wwwrisco para 1,6 mil imóveis em Vitória

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1 wwwrisco para 1,6 mil imóveis em Vitória Disputa acontece em loteamento de Jardim Camburi 23/06/ h37 - Atualizado em 23/06/ h37 A Gazeta Vilmara Fernandes vfernandes@redegazeta.com.br Em Jardim Camburi, Vitória, cerca de imóveis correm o risco de ter suas escrituras todas já registradas em cartório anuladas. A ameaça, que pode afetar mais de três mil moradores, decorre de uma enorme disputa na Justiça para saber quem é o verdadeiro dono das terras do loteamento Santa Terezinha. E também dos 300 mil m2 que foram desapropriados para a expansão do Aeroporto da Capital. Por trás das ações na Justiça e investigações policiais estão grandes empresas, pessoas que afirmam serem herdeiras daquelas terras e até o dono de um cartório. Entre eles o que não faltam são documentos para provar que suas terras foram roubadas. Os processos que se arrastam há anos são marcados por documentos antigos, compras de direitos de herança, casos de falsificação e até fraudes. "Chega um momento em que não se sabe mais o que é falso ou verdadeiro", diz André Luís Nunes Silveira, advogado de uma das ações. Sem contar as situações curiosas, com pessoas que antes eram adversários na disputa de uma parte da área e agora se uniram contra um terceiro "proprietário". Preocupado com a situação o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) fez um apelo ao Tribunal de Justiça (TJ), alertando sobre o impacto das anulações das escrituras no mercado imobiliário. foto: Ricardo Medeiros Vantuil, 92 anos, mora na área do aeroporto e garante ser dono de terras que vão de Vitória até Manguinhos, na Serra Herança Alheio a tudo isso está um senhor de 92 anos: Vantuil Alves de Souza, que segue firme na intenção de reaver as terras onde está o loteamento Santa Terezinha. Motorista aposentado que só tem a 2ª série do ensino fundamental, diz ser herdeiro de uma área gigantesca, difícil até de imaginar. São milhões de metros quadrados que vão de Goiabeiras, em Vitória, a Manguinhos, na Serra. A herança teria sido deixada por seu avô, Orozimbo Pinto Ribeiro, lavrador que morreu em "Ele tinha muitas terras", conta Vantuil, que hoje vive de favor na única casa que restou dentro da área do Aeroporto. Como prova do que fala, apresenta documentos homologados na Justiça em 1917, que ele registrou em 1970.

2 Apesar das suas certezas, em seu caminho estão grandes empresas e pessoas que garantem também ter provas de que são donas da terra. Eles contestam os documentos de Vantuil, afirmando que os papéis não dizem onde ficam exatamente suas terras e que, por isso, o documento pode ser adaptado a qualquer local. E mais: que na prática estes mesmos papéis só tratam da distribuição da herança de Orozimbo, não tendo valor como registro de imóvel. Uma destas empresas é a Vivacqua Irmãos Empreendimentos Imobiliários, que bate o pé e garante que seus títulos são ainda mais antigos e seguros por terem sido feitos pelo próprio Estado, como assinala o seu advogado, Omar Koury Júnior: "Eles provam que nós somos de fato os donos da terra." Nessa briga, até as origens de Vantuil são questionadas. Não se tem certeza, por exemplo, de qual é o nome verdadeiro de sua mãe, Idalina. Em vários documentos ela aparece com sobrenomes diferentes: Idalina Ribeiro, Idalina Ribeiro de Souza, Idalina Alves de Souza. Diferenças que levantaram suspeitas: o caso está sendo investigado. As dúvidas chegam até à identidade de Vantuil, já que há certidões de nascimento em que ele não possui sobrenome. foto: Reprodução Provas Autor dos questionamentos sobre a falsidade, o advogado Stan Stein não tem dúvidas: "Vantuil é um estelionatário". Ele baseia suas afirmações em duas certidões apresentadas no processo uma do casamento de Vantuil e de seus pais que foram apontadas como falsas pelo próprio dono do cartório onde foram produzidas. Stein não para aí: diz ainda que existem documentos que provam que as terras que o avô de Vantuil supostamente teve ficavam bem distante do loteamento Santa Terezinha. Nada disso, porém, demove a advogada Marcinéa Freitas, que defende o idoso. Ela afirma também ter suas certezas: "Nossos documentos são incontestáveis". Uma prova disso, garante, é o fato de Vantuil ser o único a continuar morando na área do Aeroporto. "Ele não foi retirado como ocorreu com outros ocupantes", diz Marcinéa. Quanto às variações no nome da mãe de Vantuil, ela garante não passar de equívocos dos próprios cartórios. "Fizeram os registros errados", assinala, acrescentando que não houve nenhum tipo de falsificação nas certidões.

3 As terras de Orozimbo: clique para ampliar Irregular A briga pelas terras ao Norte de Jardim Camburi tem ainda outros atores, como a Imobiliária Hércules. Ela foi a responsável por vender os lotes do Santa Terezinha. Mas a empresa que afirma ser proprietária da terra a Vivacqua, diz que isso não podia ser feito porque já havia anulado uma procuração que tinha concedido anos antes para a Imobiliária Hércules. Por isso, as vendas seriam irregulares. "Queremos a área de volta", pontua João Alexandre de Vasconcelos, um dos advogados da Vivacqua. Ele afirma que até hoje a empresa não recebeu nenhum valor oriundo da venda dos imóveis e da desapropriação da área destinada ao Aeroporto. Andre Nunes Silveira, que defende a imobiliária, diz que o loteamento foi aprovado em 1997, bem antes da procuração ter sido anulada, o que ocorreu em E que por isto as vendas seriam sim, válidas. Apoio Nesta briga a Vivacqua conta com o apoio de Luiz Carlos Alvarenga, um advogado que comprou a herança de Hermínia Laskosk e garantiu sua presença na terra com uma decisão judicial. Um quinhão que está dentro das áreas da Vivacqua. Mas o advogado dos dois, João Alexandre de Vasconcelos, diz não haver nenhum tipo de conflito e que os direitos de Alvarenga foram reconhecidos. Foi Alvarenga, segundo o advogado Alexandre, que moveu a ação pedindo a anulação de todas as escrituras do Santa Terezinha. "Isso permitirá retomar os imóveis ", explicou. Outro que não quer ficar de fora dessa briga é Joel da Silva Rabelo. Preso desde 2009 por acusações de crime de estelionato, diz que também comprou parte da herança de Hermínia Laskosk. A filha de Joel, Cleuma dos Santos Rabelo, revelou que a família aguarda a indenização. "Esperamos receber uma bolada". E nem o dono do cartório que registrou o loteamento e todos os imóveis do Santa Terezinha escapou. Rostand Castelo é acusado pela polícia de se favorecer com terra ele tem uma quadra na região para fazer o registro do loteamento. Um processo que partiu de Vantuil. Rostand contesta, assinalando que o loteamento foi registrado por decisão judicial, portanto não houve benefícios e roubos. Futuro Toda essa confusão está nas mãos da Justiça, que vai decidir quem é o dono do Santa

4 Terezinha. O problema é que às vezes ela dá um susto. Que o diga Vantuil. Há duas semanas ele quase teve o seu principal documento cancelado, após o Tribunal de Justiça afirmar que os juízes que assinaram o papel não existiam. Para alívio de Vantuil, eles são tão reais que possuem até fotos na galeria dos ex-presidentes do TJ. Terra roubada: disputa que vale milhões A grilagem urbana nunca esteve tão atual, fazendo vítimas em toda a Grande Vitória 23/06/ h49 - Atualizado em 23/06/ h49 A Gazeta Vilmara Fernandes vfernandes@redegazeta.com.br Um esquema silencioso, com ramificações cuja origem se perde no tempo e que passam por corretoras imobiliárias, cartórios, prefeituras e tribunais, ameaça deixar um rastro de milhares de vítimas. O esquema está montado em cima da grilagem urbana o roubo de terras em várias cidades do Estado e vem inviabilizando e suspendendo investimentos imobiliários. Mas sua consequência mais grave reside nos lares de milhares de pessoas: elas podem ter em mãos escrituras de casas e apartamentos que, apesar de registradas em cartório, não têm valor algum. A GAZETA se dedicou por mais de quatro meses a analisar os processos que envolvem a disputa de áreas que chegam a ter milhões de m2. Nesse caminho, foram encontrados terrenos que mudam de tamanho ou de localização e até a transformação do que era originariamente uma medida de valor financeiro em área imobiliária: um lote que valia 500 réis virou um terreno de 500 m2. E com um agravante: muitas vezes a fraude é legitimada por decisões judiciais. Caminhos A grilagem passa por vários caminhos. Alguns seguem pela falsificação direta de documentos. Há também a vertente que usa as falsificações e fraudes para obter decisões judiciais que deem ar de legalidade à obtenção da terra. A partir daí, dão início à venda dos lotes, com a possibilidade de prejudicar centenas de famílias. O alvo principal são áreas extensas, valorizadas e em municípios em crescimento. Os crimes são praticados por pequenos grupos, em vários pontos do Estado, mas a situação é mais grave na Serra e em Vila Velha. Sócrates de Souza, procurador do Ministério Público Estadual, não tem dúvida: "A Grande Vitória é um celeiro de estelionatários". Na região da Barra do Jucu, por exemplo, é difícil saber quem é dono dos imóveis. Segundo Sócrates, na Serra, o risco de o dono do imóvel perdê-lo por conta de uma decisão judicial se espalha por toda a cidade, mas é maior nos terrenos no litoral. "A pessoa pode, no futuro, perder seu investimento, vítima da fraude", diz. foto: Ricardo Medeiros

5 A área onde está localizado o Aeroporto de Vitória está entre os terrenos que são alvos de disputas judiciais para se comprovar a posse. O problema é que em muitos casos os documentos são antigos e não descrevem com exatidão os limites da área, dando margem a várias interpretações e decisões judiciais Esquema O esquema de grilagem levou o vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Daniel Alves, a se manifestar publicamente. Um anúncio publicado há duas semanas faz um alerta sobre fraudes na venda de terrenos em Jacaraípe. O texto assinado por Daniel Alves destaca que, graças à ação de advogados e à posse de um alvará judicial, pessoas que se dizem herdeiras "sem posse e titularidade" estão vendendo uma área que pertence a ele (Daniel) há 36 anos. E alerta sobre o risco do comprador ser vítima de estelionato. Procurado para falar sobre o assunto, Daniel Alves não se manifestou. Mas revelou que enfrenta disputa igual em áreas de Bicanga e Manguinhos, na Serra. Ele afirma ter documentos que atestam que os terrenos lhe pertencem. Mesmo assim, pessoas que dizem ser herdeiras questionam a propriedade na Justiça. Há quatro anos o Creci denunciou ao Ministério Público que grileiros agiam na Serra. O documento relata que, por conta dessas práticas, quase três mil moradores da região de Laranjeiras tiveram a escritura de suas propriedades anuladas, mesmo já estando registradas em cartório. Tudo graças a uma decisão obtida na Justiça por Joel da Silva Rabelo, nome frequente nos processos de grilagem. Ex-corretor de imóveis, Joel está preso desde 2009 por estelionato. Na ocasião, ele se apresentou como herdeiro da área onde os quase 3 mil imóveis foram vendidos. A denúncia do Creci gerou uma investigação, ainda não concluída. Joel e sua imobiliária, a Canaã, tiveram as inscrições junto ao Creci canceladas em Ele ficou impedido de atuar no mercado, mas sua filha, não: Cleuma dos Santos Rabelo assumiu os negócios da família. Há três semanas, ela foi flagrada pela nossa reportagem vendendo terras de origem questionável, em loteamentos clandestinos.

6 Clique na imagem para ampliar Cenário Um esquema desse gênero não existiria sem alguma colaboração de órgãos oficiais. Um inquérito policial iniciado em 2008 e ainda não concluído investiga a ação dos grileiros urbanos em Vila Velha. Mais de 70 suspeitos foram elencados, dentre eles, funcionários de prefeituras, cartórios, advogados, parlamentares e até juízes. "Constatei o envolvimento de pessoas de todos os poderes nas fraudes", informou o procurador Sócrates. Ele comunicou o fato às corregedorias de todos os poderes. Como o inquérito ainda está em andamento, os delegados que investigam o caso não deram mais informações sobre os suspeitos. Especialistas A grilagem conta ainda com um caminho mais elaborado, que visa áreas maiores. Os grileiros lançam mão de supostas heranças por intermédio dos chamados formais de partilha documento que divide os bens deixados por uma pessoa falecida. Para isso, contam com a precariedade de papéis feitos no século passado: eles dão uma descrição vaga do bem herdado, não informam a localização, seus limites ou metragem, de tal forma que possibilitam uma série de fraudes. Nos processos, há relatos de áreas que aumentam de tamanho, de terrenos que mudam de lugar e até da utilização de um mesmo formal de partilha em vários municípios. Com este documento, os grileiros obtém decisões favoráveis (mas temporárias) na Justiça. E dão início à venda de áreas ou dos direitos supostamente herdados. Nos casos em que imóveis já foram ocupados com a construção de um prédio de apartamentos, por exemplo, os grileiros passam a brigar por indenizações. Diante de tantos documentos antigos, fraudes e irregularidades, fica difícil reconhecer quem de fato tem direito. E mais: fica difícil saber se houve erro nas decisões judiciais. "O Judiciário pode ter sido induzido a erro na elaboração de suas decisões", pondera Sócrates. Instabilidade As disputas têm causado instabilidade no mercado imobiliário, pontua Artênio Merçon, advogado de empresas que foram alvo de ações. Ele relata que as empresas conferem os títulos antes da comprar o imóvel, mas, quando decidem utilizá-lo, são surpreendidas por pessoas que se apresentam como proprietários e tem início a disputa judicial. "É uma preocupação para o investidor que precisa confiar nos registros", pontua. Do outro lado estão advogados como Marcinéa Freitas, que defende herdeiros em Vitória e Serra. Ela afirma que nem todos são golpistas e que seus direitos não podem ser negados. "Nossos documentos são incontestáveis", diz. Os dois estão em lados opostos em ações que envolvem áreas do Aeroporto de Vitória e Cidade Continental, na Serra. Juntas, as indenizações superam meio bilhão de reais.

7 Impunidade Todos esses casos fazem parte das dezenas de processos que se acumulam nas prateleiras da Justiça e da Delegacia de Defraudações em tramitações e investigações lentas, que varam anos, décadas. Uma situação que acaba reforçando este tipo de crime e estimulando a impunidade. Mulher vende loteamento que não existe Ela se apresenta como corretora e oferece terrenos em áreas irregulares 23/06/ h42 - Atualizado em 23/06/ h42 A Gazeta Vilmara Fernandes vfernandes@redegazeta.com.br Para constatar a venda irregular de áreas no Estado propiciadas por heranças suspeitas há três semanas uma equipe da Rede Gazeta simulou a compra de dois terrenos. O flagrante revelou que, apesar das garantias oferecidas, os imóveis estão em loteamentos clandestinos. Portanto não existem legalmente, e até a sua venda pode ser criminosa. Uma das propriedades está localizada no loteamento Vila Nova, em Campo Grande, Cariacica. São três lotes que totalizam 900 m2, oferecidos por R$ 120 mil. O outro, de 300 m2, fica no loteamento Universitário, no bairro São Pedro, Vitória, e foi negociado por R$ 135 mil. foto: Ricardo Medeiros Uma das propriedades está localizada no loteamento Vila Nova, em Campo Grande, Cariacica As ilegalidades 1 - Irregulares O primeiro passo para garantir a regularização de um loteamento é a aprovação do projeto junto à prefeitura, como estabelece a Lei de Parcelamento do solo Urbano. Depois é preciso registrá-lo no Cartório de Imóveis. Isso não ocorreu com as propriedades oferecidas para a

8 equipe da Rede Gazeta. 2 - Não existe Se o loteamento não estiver no Registro Geral de Imóveis, os lotes não existem individualmente. Quando isso acontece, não é possível registrar a escritura em nome do novo proprietário. Sem este documento, não há garantias de posse da área. Quem compra um lote nestas condições não é, para a lei, reconhecido como proprietário. 3 - Contrato Nos casos de loteamentos clandestinos é proibido até a venda por intermédio dos "contratos de compra e venda". E mais, não se pode nem fazer propaganda das áreas ou mesmo reserva de lotes. 4 - Crime Vender lotes de áreas clandestinas é considerado crime pela Lei de Parcelamento do Solo Urbano. A punição para estes casos é de prisão de um a cinco anos. Negociação A venda dos terrenos foi intermediada por Cleuma dos Santos Rabelo (a filha de Joel da Silva Rabelo, preso por estelionato). Ela garantiu que a transação seria segura. No entanto, admitiu que não é possível fazer o registro do imóvel em cartório, mas não explicou o motivo. "Você vai receber o contrato de compra e venda e vai passar o imóvel para o seu nome na prefeitura", disse. Bem, o motivo é simples, dizem as prefeituras de Cariacica e de Vitória: os dois loteamentos são irregulares. A imobiliária que os comercializou, a Canaã, nunca fez o registro deles nos municípios. Sem isso, os lotes não existem individualmente e não podem ser vendidos. É o que está previsto na Lei de Parcelamento do Solo Urbano, explica Davi Ribeiro, especialista em Direito Imobiliário. Quem vende terra nestas condições, acrescenta, está cometendo crime, segundo a mesma legislação. Só se pode vender terras que estejam presentes no Registro Geral de Imóveis. "Sem este registro está se comercializando o que não existe", explica. A punição para estes casos é de prisão de um a cinco anos. Ilegalidade O problema fica ainda mais grave diante das informações do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Cleuma não é corretora. A imobiliária que representa, a Canaã, teve sua inscrição cassada em 2000, assim como seu proprietário, Joel da Silva Rabelo, o que os impede de atuar no mercado. O ex-corretor está preso desde 2009 por crimes de estelionato. De acordo com denúncias feitas pelo Creci ao Ministério Público Estadual, Joel estaria envolvido em diversas comercializações irregulares em Vila Velha, Vitória e na Serra, das quais alega ser herdeiro. Neste último município quase três mil pessoas tiveram anuladas as escrituras de seus imóveis, já registradas em cartório, após Joel ter obtido uma decisão na Justiça. Ele se apresentou como herdeiro da área onde as casas foram construídas. Por motivos semelhantes ele foi indiciado em outros inquéritos policiais. Herança As terras onde estão localizados os imóveis que seriam vendidos para a Rede Gazeta, segundo Cleuma, fazem parte de várias propriedades herdadas de seu avô, Egydio Rabelo. Ele possuía terras em Viana, Cariacica, Vila Velha, Serra e Vitória. Uma delas, na Capital, faz parte das disputas que envolvem a desapropriação da área do aeroporto. "Lá está todo mundo esperando receber uma bolada", contou Cleuma. O curioso é que, em um depoimento prestado à polícia, em 2008, a própria Cleuma alegou que seu avô, Egydio Rabelo, "era um homem humilde, que vivia como pastor, sem posses". E mais: que só após a sua morte, quando seu pai e tios foram fazer o inventário, é que suas supostas

9 terras apareceram. Resposta Após a tentativa de compra, Cleuma não quis gravar entrevista. Em conversa com a reportagem, disse que só faz a intermediação de terrenos de outras pessoas, mas não atua como corretora. Acrescentou que a Imobiliária Canaã só está atuando para ajudar os proprietários de milhares de imóveis já vendidos, alguns em bairros pobres, nas transações junto às prefeituras. O advogado Ricardo Gomes, que defende Joel da Silva Rabelo, disse que ele não é criminoso, mas vítima de um grande esquema de grilagem.