DECISÃO. Processo nº /09-6 SLPS 1. Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil
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1 DECISÃO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI: 358/DSA/2006 Nº. PROC.: /09-6 NOME DO INTERESSADO: ARTHUR AMORIM WIEDEMAN ISR/RO PASSAGEIRO: RELATOR: Sérgio Luís Pereira Santos Especialista em Regulação Mat. SIAPE RELATÓRIO Trata-se de Recurso interposto pelo interessado Sr. ARTHUR AMORIM WIEDEMAN, contra decisão proferida no Processo Administrativo nº /09-6, originado do AI nº. 358/DSA/2006, lavrado em 26/10/2006 (fls. 03), por ter operado a aeronave UHL PU-ART, de sua propriedade, sobrevoando em baixa altura a praia de Boa Viagem, a menos de 50 metros de altura, a menos de 100 metros da linha da orla marítima e sobre banhistas, enquadrando a referida infração na alínea g do inciso I e alínea n do inciso II do artigo 302 do CBA. A fiscalização desta ANAC, em Relatório (fls. 01), aponta o cometimento do ato infracional. O interessado, cientificado, ofereceu Defesa (fls. 05), oportunidade que confirma que o vôo aconteceu na data assinalada, que realmente ocorreu o voo em altitude entre 100 a 120 pés, portanto inferior aos 150 pés (mínimo permitido). E que realmente a distância da orla poderia variar em alguns espaços a menos de 100 metros. Porém, o interessado não concorda quanto a notificação de voo sobre banhistas o que, segundo ele, não ocorreu. Alega ter pleno conhecimento da orla de Boa Viagem, que no espaço existente entre o prolongamento da pista 18 Guarapes (área limite deste vôo no litoral) até o Pina após os arrecifes, área onde foi efetuado o vôo, é impossível ter banhistas no mar devido ao elevado perigo de ataques de tubarão. Acrescentando ainda, que manteve sempre a uma distância segura entre 20 a 30 metros após os arrecifes. Em Parecer em Processo Administrativo (fls. 06 e 07), o Inspetor de Aviação Civil, após análise da Defesa, não acata as justificativas do interessado, confirmando que, realmente, houve a operação descrita pelo relatório fiscal, esta, inclusive, confirmada pelo próprio interessado. Acrescenta, ainda, que, se existe este tipo de ocorrências neste percurso [presença de tubarões], o notificado não se arriscaria a manter a distância descrita após os arrecifes. A Junta de Julgamento, em decisão motivada (fls. 10), acata o parecer do analista técnico desta ANAC, confirmando o ato infracional e enquadrando a infração na alínea g do inciso I do artigo 302 do CBA, aplicando multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). O interessado, após notificação da decisão, apresenta tempestivamente Recurso (fls. 14 a 19). Em grau recursal, o interessado requer a reavaliação, alegando que efetuava um procedimento de vôo com a aeronave em pane, aonde tentava desesperadamente salvar sua vida. Que a referida aeronave decolou do aeroclube de Recife e que obteve autorização da torre para efetuar um vôo no setor ECO (litoral da praia de Boa Viagem) na altitude padrão para ultraleves e que aos 10 minutos de vôo, já efetuando curva a esquerda para retorno ao aeródromo ocorreu falha elétrica em um conjunto de bobinas do motor, o que foi verificado após o pouso por checagem pelo mecânico credenciado pela ANAC. E que não informou a torre a baixa de altitude de 300 pés, porque só o que interessava era evitar a queda da aeronave sobre o mar, infestado de tubarões, como é de notório conhecimento. Reitera ainda, que em momento algum o vôo ofereceu perigo a banhistas ou embarcações, pois alega não ter havido sobrevôo sobre a orla. Processo nº /09-6 SLPS 1
2 É o breve Relatório. VOTO DO RELATOR Sérgio Luís Pereira Santos Mat. SIAPE NO MÉRITO Assim dispõe, in verbis, o disposto na alínea g do inciso I do artigo 302 do CBA: CBA Art A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações: I Infrações referentes ao uso das aeronaves: g) utilizar ou empregar aeronave com inobservância das normas de tráfego aéreo, emanadas pela autoridade aeronáutica; Como podemos observar, o interessado foi autuado por ter sobrevoado em baixa altura a praia de Boa Viagem, Recife PE, estando a menos de 50 (cinqüenta) metros de altura e a menos de 10 (cem) metros da linha da orla marítima e sobre banhistas, ou seja, por inobservância das normas elaboradas pela autoridade aeronáutica no que tange ao tráfego aéreo. Observa-se que, visando o controle do tráfego aéreo, a autoridade aeronáutica editou a ICA , de 03 de novembro de 2005, a qual dispõe sobre regras do ar e serviços de tráfego aéreo, de onde poderemos retirar o item 5.1.4, conforme abaixo descrito in verbis: ICA REGRAS DE VÔO VISUAL Exceto em operação de pouso e decolagem, o vôo VFR não será efetuado: a) sobre cidades, povoados, lugares habitados ou sobre grupos de pessoas ao ar livre, em altura inferior a 300m (1000 pés) acima do mais alto obstáculo existente num raio de 600m em torno da aeronave; e b) em lugares não citados na alínea anterior, em altura inferior a 150m (500 pés) acima do solo ou da água. Da letra b do referido item da ICA , poderemos identificar que a regra geral é ainda mais restritiva do que a norma específica para veículos ultraleves, esta o RBHA 103A, de onde poderemos retirar os dispositivos abaixo descritos inverbis: RBHA 103A REGULAMENTO SUBPARTE B REGRAS PARA OPERAÇÃO APLICABILIDADE Esta subparte estabelece as regras e procedimentos para a operação de veículos ultraleves conforme definidos no parágrafo RESTRIÇÕES GERAIS (a) Nenhuma pessoa pode operar um veículo ultraleve Processo nº /09-6 SLPS 2
3 segundo este regulamento: (7) De modo a criar riscos para outras pessoas ou bens de terceiros; (9) Quando sobrevoando o mar ou águas interiores, a menos de 100 metros das praias e a menos de 50 metros (150 pés) de altura. Desta forma, observa-se que a autoridade aeronáutica, à época, excepcionou a regra geral de tráfego aéreo (letra b do item da ICA ) em favor do tráfego de veículos ultraleves (item 9 da letra a do parágrafo do RBHA 103A), reduzindo, assim, a altura de sobrevôo destes veículos, desde que sobre a água, para, no mínimo, 50 (cinqüenta) metros. Entretanto, tal concessão proporcionada pela autoridade aeronáutica deve ser observada, sob pena de refletir negativamente em risco ao piloto, a outras pessoas ou a bens de terceiros, enfim, a segurança de vôo. Com exceção do disposto no item 9 da letra a do parágrafo do RBHA 103A, a norma aeronáutica não criou qualquer outro tipo de excludente para que o aeronauta viesse a descumprir a letra b do item da ICA Apesar de ciente do notório problema existente nesta e em outras praias de Pernambuco, no que tange ao ataque de tubarões, este Relator não encontra respaldo na norma, de forma que possa vir a considerar a atitude do interessado, neste caso, como excludente de sua responsabilidade administrativa de tão cristalina norma. As alegações do interessado de que o veículo encontrava-se em pane, estando assim justificado o ocorrido, não pode prosperar, pois, mesmo que diante de uma situação emergencial, o aeronauta deve observar as regras de tráfego, tentando, assim, minimizar as conseqüências de um possível acidente. Importante ressaltar que o interessado não trás aos autos maiores comprovações de suas simples alegações quanto ao incidente com sua aeronave, deixando, inclusive, de apresentar qualquer relatório sobre as observações feitas pelo mecânico credenciado pela ANAC, bem como não apresentou qualquer registro de comunicação de tal incidente, em descordo ao disposto na letra d do parágrafo do referido RBHA 103A, in verbis: RBHA 103A ACIDENTES, INCIDENTES E DIFICULDADES EM SERVIÇO (c) As empresas fabricantes de veículos ultraleves, regidas pelo RBHA 38 devem possuir um sistema de dificuldades em serviço. Os operadores dos veículos por elas fabricados devem estar cientes deste sistema e informar às mesmas e à respectiva associação, a ocorrência de incidentes e dificuldades com seus produtos. (d) Os SERAC devem coletar dados sobre acidentes/incidentes conforme sugerido no apêndice C deste regulamento. Desta forma, as alegações do interessado não podem servir para afastar a sua Processo nº /09-6 SLPS 3
4 responsabilidade administrativa no que tange ao ato infracional cometido. Quanto ao valor da multa aplicada. No que tange à multa aplicada (R$ 2.000,00), podemos observar que a Resolução nº. 25, de 25/04/2008, trouxe condição mais favorável, na medida em que, ao utilizarmos o valor médio referente à infração (R$ 1.400,00), neste caso não poderemos utilizar quaisquer das condições atenuantes, das previstas nos diversos incisos do 1º do artigo 22 da referida norma, bem como não poderemos aplicar qualquer condição agravante das dispostas no 2º do mesmo dispositivo, o que me leva a votar pela redução da multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa. VOTO Desta forma, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso, reduzindo, assim, o valor da multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa para R$ 1.400,00 (um mil e quatrocentos reais). É o voto deste Relator. Rio de Janeiro, 03 de setembro de SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS Membro Titular da Junta Recursal da ANAC Especialista em Regulação Matrícula nº Processo nº /09-6 SLPS 4
5 Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR AUTUAÇÃO Nº AI: 358/DSA/2006 Nº. PROC.: /09-6 NOME DO INTERESSADO: ARTHUR AMORIM WIEDEMAN ISR/RO PASSAGEIRO: RELATOR: Sérgio Luís Pereira Santos Especialista em Regulação Mat. SIAPE PRESIDENTE DA SESSÃO: Dra. Alexandra da Silva Amaral Mat. nº ASSUNTO: Sobrevôo em Baixa Altura alínea g do inciso I do artigo 302 do CBA c/c a letra a (9) do parágrafo do RBHA 103A. CERTIDÃO Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, deu provimento parcial ao recurso, reduzindo a multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa para o valor de R$ 1.400,00 (um mil e quatrocentos reais), nos termos do voto do Relator. O Membro Titular, Sr. Edmilson José de Carvalho, e a Presidente da Junta Recursal, Sra. Alexandra da Silva Amaral, votaram com o Relator. Rio de Janeiro, 03 de setembro de ALEXANDRA DA SILVA AMARAL PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo nº /09-6 SLPS 5
6 DESPACHO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI: 358/DSA/2006 Nº. PROC.: /09-6 NOME DO INTERESSADO: ARTHUR AMORIM WIEDEMAN ISR/RO PASSAGEIRO: Encaminhe-se à Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 03 de setembro de ALEXANDRA DA SILVA AMARAL PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo nº /09-6 SLPS 6
Em Despacho nº 715/2011/GFIS/SER/ANAC, de 11/05/2011 (fls. 12 do processo
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