Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Faculdade de Economia e Administração Renato de Medeiros Tranchesi

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1 Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Faculdade de Economia e Administração Renato de Medeiros Tranchesi O Que Análise de Processos Pode nos Dizer sobre o Tráfico de Drogas no Brasil? São Paulo 2014

2 1 Renato de Medeiros Tranchesi O Que Análise de Processos Pode nos Dizer sobre o Tráfico de Drogas no Brasil? Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientadora: Prof. ª Dra. Luciana L. Yeung Insper São Paulo 2014

3 2 Renato de Medeiros Tranchesi O Que Análise de Processos Pode nos Dizer sobre o Tráfico de Drogas no Brasil? / Renato de Medeiros Tranchesi São Paulo: Insper, Monografia: Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientadora: Prof.ª Dra. Luciana L. Yeung 1.Economia do Crime 2. Direito e Economia 3. Política de Combate ao Crime

4 3 Renato de Medeiros Tranchesi O Que Análise de Processos Pode nos Dizer sobre o Tráfico de Drogas no Brasil? Monografia apresentada à Faculdade de Economia do Insper, como parte dos requisitos para conclusão do curso de graduação em Economia. Aprovado em Julho 2014 EXAMINADORES Prof.ª Dra. Luciana L. Yeung Orientadora Prof. Dr. Naercio Aquino Menezes Filho Examinador(a) Prof. Dr. Pery Francisco Assis Shikida Examinador(a)

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6 5 Resumo TRANCHESI, Renato de Medeiros. O que a análise de processos pode dizer sobre o tráfico de drogas no Brasil?. São Paulo, Monografia Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Esse trabalho criou uma base de dados através da análise e leitura de processos judiciais de segunda instância com o objetivo de entender mais o perfil do traficante no Brasil e como a justiça está tratando esse tipo de caso. Essa metodologia permitiu uma solução para a falta de dados sobre atividades irregulares no Brasil. Entre os principais números encontrados foram a pena média por tráfico de drogas e a quantidade de drogas que cada acusado foi confiscada no processo de captura. Palavras-chave: Economia do Crime, Direito e Economia, Drogas.

7 6 Abstract Tranchesi, Renato de Medeiros. What the analysis of court cases can say about drug trafficking in Brazil?. São Paulo, Monograph Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. This work has created a database by analyzing the second-instance court proceedings in order to understand more about drug trafficking in Brazil and how justice is dealing with this type of case. This methodology allowed a solution to the lack of data on irregular activities in Brazil. Among the major findings were the average sentence for drug trafficking and the amount of drugs that each defendant was confiscated in the process. Keywords: Economics of Crime, Law and economics.

8 7 Sumário 1 Introdução Fundamentação Teórica Modelo de Becker Revisão da Literatura Análise dos Dados Estrutura dos Processos Perfil dos Acusados Conclusão Referências Anexos Lista dos Processos Analisados... 19

9 8 Lista de Figuras Tabela 1 - Estrutura dos Processos Analisados Tabela 2 - Revisão da pena para processos onde o acusado pede revisão Tabela 3 - Características dos acusados separados por sexo Tabela 4 - Quantidade de doses diárias aprendidas com cada acusado Figura 1 - Estrutura dos processos analisados pela parte que está exigindo revisão Figura 2 - Tipo de droga aprendida nos casos em que houve apreensão... 16

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11 10 1 Introdução O tráfico de drogas é objeto de estudos de economistas do mundo inteiro, com interesse especial em propor políticas públicas que minimizem as perdas causadas por esse crime. O problema vem recebendo destaque cada vez maior. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2013 é estimado que em 2013 aconteceram mortes no mundo inteiro relacionadas ao tráfico de drogas e esse mesmo relatório também mostra um aumento na quantidade de drogas aprendidas no Brasil. Diversos autores utilizam da teoria econômica para propor soluções para o problema em uma tentativa de teorizar quais são os incentivos que estão posto aos criminosos. Becker (1968) propõe um modelo que até hoje é parte fundamental na teoria econômica para explicar o que leva um agente a cometer um crime e como a sociedade deveria reagir para minimizar as perdas com a atividade ilegal. O seu modelo é inovador por considerar que a atividade criminosa é uma decisão racional baseada nos custos e benefício impostos para os membros da sociedade, não precisando de uma teoria separada de outros trabalhos da economia que só explicasse o comportamento criminoso. Esse trabalho busca entender um pouco mais qual é o perfil do traficante e como acontece o combate as drogas no Brasil, analisando o papel da Justiça. Já que os dados sobre esse tema são escassos no Brasil, foi criado para esse trabalho uma base dados utilizando informações de processos de segundo grau que envolviam tráfico de drogas. Cada processo contém informações relevantes dos indivíduos que estão sendo processados, já que é feita uma revisão das provas encontradas, existem depoimentos dos policiais envolvidos no processo e também o parecer do relator sobre o caso e a dosimetria da pena. Para esse trabalho foram lidos 52 processos de segunda instância que foram julgados no Tribunal de Justiça de São Paulo, e foi criada uma base de dados com informações da pena imposta ao acusado, quantidade de drogas que foram confiscadas, se o acusado é reincidente e se no mesmo processo existe a acusação de posse ilegal de arma. Esse trabalho é dividido em 4 partes, além dessa introdução. Na seção 2 é feito uma breve revisão da literatura econômica sobre o tema. A seção 3 faz uma análise dos dados encontrados. A seção 4 é a conclusão desse trabalho. 2 Fundamentação Teórica 2.1 Modelo de Becker O modelo proposto por Becker (1968) cria uma base fundamental para analisar o comportamento criminoso em economia atualmente e revolucionou como a ciência econômica interpreta o crime. O modelo supõe que os agentes que praticam crime são racionais e decidem se vão cometer práticas ilegais comparando a utilidade que teriam das atividades legais com as ilegais. A teoria é inovadora porque não precisa de um parte ad hoc da economia para explicar o crime. Um agente viola a lei então porque seus custos e benefícios são diferentes de outros na sociedade, não porque suas preferencias diferem. Becker pressupõe que os indivíduos tomam sua decisão de cometer ofensas ou não baseados na sua utilidade esperada que pode ser dada pela seguinte equação para o indivíduo j:

12 11 U j e = p j U j e (Y j f j ) + (1 p j )U j e (Y j ) Onde pj é a probabilidade de condenação do indivíduo j, fj é o valor monetário da punição e Yj é o seu ganho monetário por cometer a infração. Assim é esperado que com um aumento das punições ou um aumento da probabilidade da condenação reduza a utilidade esperada de se cometer crimes, enquanto um aumento no ganho monetário aumente sua utilidade esperada. Juntando as preferência e escolha de todos os indivíduos de uma sociedade é possível então chegar em uma função de oferta de crimes, caracterizada pela seguinte equação: O = O(p, f, u) Onde p é a probabilidade média de um criminoso ser condenado, f é a punição média pelo crime e u são todas as demais variáveis que influenciam da decisão de cometer crimes. Utilizando a equação de oferta de crimes, o objetivo final do modelo de Becker é minimizar a perda da sociedade com atividade criminosa, assim ele caracteriza a função de perda social com a seguinte equação: L = D(O) + C(p, O) + bfpo Onde D representa os danos sociais causados pelos crimes cometidos, C é o custo de combater as violações e bf é a perda por ofensa punida. Segundo essa equação, uma sociedade sem crime algum pode não ser um ponto ótimo então, já que embora o dano causado seja zero, o custo de combate ao crime seria gigantesco. Um efeito semelhante acontece caso seja imposta penas extremas, mesmo que diminua o crime, a perda imposta ao criminoso aumentaria, tornando maior a perda para sociedade. Assim, segundo o modelo, o trabalho da sociedade é escolher um valor ótimo das variáveis C, p e f, que minimiza a perda social geral. 2.2 Revisão da Literatura Embora análises do tráfico de drogas sejam um campo de difícil acesso aos economistas, devido à dificuldade de se obter dados precisos de atividades ilegais, é possível identificar alguns esforços no sentido de entender os incentivos que estão postos aos participantes desse mercado e quais são os efeitos das políticas públicas para o combate ao tráfico. Reuter et al. (1990) usou informações de condenados por tráfico de drogas no distrito de Columbia (EUA) nos anos 80 para traçar um perfil de traficantes e estimar os custos e receitas dessa atividade. O estudo estima que um traficante ganha 30 dólares a hora, quase cinco vezes mais do que a renda que esses provavelmente ganhariam em um emprego comum. Embora esse valor possa parecer exagerado, esse mesmo trabalho estimou que 50% dos custos do tráfico de drogas estão relacionados a compensação de riscos. Assim, mesmo que os lucros dos criminosos sejam enormes comparados com o salário que conseguiriam no mercado formal, graças a esses riscos os lucros econômicos podem não ser tão grandes. Isso implica que pouca vezes os negócios de drogas vão a falência por perdas contábeis, problema comum com negócios permitidos por lei. O perfil de um condenado pelo tráfico de drogas traçado pelo estudo é um homem (apenas 11% dos condenados eram do sexo feminino), jovem (40% dos condenados tinham entre 18 e 24 anos), solteiro, negro, usuário de drogas e tendo que fornecer ajuda financeira para algum outro membro de sua família. É preciso lembrar que existe um viés importante nesse tipo de estudo, similar que esse trabalho vai enfrentar, já que a base de dados é feita com pessoas condenadas e não com a população geral de traficantes. Assim, como a probabilidade de prisão pode variar por diversas características podem existir inconsistências nos dados.

13 Esse perfil traçado é particularmente intrigante considerando que jovens condenados sofrem perdas monetárias maiores que pessoas mais velhas, segundo Lott (1992). Nesse estudo é feita uma tentativa de estimar as diversas perdas monetárias que um condenado por tráfico de drogas sofre, como o dinheiro que não conseguirá por estar preso, as multas que são pagas a justiça e a perda de salário futuro, já que após a condenação se torna mais difícil para essa pessoa conseguir um emprego. A conclusão é que a maior perda vem por meio de diminuição de renda futura depois que o indivíduo já pagou sua dívida com a sociedade. Assim uma pessoa que é condenada mais jovem pode sofrer uma pena ainda maior segundo o estudo. O entendimento do porquê os jovens decidem entrar no tráfico é fundamental para propor políticas públicas que combatam o tráfico de drogas. Fairlie (2002) querendo entender o que leva uma pessoa a escolher a trabalhar por conta própria, usa a condenação por tráfico de drogas como variável instrumental para características não observáveis como preferência por risco, habilidades empreendedoras e desejo de trabalhar por conta própria. A conclusão do estudo é que jovens que são condenados por tráfico de drogas tem entre 11% a 21% mais chance de serem autônomos do que outros jovens da população, o que é uma evidência que a os que decidem traficar drogas tem preferencias por risco mais elevados, como modelo de Becker esperaria. Embora o estudo não encerre a questão de o porquê os mais jovens mesmo com os custos maiores decidem entrar na tráfico de drogas, ainda sim é uma evidência forte que preferencias por riscos são o principal motivo. Outros motivos possíveis é desconto maior do futuro e o fato de jovens serem os maiores consumidores de drogas. Outra pergunta relevante e ainda não resolvida sobre economia do crime é como as drogas afetam os outros tipos de crime, como homicídio e roubos. Goldstein (1985) identifica três mecanismos que o tráfico de drogas influência outros crimes: o psicofarmacológico, em que o usuário fica com a percepção distorcida e mais propenso a cometer crimes sobre o efeito de drogas; a compulsão econômica, já que os usuários de drogas muitas vezes cometem crimes para sustentar seu vício; e a violência sistêmica, já que os envolvidos no mercado de drogas não tem acesso ao sistema legal para resolver problemas comuns, como receber um produto de má qualidade ou não pagamento de dívidas, então crimes são cometidos para garantir a ordem nesse universo caótico. Embora esses canais são bem aceitos no meio acadêmico como os mecanismos que o tráfico de droga afeta outros tipos de crime, a maior discussão é qual dos mecanismos é o mais importante e se realmente existe uma causalidade entre tráfico de drogas e outros crimes, já que os dados dessa área dificilmente diferenciam as motivações dos crimes. Entre os trabalhos que estudam essa causalidade, dos Santos & Kassouf (2007) utiliza uma regressão em painéis para dados brasileiros de 2001 e 2003 e chega à conclusão que o mercado de drogas afeta positivamente a criminalidade Existem ainda trabalhos em economia que focam mais no efeito de políticas públicas no crime para encontrar melhores práticas no campo de combate à droga. Calkins & Reuter (1998) fazem uma análise do mercado americano de drogas através de dados de preços de drogas e chega as seguintes conclusões acerca de como as políticas públicas impactam o mercado de drogas: a proibição e algum cumprimento da lei leva o preço das drogas para longe do preço de equilíbrio, caso essas fossem legais; intervenções podem no curto-prazo criar escassez que leva a um grande aumento no preço; a aplicação da lei pode criar diferenciais de preço entre diferentes drogas; e a capacidade marginal de um aumento no combate as drogas para além dos preços de equilíbrio criados pela proibição é menor que sua capacidade média. Utilizando dados brasileiros, Musse (2012) estuda a mudança na criminalidade brasileira depois da mudança na Lei nº /06 (Lei de Drogas) que, em suma, diminuiu a pena para os usuários de drogas e criou um aumento significativo na pena para os traficantes. Os resultados encontrados não apontam para um efeito homogêneo, já que 12

14 13 nos municípios onde havia uma média maior de ocorrências de tráfico de droga houve um aumento no tráfico, e nos resto uma diminuição. 3 Análise dos Dados Para esse trabalho foram analisados 52 processos de segunda instância no Tribunal de Justiça de São Paulo com período de julgamento entre 2013 até o final de janeiro de 2014, com a palavra-chave Tráfico Entorpecente. Nos processos foram analisadas informações como a quantidade e o tipo de drogas que foram aprendidas, a pena no processo em primeira instância, se houve mudança na pena no julgamento da segunda instância e se houve outros agravantes para a pena como reincidência ou porte ilegal de armas de fogo. É preciso fazer uma ressalva, já que existem alguns vieses importantes nessa base de dados. Ela se utiliza de dados de indivíduos em processo de condenação, e assim não é uma figura exata da população de traficantes, em geral, já que a probabilidades de ser preso para cada tipo de crime é diferente devido ao modo de atuação. Assim, pode haver subestimação ou superestimação de pequenos traficantes, por exemplo. Outro ponto é que se trata de processos de segundo grau, o que também pode ser mais uma fonte de viés, já que existem incentivos diferentes para os criminosos pedirem, ou não, revisão de seu processo. 3.1 Estrutura dos Processos Os dados da tabela 1 resumem a estrutura dos processos encontrados. O primeiro dado interessante que podemos tirar das da estrutura dos processos é que na grande maioria dos processos é o apelante que está pedindo revisão, como fica bem visível na figura 1. Esse fato pode ser um indicativo que existe algum problema na justiça brasileira, já que era esperado algum equilíbrio no número de apelações do acusado e do Ministério Público. Estrutura dos Processos Processos com um acusado Número de Processos Acusado é apelante Ministério Público é apelante Houve diminuição de pena para ao menos um acusado Houve aumento de pena para ao menos um acusado Processo com mais de um acusado Tabela 1 - Estrutura dos Processos Analisados Esse trabalho propõe três hipóteses para explicar o fato de quase 80% dos processos têm pelo menos um acusado pedindo revisão: pode existir um problema nos incentivos dados ao Ministério Público, dado que existem casos em que era possível o Ministério Público pedir revisão e aumentar a pena do acusado, mas esse não o faz. Existe um viés nos tribunais de primeira instância: esses dão penas mais duras do que os tribunais de segunda instância para os condenados por crimes de tráfico de drogas; assim é vantajoso para o acusado pedir revisão da pena. Ou, finalmente, existe algum problema na abertura de processos de segunda instância, que pode ser tanto na questão de casos com pouca chance de serem revistos serem

15 14 aceitos, quanto um mau aconselhamento dos condenados causando uma abertura maior de processos de apelação do que deveria existir. 10 Acusado 5 Ministério Público 37 Ambos Figura 1 - Estrutura dos processos analisados pela parte que está exigindo revisão. Embora a hipótese que o não existem incentivos suficientes para o Ministério Público seja mais difícil de ser testada, já que exige saber quantos casos esse ganharia se pedisse revisão e não pediu (uma variável não observada), as outras duas hipóteses podem ser mensuradas, avaliando as mudanças nas penas impostas após a revisão e em quantos casos houve uma mudança. Caso haja viés nos tribunais de primeira instância, era de se esperar um alto índice de provimento e revisões para baixo das penas dos acusados. Caso haja problemas na abertura de processos de segunda instância ou muitos pedidos de revisão, então era de se esperar justamente o contrário. A tabela 2 fornece dados que ajudam entender um pouco melhor o problema, removendo da amostra os acusados que apenas o Ministério Público pediu revisão do processo. A média da revisão da pena para esses 58 agentes é uma diminuição de 13% da pena imposta pelo tribunal de primeira instância. Mas o que se destaca é que dos 58 acusados que pediram revisão do seu processo, 55,18% não conseguiram melhorar sua situação. Um número muito baixo considerando que os processos passam por alguns filtros antes de serem elegíveis para uma revisão em um tribunal de segunda instância. Revisão da Pena Porcentagem Houve diminuição em 100% da pena 13,79% Houve redução da pena entre 60% a 80% 10,34% Houve redução da pena entre 40% a 60% 6,90% Houve redução da pena entre 20% e 40% 8,62% A pena não se alterou 39,66% Houve aumento da pena 15,52% Tabela 2 - Revisão da pena para processos onde o acusado pede revisão. Embora não exista uma base de comparação, esses números trazem evidência positiva para acreditar que existe algum problema na abertura de processos ou no aconselhamento

16 15 jurídico dos condenados, fazendo com que processos com baixa chance de revisão serem aceitos, por isso quase 40% dos casos não sofrem mudanças positivas para o acusado. Sobre a dosimetria das penas, os relatores geralmente consideraram como fatores para mudança da pena base, que é de cinco anos, os antecedentes e a quantidade de drogas aprendidas. Tirando os casos que houve absolvições ou penas alternativas, a pena média foi de 64 meses de regime prisional fechado. Essa pena média aumenta para 86 meses se considerarmos somente os reincidentes e para 97 meses para os que foram aprendidos com mais de 500 porções. 3.2 Perfil dos Acusados A amostra é composta de 67 acusados e a Tabela 3 faz um resumo das características desses acusados. Aproximadamente 24% dos acusados da amostra são mulheres, uma porcentagem maior do que encontrado em Reuter et al (1990), que utiliza dados do presos americanos no meio da década de 80 e maior também a porcentagem de mulheres presas comparada com homens, que segundo o Censo Carcerário Nacional é de 6,3%. A participação das mulheres no tráfico de drogas merecia um trabalho próprio, visto que segundo o Censo Carcerário Nacional, aproximadamente 60% das condenadas do sexo feminino tinham envolvimento com tráfico de entorpecentes. Interessante observar sobre os casos femininos é que em todos que não havia um homem sendo acusado no mesmo processo, que normalmente era o companheiro da acusada, havia a alegação de tentativa de entrada de drogas em presídio, usando como provas a forma como a droga foi embalada. É uma evidência que esse porcentual maior de mulheres observado em comparação com outros estudos aconteça devido a esse tipo de trabalho, a entrada de drogas escondidas na prisão, que é uma tarefa mais comum para mulheres. Sexo Agentes Apelantes Absolvições Pena Média na Primeira Instância (em meses) Pena Média na Segunda Instância (em meses) Reincidente Arma de Fogo Masculino 51 90,20% 19,60% 73, ,41% 5,88% Feminino 16 63,16% 25% 51, ,53% 0% Tabela 3 - Características dos acusados separados por sexo. Existem apenas três casos em que junto com o processo de tráfico de droga existe a alegação de posse ilegal de arma de fogo. Esse número é surpreendente comparando com o que sai na mídia sobre tráfico de drogas, onde o personagem do traficante sempre está envolvido com assassinatos, violência e armas. Doses Aprendidas Porcentagem Mais de ,40% 200 a ,94% 100 a ,43% Menos de ,25% 0 5,97% Tabela 4 - Quantidade de doses diárias aprendidas com cada acusado.

17 16 A tabela 4 mostra a quantidade de doses 1 diárias de drogas aprendidas com cada acusado. Quase 20% dos acusados teve mais de 500 porções de droga aprendidas, quantidade grande suficiente para supor que esse trabalhava provavelmente na distribuição para outros traficantes. Esse número é bem maior que encontrado na literatura que estuda organização do tráfico de drogas como Levitt & Sudhir (2000), fato que pode ser explicado pela probabilidade de prisão ser maior para grandes distribuidores. Outro fato importante é que apenas quatro casos não houve apreensão de drogas, e em três desses casos houve absolvição. A Figura 2 resume o tipo de droga que foi aprendia com cada traficante. Cocaína foi a droga mais frequentemente aprendida com os acusados, aparecendo em 62% dos casos em que houve apreensão. A maconha foi a segunda droga mais frequentemente aprendida, aparecendo em 55% dos casos e o Crack foi aprendido em aproximadamente em 51% dos casos. Não houve a citação nos relatórios de outras drogas ilegais ou de circulação restrita. 17,5% = 11 15,9% = 10 14,3% = 9 12,7% = 8 7,9% = 5 Figura 2 - Tipo de droga aprendida nos casos em que houve apreensão 4 Conclusão Embora seja uma tarefa difícil conseguir dados confiáveis sobre atividades ilegais, esse trabalho utilizou uma base de dados construída através da análise econômica dos processos penais de acusados de tráfico de drogas. Embora todos os vieses e problemas que essa metodologia apresenta, com a leitura de cada caso e a análise dos dados encontrados foi possível entender um pouco mais os incentivos de agentes que decidem se tornar vendedores de drogas e o trabalho da justiça brasileira para coibir essa atividade. 1 Embora ainda exista muita discussão sobre o que é uma dose diária de drogas, como diferenciar o traficante de um usuário, para poder comparar as quantidades aprendidas de diferentes tipos de drogas esse estudo se baseou no relatório Sobre a quantidade de drogas para uso ou tráfico e a necessidade de regulamentação para fazer esse cálculo. Então, uma dose diária de maconha, crack e cocaína foram determinadas como 2,5 gramas, 0,25 gramas e 0,2 gramas respectivamente.

18 Entre os principais resultados podemos destacar tanto análise em si do papel da justiça, quanto o perfil feito dos condenados. Sobre a primeira parte vale destacar que existe algum tipo de desequilíbrio no número de revisões pedidas pelos condenados e pelo Ministério Público, e embora esse seja um tema para um trabalho completo analisando os incentivos dados para o acusado e a acusação, a amostra tem evidências que isso se deve algum problema no aconselhamento jurídico dos condenados ou no filtro que escolhe quais processos merecem ser revisados ou não, já que existe um número grande de insucessos dos acusados quando esses pedem revisão. O excesso de processos e a lentidão da justiça é um problema que a justiça brasileira vive, e uma alteração nas exigências para se aceitar um caso na segunda instância, pode trazer benefícios para a sociedade como um todo. Sobre o perfil dos condenados sua grande maioria é de pequenos traficantes do sexo masculino. A pena média para os casos que não foram absolvidos foi de 64 meses de regime prisional fechado. A droga que foi mais frequentemente aprendida foi cocaína, e não houve nenhuma citação de apreensão de drogas que não fosse cocaína, crack ou maconha. O surpreendente da amostra foi o número de casos com grandes apreensões de droga e mulheres acusadas, superior ao número encontrado em outros estudos. Em todos os casos de condenadas do sexo feminino que não agiam com um homem (normalmente o cônjuge), houve a alegação que haveria uma tentativa de entrada de drogas em presídio. Esse parece ser um crime ainda lucrativo para uma fazer uma parte da população se interessar pelo tráfico de drogas, assim parece necessário tornar menos lucrativo a entrada de drogas em presídio, seja com inspeções mais pesadas ou mudando as regras de consumo de droga nos presídios. Assim, embora todos os vieses e problemas que essa metodologia apresenta, com a leitura de cada caso e a análise dos dados encontrados foi possível entender um pouco mais os incentivos de agentes que decidem se tornar vendedores de drogas e o trabalho da justiça brasileira. 17

19 18 Referências BECKER, Gary S. Crime and punishment: An economic approach. The Journal of Political Economy, v. 76(2), p , CAULKINS, Jonathan; REUTER, Peter. What price data tell us about drug markets. Journal of Drug Issues, v. 28, p , DOS SANTOS, Marcelo Justus; KASSOUF, Ana Lúcia. Uma investigação econômica da influência do mercado de drogas ilícitas sobre a criminalidade brasileira. Revista EconomiA, DOS SANTOS, Marcelo Justus; KASSOUF, Ana Lúcia. Estudos econômicos das causas da criminalidade no Brasil: Evidências e controvérsias. Revista Economia, Brasília, v. 9, n. 2, FAIRLIE, R. W. Drug Dealing and Legitimate Self Employment. Journal of Labor Economics, v. 20(3), , GOLDSTEIN, Paul J. The drugs/violence nexus: A tripartite conceptual framework. Journal of Drug Issues, v. 15(4), p , 1985 LEVITT, Steven D.; VENKATESH, Sudhir Alladi. An economic analysis of a drug-selling gang's finances. The Quarterly Journal of Economics, v. 115, n. 3, p , LOTT JR, John R. Attempt at Measuring the Total Monetary Penalty from Drug Convictions: The Importance of an Individual's Reputation, An. J. Legal Stud., v. 21, p. 159, MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Censo Nacional Penitenciário Jun/2013. Ministério da Justiça. < Acesso em: 06 mai MUSSE, Isabel Ferraz. O crime de drogas e a violência em São Paulo: uma análise a partir da Lei de Drogas REUTER, Peter H. et al. Money from crime. Rand Corporation, UNODC. Relatório Mundial sobre Drogas UNODC. Disponível em: < Acesso em: 05 fev

20 19 Anexos Lista dos Processos Analisados Número Identificação

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