RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO BOLSISTA 2014 Escola Municipal José Calazans Brandão da Silva

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA Avenida Araújo Pinho, 265 Canela - CEP Salvador-Bahia Tel: (071) Fax: (071) Cel: (071) RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO BOLSISTA 2014 Escola Municipal José Calazans Brandão da Silva 1. Identificação do Plano Título do Plano: Arte Fora dos Muros da Escola Pública: educando o olhar. Supervisor (a): Juliana Fernandez Castro Coordenador (a): Virgínia Maria Suzart Rocha Subprojeto: Arte / Dança Período do Plano: Agosto / 2014 à Novembro / Identificação do Bolsista Nome: Daniele de Carvalho Santos Lattes: dani_graviola@hotmail.com Telefones: / / Atividades Desenvolvidas Início - término Atividades (incluir referência à Ação do Subprojeto relacionado com cada atividade) Geral Setembro /2014 à Novembro /2014 Obs.: Setembro foi o mês em que iniciei o estágio do Pibid / Dança. Reuniões com coordenação, supervisão e bolsistas do Pibid / Dança / Ufba. Familiarização com demais membros da equipe de bolsistas atuantes na Escola Municipal José Calazans; demais bolsistas do Pibid / Dança; Supervisora; Coordenadora e as rotinas do projeto de iniciação à licenciatura. Visita à escola, 8horas semanais. Diagnóstico. Observação das rotinas, do trabalho já desenvolvido por supervisora e demais bolsistas; assuntos abordados, pesquisas e leitura referente a esses assuntos; observação da metodologia utilizada para abordagens de conteúdo. Elaboração de aula nos moldes observados, sobre temática proposta: qualidades do movimento, peso. Atenção às problemáticas que aparecem no dia-a-dia e como abordá-las: questões de gêneros e preconceito surgidos durante apreciação de vídeos; hip hop entendida como dança popular brasileira pelos alunos; resistência dos alunos à participação nas aulas; como lidar com alunos indiciplinados ou dispersos sem se utilizar de ferramentas defasadas e desgastantes como gritar, retirar o aluno da sala, ameaçar levar para diretoria (o que ocorre ou deve ocorrer caso ele seja levado para esse lugar?); perceber os motivos que levam à dispersão/ desinteresse e elaborar estratégias a partir desses pontos, tentar minimizar os danos ao restante da turma e à relação professor / aluno. Acrescentando-se à isso a relação professor / aluno

2 especial, como lidar com a pseudo inclusão social, proposta imposta pela política vigente em colégios públicos; impactos sobre aprendizagem desse aluno e de seus colegas. Início de produção coreográfica em duas turmas (2º ano matutino e vespertino). Tempo e ritmo. Mês de outubro. Pesquisas e leitura referente a: elementos da dança (Dança Educação Princípios, Métodos e Técnicas, de Dionísia Nanni) e uma questão observada durante o mês de setembro para começar a compreender a relação dos estudantes com o Hip hop e o que seria a própria cultura, como isso aparece em seus corpos (Corpo e Comunicação: Sintoma da Cultura, de Lucia Santaella). Elaboração de aula nos moldes observados, sobre temática proposta: qualidades do movimento, tempo e ritmo. Noções de ritmo a partir da música e de vídeos de dança. Final de setembro e outubro. Participação do VII Seminário PIBID UFBA: Ressignificar a Formação Docente, de 13 à 15 de Outubro de 2014: apresentação e participação de oficinas temáticas (apresentação de trabalhos), rodas de conversa e laboratório. Reflexão sobre estrutura do PIBID em reunião com bolsistas de diversas áreas: problemas comuns e soluções. Continuidade do desenvolvimento da mostra de dança do colégio. Ensaios e ajustes das coreografias. Mês de novembro e continua em dezembro. Tentativas de aproximação dos estudantes com a Escola de Dança da Ufba, primeiro como público e depois como artistas. Meses de outubro (semana da criança, apreciação de obras), mês de novembro (tentativa de levar a mostra dos estudantes do colégio à Ufba). Planos para o próximo ano letivo, se organizar melhor para que possamos fazer essa aproximação. Elaboração e entrega do relatório parcial ; Elaboração e entrega do Plano de atividades do bolsista para Resultados e Impactos alcançados/observados na escola Considero três meses tempo insuficiente para perceber esse tipo de impacto, para perceber esses resultados. Não tenho como comparar o que era o colégio e os estudantes antes do início dos trabalhos, com os mesmo nesse encerramento. Nesse caso, acredito que o impacto mais marcante tenha sido sobre mim, sobre meus conceitos, minha visão de mundo, nas minhas expectativas enquanto bolsista de licenciatura em dança. Antes eu imaginava, e agora senti a dificuldade que é trabalhar com a precariedade, algo que os professores de escolas públicas brasileiras são obrigados a conviver ao longo da carreira. Vi o quanto isso está enraizado até na formação do professor de dança, inclusive dentro do Pibid de dança em gestos mínimos no dia a dia. Só para dar um exemplo: um colega desabafou sobre a precariedade (essa palavra está me interessando bastante ultimamente, enquanto artista, estudante e bolsista) que enfrenta para dar aula, falou sobre o aparelho de som quebrado e ouviu como resposta, de alguém que considero estar a anosluz em nossa frente enquanto docente, que ele tinha que saber dar aula sem som. Entendi que quis incentivá-lo a ter uma postura ativa, a lidar com as adversidades, mas, ao mesmo tempo, senti medo por ver esse lugar sendo reforçado. O lugar do jeito brasileiro, do

3 jogo de cintura do brasileiro, dessa gente que sorri apesar de tudo (pobreza, desigualdade), desse povo batalhador que luta, luta e luta mas não sai do lugar por não perceber que existe toda uma estrutura para mantê-lo ocupado nessa luta vã, enquanto outros poucos desfrutam de uma vida confortável e cheia de possibilidades. Outro resultado marcante foi um desejo imenso que surgiu de interferir nesses hábitos onde e sempre que notar o reforço dessas ideias que nos mantém presos. Eu não grito com aluno, eu lhes dou responsabilidades, apontado neles as qualidades que espero ver crescer. Preciso que saibam que são inteligentes, que sabem falar, que possuem opiniões, que tem consciência de que quando estão atrapalhando a aula e se perguntem porque fazem isso. Preciso que sintam orgulho do próprio trabalho e isso está acontecendo com o desenvolvimento da mostra de dança. Fiquei responsável, juntamente com Lorena Lisboa (também bolsista do pibiddança), por desenvolvermos a coreografia dos segundo ano matutino e vespertino. Tive um pouco de dificuldade porque esse tema tinha sido abordado no período anterior à minha entrada no Pibid. Busquei informações com a supervisora e demais bolsistas, observei durante as aulas como esse tema era retomado, pesquisei em livros e vídeos. Inicialmente tentei usar meus conhecimentos em música para falar sobre ritmo, minha colega pretendia desenvolver a coreografia com palmas e produção de sons, e achei que esse caminho seria ideal. Porém a turma é muito numerosa e, ainda que muitos estivessem interessados, curiosos, não foi possível levar esse modo à diante. Mas eles responderam muito bem, criaram células rítmicas bastante complexas com palmas e vi que não era necessário no momento que eles entendessem ritmo através dessa linguagem, esse conhecimento já aparecia quando estavam dançando, quando estavam produzindo sons com o corpo. Algo que considero bastante complicado por exigir sincronia, percepção apurada (não se deixar levar pelo som que o outro colega está produzindo para se concentrar no próprio, por exemplo). Foi uma longa jornada do início dessa produção até concluir a coreografia e eles sentiram orgulho do próprio trabalho, ao ponto de pedir em uníssono para ensaiar novamente e novamente. Fiquei muito feliz com isso justamente pela grande dificuldade que foi reuni-los sob essa mesma ideia de produção. Percebi outras pequenas mudanças nas questões de gênero por exemplo. Antes resistiam mais à se misturar, hoje, pelo menos durante as aulas e experimentação das propostas, não se separam mais em dois grupos, o dos meninos e o das meninas. Ainda precisa melhorar e continuaremos trabalhando propostas em que precisem interagir. Outro fator foi o preconceito, que apareceu quando assistiam um vídeo sobre frevo (turmas a partir do segundo ano principalmente). Acharam que o dançarino era gay por causa das roupas, do jeito dele dançar, riam dele e, mesmo que tivéssemos conversado sobre o assunto no mesmo momento, fiquei com vontade de retomar a situação e provocalos um pouco. Sabia, e podia ver, que gostavam muito de hip-hop e muitas das movimentações podem ser observadas em outras danças. Usei a dança do ventre nesse caso. Ainda nesse molde de assistir o vídeo e depois tentar reproduzir os movimentos, experimentá-los. Primeiro para atrair a atenção das meninas, que resistiam a participar das aulas, a dançar, e para provocar os meninos que foram os que mais se manifestaram de forma preconceituosa no dia do frevo. O resultado foi maravilhoso, os meninos ensaiaram dizer que não iam fazer, porque era coisa de menina, dança de menina e aí argumentei que aqueles movimentos também estavam presentes no hip-hop e que muitos dançarinos de hip-hop faziam algumas aulas de dança do ventre para aprenderem. Antes mesmo que as meninas tivessem coragem de ir à frente experimentar, um menino começou a dançar, e dançou a música inteira sem o menor problema, sem risos de escarnio mas de graça mesmo. 5. Dificuldades encontradas / causas e procedimentos para superá-

4 las No mês de minha inserção no projeto houve a mobilização de todos os participantes para a realização do VII Seminário PIBID UFBA: Ressignificar a Formação Docente. Além de outros trabalhos já em andamento, com leituras já trabalhadas, enfim, as dificuldades comuns que encontramos ao nos inserir em trabalhos já em andamento. Com o apoio da supervisora, coordenadora e dos outros bolsistas de minha equipe essa inserção está sendo mais suave e já tenho ideias para serem trabalhadas retomando os conteúdos já abordados e ao mesmo tempo trazendo novas informações para além da dança (multidiciplinar). Sobre a relação professor / estudante com necessidades especiais ainda não tenho bagagem pedagógica para lidar com isso, e nem sei se o curso de licenciatura é habilitado para isso (problema vivido por bolsistas de todas as áreas do pibid). Sobre o portfólio, criei uma conta no Gmail para o armazenamento de fotos e vídeos já está em uso (), mas ainda é difícil lidar com essa imensa quantidade de informação. Primeiro porque desconfio que não permitida por lei a exposição dessas imagens (não encontrei a lei que regulamenta isso) e depois pela quantidade de dados. Se o objetivo for provar que estamos atuando na instituição, mostrar que estamos no colégio, acho inútil. Se o objetivo for avaliarmos nossa atuação, usarmos para estudo e planejamento de atividades futuras então já estou fazendo isso. O que não posso é divulgar essas imagens no youtube, no moodle, nesse relatório ou em qualquer outro meio público e comprometer minha vida profissional, sou uma docente em formação e, antes disso, sou uma comunicóloga formada. Preciso de um posicionamento mais claro sobre isso, de uma autorização formal da escola, dos pais dos alunos e da Ufba. Ainda não tive tempo para tratar esse assunto com a seriedade devida, e os outros bolsistas parecem não se incomodar com esse problema. Mesmo assim a coordenação e supervisão do Pibid / dança cobram a inclusão dessas imagens em nossos relatórios e no moodle. Então me sinto obrigada a incluí-las aqui. Espero, realmente, que não gere um problema sério no futuro. 6. Produtos gerados com o desenvolvimento das atividades

5 - Apresentação do trabalho no VII seminário Pibid Ufba; - Banco de dados de imagem e vídeo do grupo Pibid Ufba Calazans (para uso interno); - Mostra de dança das turmas (ainda em andamento). Coreografias estão prontas. Apresentação marcada para o dia 17/12/ Início do planejamento para o próximo ano letivo. Experimentando o peso: Experimentando ritmo e o tempo / coreografia:

6 7. Considerações sobre o cumprimento dos objetivos (gerais e específicos) Satisfatório. Foram três meses bastante produtivos. E, como havia dito, não tenho como avaliar o cumprimento dos objetivos gerais. Tenho como avaliar os meus. Basicamente o meu objetivo foi me inserir no grupo, fazer um diagnóstico das turmas (escola, aulas de dança), e traçar um plano para o próximo ano. Conclui todos esses pontos e já tenho como contribuir com a construção do planejamento geral do próximo ano letivo. 8. Referências bibliográficas utilizadas Nanni, Dionísia. Dança Educação Princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro: 5ª edição: Sprint, Salvador, 04 de dezembro de 2014 Local e data Assinatura do bolsista Assinatura do Coordenador de Área