ou prazeres em prol do uso da substância. 6 - Persistência no uso, apesar das diversas conseqüências danosas.
2 Dependência de Álcool ou Alcoolismo (no mínimo, 3 dos seguintes critérios) 1. Desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas. 2. Tolerância: necessidade de doses crescentes de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância; 3. Abstinência: síndrome típica e de duração limitada que ocorre quando o uso do álcool é interrompido ou reduzido drasticamente. 4. Aumento do tempo empregado em conseguir, consumir ou recuperar-se dos efeitos da substância; abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao consumo. 5. Desejo de reduzir ou controlar o consumo do álcool com repetidos insucessos. 6. Persistência no consumo de álcool mesmo em situações em que o consumo é contra-indicado ou apesar de provas evidentes de prejuízos, tais como, lesões hepáticas causadas pelo consumo excessivo de álcool, humor deprimido ou perturbação das funções cognitivas relacionada ao consumo do álcool.
3 Paciente do sexo masculino, brasileiro, 41 anos, católico, casado pela segunda vez (dois filhos desse casamento e um do primeiro), vendedor. Tem duas irmãs; os pais têm boa saúde. O paciente é o único caso de alcoolismo na família. Os primeiros contatos com bebida alcoólica ocorreram na juventude. Abusos de álcool a partir de 1994, já que sob o efeito da substância apresentava dificuldades de comportamento social e interpessoal, principalmente agressividade no âmbito familiar. Nessa época houve a separação do casal (segundo casamento). Em agosto de 1994, foi internado voluntariamente no Hospital X no programa terapêutico para alcoolistas, com o diagnóstico de dependência de substância (álcool), uso contínuo, de acordo com os critérios da CID-10. Após quatro semanas de tratamento recebeu alta hospitalar. Retomou sua atividade profissional e reconciliou-se com a esposa. Não seguiu programa ambulatorial, mas permaneceu em abstinência até março de No final de março de 1999, estando certa ocasião em casa de seus pais, "sentiu uma azia muito forte". Os pais ofereceram-lhe um produto fitoterápico digestivo que tinham em casa. Fez uso de 10 ml do produto (a dose recomendada é 5 ml), e disse ter sentido "algo muito estranho". No período de abstinência também apresentava episódios compulsivos à alimentação, seguidos de vômitos induzidos. Posteriormente não só começou a utilizar a substância fitoterápica com mais freqüência para aliviar seus desconfortos digestivos, como também foi aumentando gradativamente a quantidade de consumo da substância. Em setembro de 1999, estava tomando em média 600 ml da substância por dia. Passou a ser questionado pelos familiares se estava bebendo alcoólicos, já que estava apresentando comportamentos agressivos semelhantes à época em que bebia. Porém, negava o uso de alcoólicos, ao mesmo tempo que tinha como respaldo o fato de não estar freqüentando bares, como era comum antes da primeira internação. Em outubro de 1999, por problemas de relacionamento familiar e no trabalho, o paciente assumiu que estava ingerindo o composto fitoterápico, decidindo então buscar ajuda médica, a qual indicou
4 Sindrome de abstinência de álcool Início após 6 horas da diminuição ou da interrupção do uso do álcool: Tremores, ansiedade, insônia, náuseas e inquietação. Em aproximadamente 10% dos pacientes ocorrem sintomas mais graves, que incluem febre baixa, taquipnéia, tremores e sudorese profusa. Em cerca de 5% dos pacientes surgem convulsões Outra complicação grave é o delirium tremens (DT), caracterizado por alucinações, alteração do nível da consciência e desorientação. A mortalidade nos pacientes que apresentam DT é de 5 a 25%.
5 F 10.4: Síndrome de abstinência com delirium tremens (DT) Estado confusional breve, ocasionalmente com risco de vida, que se acompanha de perturbações somáticas. É usualmente conseqüência de uma abstinência absoluta ou relativa de álcool em usuários gravemente dependentes, com longa história de uso. O início usualmente ocorre após abstinência de álcool. Em alguns casos o transtorno aparece durante um episódio de consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Os sintomas prodrômicos tipicamente incluem: insônia, tremores e medo. O início pode também ser precedido de convulsões por abstinência. A clássica tríade de sintomas inclui obnubilação de consciência, confusão, alucinações e ilusões vívidas, afetando qualquer modalidade sensorial e com tremores marcantes. Delírios, agitação, insônia ou inversão do ciclo do sono e hiperatividade autonômica estão também usualmente presentes. Curso do delirium tremens Instalação: 1 a 3 dias. Duração: 1 semana a dois meses (maioria entre 10 e 12 dias). Idosos: curso mais prolongado; maior risco de mortalidade; maior número de complicações; mais freqüentemente, a recuperação não é total.
6 Sindrome de abstinência de álcool A) Cessação (ou redução) do uso pesado ou prolongado do álcool; B) Dois (ou mais) dos seguintes sintomas, desenvolvendo-se dentro de algumas horas ou dias após o critério A: 1) Hiperatividade autonômica (por ex. sudorese ou taquicardia); 2) Tremor intensificado; 3) Insônia; 4) Náusea ou vômitos; 5) Alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias; 6) Agitação psicomotora; 7) Ansiedade; 8) Convulsões de grande mal; C) Os sintomas do critério B causam sofrimento ou comprometimento clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do individuo; D) Os sintomas não são devidos a uma condição médica geral e não são melhor explicados por um outro transtorno mental; Especificar se: Com perturbações perceptuais
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8 CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA Síndrome de Abstinência Leve: Status nutricional preservado, boa hidratação, ausência de doenças físicas intercorrentes. Queixas de nervosismo, ansiedade, agitação, dificuldade para dormir. Pode apresentar tremores de extremidades, hiporexia, sudorese e discreta instabilidade autonômica. Síndrome de Abstinência Moderada: Perturbação do sono mais acentuada, com agitação noturna, podendo haver alterações do sensório (ilusões auditivas e visuais),e pesadelos. Tremores e sudorese são mais proeminentes, bem como instabilidade neurovegetativa, taquicardia, prejuízo da concentração e da memória, anorexia, náuseas, vômitos, irritabilidade, ansiedade, hostilidade. Síndrome de Abstinência Grave ou Delirium Tremens: Febre, sudorese, taquicardia, delírios e tremores pronunciados.estado nutricional comprometido em graus variados, bem como a hidratação. Confusão mental, desorientação no tempo e espaço, déficit de memória de fixação, agitação, perplexidade, delírios ocupacionais, ilusões e alucinações visuais (em geral com animais - Zoopsias, ou pequenos Homens - alucinações liliputianas), convulsões. Agitação, insônia e piora noturna. Em geral, o quadro pode ser precedido ou acompanhado por complicações físicas, tais como hepatopatias, pancreatopatias, distúrbios gastrintestinais distúrbios hidroeletrolíticos, cardiopatias, infecções, convulsões, AVCs, TCEs e outros distúrbios neurológicos.
9 Síndrome de abstinencia de cocaína Fase I. Crash Fase II. Síndrome disfórica tardia Fase III. Fase de extinção
10 Síndrome de abstinência de cocaína Fase I. Crash Drástica redução no humor e na energia. Instalação cerca de minutos após cessado o uso da droga, persistindo por cerca de 8 horas, e podendo estender-se por até 04 dias. Associada à depleção de neurotransmissores na fenda sináptica, decorrente do uso de cocaína. O usuário pode sentir depressão, ansiedade, paranóia e um intenso desejo pelo consumo da droga (craving), que diminui depois de 01 a 04 horas. O craving inicial pelo uso da droga é substituído pelo craving pelo sono. Instala-se a hipersônia, aversão ao uso de mais cocaína, e o indivíduo desperta em algumas ocasiões para ingerir alimentos em grande quantidade. Pode durar de 08 horas até 04 dias.
11 Síndrome de abstinência de cocaína Fase II. Síndrome disfórica tardia Início entre 12 a 96 horas após cessado o uso (após o crash); pode durar de 02 a 12 semanas. Primeiros 04 dias: sonolência e desejo de consumir a droga, após o que tem início a Síndrome de Abstinência protraída, disfórica, com predomínio de anedonia, irritabilidade e apatia, e presença de craving, que varia de intensidade de indivíduo para indivíduo. O usuário pode ficar deprimido, com problemas de memória e manifestar ideação suicida. Recaídas freqüentes, como forma de tentar aliviar os sintomas disfóricos.
12 Síndrome de abstinência de cocaína Fase III. Fase de extinção Diminuição/desaparecimento de sintomas disfóricos. O craving torna-se intermitente, pode manifestar-se eventualmente, tende a diminuir de intensidade, mas pode estender-se por meses ou até mesmo anos.
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