Newsletter n. 60 junho/2014

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1 Newsletter n. 60 junho/2014 Destaques desta edição PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Equacionamento de déficits de planos de benefícios operados pelas EFPC: alguns comentários sobre as alterações e tabela comparativa... Punições da PREVIC: agora, exclusivas penalizações aos Administradores Estatutários Tecnicamente Qualificados - AETQ JURISPRUDÊNCIA Superior Tribunal de Justiça... 3

2 BCCS Newsletter n. 60 junho/2014 Previdência Complementar Equacionamento de déficits de planos de benefícios operados pelas EFPC: alguns comentários sobre as alterações e tabela comparativa. Flavio Martins Rodrigues * Andrea Neubarth Corrêa ** No mês de abril, foi publicada a Resolução do Conselho Nacional de Previdência Complementar n 14, de ( Resolução CNPC 14/2014 ), com alterações na Resolução, que dispõe sobre as condições e procedimentos para apuração dos resultados dos planos de benefícios (Resolução CGPC n 26, de ). Mais especificamente, essas alterações estão relacionadas ao Capítulo que cuida do equacionamento de déficit. Assim, dentro do nosso permanente esforço em oferecer aos nossos leitores uma análise jurídica das regras que impactam as EFPC, dentre as novas regras, destacamos o seguinte: a) a necessária aprovação do plano de equacionamento de déficits, pelas instâncias de decisão da EFPC (art. 28, caput). Anteriormente, a referência era somente para elaboração ; b) o equacionamento compulsório toma em consideração as parcelas das provisões matemáticas que adotam a modalidade de benefício definido, independente da nomenclatura adotada no plano como um todo (art. 28, 5 ). Ou seja, planos CD ou CV poderão ser chamados a equacionar déficits nas suas eventuais parcelas BD; c) no estabelecimento da proporção contributiva, toma-se como parâmetro as contribuições vigentes, independente de estarem sendo efetivamente vertidas (como previa a redação anterior art. 29, caput); d) o art. 29, em seus 1 e 2, reproduz regras que originalmente eram aplicáveis apenas à destinação dos resultados superavitários (conforme previstas no art. 16 e 1 do art. 15, respectivamente). Estabeleceu-se um critério de repartição de custos para os participantes ativos e assistidos; 1

3 BCCS Newsletter n. 60 junho/2014 e) o plano de equacionamento deverá ser aplicado a partir do exercício subsequente ao de sua aprovação (art. 30, 5 ); e f) finalmente, há regra especial para os resultados apurados no exercício de 2013, majorando de 10% para 15% o limite máximo de déficit para a elaboração compulsória do plano para equacionamento de déficit (art. 32-A), o que confirma um ano excepcionalmente difícil e posterga incrementos contributivos. Feitas essas considerações pontuais, oferecemos um quadro comparativo, com a redação anterior e a atual da Resolução CGPC 26/2008, destacando as alterações da Resolução CNPC 14/2014, que integra a presente publicação como anexo. * Flavio Martins Rodrigues é sócio BCCS (frodrigues@bocater.com.br). ** Andrea Neubarth Corrêa é advogada de BCCS (acorrea@bocater.com.br). Punições da PREVIC: agora, exclusivas penalizações aos Administradores Estatutários Tecnicamente Qualificados - AETQ. Flavio Martins Rodrigues * Matheus Corredato Rossi ** Em nossa última Newsletter, tratamos das penalizações coletivas feitas pela PREVIC, i.e., autuações que incidiam sobre um grupo expressivo de dirigentes e técnicos das entidades fechadas de previdência complementar ( EFPC ). Em passado recente, os autos de infração eram destinados a todos os diretores, alguns gerentes e outros agentes que, de alguma forma, participavam do processo de investimento da EFPC. Nesse último mês, tivemos ciência de quase uma dezena de autos de infração, todos voltados, exclusivamente, para o Administrador Estatutário Tecnicamente Qualificado - AETQ. De fato, o AETQ possui uma posição destacada pelo art. 35, 5º da Lei Complementar nº 109/2001. Contudo, nos parece necessário que a Fiscalização 2

4 BCCS Newsletter n. 60 junho/2014 da PREVIC atente para a governança da entidade e aponte, no caso concreto de cada investimento dito irregular, como ocorreu o processo de investimento e, por conseguinte, fixe a definição do(s) agente(s) responsável(is) (a teor do contido no art. 65, 1º da LC 109/2001). Em todos os casos que examinamos, o processo de investimento da EFPC foi objeto de severas críticas de parte das autoridades fiscais da PREVIC. Esse elemento faz permanecer nossas advertências anteriores com relação aos cuidados necessários clareza de competências, existência de algum nível de formalização, estudos prévios, mecanismos de monitoramento posterior, etc. na instituição e rotina do processo de investimento de cada entidade. Parece-nos que a fiscalização da PREVIC permanecerá com foco na área de investimentos, sendo necessário que todos os envolvidos, sobretudo o AETQ, tenham a capacidade de demonstrar para a Fiscalização a existência de um consistente processo de investimento para defender a sua atuação. * Flavio Martins Rodrigues é sócio BCCS (frodrigues@bocater.com.br). ** Matheus Corredato Rossi é sócio de BCCS (mrossi@bocater.com.br). Jurisprudência Superior Tribunal de Justiça DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO DO PLANO. NOVAÇÃO SUI GENERIS. EFEITOS SOBRE TERCEIROS COOBRIGADOS. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DAS GARANTIAS. ARTS. 49, 1º E 59, CAPUT, DA LEI N /2005. A novação prevista na lei civil é bem diversa daquela disciplinada na Lei n /2005. Se a novação civil faz, como regra, extinguir as garantias da dívida, inclusive as reais prestadas por terceiros estranhos ao pacto (art. 364 do Código Civil), a novação decorrente do plano de recuperação traz como regra, ao reverso, a manutenção das garantias (art. 59, caput, da Lei n /2005), sobretudo as reais, as quais só serão suprimidas ou substituídas "mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia", por ocasião da alienação do bem gravado (art. 50, 1º). Assim, o plano de recuperação judicial opera uma novação sui generis e sempre sujeita a uma condição resolutiva, que 3

5 BCCS Newsletter n. 60 junho/2014 é o eventual descumprimento do que ficou acertado no plano (art. 61, 2º, da Lei n /2005). Portanto, muito embora o plano de recuperação judicial opere novação das dívidas a ele submetidas, as garantias reais ou fidejussórias, de regra, são preservadas, circunstância que possibilita ao credor exercer seus direitos contra terceiros garantidores e impõe a manutenção das ações e execuções aforadas em face de fiadores, avalistas ou coobrigados em geral. Deveras, não haveria lógica no sistema se a conservação dos direitos e privilégios dos credores contra coobrigados, fiadores e obrigados de regresso (art. 49, 1º, da Lei n /2005) dissesse respeito apenas ao interregno temporal que medeia o deferimento da recuperação e a aprovação do plano, cessando tais direitos após a concessão definitiva com a homologação judicial. Recurso especial não provido. (REsp RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/04/2014 e publicado no DJe de 05/05/2014) Jurisprudência!"#$%# &'!" ()(*& $ +*, -.( - %!"## &'!"## --/( % 0- % ( )(4-( 45 6& 77%!$"$%8 $#8#8 77 4

6 RESOLUÇÃO MPS/CGPC Nº 26, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008 Dispõe sobre as condições e os procedimentos a serem observados pelas entidades fechadas de previdência complementar na apuração do resultado, na destinação e utilização de superávit e no equacionamento de déficit dos planos de benefícios de caráter previdenciário que administram, e dá outras providências. Redação anterior (com as alterações incluídas pela Resolução CNPC 13, de ) Redação atual (com alterações da Resolução CNPC 14, ) TÍTULO IV DO EQUACIONAMENTO DE DÉFICIT CAPÍTULO I DAS CONDIÇÕES PARA EQUACIONAMENTO DE DÉFICIT TÍTULO IV DO EQUACIONAMENTO DE DÉFICIT CAPÍTULO I DAS CONDIÇÕES PARA EQUACIONAMENTO DE DÉFICIT Art. 28. Observadas as informações constantes em estudo específico da situação econômico-financeira e atuarial acerca das causas do déficit técnico, deverá ser elaborado o plano de equacionamento de déficit, obedecendo aos seguintes prazos contados a partir do encerramento do exercício social que apurou o resultado deficitário: I - até o final do exercício subsequente, se o déficit técnico acumulado for superior a dez por cento das provisões matemáticas; II - até o final do exercício subsequente ao da apuração do terceiro resultado deficitário anual consecutivo, se o déficit técnico acumulado for igual ou inferior a dez por cento das provisões matemáticas. III - haja estudos que concluam que o fluxo financeiro é suficiente para honrar os compromissos do exercício subseqüente. 1º Nos casos previstos nos incisos I e II, é necessária a formalização de estudos que concluam que o fluxo financeiro do plano é suficiente para honrar os compromissos no período. 2º Caberá ao Conselho Deliberativo da entidade fechada aprovar o plano de equacionamento de déficit, observado, quando for o caso, o disposto no parágrafo único do art. 4º da Lei Complementar nº 108, de 29 de maio de º Aplica-se o disposto no inciso I ao resultado deficitário acumulado apurado ao final de cada exercício social que ultrapassar o percentual de dez por cento das provisões matemáticas. 4º O plano de equacionamento de déficit aprovado deverá ser disponibilizado aos participantes, assistidos e patrocinadores e ao órgão fiscalizador. Art. 28. Observadas as informações constantes em estudo específico da situação econômico-financeira e atuarial acerca das causas do déficit técnico, deverá ser elaborado e aprovado o plano de equacionamento de déficit, obedecendo aos seguintes prazos contados a partir do encerramento do exercício social que apurou o resultado deficitário: I - até o final do exercício subsequente, se o déficit técnico acumulado for superior a dez por cento das provisões matemáticas; II - até o final do exercício subsequente ao da apuração do terceiro resultado deficitário anual consecutivo, se o déficit técnico acumulado for igual ou inferior a dez por cento das provisões matemáticas. III - haja estudos que concluam que o fluxo financeiro é suficiente para honrar os compromissos do exercício subseqüente. 1º Nos casos previstos nos incisos I e II, é necessária a formalização de estudos que concluam que o fluxo financeiro do plano é suficiente para honrar os compromissos no período. 2º Caberá ao Conselho Deliberativo da entidade fechada aprovar o plano de equacionamento de déficit, observado, quando for o caso, o disposto no parágrafo único do art. 4º da Lei Complementar nº 108, de 29 de maio de º Aplica-se o disposto no inciso I ao resultado deficitário acumulado apurado ao final de cada exercício social que ultrapassar o percentual de dez por cento das provisões matemáticas. 4º O plano de equacionamento de déficit aprovado deverá ser disponibilizado aos participantes, assistidos e patrocinadores e ao órgão fiscalizador. 1

7 5º As provisões matemáticas de que tratam os incisos I e II referem-se às parcelas dos planos estruturadas sob a forma de benefício definido, independentemente da modalidade que o plano de benefícios esteja estruturado. CAPÍTULO II DA PROPORÇÃO CONTRIBUTIVA Art. 29. O resultado deficitário apurado no plano de benefícios deverá ser equacionado por participantes, assistidos e patrocinadores, observada a proporção quanto às contribuições normais vertidas no exercício em que apurado aquele resultado, sem prejuízo de ação regressiva contra dirigentes ou terceiros que tenham dado causa a dano ou prejuízo ao plano de benefícios administrado pela EFPC. CAPÍTULO II DA PROPORÇÃO CONTRIBUTIVA Art.29. O resultado deficitário apurado no plano de benefícios deverá ser equacionado por participantes, assistidos e patrocinadores, observada a proporção contributiva em relação às contribuições normais vigentes no período em que for apurado o resultado, estabelecendo-se os montantes de cobertura atribuíveis aos patrocinadores, de um lado, e aos participantes e assistidos, de outro, sem prejuízo de ação regressiva contra dirigentes ou terceiros que tenham dado causa a dano ou prejuízo ao plano de benefícios administrado pela EFPC. 1º O equacionamento do resultado deficitário pelos participantes e assistidos, relativamente ao montante que lhes couber na divisão de que trata o caput deste artigo, deverá se dar considerando a reserva matemática individual ou o benefício efetivo ou projetado atribuível a cada um deles. 2º Na hipótese de não ter havido contribuições no período em que for apurado o resultado deficitário, deverá ser considerada a proporção contributiva adotada, pelo menos, nos três exercícios que antecederam a formação do resultado, observada como limite temporal a data de 29 de maio de Parágrafo único. Em relação aos planos de benefícios que não estejam sujeitos à disciplina da Lei Complementar nº 108, de 2001, o resultado deficitário poderá ser equacionado pelos patrocinadores, de forma exclusiva ou majoritária, sem a observância da proporção contributiva de que trata o caput. 3º Em relação aos planos de benefícios que não estejam sujeitos à disciplina da Lei Complementar nº 108, de 2001, o resultado deficitário poderá ser equacionado pelos patrocinadores, de forma exclusiva ou majoritária, sem a observância da proporção contributiva de que trata o caput, desde que a opção adotada não resulte em ônus adicionais ou prejuízos aos participantes. CAPÍTULO III DAS FORMAS DE REVISÃO DO PLANO DE BENEFÍCIOS Art. 30. Observado o disposto nesta Resolução e nas demais normas estabelecidas pelo órgão regulador, o equacionamento referido no art. 28 poderá ser feito por meio das seguintes formas: I - aumento do valor das contribuições; II - instituição de contribuição adicional; CAPÍTULO III DAS FORMAS DE EQUACIONAMENTO DO DÉFICIT DO PLANO DE BENEFÍCIOS Art.30. Observado o disposto nesta Resolução e nas demais normas estabelecidas pelo órgão regulador, o plano de equacionamento referido no art. 28 poderá contemplar, dentre outras, as seguintes formas, de maneira individual ou combinada: I - aumento do valor das contribuições; II - instituição de contribuição adicional; 2

8 III - redução do valor dos benefícios a conceder; ou IV - outras formas estipuladas no regulamento do plano de benefícios. 1º A redução do valor dos benefícios não se aplica aos assistidos, sendo cabível, neste caso, a instituição de contribuição extraordinária para a cobertura do déficit apurado. III - redução do valor dos benefícios a conceder; IV - outras formas estipuladas no regulamento do plano de benefícios. 1º A redução do valor dos benefícios não se aplica aos assistidos, sendo cabível, neste caso, a instituição de contribuição extraordinária para a cobertura do déficit apurado. 2º A EFPC deverá comprovar, anualmente, se os resultados propostos no plano de equacionamento de déficit estão sendo efetivados, cabendo, em caso contrário, a adequação do referido plano de acordo com o disposto no 2º do artigo 28. 3º Registrado o equilíbrio atuarial do plano de benefícios antes do prazo estabelecido para equacionamento do déficit, deverá ser avaliada a necessidade de revisão do plano de custeio e de suspensão do plano para equacionamento do déficit com vistas à desoneração das partes quanto ao pagamento das contribuições futuras estabelecidas para essa finalidade, a partir do exercício subsequente. 2º Na hipótese de retorno à EFPC dos recursos equivalentes ao déficit previsto no caput deste artigo, em conseqüência de apuração de responsabilidade mediante ação judicial ou administrativa, os respectivos valores deverão ser incorporados aos recursos garantidores do plano de benefícios, observando-se, para a revisão do plano, os procedimentos previstos nesta Resolução. 4º Na hipótese de retorno à EFPC dos recursos equivalentes ao déficit previsto no caput deste artigo, em consequência de apuração de responsabilidade mediante ação judicial ou administrativa, os respectivos valores deverão ser incorporados aos recursos garantidores do plano de benefícios, observando-se, para a revisão do plano, os procedimentos previstos nesta Resolução. 5º O plano para equacionamento de déficit técnico acumulado deverá ser aplicado a partir do exercício subsequente ao de sua aprovação, e o prazo para seu cumprimento poderá ser compatível com aquele previsto para a liquidação dos compromissos abrangidos pelo passivo atuarial do respectivo plano de benefícios, observadas como parâmetro as regras dispostas nos itens 10 e 11 do Regulamento Anexo à Resolução CGPC nº 18, de 28 de março de TÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS Art. 32. O disposto no art. 18 não se aplica ao exercício de 2008 quando a destinação da reserva especial tiver sido estabelecida antes da data da publicação desta Resolução. TÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS Art. 32. O disposto no art. 18 não se aplica ao exercício de 2008 quando a destinação da reserva especial tiver sido estabelecida antes da data da publicação desta Resolução. Art.32-A. Exclusivamente para o exercício de 2013, admitir-se-á, mediante decisão fundamentada do Conselho Deliberativo da EFPC, seja observado o percentual de quinze por cento, em substituição àquele estabelecido nos incisos I e II do caput do art