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1 , ; ' Toder Judiciário Tribunal" de Justiça do Estado da Tarai6a Gabinete da Desembargadora Maria d Fátima Moraes Bezerra Cava fcanti Acórdão APELAÇÃO CÍVEL N / Campina Grande RELATORA : Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti APELANTE Nilza Maria Gomes Magalhães ADVOGADO : Daniel Dalônio Vilar Filho APELADO : Município de Campina Grande, por seu Prefeito Constitucional ADVOGADA : Fernanda A. Baltar de Abreu APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO. MUNICÍPIO. REESTABELECIMENTO DE INCORPORAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO. SERVIDOR MUNICIPAL. TRANSCURSO DE MAIS DE 5 ANOS. DECADÊNCIA. LEI 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE EFEITOS FAVORÁVEIS AO ADMINISTRADO. INCIDÊNCIA. PROVIMENTO DO RECURSO. - Consoante o disposto no art. 54 da Lei 9.784/99, a Administração Pública tem o prazo de cinco anos para anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários. - Tendo sido o ato que determinou a incorporação da gratificação editado em novembro de 2001, consolidou-se a situação jurídica com o transcurso do qüinqüênio, sendo ilegal a negativa de pagamento ocorrida em VETON Mb. ACCDROA, a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por votação unânime, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Trata-se de Apelação Cível interposta por Nilza Maria Gomes Magalhães contra a sentença proferida pelo Juiz de Direito da 3 a Vara da Fazenda Pública da Comarca de Campina Grande, nos autos do Mandado de Segurança impetrado em face de ato do Secretário de Administração daquele Município que retirou de seus vencimentos gratificação já incorporada, denegatória da segurança, por inexistência da apontada ilegalidade. Alega a recorrente, em suma, ser possuidora de direito adquirido à percepção da gratificação suprimida, bem ainda que o ato da autoridade coatora, ora atacado, atentou contra os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, porquanto sequer fora previamente ouvida. Aduz ainda que houve ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos, assim como ocorrera a decadência administrativa, em virtude de ter decorrido mais de cinco anos da data em que a gratificação havia sido concedida. gi()!

2 C N ' a a (Poder ludictário Tribuna( tfit 2ustzça do 'Estalo da 'Paraíba Ça6ineu da 'Desembargadora Mina á 'Fátima Woraes Bezerra Cavakantt Ap. n / 002 Contra-razões às fls. 162/169, pugnando-se pela a manutenção da sentença vergastada. A D. Procuradoria de Justiça, às fls. 180/187, opinou pelo desprovimento do recurso. É o relatório. VOT Inicialmente, analiso a prejudicial de mérito levantada pela recorrente em seu recurso: a decadência administrativa. Verifica-se dos autos que a apelante ingressou no serviço público municipal em 02 de janeiro de 1986 (fl. 34), sem concurso público, e, em 1 de novembro daquele ano, foi nomeada para ocupar o Cargo Comissionado de Superintendente de Trânsito e Transportes Públicos, Símbolo G-1, o qual exerceu pelo período de 6 anos. Em 19 de novembro de 2001, teve a referida verba incorporada aos seus vencimentos. Ocorre que, em abril de 2007, a Edilidade suprimiu a gratificação incorporada, sob o fundamento de que os servidores admitidos antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, não estáveis, não fariam jus à incorporação de gratificações e qüinqüênios. É bem cediço que a Administração Pública, no exercício da autotutela administrativa, pode apreciar a legalidade dos seus próprios atos, todavia esse poder-dever fica condicionado à observância do prazo decadencial de 5 anos, quando do ato que se pretende analisar decorrem efeitos patrimoniais favoráveis aos seus destinatários. Nesse sentido, observe-se o que dispõe o artigo 54 da Lei 9784/99, in verbis: "Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorrem efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé". No caso vertente, a portaria que tornou sem efeito o ato que determinou a supressão da parcela remuneratória incorporada aos vencimentos da irresignada deu-se, como visto, em março do corrente ano (fls. 25/27). De outro lado, o benefício havia-lhe sido concedido em novembro de 2001, de sorte que transcorreu um lapso temporal de mais de 6 (seis) anos para a sua análise. Dessarte, ante a evidente inércia da Edilidade em, decorridos mais de 05 (cinco) anos da data do ato que concedeu a incorporação da gratificação, não apreciar a sua ilegalidade, bem ainda considerando o fato de que mencionado ato trouxe efeitos favoráveis à recorrente, tem-se que deve ser aplicada a sobredita regra do art. 54 da Lei 9784/99, sendo certo que se operou a decadência e, dessa forma, o ato inquinado tornou-se imutável. Saliente-se, ainda, não cuidar a hipótese de relação de trato sucessivo, o que, em tese, afastaria a incidência da decadência, porquanto, uma vez reconhecido o direito da apelante em incorporar à sua remuneração a verba mencionada, operou-se o reconhecimento do seu fundo de direito.

3 1 r11 P. f' e- 3 Potkr Judiciam Tribuna( de Justsça do Estado da paraíba Ça6inete s4z (Desembargadora Maria á Fátima Moraes (Bezerra Ccrvakanti Ap. n / 002 Carvalho Filho: Acerca da matéria, veja-se o escólio de José dos Santos "(...) Decorrido o prazo legal, consuma-se de pleno direito a prescrição administrativa (ou a decadência, se for o caso). Bom exemplo dessa hipótese veio à tona na Lei n 9.784, de 29/01/1999, reguladora do processo administrativo na esfera federal. Ai a lei foi expressa: segundo dispositivo expresso, o direito da Administração de anular atos administrativos que tenham produzido efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contado da data em que foram praticados, ressalvando-se apenas a hipótese de comprovada má-fé. Trata-se de limitação ao poder de autotutela da Administração, agora convertida em direito positivo em nome do cada vez mais consolidado principio da segurança jurídica e de seu corolário, o principio da proteção à confiança"1. Vale ressaltar que esse é o entendimento dos tribunais pátrios, como ilustram os arestos a seguir: "ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REVISÃO ADMINISTRATIVA. TRANSCURSO DE PRAZO DECADENCIAL ENTRE A DATA DA EDIÇÃO DO ATO DE REENQUADRAMENTO DA SERVIDORA E O EFETIVO CONTROLE PELO TRIBUNAL DE CONTAS. 1. Pode a Administração utilizar o seu poder de autotutela, que possibilita a anulação ou revoqacão de seus próprios atos, quando eivados de nulidades. Entretanto, deve preservar a estabilidade das relações iuridicas firmadas, respeitando o direito adquirido incorporado ao patrimônio do particular. 2.Consoante o art. 54, 1, da Lei n 9.784/99, o prazo decadencial para anulação dos atos administrativos é de 5 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 3.Não se deve imputar à servidora o descaso da Administração em analisar a legalidade de sua aposentadoria, eis que os efeitos da concessão do ato Impugnado Incorporaram-se ao seu patrimônio por quase 10 (dez) anos, não havendo, assim, como reduzir o valor de sua aposentadoria em razão de decisão exarada pelo tribunal de contas após o decurso do prazo fixado em lei. 4.Negar provimento aos embargos infringentes. maioria. Redigirá o acórdão o revisor?. Manual de Direito Administrativo/ José dos Santos Carvalho Filho edição revista, ampliada e atualizada. Editora Lúmen Júris/ Rio de Janeiro, 2007, pág TJDFT - emb. Infringentes na APC EIC DF - 28 Câmara Cível Relator: Waldir Leôncio Júnior - Publicação no DJU: 09/05/ (L71

4 II.r... ti:t. t-4 Ooder Jusficiário Tri6unat á Justiça do Estado á (Paraíba Çabffitte da (Desembargadora ',faria á Tátsma Woraes Wezerra Cavakand Ap. n / "ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORES MUNICIPAIS. REENQUADRAMENTO. ILEGALIDADE. TRIBUNAL DE CONTAS. DEVIDO PROCESSO LEGAL. MATÉRIA NÃO ARGÜIDA NA IMPETRAÇÃO. ANULAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. DECADÊNCIA. INÉRCIA DO ENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA. 1. Não se conhece em grau recursal de questões novas não deduzidas na impetração nem apreciadas pelo Tribunal de origem. O Município impetrante não aduziu no mandado de segurança violação ao devido processo legal. Limitou-se a argumentar que o ato de reenquadramento não poderia ser desfeito por força da prescrição qüinqüenal, bem como que o desfazimento do ato administrativo importaria lesão aos postulados da segurança jurídica e da boa-fé. 2. Ausência de lesão aos princípios do contraditório e da ampla defesa. A decisão do Tribunal de Contas do Estado, que negou registro ao reenquadramento de servidores públicos municipais, foi devidamente cientificada ao representante legal da municipalidade, tendo a entidade interposto recurso de embargos, processado regularmente, oportunidade em que aduziu a matéria de defesa. 3. A Administração decai de seu direito de invalidar seus próprios atos quando, por inércia, deixa escoar o prazo fixado em lei dentro do qual lhe é permitida a invalidação. No caso, as portarias contra as quais se volta a impetração foram editadas em 1996 e a respectiva declaração de ilegalidade pelo Tribunal de Contas deu-se no início de 1999, portanto dentro do qüinqüênio previsto na legislação de regência. 4. Recurso ordinário conhecido em parte e improvido'a. "MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORA PÚBLICA. APOSENTADORIA. REVISÃO DO ATO TRANSCORRIDO MAIS DE CINCO ANOS. IMPOSSIBILIDADE. DECADÊNCIA CONFIGURADA. LEI 9.784/ Decorridos mais de cinco anos de sua publicação, convalida-se o ato administrativo não podendo ser revisado por força da decadência, conforme estabelece o art. 54, 1, da Lei 9.784/99. Segurança concedida para determinar a devolução imediata das importâncias retidas à impetrante, devidamente corrigidas pela Taxa Selic" 4. 3 STJ- RMS /RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em , DJ p TJDFT- MS 9.073/DF, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Corte Especial, julgado em , DJ p. 139.

5 1 ii P n (Poárludiciário Th6und & 2ustiça do Estado da Ostra& Ça6inete lo Elesern6argadora ~ia de 'Fátima Moraes Bezerra Cavakanti Ap. n Portanto, tendo a Administração Pública analisado a legalidade do ato de incorporação de gratificação somente após o decurso do prazo de cinco anos, não restam dúvidas de que se operou a decadência. Diante do exposto, dou provimento ao apelo, acolhendo a prejudicial de mérito relativa à decadência administrativa. É como voto. Presidiu a sessão a Exm a. Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Participaram ainda do julgamento, além da relatora, eminente Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti, a Exm a. Dra. Silvanna Pires Brasil Lisboa, Juíza convocada para substituir o Exm. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque, e o Exm. Dr. Carlos Neves da Franca Neto, Juiz convocado para substituir a Exm a. Desa. Maria das Neves do Egito de Araújo Duda Ferreira. Presente ao julgamento o Exm. Dr. Nelson Antônio Cavalcanti Lemos, Procurador de Justiça. João Pessoa, 16 de setembro de dr9cutri, Yã",17 (Desem6argadora Maria de Fátima Moraes Bezerra CaVaCcanti Relatora

6 TRii3UNAL DE JUSTIÇA Coordonadoria JiidiotárD ; r05. (PÓ