São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1"

Transcrição

1 S C I E N T I A B I O L Ó G I C A S São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1

2 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade. Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profi ssional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Administração Geral do Unasp Campus Engenheiro Coelho Campus São Paulo Campus Virtual Faculdade de Teologia Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Chanceler: Euler Pereira Bahia Reitor: Martin Kuhn Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Tânia Denise Kuntze Pró-Reitora de Graduação: Sílvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Pró-Reitor de Relações, Promoção e Desenvolvimento Institucional: Allan Novaes Secretário Geral: Marcelo Franca Alves Diretor Geral: José Paulo Martini Diretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Francisca Pinheiro S. Costa Diretor de Graduação: Afonso Ligório Cardoso Diretor Geral: Douglas Jeferson Menslin Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Maristela Martins Diretor de Graduação: Ilson Tercio Caetano Diretor Geral: Valcenir do Vale Costa Gerente Acadêmica: Andressa Jackeline Oliveira M. e Paiva Diretor: Reinaldo Wesceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Ozeas Caldas Moura Coordenador de Graduação: Vanderlei Dorneles Faculdade Adventista de Hortolândia Campus Hortolândia Diretor: Martin Kuhn Diretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Tânia Denise Kuntze Diretora de Graduação: Sílvia Cristina de Oliveira Quadros Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor de Relações, Promoção e Desenvolvimento Institucional: Allan Novaes Secretário Geral: Marcelo Franca Alves Diretor Geral: Laureci Bueno do Canto Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Eli Andrade Rocha Prates Diretora de Graduação: Lélio Maximino Lellis Editor: Rodrigo Follis Editor Associado: Felipe Carmo Conselho Editorial: José Paulo Martini, Afonso Cardoso, Elizeu de Sousa, Francisca Costa, Adolfo Suárez, Emilson dos Reis, Rodrigo Follis, Ozéas C. Moura, Betania Lopes, Martin Kuhn A Unaspress está sediada no Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP.

3 EXPEDIENTE Acta Scientia Biológicas, São Paulo-SP, volume 01, número 1, 2 semestre de ISSN Acta Scientia Biológicas é um periódico acadêmico voltado às áreas da educação, com publicação semestral,sendo elaborada pelo curso de Biologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus São Paulo. EDITOR Valdemir Aparecido de Abreu - Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP SP, Brasil CONSELHO EDITORIAL CONSULTIVO Valdemir Aparecido de Abreu - Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP SP, Brasil Antenor Aguiar Santos - Centro Universitário Adventista São Paulo - UNASP, Brasil Ênios Carlos Duarte - Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil Aguinaldo Jacob de Oliveira - Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, Brasil Alessandra de Oliveira Capuchinho Gomes - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Antenor Aguiar Santos - Centro Universitário Adventista São Paulo - UNASP, Brasil Carmen Lídia Amorim Pires-Zottarelli - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Brasil Eglie Rodrigues - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Ênios Carlos Duarte - Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil Eunice Barros Ferreira Bertoso - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Haller Elinar Stach Schünemann - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Katya da Silva Patekoski - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, Brasil Marcia Oliveira de Paula - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Marco Aurélio Sivero Mayworm - Universidade de Santo Amaro - UNISA, Brasil Marcos Natal de Souza Costa - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Maria Fernanda Melo Lopes Ninahuaman - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Rubem César Tavares - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Sílvia Regina Travaglia-Cardoso - Museu Biológico do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil Walter Rubini Boneli da Silva - Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP SP, Brasil Wemeson Ferreira Silva - Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP SP, Brasil SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE TRABALHOS As contribuições são apreciadas, em primeiro lugar, pelo editor e editor associado, objetivando a verificação dos requisitos formais de apresentação de trabalhos. Uma vez aceitos em primeira instância, os textos, sem identificação de autoria, são submetidos a dois pareceristas, membros do Conselho Editorial Consultivo. Em caso de pareceres contrários, o texto é submetido a um terceiro avaliador. Os resultados são comunicados aos autores, tanto em caso de rejeição, como de aprovação ou aprovação com necessidade de ajuste.

4 A Revista Acta Scientia Biológicas utiliza o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), software desenvolvido para a construção e gestão de publicações periódicas eletrônicas, traduzido e customizado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Esta revista se encontra sob a Licença Creative Commons Attribution 3.0. O Conselho Editorial não assume a responsabilidade pelo material publicado nesta revista. Os trabalhos publicados representam o pensamento dos autores. FICHA CATALOGRÁFICA A1882 Acta Scientia Biológicas Centro Universitário Adventista de São Paulo, v. 1, n. 1 (2 semestre de 2016). Engenheiro Coelho: Unaspress Imprensa Universitária Adventista, Semestral ISSN: xxx-xxx 1. Educação 2. Ciências Humanas 3. Ciências Sociais Aplicadas UNASPRESS Editoração: Rodrigo Follis, Felipe Carmo Revisão: Thiago Basílio Programação Visual: Fábio Roberto Normatização: Giulia Pradela _2016

5 São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1 Sumário 7 EDITORIAL 9 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Marília Miriam Meireles Claudia Fernandes da Cruz Maria Fernanda M. L. Ninahuaman Renata Cristina Schmidt Santos Antenor Aguiar Santos 33 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM O SISTEMA IMUNOLÓGICO Dailiany Orechio Enios Carlos Duarte

6 49 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA Helena Luisa de Arruda Milani Adriana Xavier Viana Teixeira Elizabeth Cardoso de Sousa Valdemir Aparecido de Abreu Maria Fernanda Melo Lopes NinahuamanDaniel Chinellato 61 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA Katya da Silva Patekoski Carmen Lidia Amorim Pires-Zottarelli 77 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS Neuziane Kloos Amorim Tavares Franciele Pereira Amorim Valdemir Aparecido de Abreu

7 EDITORIAL A união de gametas é assunto amplam ente estudado pela Biologia nas diversas áreas de sua abrangência, uma vez que essa união marca, na opinião da maioria dos pesquisadores, o início de uma nova vida. Seguindo essa lógica, a ação conjunta de muitos (fecundação); as conversas e discussões (embrião); o apoio e a alocação de recursos e aprovação nos departamentos da instituição (feto) gerou, através do curso de Ciências Biológicas, a realização de um sonho: o nascimento da revista Acta Ciências Biologicas como veículo de comunicação científica, uma parceira do Unasp, campus São Paulo, com a Unaspress. As Ciências Biológicas constituem um grande leque de informações, seja por sua área de abrangência ou por seu relacionamento direto com as demais Ciências. Bueno (2009, p ) diferencia divulgação científica de comunicação científica; a primeira, compreende recursos, técnicas, processos e produtos para a veiculação de informações científicas, tecnológicas ou associadas a inovações, ao público leigo, sendo que a segunda, a comunicação científica, destina-se aos especialistas em determinadas áreas do conhecimento. Seguindo a segunda lógica, a revista Acta Scientia Biológicas propõe-se a publicar textos oriundos de pesquisas originais nas diferentes áreas das Ciências Biológicas, como biologia celular e molecular, animais, plantas, microrganismos; e textos relacionados à docência em Ciências e Biologia, visando a promoção do desenvolvimento científico e o encorajando da troca de ideias.

8 Neste primeiro volume, queremos recomendar aos pesquisadores, docentes e discentes com interesse nas áreas de Histologia, Genética e Microbiologia, relacionadas à Saúde, o artigo sobre o Efeito da pasta de figo no processo cicatricial de pele de rato Wistar ; assim como o LEDGF/p75: revisão sobre relação com doenças e interação com o sistema imunológico e o Avaliação da atividade antimicrobiana in vitro do alho (Allium sativum), in natura, respectivamente, por sua importante contribuição. Os pesquisadores da área da Botânica Econômica não podem deixar de ler o artigo Efeito de Trichoderma ssp no controle de podridão de raiz causada por Pythium aphanidermatum e na promoção de crescimento de alface hidropônica, uma vez que esse estudo pode nortear outros estudos que visem o controle da doença. Finalmente, direcionado aos docentes das disciplinas de Ciências e Biologia nos níveis Fundamental e Médio, o artigo Evolucionismo e Criacionismo nos livros didáticos do ensino fundamental de escolas públicas e privadas: uma avaliação sobre abordagens estimula a busca de recursos que contribuam para a compreensão do conhecimento científico em constante diálogo com outros conhecimentos, como a religião, por exemplo. Desejamos que a leitura destes artigos proporcione o começo de uma discussão profícua, incrementando o interesse pela pesquisa, com vistas ao desenvolvimento científico na área das Ciências Biológicas. Referências BUENO, W. B. Jornalismo cientifico: revisitando o conceito. In: VICTOR, C.; CALDAS, G.; BORTOLIERO, S. (Org.). Jornalismo científico e desenvolvimento sustentável. São Paulo: All Print, 2009.

9 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Marília Miriam Meireles 1 Claudia Fernandes da Cruz 2 Maria Fernanda M. L. Ninahuaman 3 Renata Cristina Schmidt Santos 4 Antenor Aguiar Santos 5 Resumo: Objetivou-se analisar histológica e morfometricamente o efeito da pasta de figo como coadjuvante no processo de reparação tissular em feridas induzidas na pele de ratos. Para isso, foram utilizados 25 ratos Wistar, com 1 Especializada em Saúde Coletiva com ênfase em PSF e graduada em Enfermagem, ambos pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). marilia_m_meireles@hotmail.com. 2 Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). lindinhacla@hotmail.com. 3 Mestre em Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo. Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora do laboratório de investigação em saúde e professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). maria.ninahuaman@unasp.edu.br. 4 Mestre em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo. Professora e pesquisadora do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). renata.santos@ucb.org.br. 5 Pós-doutor em Aquicultura pelo Instituto Pesca. Doutor em Ciências e mestre em Morfologia ambos pela Universidade Federal de São Paulo. Graduado em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo. Coordenador e pesquisador do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). antenor.santos@unasp.edu.br. Acta Científica. Ciências Humanas. v. 20, n. 1, p. 9-21, 2011.

10 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 10 peso médio de 355g. Os animais foram anestesiados com quetamina (1,0 ml/ kg) e realizado três lesões na região dorsal. As lesões foram tratadas uma vez ao dia com soro fisiológico, pasta de figo e dersani. Após 24 horas, 3, 7, 14 e 21 dias de tratamento os animais foram anestesiados com éter etílico para a retirada de fragmentos da pele. Os fragmentos foram processados segundo a técnica histológica padrão. As lesões tratadas com soro fisiológico, dersani e figo apresentaram características histológicas semelhantes. No entanto, verificou-se que as lesões tratadas com figo apresentaram eventos de cicatrização mais acentuados quando comparados com aqueles observados em lesões tratadas com soro e dersani. A análise morfométrica mostrou que as lesões tratadas com figo apresentaram um aumento significante no percentual de espaços vasculares e fibras nos períodos de 7 e 21 dias, respectivamente, em relação àquelas tratadas com dersani e soro fisiológico. A partir dos resultados obtidos é possível concluir que a pasta de figo apresenta uma atividade cicatrizante e acelera a reparação de ferida em pele de rato. Palavras-chaves: Wistar; Cicatrização; Pele; Pasta de Figo Abstract: We aimed to analyze the histologic and morfometric effect of fig paste as an adjuvant in the tissue repair process in wounds induced on the skin of mice. Therefore, we utilized 25 Wistar rats, with average weight of 335g. The animals were anesthetized using ketamine (1.0 ml/kg) and three lesions were made at the dorsum. The lesions were treated once a day with saline, fig paste and dersani. After 24 hours, 3, 7, 14 and 21 days of treatment, the animals were anesthetized using ethyl ether for the removal of skin fragments. The fragments were processed according to standard histological technique. The lesions treated with saline, dersani and fig had similar histologic features. However, we verified that the lesions treated with fig showed more Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

11 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR pronounced cicatrization events compared with those seen in lesions treated with saline and dersani. Morphometric analysis showed that lesions treated with fig had a significant increase in the percentage of vascular spaces and fibers at 7 and 21 days, respectively, compared to those treated with saline and dersani. From the results, it can be concluded that the fig paste has a cicatrization activity and accelerates wound repair in rat skin. Keywords: Wistar; Cicatrization; Skin; Fig Paste. A cicatrização é um mecanismo de cura espontânea que corresponde à tentativa biológica de restaurar um tecido. Eventos celulares, moleculares, fenômenos bioquímicos e fisiológicos que interagem de forma coordenada durante o processo de cicatrização são eventos que garantem a repavimentação e restauração do tecido (MANDELBAUM et al., 2003; MAIO, 2004). O tempo de reparação tissular constitui um importante critério de classificação e de sistematização necessário para o processo de avaliação e registro de feridas. Desta forma, as feridas podem ser classificadas em agudas e crônicas. As feridas agudas são aquelas provenientes de cirurgias ou traumas e cuja reparação ocorre em tempo adequado e sequência ordenada sem complicações, levando à restauração da integridade anatômica e funcional; as crônicas, ao contrário, são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações (COTRAN et al., 2005; DUARTE; DIODO, 2000). Os produtos existentes no mercado voltados para intervir no processo de cicatrização das feridas possuem uso limitado, já que alguns não podem ser usados em feridas secas ou com pouco exsudato, como é o caso dos hidropolímeros e alginato de cálcio, sendo que outros produtos, por sua vez, podem causar hipersensibilidade e requerem cobertura secundária, como a sulfadiazina de prata (MANDEL- BAUM, et al., 2003). 11 Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

12 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 12 Um produto bastante utilizado no mercado farmacêutico é o dersani, que compreende em uma loção oleosa a base de Ácidos Graxos Essenciais (AGE) e vitaminas, que revitaliza a pele, hidrata e mantém o equilíbrio hídrico, melhorando a elasticidade dérmica. Sua utilização pode ser associada a outros produtos sem causar danos. Entretanto, apesar dos benefícios que oferece, sua desvantagem é o alto custo. (MANDELBAUM et al., 2003). Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos em relação aos curativos e medicamentos utilizados no tratamento de feridas, muitos recursos naturais ou industrializados são alvo de investigação, na tentativa de se estabelecer estratégias de tratamentos eficazes, com menos efeitos colaterais e mais baratos. Nesse sentido, os fitoterápicos, por sua vez, quando utilizados de maneira adequada, apresentam efeitos terapêuticos, às vezes superiores aos dos medicamentos convencionais, com efeitos colaterais minimizados, além de serem de fácil manipulação e de baixo custo (TIAGO, 1995). O figo é um produto natural, tradicionalmente usado como alimento e remédio de múltiplas e benéficas aplicações. Homero menciona suas propriedades curativas em seus poemas e Hipócrates os recomendava para combater a desnutrição (SCHNEIDER, 1986; BALBACH; BOARIM, 1992). Assim, desde a antiguidade as figueiras fizeram parte do cotidiano da humanidade e suas folhas eram utilizadas na medicina popular. A Bíblia descreve sua existência desde a criação do mundo (Gn 3:7). No livro de 2 Reis capítulo 20 há o relato de um fato onde o profeta Isaías disse para o rei Ezequias fazer uma pasta de figo e colocar sobre sua úlcera e esta sarou. Diante desse fato, surgiu o questionamento: O figo auxilia no processo de cicatrização? As pesquisas com o figo ficus carica não têm destaque nos laboratórios. Porém, já existem alguns estudos que relacionam este fruto com a saúde. Foi citado em alguns trabalhos a relação do figo e sua capacidade de coagular o sangue, devido à presença de proteases, além de seus efeitos antidiabéticos e antivirais. Além do mais, esse fruto também é composto por glicídios, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

13 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR potássio, cálcio, fósforo, fibras, niacina (vitamina B3), ácido aspártico e ácido glutâmico (SCHNEIDER, 1986; RICHTER, 2002; PEREZ, 2003). MATERIAIS E MÉTODOS Animais Neste estudo foram utilizados 50 ratos Wistar (Rattus norvegicus, variedade albinus), adultos, machos, com peso entre 310 g e 410 g, provenientes do biotério Paulistec. Antes do início do experimento, os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas, na proporção de cinco ratos por gaiola (41 x 34 x 18 cm), no biotério do laboratório de fisiologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). Após a cirurgia, a proporção de ratos por gaiola (29 x 17 x 13 cm) foi de 1:1. O macroambiente foi semicontrolado, com ciclo de iluminação claro/escuro (12 h/ 12 h), temperatura por volta dos 25 ºC, intensidade de ruído e umidade relativa provenientes do ambiente geral. Os ratos receberam cuidados diários, com água potável e ração padrão ad libitum. 13 Desenho experimental Os animais foram divididos em 5 grupos de igual número, denominados de grupo 24 horas, 3 dias, 7 dias, 14 dias e 21 dias, sendo os mesmos sacrificados nos períodos pós-operatório. Foram realizadas três lesões na região dorsal em cada rato (no lado cranial direito foi administrado pasta de figo; lado cranial esquerdo foi administrado soro fisiológico 0,9% (SF 0,9%) e no lado caudal esquerdo foi administrado dersani. Técnica cirúrgica Os padrões que nortearam a realização da cirurgia foram os mesmos adotados por Salazar (1997). Os ratos foram submetidos individualmente à Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

14 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 14 anestesia geral, utilizando-se ketamina (dopalen 1ml/kg) por via intramuscular na cavidade peritoneal. Uma vez anestesiado, o animal foi colocado em uma prancha de madeira de 35 cm de comprimento por 22 cm de largura em decúbito ventral e horizontal com as patas estendidas e fixadas. Inicialmente, com o auxílio de uma tesoura Metzembaun, realizou-se a tricotomia no dorso do animal com as dimensões comprimento-largura de 5 x 7 cm. Semelhantemente a Salazar (1997), não se realizou a antissepsia prévia no local tricotomizado. Ademais, para a realização das feridas cutâneas, três áreas da pele da região dorsal foram demarcadas, utilizando-se um molde plástico circular de 1 cm de diâmetro (Figura 3). Em seguida, com auxílio de uma pinça histológica de ponta curva e uma tesoura de Íris a pele das áreas demarcadas foi removida até a fáscia muscular (Figura 4). Nos casos de hemorragias, esta foi estancada efetuando-se uma pequena pressão com um pedaço de algodão sobre a zona afetada durante um minuto. Tratamento das Feridas As lesões foram tratadas diariamente da seguinte maneira: lado cranial direito foi administrado pasta de figo a uma quantidade de ± 0,4 g; no lado cranial esquerdo, soro fisiológico (SF 0,9%) ± 200µl, e no lado caudal esquerdo, dersani ± 200µl. Estes procedimentos foram realizados diariamente no período diurno, durante o tempo pré- -estabelecido para cada grupo. Em nenhum momento as feridas foram cobertas, permanecendo, assim, com as lesões expostas durante todo o período da pesquisa. Técnica histológica Para a obtenção dos fragmentos da pele lesionada, os animais foram escolhidos de forma aleatória e sacrificados por inalação letal de éter Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

15 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR etílico, sempre cinco ratos de cada grupo, em cada prazo experimental previamente determinado, de 24h, 3, 7, 14 e 21 dias pós-operatório. Após cada coleta da amostra, a área original da lesão foi dividida em dois fragmentos, sendo um desprezado (porção superior de cada lesão) e o outro fixado por formol tamponado a 10% e/ou Bouin por 10 h, desidratados em álcool, diafanizados em xilol e incluídos em parafina. Foram realizados cortes de 5μm de espessura, colocados em lâminas histológicas e corados com Hematoxilina-Eosina (H.E), para a realização da análise histológica e morfométrica em microscópio de luz comum. Este bioensaio experimental está totalmente em conformidade com os princípios éticos e das normas mundiais de experimentação animal. Análise morfométrica Os melhores cortes histológicos, livres de artefatos, foram selecionados e fotografados com objetiva de 40x. As imagens foram obtidas por um uma câmera da marca Nikon Coolpix 5400 acoplada a um microscópico óptico da marca Nikon Eclipse E400, sendo o percentual de fibras, células e espaço vascular da área do tecido conjuntivo mensurado por densidade de coloração, utilizando-se o software Imagelab Análise estatística Para a análise dos resultados dos percentuais de fibras, células e espaço vascular quantificados após 24 horas, 3 dias, 7 dias, 14 dias e 21 dias de tratamento com figo, dersani e soro fisiológico, foi utilizado o método estatístico da Análise de Variância Ono-Way-Anova. Este teste, quando significante, foi complementado pelo teste de Comparações Múltiplas de Tukey. Os resultados foram considerados significantes quando p<0,05 (ZAR, 1996). Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

16 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Resultados e discussão Após 24h de tratamento com solução salina 0,9%, dersani e figo, todas as lesões apresentaram características histopatológicas semelhantes, tais como a presença de exsudato fibrino-leucocitário, com predomínio de neutrófilos (Figuras 1, 2 e 3). No entanto, quantitativamente as feridas tratadas com pasta de figo e dersani apresentaram um percentual de infiltrado de neutrófilo estatisticamente maior em relação às feridas tratadas com soro fisiológico 0,9% (Figura 5, 6 e 7). Por outro lado, as feridas tratadas com o soro fisiológico 0,9%. Segundo Mantovani et al. (1978) apud Gonçalves et al. (2006), o grau de inflamação aguda é um fator determinante para que ocorra uma cicatrização satisfatória, pois uma resposta inflamatória muito diminuída pode causar retardo no processo de reparação tecidual. 16 Figura 1 - Fotomicrografias de cortes da pele mostrando em A (figo), B (dersani) e C (soro 0,9%): crosta fibrino-leucocitária (C) e uma área com infiltrado leucocitário (I). Lesão feita no dorso de rato com 24 horas pós-lesão, tratada com pasta de figo. Coloração H.E. Aumento ± 64x Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

17 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Figura 2 - Representa as Médias e Desvios Padrão dos percentuais de células das lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani, no tempo de 24 horas. Letras diferentes a b b Soro Figo % 15 Dersani S F D Tratamento Figura 3 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de fibras de colágeno nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 24 horas % S F D Soro Figo Dersani 17 Tratamento Figura 4 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de Espaço Vascular das áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 24 horas Soro Figo % 15 Dersani S F D Tratamento Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

18 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 18 Após três dias de tratamento, as lesões tratadas com soro fisiológico 0,9%, dersani e figo apresentaram um tecido de granulação constituído por macrófagos, fibroblastos, vasos sanguíneos neoformados e colágeno nas margens das feridas. Verificou-se o início da reepitelização em todos os tratamentos. Porém, nas lesões tratadas com pasta de figo a migração de células epiteliais e o crescimento do tecido epitelial ao longo das margens das feridas foram mais intensas quando comparadas com aquelas tratadas com soro fisiológico e dersani. As células do tecido epitelial das lesões tratadas com pasta de figo se fundem abaixo da superfície da crosta e produzem uma camada epitelial fina e contínua (Figura 5). Segundo Rahal et al. (2003), a migração dessas células é orientada pela membrana basal que se forma à medida que as células epiteliais se deslocam. Em relação à população de células observada nas lesões tratadas com soro fisiológico 0,9%, pasta de figo e dersani, verificou-se que os neutrófilos em sua maioria foram substituídos por macrófagos (Figura 5), semelhantemente aos achados de Rahal et al. (2001), Santos et al. (2002) e Rahal et al. (2003). Morfometricamente não houve diferença significante nos valores das porcentagens de fibras, células e espaços vasculares nos três tratamentos (Figuras 6, 7 e 8). Colaborando com os resultados observados, Tenius (2007) notou que a força tencional do colágeno em feridas tratadas com dexametasona, após três dias de tratamento, não apresentou mudança significante na resistência tensional quando comparadas com aquelas tratadas com soro fisiológico. Diante deste fato, acredita- -se que os tratamentos utilizados neste estudo, bem como aqueles citados, aplicados no tratamento de feridas por um período de três dias, não estimulam suficientemente a síntese de colágeno. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

19 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Figura 5 - Fotomicrografias de cortes da pele mostrando em A (tratado com pasta de figo), B (tratado com dersani) e C (tratado com soro 0,9%): uma crosta fibrino-leucocitária (C) e começo da reepetelização (RE). Lesão feita no dorso de rato com 3 dias pós-lesão, tratada com Dersani. Coloração H. E. Aumento ± 64x 19 Figura 6 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de Fibras de Colágeno nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 3 dias % S F D Soro Figo Dersani Tratamento Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

20 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Figura 7 - Médias e Desvios Padrão Percentuais de células nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 3 dias % S F D Tratamento Soro Figo Dersani 20 Figura 8 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de espaço vascular em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 3 dias % S F D Tratamento Soro Figo Dersani Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

21 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Observou-se no sétimo dia de tratamento que as lesões tratadas com soro fisiológico 0,9% e dersani apresentaram no espaço incisional das feridas com aspectos histopatológicos semelhantes àqueles observados no período de três dias de tratamento. Ou seja, presença de uma crosta fibrino- -leucocitária espessa, tecido de granulação desorganizado rico em células e vasos sanguíneos neoformados. Por outro lado, as lesões tratadas com pasta de figo apresentaram uma crosta fibrino-leucocitária delgada e um tecido de granulação amplamente desenvolvido, com intensa atividade proliferativa de fibroblastos e angiogênese (Figura 9). Acredita-se que a baixa concentração de oxigênio em um tecido possa modular, dentre outras atividades fisiológicas, a angiogênese (GUYTON, 2006). Considerando-se que os eventos cicatriciais tanto das lesões tratadas com soro fisiológico 0,9% e dersani, quanto daquelas tratadas com pasta de figo, foram moduladas em baixa tensão de oxigênio e levando- -se em conta que as lesões tratadas com pasta de figo apresentaram um aumento significante (p<0,01) de espaço vascular em relação àquelas tratadas com soro fisiológico 0,9% e dersani, é possível acreditar que a pasta de figo possua algum princípio ativo que estimule a angiogênese durante o processo de cicatrização (Figuras 10, 11 e 12). Vários estudos relatam que a angiogênese é essencial em diversos eventos fisiopatológicos, inclusive no processo de cicatrização de feridas, pois a angiogênese está diretamente relacionada com o aumento da formação de colágeno que é fundamental no desenvolvimento da força tênsil do tecido lesionado (LIOTTA et al., 1991; IRION, 2005; HAUBNER et al., 1997, apud SILVA, et al., 2007). As lesões tratadas com pasta de figo apresentaram uma reepitelização completa. Por outro lado, as lesões tratadas com soro fisiológico 0,9% e dersani observou-se reepitelização parcial (Figura 9). 21 Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

22 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Figura 9 - Fotomicrografias de cortes de pele mostrando em A (tratamento com pasta de figo), B (tratamento com dersani) e C (tratamento com soro 0,9%) crosta fibrino-leucocitária (C), tecido de granulação (TG), reepetelização completa (RE) e vasos sanguíneos neoformados (VN) Lesão feita no dorso de rato com 7 dias pós-lesão. Coloração H.E. Aumento ± 64x 22 Figura 10 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de espaço vascular nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 7 dias. * Significativamente diferente em relação ao Figo e os outros tratamentos (p<0.01) % S F D Tratamento Soro Figo Dersani Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

23 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Figura 11 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de células nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 7 dias Soro Figo % 15 Dersani S F D Tratamento Figura 12 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de fibras de colágeno nas áreas 23 cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 7 dias % S F D Soro Figo Dersani Tratamento Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

24 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 24 Após 14 dias de tratamento, as lesões de todos os tratamentos apresentaram um tecido de granulação com aumento da síntese de colágeno e da atividade proliferativa de fibroblastos, além da redução da neovascularização e diminuição do edema e do infiltrado leucocitário local (Figura 13), semelhante à descrição clássica realizada por Cotran et al. (2005). Pode-se observar que todas as amostras de pele tratadas com pasta de figo apresentaram um tecido epitelial de revestimento pavimentoso estratificado queratinizado recobrindo toda a extensão da lesão, enquanto que as tratadas com soro fisiológico e dersani houve amostras que não se apresentaram totalmente reepitelizadas. As lesões que não estavam completamente reepitelizadas apresentavam-se com uma crosta fibrino-leucocitária delgada (Figura 13). Estudos mostram que reepitelização com queratinização completa só ocorre após o período de 14 dias (SANTOS et al., 2002). Diante destes resultados, e considerando-se que todas as lesões tratadas com pasta de figo foram completamente reepitelizadas no período de 14 dias, é possível acreditar que a pasta de figo possa realmente conter algum fator de crescimento celular que tenha influenciado na reepitelização completa nas lesões. Os valores dos percentuais de fibras, células e espaço vascular obtidos em feridas tratadas com solução salina 0,9%, dersani e figo, neste mesmo período de tratamento, encontram-se expressos nas Figuras 14, 15, 16. As lesões tratadas com dersani apresentaram um aumento significativo no percentual de células no tecido conjuntivo (p<0,05) em relação aos outros tratamentos, enquanto que as lesões que receberam pasta de figo apresentaram um aumento no percentual de espaço vascular. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

25 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Figura 13 - Fotomicrografias de cortes da pele mostrando em A (tratamento pasta de figo), B (tratamento dersani) e C (tratamento soro 0,9%) tecido de granulação (TG), reepitelização completa (TRE) e reepitelização incompleta (REI). Lesão feita no dorso de rato com 14 dias pós-lesão. Coloração H.E. Aumento ± 64x 25 Figura 14 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de células em áreas cicatrizadas nas lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 14 dias. * Significativamente diferente em relação ao Figo e Dersani (p<0,01) e ao Soro e Dersani (p<0,05) Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

26 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Figura 15 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de fibras de colágeno nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 14 dias % S F D Soro Figo Dersani Tratamento Figura 16 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de espaço vascular nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 14 dias. 26 *Significativamente diferente em relação ao Figo e Dersani (p<0,05) % Soro Figo Dersani 0 S F D Tratamento Após 21 dias de tratamento, pode-se verificar que todas as lesões dos grupos tratados com pasta de figo, soro fisiológico 0,9% e dersani apresentaram um tecido conjuntivo totalmente isento de infiltrado inflamatório, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

27 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR um tecido epitelial de revestimento queratinizado e uma redução na linha tensional da ferida (Figura 17), confirmando o que outros estudos já afirmaram a respeito da cinética da cicatrização no período de 21 dias pós- -operatório (RAHAL, 2001; EULÁLIO, et al. 2007; RAHAL, 2003). Colaborando com os resultados observados neste estudo, Balbino et al. (2005) demonstraram que a cicatriz das feridas atinge sua máxima resistência tênsil nesse período de 21 dias. Notou-se que as lesões tratadas com pasta de figo e dersani apresentaram movimentos centrípetos das bordas das feridas mais evidentes quando comparadas com aquelas tratadas com soro fisiológico. Além disso, observou-se que a epiderme do grupo tratado com pasta de figo se mostrou mais espessa quando comparada com aquelas dos grupos tratados com soro fisiológico e com dersani (Figura 17). Morfometricamente, as lesões tratadas com figo apresentaram um aumento significante no percentual de fibras (p<0,05), em relação às lesões tratadas com soro fisiológico 0,9% e dersani (Figuras 18, 19 e 20). É importante ressaltar que o colágeno é um dos elementos mais importantes na cicatrização, pois o ganho em resistência tênsil das feridas está diretamente relacionado com a quantidade e organização deste elemento fibrilar (OR- TIZ, 2007). Diante destes resultados, pode-se afirmar que o aumento do percentual de fibras observadas neste período de 21 dias está diretamente relacionado com o aumento significativo da angiogênese observada no terceiro após o início do tratamento. Em relação à pasta de figo do fruto Fícus carica, se faz necessário ainda um estudo mais aprofundado da mesma, aplicando-se técnicas que permitam titular os componentes químicos deste fruto e técnicas que possam identificar dentre as substâncias químicas separadas aquelas que possuam propriedades químicas que auxiliam no processo de cicatrização. 27 Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

28 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Figura 17 - Fotomicrografias de cortes da pele mostrando em A (tratamento pasta de figo), B (tratamento dersani) e C (tratamento soro 0,9%) tecido epitelial queratinizado (TEQ), tecido conjuntivo frouxo (TCF). Lesão feita no dorso de rato com 21 dias pós-lesão. Coloração H.E. Aumento ± 64x 28 Figura 18 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais das fibras de colágeno nas áreas cicatrizadas em lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 21 dias. *Significativamente diferente em relação ao Figo e Soro (p<0,05) e ao Figo e Soro (p<0,05) e ao Figo e Dersani (p<0,01) % S F D Soro Figo Dersani Tratamento Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

29 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Figura 19 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais das células em áreas cicatrizadas nas lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 21 dias % S F D Soro Figo Dersani Tratamento Figura 20 - Representa as Médias e Desvios Padrão Percentuais de espaço vascular em áreas cicatrizadas nas lesões tratadas com Soro Fisiológico 0,9%, Figo e Dersani no tempo de 21 dias. * 29 Significativamente diferente em relação ao Figo e Dersani (p<0,05) Soro Figo % 15 Dersani S F D Tratamento Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

30 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Considerações finais É possível concluir que a pasta de figo apresenta uma atividade cicatrizante e acelera o reparo em lesões de pele de rato Wistar. Referências BALBACH, A.; BOARIM, D. S. F. As Frutas na Medicina Natural. 1ª ed. São Paulo: Ed. Missionária, BALBINO, C. A.; PEREIRA, L. M.; CURI, R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 41, n. 1, p , COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S. L. Patologia estrutural e funcional. 7. a ed. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, DUARTE, Y. A. O.; DIODO, M. J. D. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Ed. Atheneu, GONÇALVES F. A.; TORRES, O.J. M.; CAMPOS, A. C. L.; TAMBARA FILHO, R.; ROCHA, L.C.A.; LUNEDO, S. M. C.; BARBOSA, R. E. A.; BERNHARDT, J. A.; VASCONCELOS, P. R. L. Efeito do extrato de Passiflora edulis (maracujá) na cicatrização de bexiga em ratos: estudo morfológico. Revista Acta Cirurgica Brasileira, v. 21 (Supl. 2), GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

31 EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR HAUBNER, R.; FINSINGER, D.; KESSLER, H. Stereoisomeric peptide libraries and peptidomimetics for designing selective inhibitors of the αvβ3 integrin for a new cancer therapy. Angewandte Chemie International Edition English, v. 36, IRION, G. Feridas: novas abordagens, manejo clínico e atlas em cores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, n. 3, LIOTTA, L. A.; STEEG, P. S.; STELLER-STEVENSON, W. G. Cancer Metastasis and angiogenesis: an imbalance of positive and negative regulation. Cell Press, v. 64, MAIO, M. Tratado de Medicina Estética. São Paulo: Roca, v. 3. MANDELBAUM, S. H.; SANTIS; MANDELBAUM, M. H. S. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares. Associação Brasileira de Dermatologia, v. 78, n. 4, MANTOVANI, M.; LEONARD, L. S.; ALCÂNTARA, F. G. Evolução da cicatrização em anastomoses do intestino grosso em condições de normalidade e sob ação de drogas imunossupressoras: estudo comparativo em cães. Campinas: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), PEREZ, C.; CANAL, J. R.; TORRES M.D. Experimental diabetes treated with ficus carica extract: effect on oxidative stress parameters. Acta Diabetologica Spain, RAHAL, S. C.; BRACARENSE, A. P. F. R. L.; TANAKA, C. Y.; GRILLO, T. P.; LEITE, C. A. L. Use of própolis or honey in the treatment of clean wounds induced in rats. Archives of Veterany Science, v. 8, n. 1, Acta Biológica. v. 20, n. 1, p. 9-32, 2016.

32 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS RAHAL, S. C.; ROCHA, N. S.; BLESSA, E. P.; IWABE, S.; CROCCI, A. J. Pomada Orgânica natural ou Solução Salina Isotônica no tratamento de feridas limpas induzidas em ratos. Revista Ciência Rural, v. 31, n. 6, RICHTER, G.; SCHWARZ, H. P.; DORNER, F.; TURECEK, P. L. Activation and inactivation of human factor X by proteases derived from Ficus carica. Baxter BioScience, SALAZAR, S. R. C. Aspectos Morfológicos e Morfométricos da Cicatrização de Ferida Aberta em Pele de Rato Tratada com Plantago major. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo (UFSP), SCHNEIDER, E. La Salud por la nutricion. 1. ed. Espanha, v SILVA, T. H. A.; BUTERA, A. P.; LEAL, D. H. S.; ALVES, R. J. Agentes antitumorais inibidores da angiogênese - Modelos farmacofóricos para inibidores da integrina αvβ3. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 43, n. 1, TENIUS, F. P.; BIONDO-SIMOES, M. L. P.; IOSHII, S. O. Efeitos do uso crônico da dexametasona na cicatrização de feridas cutâneas em ratos. Revista Associação Brasileira de Dermatologia, v. 82, n. 2, TIAGO, F. Feridas: etiologia e tratamento. 2 ed. São Paulo, ZAR, J. H. Biostatistical analysis. New Jersey, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

33 LEDGF/p75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM O SISTEMA IMUNOLÓGICO Dailiany Orechio 1 Enios Carlos Duarte 2 Resumo: Autoanticorpos são frequentemente utilizados como marcadores de doenças autoimunes. Através de métodos de detecção, em 1994 foi encontrado um novo padrão nuclear de fluorescência, denominado Pontilhado Fino Denso (PFd/DFS70). Esse anticorpo mostrou-se reativo contra uma proteína correspondente ao fator de transcrição p75 e ao fator de crescimento derivado do cristalino, sendo denominada posteriormente de LEDGF/p75. Além de ser um autoantígeno em várias situações inflamatórias e estar envolvido em algumas doenças autoimunes e alguns tipos de cânceres, é também um fator de crescimento e protege as células contra a morte celular. O anti-ledgf/p75 é um anticorpo encontrado com frequência em indivíduos de aspecto saudável, sem nenhuma injúria aparente. Durante a fase de integração do vírus HIV, 1 Mestranda em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). dorechio@usp.br 2 Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo e graduação em Ciências com Habilitação Plena em Biologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). Docente do Centro Universitário Adventista de São Paulo. enios.duarte@ucb.org.br.

34 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS existe uma importante interação do LEDGF/p75 com a proteína integrase, o que o torna alvo para terapia viral. Futuros estudos sobre a proteína LEDGF/ p75 devem enfatizar todo o mecanismo de atuação tanto em processos celulares naturais como patológicos, a fim de colaborar na elucidação da forma de atuação do sistema imunológico em humanos. Palavras-chave: LEDGF/p75; Autoimunidade; PFd; HIV; Doenças inflamatórias crônicas. 34 Abstract: Autoantibodies are frequently used as markers of autoimmune diseases. Through detection methods, in 1994 a new nuclear fluorescence pattern was found, called nuclear dense fine speckled pattern (PFd/DFS70). This antibody, subsequently called LEDGF/p75, proved to be reactive against a protein corresponding to the transcription factor p75 and to the growth factor derived from the crystalline. It is also a growth factor, an autoantigen in various inflammatory conditions, protects cells against cell death, and additionally is involved in some autoimmune diseases and certain types of cancers. The anti-ledgf/p75 is an antibody often found in apparently healthy individuals. In the HIV virus integration stage, there is a significant interaction of the LEDGF/p75 with the integrase protein, making it a potential target for viral therapy. Future studies on the protein LEDGF/ p75 should emphasize the mechanism of action in both natural and pathological cellular processes in order to help elucidating the behavior of the immune system in humans. Keywords: LEDGF/p75; Autoimmunity; PFd; HIV; Chronic inflammatory diseases. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

35 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM SIASTEMA IMUNOLÓGICO Perspectiva histórica A presença de autoanticorpos direcionados contra antígenos intracelulares é a principal característica das doenças autoimunes sistêmicas. Podem ocorrer também em outros tipos de doenças como câncer, doenças atópicas, síndrome da fadiga crônica, cistite intersticial, entre outras (GANAPATHY; CASIANO, 2004; MAHLER; FRITZLER, 2010). A detecção de anticorpos teve início em 1948 através das células LE, descritas por Hargraves. A partir de 1950, Coons e Kaplan desenvolveram uma nova técnica para identificar antígenos teciduais usando anticorpos marcados com fluoresceína em cortes de tecido de roedores (HARGRAVES et al., 1948; COONS; KAPLAN, 1950). Somente décadas depois a técnica de imunofluorescência indireta (IFI) em células da linhagem imortal HEp-2 começou a ser amplamente utilizada na detecção de anticorpos. Na interação antígeno-anticorpo, uma alta especificidade é comumente encontrada, o que facilita sua utilização dos anticorpos como marcadores para o diagnóstico de doenças reumáticas autoimunes de suas condições associadas (GANAPATHY; CASIANO, 2004; BIZZARO et al., 2007). Através do teste para detecção de fator antinúcleo por imunofluorescência (FAN-IFI), um novo padrão nuclear caracterizado por um pontilhado fino denso nas células em interfase e também na placa metafásica foi identificado, e costuma ser alvo de grande interesse por parte da comunidade científica (DELLAVANCE et al., 2007). Em 1994, ao examinar soros de pacientes com cistite intersticial, Ochs et al. (1994) observou esse novo padrão, que foi denominado de nuclear Pontilhado Fino Denso (PFd/DFS70) (Figura 1). Posteriormente, a mesma equipe avaliou amostras de soro com o padrão PFd através da técnica de Western blot (WB) e identificou reatividade contra uma proteína de aproximadamente 75kDa, correspondente ao fator de transcrição p75 e ao fator de crescimento derivado do 35 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p , 2016.

36 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS cristalino. Assim, o autoantígeno associado ao padrão PFd foi inicialmente chamado de DFS70, passando mais tarde para LEDGF/p75 (OCHS et al., 2000). Figura 1 - Imunofluorescência indireta em células HEp-2 exibindo o padrão nuclear pontilhado fino denso (PFd). Na célula em mitose, nesta figura demonstrada em metáfase, os antígenos alvos do padrão PFd concentram-se na placa metafásica (Imagem cedida por Keppeke G.D.; Laboratório de Reumatologia, Unifesp, 2011). 36 LEDGF/p75 O gene humano que codifica o fator de crescimento derivado do epitélio da lente localiza-se no cromossomo 9p22.2 e contém aproximadamente 15 éxons e 14 íntrons. Por meio de splicing alternativo são codificadas as proteínas LEDGF/p75 e LEDGF/p52, sendo que esta última parece não relacionar-se a nenhuma doença (SINGH et al., 2000; BIZZARO et al., 2007). Segundo (SHARMA et al., 2003), a proteína LEDGF/p75 é encontrada na maioria das células em divisão, preferencialmente associada à cromatina Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

37 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM SIASTEMA IMUNOLÓGICO condensada no núcleo, sendo responsável pela sobrevivência celular, regulação de genes ligados ao estresse como, por exemplo, Hsp (HeatShockProtein) 25, Hsp27, Hsp90, αb-cristalina, AOP2. Esse estresse pode ser induzido por fatores ambientais tais como estresse oxidativo, falta de suprimento de soro, entre outros. Devido à capacidade de sobrevivência celular ter sido demonstrada em estudos in vitro com células da lente e em estudos com drogas quimioterápicas, o LEDGF/p75 foi cotado para ser usado como proteína terapêutica em doenças da retina e em alguns cânceres, como o câncer de próstata (THANOS; EMERICH, 2005; MEDIAVILLA-VARELA et al., 2009). Do ponto de vista estrutural o LEDGF/p75 possui 530 aminoácidos e vários domínios funcionais (BROWN-BRYAN et al., 2008)(Figura 2). Figura 2 - Representação esquemática de LEDGF/p75 evidenciando as diferentes regiões da proteína e seus domínios funcionais. Os números correspondem à quantidade de aminoácidos presentes (adaptado de BUENO et al., 2010) 37 Os domínios funcionais sempre estão presentes em fatores de transcrição, ao menos em número de dois, um que se liga ao DNA e outro que se liga à RNA polimerase, a fim de exercer função reguladora, ativando ou reprimindo a transcrição de genes (DAVIDSON, 2006). Na região N-terminal, o domínio PWWP (Pro-Trp-Trp-Pro) funciona como um domínio de interação proteína-proteína e/ou um domínio de ligação ao DNA. Estão também presentes os domínios NLS (Nuclear Localization Signal), AT-hooke, na região C-terminal, o domínio de ligação à Acta Biologia. v. 20, n. 1, p , 2016.

38 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS integrase (IBD) (ENGELMAN; CHEREPANOV, 2008; VAN MAELE et al., 2006; BUSSCHOTS et al., 2009). Anti-LEDGF/p75 38 De acordo com Ganapathy et al. (2003), durante o processo de apoptose, quer seja desencadeado por fatores extrínsecos ou intrínsecos, ocorre a clivagem de LEDGF/p75 em sítios específicos por caspases, enzimas responsáveis pela ativação dos processos que culminam na condensação e fragmentação do núcleo e externalização de fosfolipídeos, e posterior fagocitose por macrófagos, gerando fragmentos de 58 e 65kDa (Figura 3). Estes fragmentos podem migrar para células viáveis impedindo a ação dos mecanismos de sobrevivência. Podem ainda resultar em condições pró-inflamatórias, aumentando ainda mais a apoptose (GRIVICICH et al., 2007). Figura 3 - Esquema representando os cinco possíveis sítios clivados por caspases em LEDGF/p75. O número de aminoácidos dos fragmentos da proteína está entre parênteses (adaptado de WU et al., 2002) Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

39 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM SIASTEMA IMUNOLÓGICO Apoptose induzida e privação de soro em células normais ocasionou uma alta expressão de LEDGF/p75 e subsequente proteção celular, enquanto que células onde apenas o fragmento de 65kD foi expresso falharam nessa função (WU et al., 2002). As formas de indução de anti-ledgf/p75 ainda não estão elucidadas. Elas podem ser causadas por apoptose anormal junto com clivagem da proteína, gerando fragmentos responsáveis pelo aumento da imunogenicidade, inativação do fator de sobrevivência e consequente morte celular acentuada. A proteína LEDGF/p75 e seus fragmentos podem ser apresentados aos linfócitos T autorreativos, produzindo os autoanticorpos anti-ledgf/p75 (GANAPATHY et al., 2003) (Figura 4). Relevância clínica do autoantígeno LEDGF/p75 Há evidências de que esses autoanticorpos são encontrados com considerável frequência e altas concentrações em indivíduos saudáveis. De fato, Mariz et al. (2011) estudaram 918 indivíduos saudáveis, dos quais, 118 foram positivos para fatores antinucleares (FAN), sendo que 39 (33,1% dos FANs positivos em indivíduos saudáveis) apresentaram o padrão PFd. Esse padrão foi exclusivo de indivíduos não portadores de doenças autoimunes reumáticas, em uma série de 153 pacientes com diversas doenças reumáticas autoimunes o padrão não foi encontrado. Em estudo anterior conduzido por Watanabe et al. (2004) com 597 trabalhadores saudáveis de um hospital japonês, a positividade para FAN foi observada em 20% dos indivíduos e, destes, 64 apresentaram o padrão PFd. 39 Figura 4 - Modelo da possível contribuição da clivagem de LEDGF/p75 para a patogênese de doenças inflamatórias e distúrbios associados a apoptose desregulada e imunidade humoral a esta proteína (GANAPATHY et al., 2003) Acta Biologia. v. 20, n. 1, p , 2016.

40 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 40 Outro estudo avaliou amostras positivas para FAN obtidas de um Laboratório de Patologia Clínica localizado em São Paulo; destas, 5081 (38%) eram positivas para PFd, das quais 39% estavam relacionadas a condições autoimunes e 61% a condições não autoimunes. O padrão PFd esteve presente em pacientes com as mais diferenciadas causas não autoimunes. Entre os pacientes autoimunes, tiroidite autoimune representou 13 casos em 81, ou seja, 16%. Considerando-se que a proteína LEDGF/75 é induzida por estresse oxidativo, é possível que autoanticorpos anti-ledgf/75 representem uma resposta à expressão aumentada da proteína no contexto de diversas condições inflamatórias crônicas dentre as quais as tiroidites autoimunes (DELLAVANCE et al., 2005). Um estudo feito pelo Laboratório do Grupo de Estudos sobre Doenças Autoimunes da Sociedade Italiana de Medicina avaliou a prevalência de anticorpos anti-ledgf/p75 em pacientes encaminhados para testes de FAN e em 334 pacientes com diferentes tipos de neoplasia. O objetivo foi determinar se o tecido da lente ocular seria um substrato adequado para a detecção de anticorpos específicos para proteínas das lentes, considerando Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

41 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM SIASTEMA IMUNOLÓGICO que o teste convencional de FAN é feito com células Hep-2. Foram encontrados 172 (0,8%) de positividade para o padrão PFd entre os pacientes enviados para teste de FAN, e 6 de 334 (1,8%) no grupo de pacientes com doenças neoplásicas (BIZZARO et al., 2007). Além de estar presente em condições inflamatórias e relacionado à autoimunidade, o LEDGF/p75 é um importante cofator durante a fase de integração no processo de replicação do vírus HIV. A integrase liga-se ao domínio IBD na região C-terminal do LEDGF/p75, que atua como receptor para as partículas do PIC (Complexo de pré-integração). Tal ligação aumenta a atividade de transferência da cadeia de DNA por parte da integrase e a direciona para um locus específico. O encaixe do LEDGF/p75 na cromatina acontece nos domínios NLS e AT-hook, ligando-se diretamente ao DNA, e/ou pode ligar-se à cromatina através dos domínios PWWP e AT-hook por meio de interações proteína-proteína com as histonas ou outros fatores celulares ainda desconhecidos (VAN MAELE et al., 2006). O PIC é capaz de interagir com o DNA alvo mesmo na ausência de LEDGF/p75. Desta forma, é possível afirmar que a integração não é completamente dependente da presença desse cofator. Porém, estudos apontam que ao reduzir os níveis endógenos de LEDGF/p75, grande parte da integrase é redirecionada para o citoplasma, além de perder a capacidade de associação ao cromossomo (DELLAVANCE et al., 2005; ENGELMAN; CHEREPANOV, 2008). É de vital importância que futuros estudos sejam realizados usando- -se maiores populações de pacientes e de diferentes países, além de se fazer comparações da prevalência e títulos desse autoanticorpo entre os vários grupos étnicos existentes. Além disso, a exclusão dos falsos positivos e negativos usando vários métodos de detecção de anticorpo também se faz relevante. Segundo Dellavance et al. (2007) o aumento na sensibilidade do teste de FAN-IFI resultou na Síndrome do Anticorpo Idiopático, caracterizada por uma alta frequência de resultados positivos do teste FAN em 41 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p , 2016.

42 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 42 indivíduos saudáveis ou com manifestações clínicas vagas. Há necessidade de utilização de critérios rígidos de solicitação e de interpretação do teste, com o propósito de evitar diagnósticos equivocados. Segundo Bizzaro et al. (2007), é possível que o padrão PFd compreenda vários anticorpos com alvos diferentes. No estudo realizado usando cortes de olho de roedor, o antígeno LEDGF/p75 é encontrado apenas no epitélio da córnea, mas houve positividade nas fibras reticulares e nos núcleos de células da lente. Alguns autores apontam o padrão PFd como uma alternativa na diminuição de custos de exames. Pacientes com resultados positivos para esse padrão seriam excluídos de diagnósticos para doenças reumáticas autoimunes sistêmicas (MAHLER; FRITZLER, 2010). O uso de inibidores de LEDGF/p75 em terapia viral tem-se mostrado um novo possível aliado no tratamento contra o vírus HIV, o que reforça a significância desta proteína em um amplo contexto patológico (TSIANG et al., 2009). Futuros estudos sobre a proteína LEDGF/p75 devem enfatizar a significância clínica dos anticorpos, a contribuição dos seus domínios estruturais e funções de sobrevivência. A interação gene-alvo, os mecanismos pelos quais a clivagem de LEDGF/p75 por caspases alteram a imunogenicidade e seu papel na patogênese de várias doenças atópicas e inflamatórias também são pontos importantes a serem abordados mais profundamente. Concomitantemente, estudos que enfoquem uma análise molecular da interação antígeno-anticorpo para determinar uma possível causa do anti-ledgf/p75 ser um anticorpo relativamente comum em indivíduos aparentemente saudáveis serão importantes para um maior esclarecimento de como o sistema imunológico atua na autoimunidade. Referências BIZZARO, N.; TONUTTI, E.; VISENTINI, D.; ALESSIO, M.; PLATZGUMMER, S.; MOROZZI, G.; ANTICO, A.; VILLALTA, D.; PILLER-RONER, S.; VIGEVANI, E. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

43 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM SIASTEMA IMUNOLÓGICO Antibodies to the lens and cornea in anti-dfs70-positive subjects. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1107, p , BROWN-BRYAN, T. A.; LEOH, L. S.; GANAPATHY, V; PACHECO, F. J.; MEDIAVILLA- VARELA, M.; FILIPOVA, M.; LINKHART, T. A.; GIJBERS, R.; DEBYSER, Z.; CASIANO, C. A. Alternative splicing and caspase-mediated cleavage generate antagonistic variants of the stress oncoprotein LEDGF/p75. Molecular cancer research (MCR), v. 6, n. 8, p , BUENO, M. T.; GARCIA-RIVERA, J. A.; KUGELMAN, J. R.; MORALES, E.; ROSAS- ACOSTA, G.; LLANO, M. Sumoylation of the lens epithelium-derived growth factor/p75 attenuates its transcriptional activity on the heat shock protein 27 promoter. Journal of Molecular Biology, v. 399, n. 2, p , BUSSCHOTS, K.; RIJCK, J. D.; CHRIST, F.; DEBYSER, Z. In search of small molecules blocking interactions between HIV proteins and intracellular cofactors. Molecular biosystems, v. 5, n. 1, p , COONS, A. H.; KAPLAN, M. H. Localization of antigen in tissue cells; improvements in a method for the detection of antigen by means of fluorescent antibody. The Journal of Experimental medicine, v. 91, n. 1, p. 1 13, DAVIDSON, E. H. The regulatory genome: gene regulatory networks in development and evolution. 1. ed. Nova Iorque: N.A. Press., DELLAVANCE, A.; VIANA, V. S.; LEON, E. P; BONFA, E. S.; ANDRADE, L. E.; LESER, P.G. The clinical spectrum of antinuclear antibodies associated with the nuclear dense fine speckled immunofluorescence pattern. Journal of Rheumatology, v. 32, n. 11, p , Acta Biologia. v. 20, n. 1, p , 2016.

44 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS DELLAVANCE, A; LESER, P. G.; ANDRADE, L. E. C. Relevance of the immunofluorescence pattern for interpretation of the ANA test--the case of the dense fine speckled pattern. Revista da Associacao Medica Brasileira, v. 53, n. 5, p , ENGELMAN, A.; CHEREPANOV, P. The lentiviral integrase binding protein LEDGF/p75 and HIV-1 replication. PLoS Pathogens, v. 4, n. 3, p , GANAPATHY, V.; CASIANO, C. A. Autoimmunity to the Nuclear Autoantigen DFS70 (LEDGF): What Exactly Are the Autoantibodies Trying to Tell Us? Arthritis and Rheumatism, v. 50, n. 3, p , GANAPATHY, V.; DANIELS, T.; CASIANO, C. A. LEDGF/p75: A novel nuclear autoantigen at the crossroads of cell survival and apoptosis. Autoimmunity Reviews, v. 2, n. 5, p , GRIVICICH, I.; REGNER, A.; ROCHA, A. B. D. Morte Celular por Apoptose. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 53, n. 3, p , HARGRAVES, M. M.; RICHMOND, H; MORTON, R. Presentation of two bone marrow elements; the tart cell and the L.E. cell. Mayo Clinic proceedings, v. 23, n. 2, p , MAHLER, M.; FRITZLER, M. J. Epitope specificity and significance in systemic autoimmune diseases. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1183, p , MARIZ, H. A.; SATO, E.; BARBOSA, S. H.; RODIGUES, S. H.; DELLAVANCE, A.; ANDRADE, L. E. Pattern on the antinuclear antibody-hep-2 test is a critical parameter for discriminating antinuclear antibody-positive healthy individuals and patients with autoimmune rheumatic diseases. Arthritis and Rheumatism, v. 63, n. 1, p , Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

45 LEDGF/P75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM SIASTEMA IMUNOLÓGICO MEDIAVILLA-VARELA, M.; PACHECO, F. J.; ALMAGUEL, F; PEREZ, J.; SAHAKIAN, E.; DANIELS, T. R.; LEOH, L. S.; PADILLA, A.; WALL, N. R.; LILLY, M. B.; LEON, M. D.; CASIANO,. A. Docetaxel-induced prostate cancer cell death involves concomitant activation of caspase and lysosomal pathways and is attenuated by LEDGF/p75. Molecular cancer, v. 8, p. 68, OCHS, R. L.; STEIN, T. W.; PEEBLES, C.; GITTES, R. F.; TAN, E. M. Autoantibodies in interstitial cystitis. The Journal of urology, v. 151, n. 3, p , OCHS, R. L.; YUANZHENG, S. I.; YOSHINAO, M.; TAN, M. E. Autoantibodies to DFS 70 kd/transcription coactivator p75 in atopic dermatitis and other conditions. Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 105, n. 6 I, p , SHARMA, P.; SHINOHARA, R.; FATMA, N.; KUBO, E.; CHYLACK, L. T.; SINGH, U. Lens epithelium-derived growth factor relieves transforming growth factor-beta1-induced transcription repression of heat shock proteins in human lens epithelial cells. The Journal of biological chemistry, v. 278, n. 22, p , SINGH, D. P.; KIMURA, A.; CHYLACK, L. T. Jr.; SHINOHARA, T. Lens epitheliumderived growth factor (LEDGF/p75) and p52 are derived from a single gene by alternative splicing. Gene, v. 242, n. 1-2, p , THANOS, C.; EMERICH, D. Delivery of neurotrophic factors and therapeutic proteins for retinal diseases. Expert opinion on biological therapy, v. 5, n. 11, p , TSIANG, M.; JONES, S. G.; HUNG, M.; MUKUND, S.; HAN, B.;LIU, X.; BABAOGLU, K.; LANSDON, E.; CHEN, X.; TODD, J.; CAI, T.; PAGRATIS, N.; SAKOWICZ, R.; GELEZIUNAS, T. Affinities between the binding partners of the HIV-1 integrase dimer- Acta Biologia. v. 20, n. 1, p , 2016.

46 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS lens epithelium-derived growth factor (IN dimer-ledgf) complex. Journal of Biological Chemistry, v. 284, n. 48, p , VAN MAELE, B.; BUSSCHOTS, K.; VANDEKERCKHOVE, L.; CHRIST, F.; DEBYSER, Z. Cellular co-factors of HIV-1 integration. Trends in Biochemical Sciences, v. 31, n. 2, p , WATANABE, A.; KODERA, M.; SUGIURA, K.; USUDA, T.; TAN, M. E.; TAKASAKI, Y.; TOMITA, Y.; MURO, Y. Anti-DFS70 Antibodies in 597 Healthy Hospital Workers. Arthritis and Rheumatism, v. 50, n. 3, p , WU, X.; DANIELS, T.; MOLINARO, C.; LILLY, M. B.; CASIANO, C. A. Caspase cleavage of the nuclear autoantigen LEDGF/p75 abrogates its pro-survival function: implications for autoimmunity in atopic disorders. Cell death and differentiation, v. 9, n. 9, p , Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

47 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA Helena Luisa de Arruda Milani 1 Adriana Xavier Viana Teixeira 2 Elizabeth Cardoso de Sousa 3 Valdemir Aparecido de Abreu 4 Maria Fernanda Melo Lopes Ninahuaman 5 Resumo: O alho é pesquisado devido à sua rica composição, eficaz no tratamento de diversas patologias com ações antineoplásica, antimicrobiana, antifúngica e anti-helmíntica. O objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antimicrobiana in vitro, do extrato fresco dos bulbos de alho (Allium sativum L.), frente a cepas de bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli e do fungo Candida albicans. Foi usado o método da difusão em ágar pela técnica do disco e técnica do 1 Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). helena.a.amilani@hotmail.com. 2 Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). adrixviana@gmail.com. 3 Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). elizabethcardosos22@gmail.com. 4 Doutor e mestre em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Guarulhos. valdemir.abreu@unasp.edu.br. 5 Mestre em Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo. Graduado em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisador do laboratório de investigação em saúde e professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). maria.ninahuaman@unasp.edu.br.

48 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS poço com 20 µl e 100 µl de extrato fresco de Allium sativum, respectivamente. O extrato fresco foi obtido através de maceração e espremido com a ajuda de gaze. Foram usadas cepas padronizadas de Staphylococcus aureus ATCC# 6538, Escherichia coli ATCC# 8739 e Candida albicans ATCC# Como controle negativo, utilizou-se disco em branco e, como positivo, discos comerciais contendo penicilina G 10 UI, amicacina 30 µg e miconazol 50 µg. Nos testes pelo método de difusão em Agar, a medida do diâmetro do halo de inibição variou entre 20 a 70 mm e o extrato fresco de alho mostrou considerável ação antimicrobiana (p<0,001), especialmente frente à cândida e ao estafilococo, nas maiores concentrações. Conclui-se que o extrato fresco de Allium sativum, in vitro, apresenta atividade antimicrobiana em ambas as técnicas frente aos microrganismos testados. Palavras-chave: Allium sativum; Atividade antimicrobiana; Extrato fresco. 48 Abstract: Garlic has been the subject of much research because of their rich composition making it effective in the treatment of several pathologies by anticancer, antimicrobial, antifungal and anthelmintic actions. The aim of this study was to evaluate the antimicrobial activity, in vitro, of fresh garlic bulbs extract (Allium sativum L.) against bacterial strains Staphylococcus aureus, Escherichia coli and fungi Candida albicans. It was used the method agar diffusion by technique hard and well technique with 20 µl and 100 µl of fresh extract of Allium sativum, respectively. The fresh extract was obtained by maceration and squeezing with a gauze. We used standardized strains of Staphylococcus aureus ATCC # 6538, Escherichia coli ATCC # 8739 and Candida albicans ATCC # It was used blank disc as negative control and commercial discs containing antimicrobials: penicillin G 10 UI, amikacin 30 µg and miconazole 50 µg as positive control. In tests by the agar diffusion method, measuring the diameter of inhibition zone ranged Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

49 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA from 20 to 70 mm and fresh garlic extract showed significant antimicrobial activity (p<0,001), especially against the Staphylococcus and Candida at the highest concentrations. We conclude that the extract of fresh Allium sativum, in vitro, showed antimicrobial activity in both techniques against the tested microorganisms. Keywords: Allium sativum; Antimicrobial activity; Fresh extract. A fitoterapia é tão antiga quanto a história do ser humano. Sua citação mais antiga é encontrada no documento Rhizotomika, em que Diocles, um dos discípulos de Aristóteles, descreve com detalhes os efeitos fisiológicos das plantas medicinais (ELDIN; DUNFORD, 2001). Em países em desenvolvimento, a extração das drogas ainda é feita, muitas vezes, de forma caseira, sem controle das doses ou da observação de contraindicações ou até mesmo de efeitos colaterais (MATSUDA; NEGRAES, 2002). No Brasil, o uso de plantas medicinais passa de geração à geração, baseando-se na prática indígena, influenciada pelas culturas africana e portuguesa (MACEDO, 2004; ALMEIDA, 2011). Desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), na década de 1980, o governo estimula o uso dos recursos naturais para a promoção da saúde através de tecnologias eficazes, visando a integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade (BRASIL, 2001). O alho é alvo de muitas pesquisas devido à sua rica composição, tornando- -o eficaz no tratamento de diversas patologias como, por exemplo: doenças endócrinas, cardiovasculares; ele ainda age como antineoplásico, antimicrobiano, antifúngico e anti-helmíntico. Sua alta concentração de zinco, selênio e outras substâncias favorecem o aumento da produção de células do sistema humoral, melhorando assim o sistema imune (QUINTAES, 2001; KATZUNG et al., 2003). 49 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

50 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana, in vitro, pelo método de difusão em Agar Técnica do poço e técnica do disco, do extrato fresco de Allium sativum L. frente às bactérias Staphylococcus aureus ATCC # 6538, Escherichia coli ATCC # 8739 e ao fungo Candida albicans ATCC # Método 50 Para obtenção do extrato fresco, utilizou-se 15 bulbos de Allium sativum, adquiridos no supermercado. O bulbo do alho foi prensado com auxílio de um espremedor, e a massa obtida foi colocada em um almofariz e macerada com o auxílio de um pistilo. Gaze estéril foi utilizada para espremer a massa dentro de um béquer, para obtenção do extrato bruto. Além disso, utilizou-se cepas de bactérias Gram positivas Staphylococcus aureus ATCC #6538, Gram-negativas Escherichia coli ATCC#8739 e também fungos Candida albicans ATCC#10231, padrão ATCC (American Type Culture Collection), fornecidas pelo laboratório Controlbio Assessoria Técnica e Microbiológica S/S Ltda., por serem as mais comuns no organismo humano. Foram preparados 500 ml de Agar Mueller Hinton e 300 ml de Meio Agar Sabouraud Dextrosado, conforme especificação do fabricante (Becton Dickinson e CO. Sparks). Adicionou-se 25 ml do meio em placas de Petri descartáveis 90x15 mm e 100mL em placas de 150x15mm ambas adquiridas no Laboratório J. Prolab. O procedimento foi realizado em câmara de fluxo laminar (Trox Technik). Os inóculos bacterianos foram fornecidos pelo laboratório Controlbio Assessoria Técnica Microbiológica S/S Ltda., com a turvação correspondente a 0,5 na escala McFarland (equivalente a 1,5x10 8 UFC/ ml), para bactérias e de 1,0 na escala de McFarland (equivalente a 3,0x10 8 Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

51 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA UFC/mL), para leveduras. Essa concentração foi alcançada por meio do densitômetro Densimat-Biomerieux. Para o método de difusão em Ágar - Técnica do Disco e do Poço (GRO- VE; RANDALL, 1955), as placas contendo Agar Mueller Hinton e Sabouraud Dextrosado, preparadas antecipadamente, foram deixadas em repouso para atingir a temperatura ambiente. Flambou-se a boca de um tubo de ensaio de 10mm de diâmetro e preparou-se o poço no Agar, um por placa. O inóculo microbiano foi, então, distribuído uniformemente sobre a superfície do Agar, utilizando um swab estéril. As placas permaneceram em repouso, na temperatura ambiente, até que a solução fosse absorvida pelo Agar (aproximadamente 5 minutos). Nos respectivos poços foram dispensados 100µL do extrato fresco de alho utilizando micropipeta. Para o método de difusão Ágar - Técnica do Disco e do Poço (BAUER et al., 1966; NCCLS, 1997), utilizou-se discos de papel secos, esterilizado por radiação gama, sem impregnação, medindo 6 mm de diâmetro, fornecido pelo Laboratório CECON (São Paulo). Distribuiu-se 5 discos, em uma placa de Petri esterilizada, previamente identificada. Pipetou-se sobre os discos 20µL do extrato fresco de alho com o auxílio de uma micropipeta. Os discos ficaram em repouso em temperatura ambiente até o extrato ser absorvido completamente. Placas contendo Agar Mueller Hinton e Saboraud Dextrosado, preparadas antecipadamente, foram deixadas em repouso até atingir a temperatura ambiente e o inóculo foi distribuído uniformemente sobre a superfície do Agar, com swabs estéreis. Utilizando-se uma pinça esterilizada, distribuiu-se os discos impregnados com o extrato fresco de alho, um disco seco (controle negativo) e um disco contendo o antimicrobiano. Os antimicrobianos utilizados foram: penicilina G (10 UI) para bactérias Gram-positivas, amicacina (30µg) para Gram-negativas e miconazol (50µg) para leveduras (CECON, São Paulo). 51 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

52 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Os procedimentos foram realizados dentro da capela de fluxo laminar. As placas foram deixadas durante 30 minutos à temperatura ambiente para absorção do extrato fresco e, em seguida, incubadas em estufa a 37 C durante 48 horas. Ao final do período de incubação, foi observada a formação do halo de inibição do crescimento bacteriano e fúngico, medido em milímetros, utilizando-se régua milimetrada. A análise dos dados foi feita pela medida do diâmetro das zonas de inibição (halo), formadas pela amostra e pelo padrão. Os testes foram realizados em quintuplicata e os resultados expressos em mm pela média aritmética do diâmetro do halo de inibição, formado ao redor dos discos e poços nas repetições. Os resultados foram expressos como média (M) ± erro padrão (SEM) de média, e a significância avaliada pela análise de variância ANOVA (GraphPad Prism 5) seguida pelo teste de Tukey, considerando p < 0,05 como diferença significativa. 52 Resultados Os resultados obtidos da ação do extrato fresco de alho in natura (Allium sativum L.), após a realização dos testes de Difusão em Ágar - Técnica do Disco e do Poço, apresentaram halos de inibição (mm), formados ao redor dos discos impregnados com 20 µl e dos poços, nos quais foram depositados 100 µl do extrato fresco de Allium sativum L. A medida do diâmetro do halo de inibição variou entre 20 a 70 mm. Com relação a Staphylococcus aureus ATCC #6538, os halos de inibição obtidos para Penicilina G 10UI e Extrato fresco de alho (20mL) e (100mL) foram respectivamente 48,0 ± 0,01; 20,0 ± 0,0 e 63,3 ± 2,7 ***. Para Escherichia coli ATCC #8739, os halos de inibição obtidos para Amicacina 30μg e Extrato fresco de alho (20mL) e (100mL) foram respectivamente 28,0 ± 0,02; 28,0 ± 0,0 e 34,4 ± 0,2***. Para Candida albicans ATCC #10231, os halos de inibição obtidos para Miconazol 50μg e Extrato fresco de alho (20mL) e (100mL) foram respectivamente 60,0 ± 0,03; 60,0 ± 0,0 e 70,0 ± 0,0***, conforme mostrado na Tabela 1 e Figura 1. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

53 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA Tabela 1 - Diâmetros dos halos de inibição de crescimento bacteriano de 20 µl e 100 µl de extrato fresco de Allium sativum L., pelo Método de Difusão em Agar Técnica do Disco e do Poço respectivamente. Média* ± SEM do halo de inibição (mm) Controle (n=5) Extrato fresco de Allium sativum (n=5) Microrganismos 20 µl (disco) 100 µl (poço) Staphylococcus aureus / ATCC # ,0 ± 0,0 1 20,0 ± 0,0 63,3 ± 2,7 *** Escherichia coli /ATCC # ,0 ± 0,0 2 28,0 ± 0,0 34,4 ± 0,2 *** Candida albicans /ATCC # ,0 ± 0,0 3 60,0 ± 0,0 70,0 ± 0,0 *** Controle de antimicrobianos: 1) Penicilina G 10UI; 2) Amicacina 30μg, 3) Miconazol 50μg. ANOVA (teste Tukey) (***) estatisticamente significativo frente ao do controle positivo p<0, Figura 1 - Diâmetro dos halos de inibição de crescimento de Staphylococcus aureus ATCC #6538, Escherichia coli ATCC #8739 e Cândida albicans ATCC #10231 S. aureus E. coli C. albicans Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

54 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Diâmetro dos halos de inibição de crescimento de Staphylococcus aureus ATCC #6538, Escherichia coli ATCC #8739 e Cândida albicans ATCC #10231, frente aos antibióticos específicos Penicilina G 10UI (PEN), Amicacina 30μg (AMI), Miconazol 50μg (MCZ) e Extrato fresco de Alium sativum L., 20 µl e 100 µl pelo Método de Difusão em Agar Técnica do Disco (Alho D) e do Poço (Alho P) Alho Prespectivamente. estatisticamente significativo frente ao do controle positivo p<0,001. Discussão 54 Amaral (2006) considera o Brasil como um dos países de maior diversidade vegetal, com 55 mil espécies catalogadas e inúmeras plantas com potencial terapêutico. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o comércio de medicamentos fitoterápicos no Brasil é calculado em torno de 5% do mercado total de remédios (CORREA; ALVES, 2008). O alho (Allium sativum L.) é utilizado como tratamento de diversas doenças desde a antiguidade e estudos recentes confirmam sua ação antimicrobiana (VENTUROSO et al., 2011; FONSECA et al., 2014). Ele também possui alta concentração de fitoquímicos, relacionados à resposta da planta às agressões de ambientes inóspitos. A maior concentração de fitoquímicos está nos bulbos, mais conhecidos como dentes de alho (MARCHIORI, 2006). Quintaes (2008) reporta que o extrato de alho fresco diluído 128 vezes apresenta resultados significativos, demonstrando o potencial de inibição em cerca de 14 espécies de bactérias, entre elas Escherichia coli e Staphylococcus aureus, responsáveis por danos à saúde humana. Em um estudo de revisão sobre propriedades funcionais do alho, Marchiori (2006) afirma que ele apresenta ação antimicrobiana, tanto contra bactérias Gram positivas e Gram negativas quanto contra vírus e fungos como Candida albicans. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

55 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA O extrato fresco de Allium sativum L., (20µL), impregnado nos discos, não apresentou atividade antibacteriana significativa frente à cepa de Staphylococcus aureus ATCC #6538, quando comparado à ação da penicilina testada. No entanto, o mesmo volume testado em Escherichia coli ATCC #8739 demonstrou o mesmo grau de eficiência antimicrobiana da Amicacina testada e a mesma ação antifúngica do Miconazol frente à cepa de Cândida albicans ATCC #10231, sugerindo uma ação promissora. Extratos aquosos e hidroalcoólicos de Allium sativum L., bem como discos de alho fresco, possuem efeito inibitório sobre o crescimento de bactérias e fungos (OTA et al., 2010; VENTUROSO et al., 2011; FONSECA et al., 2014). O aumento da concentração do extrato fresco de Allium sativum L. para 100µL, no método de difusão em Ágar - Técnica do Poço, demonstrou que o alho apresentou atividade antimicrobiana estatisticamente significativa contra Staphylococcus aureus ATCC #6538 e Escherichia coli ATCC #8739, quando comparado ao controle positivo, Penicilina e Amicacina (p<0,001), respectivamente. Da mesma forma, o alho apresentou uma ação antifúngica expressiva contra Cândida albicans ATCC #10231, quando comparada à ação do Miconazol, demonstrando assim, a eficiência do alho como antimicrobiano. 55 Considerações finais Nossos resultados, com a utilização do extrato fresco de Allium sativum L., frente às culturas de Staphylococcus aureus ATCC #6538, Escherichia coli ATCC #8739, corroboram as informações publicadas sobre a eficiência do alho como agente antimicrobiano. Da mesma forma, demonstram também uma ação antifúngica frente à Candida albicans ATCC Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

56 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS # Em ambos os casos, os resultados foram notadamente significativos (p<0,001), com a maior concentração do extrato fresco de alho (100 µl), em relação aos antimicrobianos comerciais utilizados no presente estudo. Assim, novos experimentos devem ser ainda efetuados, com a finalidade de se empregar o extrato fresco de Allium sativum L., como opção para o uso de antibióticos naturais. Referências ALMEIDA, M. Z. Plantas medicinais. 3. ed. Salvador: EDUFBA, AMARAL, C. F.; RODRIGUES, A. G.; RIBEIRO, J. E. G.; SANTOS, M. G.; JUNIOR, N. L. N. A fitoterapia no SUS e o programa de pesquisas de plantas medicinais da central de 56 medicamentos. Brasília: Ideal Ltda., BAUER, A. W.; KIRBY, W. M.; SHERRIS, J.C; TURCK, M. Antibiotic susceptibility testing by standartized single disk method. American Journal of Clinical Pathology, v. 45, p CORRÊA, C. C.; ALVES A. F. Plantas Medicinais como ALTERNATIVA DE Negócios- Caracterização e Importância. Maringá, Disponível em: < Acesso em: 13 set ELDIN, S.; DUNFORD, A.; Fitoterapia: na atenção primaria à saúde. Barueri: Editora Manole Ltda., FONSECA, G.M.; PASSOS, T.C.; NINAHUAMAN, M.F.M.L.; CAROCI, A.S.; COSTA, L.S. Avaliação da atividade antimicrobiana do alho (Allium sativum Liliaceae) e de seu extrato Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

57 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO ALHO (ALLIUM SATIVUM) IN NATURA aquoso. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 16, n. 3, p , GROVE D. C.; RANDALL, W. A. Assay methods os antibiotic: a laboratory manual. New York: Medical Encyclopedia, KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, MACEDO, M.; FERREIRA, A. R. Plantas hipoglicemiantes utilizadas por comunidades tradicionais na Bacia do Alto Paraguai e Vale do Guaporé, Mato Grosso - Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 14, p , MARCHIORI, V. F. Propriedades funcionais do alho (Allium sativum L.), Disponível em: < Acesso em: 20 ago MATSUDA, A. H; NEGRAES P. F. Fitoterápicos: Complementos Nutricionais ou Medicamentos? In: TORRES, E. A. F. S. Alimentos do milênio: a importância dos transgênicos, funcionais e fitoterápicos para a saúde. São Paulo: Signus, NCCLS. National Committee for Clinical Laboratory Standards. Performance standards for antimicrobial disk susceptibility tests: approved standard. Villanova: NCCLS Publication M2-A5, OTA, C. C. C.; SILVA, D. V. G.; JACON, K. C.; BAURA, V.; NUNES, S. Avaliação da atividade antimicrobiana e anti-inflamatória do extrato hidroalcoólico do Allium sativum (alho), Disponível em: < Acesso em: 16 out QUINTAES, K. D. Alho, nutrição e saúde. Revista Nutri Web, v. 3, Disponível Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

58 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS em:< Acesso em: 19 set VENTUROSO, L. R.; BACCHI, L. M. A.; GAVASSONI, W. L.; CONUS, L. A.; PONTIM, B. C. A.; BERGAMIN, A. C. Atividade antifúngica de extratos vegetais sobre o desenvolvimento de fitopatógenos. Summa Phytopathologica, v. 37, n. 1, p , Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

59 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PRO- MOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA Katya da Silva Patekoski 1 Carmen Lidia Amorim Pires-Zottarelli 2 Resumo: Foi avaliada a ação do produto Trichodel Hidroponia, formulado com Trichoderma spp. no controle de Pythium aphanidermatum em variedades comerciais de alface e na promoção de crescimento das plantas. Nos experimentos in vitro, placas de Petri com ágar-água receberam 1mL do produto nas concentrações de 0,25, 0,5 e 1mL L -1, plântulas recém-germinadas das variedades Vera e Elisa e após 24h, discos com micélio do patógeno. Após dez dias de incubação a 20 e 31ºC, foram avaliados o comprimento das radículas, dos hipocótilos e a porcentagem de plântulas sobreviventes. Os testes in vivo foram realizados na primavera e no verão, por meio do sistema NFT, em delineamento inteiramente casualizado. Ao final do cultivo, foram avaliadas as massas de matéria fresca e seca das plantas. In vitro, 1 Doutora em Microbiologia Clínica pela Universidade Federal de São Paulo. Mestre em Micologia pelo Instituto de Botânica. Bacharel em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). katya_patekoski@yahoo.com.br. 2 Doutora em Ciências Biológicas, mestre em Ciências Biológicas e graduada em Ciências Biológicas todos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Pesquisadora Científica do Instituto de Botânica. E- -mail: zottarelli@uol.com.br.

60 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS o Trichodel não promoveu o crescimento das plantas, mas foi efetivo no controle do patógeno, com melhores resultados obtidos com a concentração de 0,25 ml L -1 ; in vivo não foi verificada influência do patógeno sobre o desenvolvimento das plantas, e, de maneira geral, o produto Trichodel não atuou como promotor de crescimento. Os resultados demonstram que o Trichodel Hidroponia possui potencial para o controle de podridão de raiz causada por P. aphanidermatum, podendo nortear outros estudos que visem o controle da doença. Palavras-chave: Lactuca sativa; Podridão de raiz; Controle biológico; Hidroponia; Trichoderma spp.; Pythium aphanidermatum. 60 Abstract: It was evaluated the action of the product Trichodel Hidroponia, formulated with Trichoderma spp. in the control of Pythium aphanidermatum in commercial lettuce varieties and plant growth promotion. In vitro, Petri dishes with water-agar received 1 ml of product with concentrations of 0.25, 0.5 and 1mL L -1, germinated seedlings of Vera and Elisa varieties and after 24 hours, plugs with mycelium of the pathogen. After 10 days of incubation at 20 and 31ºC, the length of primary root, hypocotyls and the percentage of survivor s seedlings were analyzed. In vivo experiments were carried out during the spring and summer, using the NFT system, in a completely randomized design. At the end of cultivation, the fresh and the dry weight of shoots and root were analyzed. In vitro, the Trichodel not promote plant growth, however, it was effective in controlling the pathogen, with best results obtained with the concentration of 0.25 ml L -1. In vivo experiments, there was no influence of the pathogen on plant growth and the product Trichodel in general not acted as a growth promoter. The results demonstrate that the Trichodel Hidroponia has potential to control Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

61 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA root rot caused by P. aphanidermatum, and may guide other work aimed at controlling the disease. Keywords: Lactuca sativa; Root rot; Biological control; Hydroponic system; Trichoderma spp.; Pythium aphanidermatum. A podridão de raiz causada por isolados do gênero Pythium Pringhsheim é uma das doenças mais frequentes em cultivos hidropônicos. Os prejuízos nestes cultivos são normalmente consideráveis, sendo os mesmos responsáveis pelo abandono da atividade de muitos produtores (SUTTON et al., 2006; BAPTISTA et al., 2011). No Brasil, a alface é a hortaliça folhosa mais comercializada e está entre as principais culturas produzidas por meio do sistema hidropônico NFT (técnica do fluxo laminar de nutrientes), que se destaca dentre os demais sistemas hidropônicos pelas vantagens de praticidade e eficácia na produção (OHSE, 2001; LOPES et al., 2003; COMETTI et al., 2008). No entanto, diversas espécies de Pythium são relatadas em cultivos hidropônicos desta hortaliça, das quais Pythium aphanidermatum destaca-se como uma das mais comuns e destrutivas, especialmente nas épocas mais quentes do ano, sendo o controle destes microrganismos um grande desafio para os hidroponicultores (HERRERO et al., 2003; OWEN-GOING et al., 2003; SUT- TON et al., 2006), com o controle biológico sendo apontado como ferramenta promissora e indispensável (LOPES, 2009). Dos microrganismos avaliados para o controle biológico de Pythium em cultivos hidropônicos, os Trichoderma spp. estão entre os mais estudados e utilizados mundialmente, por serem considerados eficazes no controle de fitopatógenos, e como promotores de crescimento de plantas (BE- NÍTEZ et al., 2004; SCHUSTER; SCHMOLL, 2010; SALAS-MARINA et 61 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

62 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS al., 2015). Soma-se a isto a facilidade de propagação e armazenamento dos isolados, características que subsidiam o aumento da oferta de produtos formulados com este antagonista (MELO, 1996). No Brasil, existem vários produtos disponibilizados para este fim, como é o caso do Trichodel, no entanto, ainda são escassos os trabalhos conduzidos com estes produtos (PATEKOSKI; PIRES-ZOTTARELLI, 2010). Este trabalho teve como objetivos avaliar a ação do produto comercial Trichodel Hidroponia, formulado com Trichoderma spp. no controle de podridão de raiz causada por Pythium aphanidermatum (Edson) Fitzp. em variedades de alface, e testar seu efeito na promoção de crescimento das plantas. Material e métodos 62 Os experimentos foram conduzidos com um espécime de Pythium aphanidermatum, isolado de raízes necrosadas de tabaco (Nicotiana tabacum L.) hidropônico, proveniente da Coleção de Culturas do Núcleo de Pesquisa em Micologia do Instituto de Botânica, São Paulo (CCI- BT, 2006). Foram estudadas as variedades de alface Elisa (lisa) e Vera (crespa), utilizando-se sementes não peletizadas da Sakata. O produto Trichodel Hidroponia (Trichoderma spp.), Lote 18/ago/2009, fabricado pela Empresa Caxiense de Controle Biológico, foi testado na formulação líquida (suspensão aquosa). Os experimentos in vitro foram realizados a 20ºC, temperatura ideal para a germinação de sementes de alface (NASCIMENTO; CANTLIFFE, 2002), e a 31ºC, temperatura ótima para o crescimento do isolado de P. aphanidermatum (PATEKOSKI; ZOTTARELLI, 2009). Placas de Petri com ágar-água receberam alíquota de 1 ml de suspensão de Trichodel Hidroponia, nas concentrações indicadas pela empresa fabricante: 1mL L -1, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

63 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA concentração indicada em caso de infestação do sistema por Pythium spp. e como método preventivo durante o verão; 0,25mL L -1, indicada para a prevenção durante as demais épocas do ano e a concentração de 0,5mL L -1, indicada para o uso após o controle de infestações (ECCB, 2010). Em seguida, plântulas de alface recém-germinadas (sete por placa) foram dispostas na periferia das placas. Após 24 horas, um disco de 6 mm de diâmetro, com micélio do patógeno crescido em corn meal ágar, foi inoculado no centro das placas (PATEKOSKI; PIRES-ZOTTARELLI, 2010). As testemunhas foram placas com o patógeno e sem o produto, e com o produto e sem o patógeno, contendo as plântulas de alface. Utilizou-se delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco repetições, cada uma representada por uma placa de Petri. Após dez dias de incubação em câmara de germinação com fotoperíodo de 12 horas, foram mensurados o comprimento das radículas e hipocótilos e a porcentagem de plântulas sobreviventes (PATEKOSKI; PIRES-ZOTTARELLI, 2010). Os resultados analisados estatisticamente com análise de variância e teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os experimentos in vivo foram realizados no Instituto de Botânica, São Paulo, durante a primavera (outubro a novembro de 2009), e verão (janeiro a fevereiro de 2010), tendo-se utilizado estufa hidropônica da Tropical Estufas, sistema hidropônico NFT e, como bancada de cultivo, o Kit hidropônico residencial da Hidrogood, de 1,00 x 0,70 x 0,80m. A solução nutritiva utilizada foi a Hidrogood Fert da Hidrogood, com uso de água mineral para o preparo da mesma, tendo-se mantido a condutividade elétrica entre 1,5 e 1,9 ms cm 1 e o ph entre 5,5 e 6,5 conforme Furlani (1995). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, utilizando-se para cada variedade de alface esquema fatorial 2x2 63 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

64 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 64 (inoculação x produto), com seis repetições, cada qual representada por uma planta: sem Pythium, sem Trichodel, variedade Elisa (controle); sem Pythium, sem Trichodel, variedade Vera (controle); com Pythium, sem Trichodel, variedade Elisa; com Pythium, sem Trichodel, variedade Vera; sem Pythium, com Trichodel, variedade Elisa; sem Pythium, com Trichodel, variedade Vera; com Pythium, com Trichodel, variedade Elisa e com Pythium, com Trichodel, variedade Vera. A inoculação de P. aphanidermatum foi realizada por meio da imersão das raízes das plantas em uma suspensão de zoósporos, por 30 min, na concentração de aproximadamente 5x10 3 zoósporos por ml (OWEN-GOING et al., 2003; PATEKOSKI; PIRES-ZOTTARELLI, 2010). A aplicação do Trichodel, na concentração que apresentou melhor resultado in vitro foi realizada após dois dias do transplante das mudas para o sistema, com a inoculação do patógeno após sete dias da aplicação do produto, nos dois últimos tratamentos (UTKHE- DE et al., 2000; PATEKOSKI; PIRES-ZOTTARELLI, 2010). As temperaturas da estufa e da solução nutritiva foram monitoradas diariamente, às 6h30, 13h e 19h. A temperatura externa do ar foi fornecida pela Estação Meteorológica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. Os sintomas decorrentes da infecção por Pythium foram avaliados nos dias subsequentes à inoculação do patógeno e ao término do cultivo (55 dias). Foram avaliadas também, as massas fresca e seca (em gramas) da parte aérea e das raízes das plantas, e os resultados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Resultados Nos testes in vitro, a patogenicidade do isolado de Pythium aphanidermatum nas variedades de alface foi confirmada por meio da redução Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

65 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA significativa do comprimento das radículas a 20 e 31 o C, e da porcentagem de plântulas sobreviventes a 31 o C, nos tratamentos sem a aplicação do produto (Tabela 1). O produto Trichodel Hidroponia, nas concentrações testadas, não promoveu o crescimento das variedades de alface, uma vez que diferenças significativas não foram obtidas entre os tratamentos com e sem a aplicação do produto, na ausência do patógeno (Tabela 1). A aplicação do produto nas concentrações de 0,5 e 1mL L -1 reduziu significativamente o comprimento das radículas da variedade Elisa, na ausência do patógeno a 31ºC (Tabela 1). Entretanto, nos tratamentos com P. aphanidermatum a 20 e 31ºC, a aplicação do produto nas três concentrações, aumentou significativamente o comprimento das radículas das variedades, indicando a efetividade do produto no controle do patógeno. Para a variedade Elisa a 20ºC, maior e menor comprimento das radículas foram obtidos com a aplicação do produto nas concentrações de 0,25 e 1mL L -1 respectivamente (Tabela 1). Ao avaliar o comprimento do hipocótilo, diferenças significativas foram obtidas somente a 31ºC, onde o produto promoveu aumento do comprimento na presença do patógeno com as três concentrações empregadas para a variedade Vera, e com a concentração de 0,25mL L -1 para a variedade Elisa (Tabela 1). O produto nas três concentrações aumentou significativamente a porcentagem de plântulas sobreviventes das variedades na presença de P. aphanidermatum a 31ºC, sem diferença estatística para este parâmetro a 20ºC (Tabela 1). Mediante os resultados obtidos nos testes in vitro, a concentração de 0,25 ml L -1 foi selecionada para a condução dos experimentos in vivo. No experimento in vivo da primavera, foram registradas temperaturas médias de 22,9, 24,6 e 25,3ºC, para o ambiente externo, da estufa e para a solução nutritiva, respectivamente. No verão, a temperatura média no ambiente externo foi de 23,6ºC, na estufa foi de 25,9ºC, e na solução nutritiva foi de 26,5ºC. 65 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

66 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Tabela 1 Valores médios do comprimento da radícula e do hipocótilo, e porcentagem de plântulas sobreviventes das variedades de alface Vera e Elisa, obtidos nos testes in vitro de controle biológico e promoção de crescimento com o produto Trichodel, a 20 e 31ºC. Trichodel Radícula (cm) Hipocótilo (cm) Sobrevivência (%) (ml L -1 ) Controle Pythium Controle Pythium Controle Pythium Temperatura de 20 o C Variedade Vera 66 0,0 7,36aB* 2,99aA 0,46aA 0,45aA 100aA 100aA 0,25 7,82aA 9,36bA 0,50aA 0,40aA 100aA 100aA 0,5 8,56aA 8,58bA 0,38aA 0,42aA 100aA 100aA 1 6,92aA 8,30bA 0,42aA 0,34aA 97,14aA 100aA Variedade Elisa 0,0 8,64aB 1,25aA 0,48aA 0,54aA 100aA 100aA 0,25 7,70aA 8,32cA 0,52aA 0,52aA 100aA 100aA 0,5 7,66aA 7,54bcA 0,54aA 0,42aA 97,14aA 100aA 1 6,62aA 5,62bA 0,54aA 0,46aA 100aA 100aA Temperatura de 31 o C Variedade Vera 0,0 3,85aB 0,55aA 0,53aB 0,25aA 100aB 62,05aA 0,25 2,82aA 3,30bA 0,60aA 0,64bA 100aA 100bA 0,5 2,78aA 3,68bB 0,58aA 0,60bA 97,14aA 100bA 1 2,82aA 3,88bB 0,60aA 0,58bA 97,14aA 97,14bA Variedade Elisa 0,0 4,54bB 0,74aA 0,67aA 0,58aA 100aB 88,57aA 0,25 3,45abA 3,12bA 0,70aA 0,80bA 97,14aA 100bA 0,5 2,48aA 3,86bB 0,82aA 0,74abA 97,14aA 100bA 1 2,52aA 3,00bA 0,82aA 0,76abA 100aA 100bA *Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, para cada variedade e temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Nos experimentos da primavera e verão, nos tratamentos contendo o isolado de P. aphanidermatum, não foi observado escurecimento das raízes das plantas resultante de podridão. Comparando-se os tratamentos contendo somente as plantas e os que foram inoculados com a suspensão de zoósporos na ausência do Trichodel, diferenças significativas não foram obtidas para as massas fresca e seca da parte aérea e raízes, demonstrando que Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

67 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA o isolado de P. aphanidermatum não interferiu no desenvolvimento das plantas (Tabela 2). Na análise da ação do Trichodel, diferenças estatísticas não foram encontradas para os parâmetros avaliados no experimento realizado na primavera (Tabela 2). No verão, nos tratamentos controle, foi observado aumento significativo da massa seca da parte aérea da variedade Vera com a aplicação do produto, comparando-se ao tratamento contendo apenas as plantas. Diferença significativa foi verificada também para a massa fresca das raízes da variedade Vera, com maior massa encontrada no tratamento com o Trichodel e P. aphanidermatum, quando comparado ao tratamento contendo somente o produto (Tabela 2). Tabela 2 Valores médios de matéria fresca (MFPA) e seca da parte aérea (MSPA), e massa de matéria fresca (MFR) e seca das raízes (MSR) das variedades de alface Vera e Elisa, obtidos nos testes in vivo de controle biológico e promoção de crescimento com o produto Trichodel, nos experimentos da primavera e verão. Trichodel MFPA (g) MSPA (g) MFR (g) MSR (g) (ml L -1) Controle Pythium Controle Pythium Controle Pythium Controle Pythium Experimento da primavera 67 Variedade Vera 0,0 158,84aA* 146,84aA 14,22aA 14,12aA 24,96aA 23,50aA 8,33aA 8,07aA 0,25 138,54aA 140,56aA 13,57aA 13,59aA 20,97aA 19,77aA 8,15aA 8,11aA Variedade Elisa 0,0 212,58aA 224,57aA 16,29aA 18,09aA 29,52aA 27,77aA 8,59aA 8,55aA 0,25 222,34aA 196,04aA 17,60aA 16,54aA 27,74aA 22,71aA 8,70aA 8,48aA Experimento do verão Variedade Vera 0,0 182,78aA 168,33aA 13,33aA 15,00aA 18,33aA 21,67aA 5,00aA 5,00aA 0,25 160,83aA 159,17aA 15,83bA 15,00aA 15,83aA 22,50aB 5,00aA 5,00aA Variedade Elisa 0,0 186,91aA 200,00aA 15,91aA 15,83aA 24,17aA 25,83aA 5,00aA 5,00aA 0,25 191,67aA 163,33aA 16,67aA 15,00aA 22,50aA 24,17aA 5,00aA 5,00aAA *Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, para cada variedade e experimento, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

68 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS Discussão 68 A promoção de crescimento de plantas é uma característica desejável, que pode resultar em encurtamento do ciclo de cultivo e aumento na produção (FREITAS et al., 2003). No presente trabalho, tal característica foi verificada apenas para a massa seca da parte aérea da variedade Vera (experimento do verão), sendo obtida por outros autores em estudos conduzidos com o Trichodel em laboratório e em cultivo em solo (JUNGES et al., 2007; CRUZ, 2010). Em sistemas hidropônicos, para os quais não há estudos com o Trichodel, o produto Biotrich, também formulado com Trichoderma, foi estudado quanto à promoção de crescimento de variedades de alface, onde Baptista (2007) verificou que o produto, sob formulação líquida e suspensão em gel na concentração de 0,2mL L -1, aumentou significativamente as massas fresca e seca das raízes, das variedades Mimosa e Vera, com a ausência de tal ação benéfica para as variedades Vera e Elisa em estudo realizado por Patekoski e Pires-Zottarelli (2010), com a mesma concentração do produto. Nos testes in vitro, a aplicação do produto em alguns tratamentos controle foi prejudicial ao crescimento das plântulas, com a diminuição do comprimento das radículas, o que não foi verificado nos testes realizados in vivo, provavelmente pelo fato dos testes in vitro sucederem em condições muito diferentes das naturais (SOTTERO et al., 2006). Igualmente, Junges et al. (2007) verificaram que o produto Trichodel (formulação líquida) reduziu em 27% a germinação de sementes de arroz cultivadas em gerbox com substrato. Em se tratando do controle de Pythium aphanidermatum, os resultados obtidos nos experimentos conduzidos em laboratório no presente estudo, mostraram que o Trichodel foi efetivo no controle do patógeno. Estes resultados corroboram os encontrados em literatura, sobre a ação de produtos formulados com Trichoderma no controle de patógenos Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

69 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA (PAULITZ; BÉLANGER, 2001; TEIXEIRA et al., 2009; LLORENTE et al., 2010) e inclusive de Pythium spp. Baptista (2007) verificou que as concentrações de 0,1, 0,2 e 0,3 ml L -1 do produto Biotrich (formulação líquida, suspensão em gel) são eficientes para o controle de Pythium dissotocum Drechsler nas variedades de alface Mimosa e Vera, em testes realizados em laboratório (a 20 e 27 o C) e em experimentos com kits hidropônicos caseiros. Patekoski & Pires-Zottarelli (2010) verificaram que o Biotrich, sob formulação líquida e suspensão em gel (0,2 ml L -1 ) foi efetivo no controle de Pythium aphanidermatum nas variedades de alface Vera e Elisa, em experimentos conduzidos a 20 e 31 o C. Nos experimentos in vivo, o potencial de controle do produto Trichodel não pôde ser efetivamente analisado, dado a ausência de patogenicidade do isolado de Pythium aphanidermatum nestas condições. A concentração de zoósporos utilizada no presente estudo foi suficiente para causar diminuição do comprimento do sistema radicular e extensa descoloração marrom ou amarelada em pimentão hidropônico (Capsicum annuum L.) com o emprego de isolados de Pythium aphanidermatum e Pythium dissotocum (OWEN-GOING et al., 2003), bem como podridão de raiz, murchamento e redução das massas fresca e seca da parte aérea e raízes de variedades de alface, em estudo com isolado de Pythium dissotocum (BAPTISTA, 2007). A forte variação no potencial patogênico encontrada entre espécies e espécimes de Pythium (PLAATS-NITERINK, 1981; OWEN-GOING et al., 2003; PATEKOSKI; ZOTTARELLI, 2009; BAPTISTA et al., 2011) e a diferença em suscetibilidade normalmente observada entre culturas e variedades (UTKHEDE et al., 2000), pode explicar a diferença em patogenicidade observada entre este estudo e os citados em literatura. Os resultados obtidos no presente estudo podem nortear outros trabalhos que tenham por objetivo verificar a eficiência do produto Trichodel no controle 69 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

70 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS de Pythium aphanidermatum. Embora o produto seja citado em literatura com bons resultados no controle de patógenos, os estudos em sua maioria referem-se a cultivos em solo, local de onde provém os isolados de Trichoderma e onde suas características são melhor expressas (MELO, 1996), necessitando-se de outros estudos que possam avaliar sua eficácia também em sistemas hidropônicos. Considerações finais Os resultados permitem afirmar que o produto Trichodel Hidroponia é efetivo no controle de Pythium aphanidermatum in vitro, porém, nas concentrações utilizadas, o mesmo não promove o crescimento das variedades de alface Vera e Elisa in vitro, e em cultivo hidropônico NFT. 70 Referências BAPTISTA, F. R. Pythium middletonii Sparrow e Pythium dissotocum Drechsler em alface (Lactuca sativa L.): avaliação patogênica e controle biológico. Dissertação. (Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente). Curso de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, Instituto de Botânica, BAPTISTA, F. R.; PIRES-ZOTTARELLI, C. L. A.; TEIXEIRA, L. D. D.; JÚNIROR, N. A. S. Avaliação patogênica in vitro de Pythium middletonii Sparrow e Pythium dissotocum Drechsler em alface. Summa Phytopathologica, v. 37, n. 1, p , Disponível em: < BENÍTEZ, T.; RINCÓN, A. M.; CODÓN, A. C. Biocontrol mechanisms of Trichoderma strains. International Microbiology, v. 7, n. 4, p , Disponível em:< Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

71 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA COMETTI, N. N.; MATIAS, G. C. S.; ZONTA, E.; MARY, W.; FERNANDES, M. S. Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico sistema NFT. Horticultura Brasileira, v. 26, n. 2, p , Disponível em: < CRUZ, J. L. G. Efeito de Trichoderma spp. no potencial fisiológico de sementes e mudas de melão. Dissertação. (Mestrado em Agronomia). Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria, ECCB. Trichodel Hidroponia. ECCB Insumos Biológicos, Caxias do Sul. Capturado em 05 jan Online. Disponível em: < FREITAS, S. S.; MELO, A. M. T; DONZELI, V. P. Promoção do crescimento de alface por rizobactérias. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27, n. 1, p , Disponível em: < >. 71 FURLANI, P. R. Cultivo de alface pela técnica de hidroponia NFT. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, (Boletim Técnico, 55). HERRERO, M. L.; HERMANSEN, A.; ELEN, O. N. Ocurrence of Pythium spp. and Phytophthora spp. in Norwegian greenhouses and their pathogenicity on cucumber seedlings. Journal of Phytopathology, v. 151, n. 1, p , JUNGES, E.; MANZONI, C. G.; MILANESI, P.; BRAND, S. C.; DURIGON, M. R.; BLUME, E.; MUNIZ, M. F. B. Germinação e vigor de sementes de arroz semeadas em substrato tratado com o bioprotetor Trichoderma spp. em formulação líquida ou pó. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 1, n. 1, p , Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

72 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS LLORENTE, I.; VILARDELL, A.; VILARDELL, P.; PATTORI, E.; BUGIANI, R.; ROSSI, V.; MONTESINOS, E. Control of brown spot of pear by reducing the overwintering inoculum through sanitation. European Journal of Plant Pathology, v. 128, n. 1, p , LOPES, M. C.; FREIER, M.; MATTE, J. D.; GÄRTNER, M.; FRANZENER, E.; CASIMIRO, E. L. N.; SEVIGNANI, A. Acúmulo de nutrients por cultivares de alface em cultivo hidropônico no inverno. Horticultura Brasileira, v. 2, n. 2, p , Disponível em: < LOPES, R. B. A indústria no controle biológico: Produção e comercialização de microrganismos no Brasil. In: BETTIOL, W.; MORANDI, M.A.B. Biocontrole de doenças de plantas: uso e perspectivas. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, Cap. 2, p MELO, I. S. Trichoderma e Gliocladium como bioprotetores de plantas. Revisão anual de Patologia de Plantas, v. 4, p , NASCIMENTO, W. M.; CANTLIFFE, D. J. Germinação de sementes de alface sob altas temperaturas. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 1, p , Disponível em:< >. OHSE, S.; DOURADO-NETO, D.; MANFRON, P. A.; SANTOS, O. S. Qualidade de cultivares de alface produzidos em hidroponia. Scientia Agrícola, v. 58, n. 1, p , Disponível em: < OWEN-GOING, N.; SUTTON, J. C.; GRODZINSKI, B. Relationships of Pythium isolates and sweet pepper plants in single-plant hydroponic units. Canadian Journal of Plant Pathology, v. 25, n. 2, p , Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

73 EFEITO DE TRICHODERMA SPP NO CONTROLE DE PODRIDÃO DE RAIZ CAUSADA POR PYTHIUM APHANIDERMATUM E NA PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE ALFACE HIDROPÔNICA PATEKOSKI, K. S.; PIRES-ZOTTARELLI, C. L. A. Patogenicidade de Pythium aphanidermatum a alface cultivada em hidroponia e seu biocontrole com Trichoderma. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 45, n. 8, p , Disponível em: < PATEKOSKI, K.S.; ZOTTARELLI, C. P. Patogenicidade in vitro de Pythium aphanidermatum e Pythium dissotocum em variedades de alface (Lactuca sativa L.). Hoehnea, v. 36, n. 1, p , Disponível em: < PAULITZ, T. C.; BÉLANGER, R. R. Biological control in greenhouse systems. Annual Review of Phytopathology, v. 39, p , PLAATS-NITERINK, A. J. V. D. Monograph of the genus Pythium. Studies in Mycology, v. 21, p , Disponível em:< SALAS-MARINA, M. A.; ISORDIA-JASSO, M. I.; ISLAS-OSUNA, M. A.; DELGADO- SÁNCHEZ, P.; JIMÉNEZ-BREMONT, J. F.; RODRÍGUEZ-KESSLER, M.; ROSALES- SAAVEDRA, M. T.; HERRERA-ESTRELLA, A.; CASAS-FLORES, S. The Epl1 and Sm1 proteins from Trichoderma atroviride and Trichoderma virens diferentially modulate systemic disease resistance against different life style pathogens in Solanum lycopersicum. Frontiers in Plant Science, v. 6, artigo 77. Disponível em:< 73 SCHUSTER, A.; SCHMOLL, M. Biology and biotechnology of Trichoderma. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 87, n. 3, p , Disponível em: < usa.gov/28vhtuq >. SOTTERO, A. N.; FREITAS, S. S.; MELO, A. M. T.; TRANI, P. E. Rizobactérias e alface: colonização rizosférica, promoção de crescimento e controle biológico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, n. 2, p , Disponível em:< Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

74 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS SUTTON, J. C.; SOPHER, C. R.; OWEN-GOING, T. N.; LIU, W.; GRODZINSKI, B.; HALL, J. C.; BENCHIMOL, R. L. Etiology and epidemiology of Pythium root rot in hydroponic crops: Current knowledge and perspectives. Summa Phytopathologica, v. 32, n. 4, p , Disponível em:< >. TEIXEIRA, H. PAULA JÚNIOR, T. J.; VIEIRA, R. F.; PRADO, A. L.; LEHNER, M. S. LIMA, R. C.; SANTOS, J.; FERRO, C. G.; SANTOS, P. H. Eficiência de produtos comerciais à base de Trichoderma spp. no controle de podridão-radicular do feijoeiro. Tropical Plant Pathology, v. 34, p. 73, UTKHEDE, R. S.; LÉVESQUE, C. A.; DINH, D. Pythium aphanidermatum root rot in hydroponically grown lettuce and the effect of chemical and biological agents on its control. Canadian Journal of Plant Pathology, v. 22, n. 2, p , Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

75 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS Neuziane Kloos Amorim Tavares 1 Franciele Pereira Amorim 2 Valdemir Aparecido de Abreu 3 Resumo: Questões sobre a origem do ser humano produzem debates. Filosofia, religião e ciência entram em cena na construção das concepções sobre a existência da vida humana. O relato de muitos professores demonstra a dificuldade na apresentação de temas como evolução e criação, em razão da polêmica. Essa mesma dificuldade está refletida nos livros didáticos, pelo curto espaço dedicado ao tema ou até mesmo à sua inexistência. Devido à polêmica, esse trabalho procurou conhecer a abordagem feita nos livros didáticos da rede pública e de duas escolas da rede privada, uma confessional e outra não confessional do ensino fundamental I e II, utilizando pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa, envolvendo análise documental. Os 1 Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). Mestranda em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. kloos.tavares@usp.br. 2 Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP). buga-fpa@hotmail.com. 3 Doutor e mestre em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Guarulhos. valdemir.abreu@unasp.edu.br.

76 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS livros analisados apresentam uma abordagem intencional do tema, segundo as crenças de seus autores. Os livros didáticos da rede pública e da escola da rede privada não confessional descrevem apenas a teoria evolucionista como explicação para a origem da vida, enquanto que os da escola confessional abordam ambas as teorias, criacionista e evolucionista, porém, com ênfase no criacionismo. O ensino de ciências deve buscar recursos que contribuam para que os estudantes compreendam os conhecimentos científicos em constante diálogo com outro conhecimento, para que cheguem às suas próprias conclusões. Palavras-chave: Ensino de ciências; Origem da vida; Evolucionismo; Criacionismo. 76 Abstract: Issues about the origin of the human being produce debates. Philosophy, religion and science come into play in the construction of conceptions about the existence of human life. The narrative of many teachers demonstrates their difficulty in presenting topics such as evolution and creation, because of the controversy. This difficulty is reflected in textbooks, for the short space dedicated to the topic or even its absence. Because of the controversy, this study sought to know the approach used in the textbooks of public schools and of two private schools, a denominational and other non-denominational elementary school, using quantitative and qualitative research, involving document analysis. The analyzed books present an intentional approach to the subject, according to the beliefs of their authors. The textbooks of public schools and of the non-denominational private school describe only the theory of evolution as an explanation for the origin of life, while the confessional school addresses both theories, creationist and evolutionist, however, with an emphasis on creationism. The teaching Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

77 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS of science should seek resources that help students understand the scientific knowledge in constant dialogue with other knowledge, so they will reach their own conclusions. Keywords: Science teaching; Origin of life; Evolutionism; Creationism. A educação formal é uma instituição antiga, cuja origem está ligada ao desenvolvimento de nossa civilização e ao acervo de conhecimentos gerados. Nela há um reconhecimento oficial, sendo oferecida nas escolas em cursos com níveis, que seguem programas, currículos e fornecem diplomas (ARANHA, 2006). No Brasil, a educação formal sofreu mudanças ao longo do tempo. A partir de 1996, a educação passou pela padronização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Dentre as inovações pedagógicas, vale destacar: 1) Religião é disciplina de oferta obrigatória e frequência optativa, no horário normal de aula, mas sem ônus para os cofres públicos; 2) Os currículos do ensino fundamental e médio deverão ter uma base nacional comum, a ser complementada por uma parte diversificada, de acordo com as características regionais (NISKIER, 1997). A área de Ciências Naturais, como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), presente tanto no ensino fundamental I quanto no ensino fundamental II, deve auxiliar o discente a compreender o mundo em que vive, a fim de obter respostas para os seus questionamentos. Questões como a origem do ser humano, no entanto, remetem a um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções. O fato de se sugerir uma abordagem metodológica nos documentos oficiais, entretanto, não implica na facilidade de abordar temas como esse na sala de aula, em razão das discussões que podem ser geradas. Relatos de professores de ciências e biologia apontam para a dificuldade em lidar com as crenças 77 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

78 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 78 religiosas de seus alunos, levando-os à não abordarem do tema em sala de aula. Da mesma forma, essa dificuldade é notada ao se analisar os conteúdos dos livros didáticos. Apesar de ser um tema sugerido para o ensino, nota-se um pequeno espaço para o assunto, ou até mesmo a inexistência dele. Temas como a Formação do universo e a Origem e evolução dos seres vivos possuem, de maneira geral, duas grandes visões: a visão criacionista e a visão evolucionista. O criacionismo baseia-se na existência de um Deus um ser superior que governa o universo e que criou o mundo e os seres que habitam nele segundo a sua espécie. Esse relato encontra-se no início de Gênesis. Esses capítulos descrevem o surgimento do mundo e dos seres vivos, afirmando que Deus criou tudo de forma espetacular, com poder supremo (COLONETTI, 2010; JUNIOR, 2010). O evolucionismo, por sua vez, afirma que as espécies animais e vegetais existentes na Terra, originaram-se de um ancestral comum e não são imutáveis. Depois da sua divulgação, o evolucionismo transformou-se em fonte de controvérsia, não somente no campo científico, mas nas áreas ideológica e religiosa. Até o século 18, o mundo ocidental aceitava com muita naturalidade a doutrina do criacionismo (BARBOUR, 2004; JUNIOR, 2010). A seleção natural passa a ser o cerne da teoria da evolução. Dentro da lógica da seleção natural, os seres humanos são parte de uma longa evolução. Exclui-se, então, a possibilidade de uma criação especial. A pergunta filosófica por que existimos? ainda perturba suas mentes e as leva a buscar respostas, ainda que provisórias (COLONETTI, 2010). O evolucionismo darwinista, em algumas de suas dimensões, apresenta um problema central; deixa de ser uma teoria científica e se torna uma escola filosófica, pois infere conclusões filosóficas que o método científico, a rigor, não permite (SANCHES, 2009). No século 18, muitos cientistas acreditavam em um Deus que planejou o universo. Outros, no entanto, não acreditavam mais em um Deus Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

79 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS pessoal, envolvido ativamente no mundo e na vida humana. No século 20, a interação da religião com a ciência adotou várias formas. As novas descobertas científicas puseram em xeque muitas concepções religiosas clássicas. Como reação, alguns defenderam doutrinas tradicionais, outras abandonaram a tradição, e outras ainda reformularam antigos conceitos à luz da ciência (BARBOUR, 2004). O ensino sobre a origem dos seres vivos na disciplina de ciências enfrenta problemas quando é confrontado com o ensino dele na matéria de religião. Alguns alunos que estudam em escolas públicas não chegam sequer a ouvir um único comentário sobre a teoria criacionista nas aulas de ciências, pois alguns professores acreditam que a teoria criacionista é uma teoria religiosa e não se enquadra no ensino da disciplina. Em outros casos, a abordagem do criacionismo é tão enfática que a teoria evolucionista é deixada de lado. Em algumas escolas do estado de São Paulo, a abordagem religiosa sobre a origem da vida faz parte da matriz curricular de ciências. Para a secretaria da Educação Básica do Ministério da Educação e Cultura, o criacionismo pode e deve ser discutido nas aulas de Religião como visão teológica, nunca nas aulas de ciências. É relevante, nesse caso, lembrar a autonomia que as escolas possuem para organizar suas matrizes curriculares de ensino (COLONETTI, 2010). No Brasil, a postura adotada no ano 2000 pelo governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho, ao sancionar a lei que determina a inclusão de ensino religioso como parte do currículo das escolas públicas, retomou os debates sobre os conflitos entre ciência e religião. Segundo a determinação da Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro, em 2004, as escolas públicas promoveriam reflexões sobre a criação do mundo por meio de uma abordagem do criacionismo. Mesmo que a laicidade seja uma característica 79 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

80 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS do ensino brasileiro é importante observar que muitas das escolas impõem um comportamento ao professor e ao aluno, não respeitando suas crenças e sua fé (SOUZA, 2007). Dessa forma, é importante saber se o tema A origem e evolução dos seres vivos está presente nos livros didáticos de ciências do ensino fundamental I e II adotados pela rede pública e privada, confessional ou não confessional. Método 80 Para a pesquisa, foram utilizados livros didáticos de ciências do ensino fundamental I e II, da escola da rede pública, de uma escola de rede privada confessional e de outra não confessional. O critério de seleção foi a disponibilidade dos livros de acordo com os três grupos aplicados para a análise do material, livros didáticos da rede pública, rede privada confessional e não confessional. Livros didáticos da rede pública 2º a 5º ano: Livro de Ciências Autores: Karina Pessôa, Leonel Favalli e Elisangela Andrade; 1º edição, Editora Scipione (Coleção a escola é nossa). São Paulo, º a 9º ano: Livro de Ciências Autores: Karina Pessôa, Leonel Favalli e Elisangela Andrade; 1º edição, Editora Scipione (Projeto Radix: raiz do conhecimento). São Paulo, Livros didáticos da rede particular confessional 2º a 4º ano: Livro de Ciências Autores: Nair Ebling e Admir Arrais; 7º edição, Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

81 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS 5º ano: Livro de Ciências Autores: Amaury César Ferreira e Wellington Romangnoli; 1º edição, Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, º a 9º ano: Livro de Ciências Autores: Cláudio Romero Leal, Márcio Fraiberg Machado e Nair Elias dos Santos Ebling; 1º edição, Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, Livros didáticos da rede particular não-confessional 2º a 5º ano: Livro de Ciências Sistema Objetivo (Centro de Recursos Educacionais). 6º a 9º ano: Livro de Ciências Sistema Objetivo (Centro de Recursos Educacionais). As análises foram realizadas através da leitura dos livros didáticos para constatação da inclusão ou não dos temas evolucionismo e/ou criacionismo como conteúdo da disciplina sobre origem da vida, bem como da abordagem direta ou indireta do assunto. Após a leitura, foram identificados os livros nos quais as teorias de origem da vida estão presentes. Em seguida, foi realizada uma análise qualitativa do tipo de abordagem das teorias evolucionista e/ou criacionista, efetuada pelos autores. 81 Resultados e discussão As Tabelas 1 e 2 mostram a abordagem do evolucionismo e do criacionismo nos livros didáticos adotados nas escolas das redes pública, privada confessional e não confessional, retratando o tema A origem da vida e a evolução dos seres vivos. Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

82 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 82 Livros didáticos da rede pública Nossos resultados demonstram que os livros didáticos adotados do 2º ao 5º ano (Ensino Fundamental I) não apresentam nenhuma abordagem sobre a teoria da Origem da vida (Tabelas 1 e 2). Da mesma forma, não foi encontrado nenhum texto ou frase que remetam à teoria do evolucionismo ou do criacionismo. Os livros limitam-se ao desenvolvimento integral da criança sob os aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade, orientando a compreensão da natureza como um conjunto dinâmico e a utilização de conceitos científicos básicos associados à energia, matéria, transformação, espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida (NISKIER, 1996). Com relação ao ensino fundamental II, observamos que no livro do 6º ano não há a presença de temas relacionados ao evolucionismo ou ao criacionismo. No conteúdo do livro didático do 7º ano, no entanto, existe o tema Origem e evolução dos seres vivos, descrevendo a teoria da evolução. Ele é introduzindo para despertar a curiosidade dos alunos a respeito da diversidade dos seres vivos. A seguir, o livro expõe duas perguntas para discussão em sala de aula: 1) Em sua opinião, como se originaram as diversas espécies de seres vivos que existem atualmente? 2) Em sua opinião, os diferentes seres vivos presentes na Terra atualmente sempre foram iguais ou mudaram ao longo do tempo? Essas perguntas promovem o debate, porém, os resultados sempre levam em conta as crenças pessoais de cada aluno. Quando entramos no assunto Origem da vida é impossível desvincular a teoria criacionista como uma possível explicação. Apesar de vivermos em um país laico, a religião é extremamente valorizada pela maioria da população. Todas as tradições religiosas, portanto, merecem respeito e validade. Ela promove a pluralidade cultural para os diferentes modos de buscar sua religação. Estes princípios são, atualmente, componentes da Constituição Federal de 1988, reafirmados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nos itens relativos à educação básica (CURY, 2004). Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

83 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS A teoria criacionista não é citada no conteúdo do livro; há apenas uma frase: Durante muitos séculos, os estudiosos acreditavam que cada espécie de ser vivo foi criada já como é atualmente e que ela não mudava ao longo do tempo. Essa frase remete à crença de que cada ser vivo foi criado, mas nada explica sobre essa criação. O texto continua expondo as teorias da evolução (Lamarck e Darwin) e, no final do capítulo, ressalta que com o avanço da ciência, várias descobertas foram feitas desde a época de Darwin e Wallace. Com isso, essa teoria da Evolução sofreu algumas alterações. Embora as teorias desses estudiosos sejam a base das teorias modernas mais aceitas sobre a evolução, as ideias atuais sobre a evolução não são as mesmas propostas por Darwin e Wallace. No livro didático do 8º ano, módulo I, o tema Classificação dos seres vivos faz referência à classificação biológica do ser humano. Em um parágrafo, lê-se: durante o 7º ano, os alunos estudaram que os seres vivos recebem uma classificação que os organiza em níveis. A partir do mapa de classificação do ser humano, há uma abordagem sobre o ser humano e a evolução, explicando como foi a sua evolução a partir dos primatas. Assim, são ilustrados seres enfileirados, o antecessor gerando o sucessor. Cada novo ser nasce de um preexistente, melhor e mais complexo ou em pé, quando se trata do homem (BELLINI, 2006). Mais uma vez não há citação de nenhuma frase ou parecer criacionista. A partir do texto, o aluno entende que essa é a única teoria existente para a evolução do ser humano. Como indicado nas tabelas 1 e 2, no livro didático do 9º ano, não existe nenhuma citação das teorias em questão. 83 Livros didáticos da rede privada confessional Como demonstrado nas Tabelas 1 e 2, nos livros didáticos da rede privada confessional, do 2º ao 5º ano não existe abordagem da teoria evolucionista. Porém, há uma abordagem nítida da teoria criacionista. Em todos os livros, Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

84 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 84 Deus é apresentado como o criador do mundo. No livro do 4º ano, por exemplo, o primeiro capítulo é introduzido pelo versículo bíblico que se encontra em Gênesis 1:1: No princípio criou Deus os céus e a terra. O mesmo acontece com os outros livros do ensino fundamental I. Apesar de não ter uma explicação sobre teorias ou sobre como a terra se originou, os livros apresentam o criacionismo de forma intencional. Nos livros didáticos do ensino fundamental II as teorias são apresentadas como modelos para a origem da vida. No livro do 6º ano, sob o título Origens: De onde viemos, para onde vamos, o início do capítulo desperta o interesse dos alunos com a pergunta: Como você imagina que era o mundo há milhares de anos? Após a pergunta para discussão, o texto continua: A Bíblia conta que Deus criou a Terra e a organizou para ser um mundo habitado, a morada dos seres humanos. Muitos cientistas pensam diferente do que a Bíblia diz e por isso existem muitas ideias sobre as origens. Novamente, ocorre aqui a intencionalidade. O texto argumenta que apesar de a ciência ser fundamentada na experimentação, não há como obter provas, e muito menos fazer qualquer tipo de experimentação sobre nossas origens, pois estas estão perdidas no tempo histórico e não podem mais ser analisadas pela ciência. O autor expõe dois modelos para as origens: o modelo da evolução e o modelo da criação. Apesar de que o espaço dedicado para o modelo da criação seja maior, o autor não é tendencioso a respeito do que os alunos devem acreditar. Ele explica, de forma didática, para alunos do 6º ano a teoria da evolução e da criação. No final do capítulo, o autor dedica um parágrafo com o título: Acreditar em quê?, enfatizando que muitas pessoas atualmente se confundem no que diz respeito às origens, e que se faz necessária uma análise de quem possui maior conjunto de evidências explicáveis e coerentes. Esse didático mostra exatamente a atitude de como os livros devem se posicionar quanto ao assunto: expor as teorias de forma indiferente e discutir que Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

85 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS nenhuma delas é comprovada cientificamente, além de que cabe a cada um observar as evidências e decidir em qual teoria deve acreditar. Comparado aos livros da rede pública e da rede privada não confessional, a abordagem surpreende, pois, mesmo tratando-se de livros de uma rede, ocorre a exposição da polêmica, induzindo o pensamento à coerência e à razão. No livro do 7º ano também existe a abordagem das teorias criacionista e evolucionista, com um texto intitulado Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? Nesse texto, o autor discorre sobre as hipóteses para explicar a adaptação dos seres vivos aos seus ambientes. É descrita a teoria de Lamarck e do darwinismo como possíveis explicações para a adaptação dos seres vivos. Porém, novamente, o livro enfatiza que são hipóteses não comprovadas e que se baseiam tanto em especulações quanto em evidências. O livro do 8º ano também traz o assunto sobre a origem do ser humano. Porém, diferentemente dos livros anteriores em que não há apoio para uma das teorias, o autor descreve nesse livro as teorias de forma individual e, em seguida, se coloca a favor da teoria criacionista. O texto traz um quadro com evidências da existência de um criador e não traz nenhum quadro com as evidências propostas pelo evolucionismo. O autor deixa clara sua visão criacionista: É cientificamente comprovado que um ser vivo só pode se originar de outro ser vivo. Sendo assim, só um Deus criador, ou um ser inteligente, pode criar seres vivos. O livro do 9º ano também contém explicações sobre a origem da vida. Como no livro do 8º ano, o autor expõe suas crenças. Ele escreve que uma das hipóteses para tentar explicar a origem do universo e da vida é a teoria da evolução. Ele descreve essa teoria, mas é enfático ao defender o criacionismo. O texto coloca questionamentos para o aluno duvidar da teoria evolucionista: Se o universo resultou de uma grande explosão, de onde se originou tanta energia? Há uma citação do Dr. Michel L. Dupin: Estamos diante de duas alternativas: Podemos crer que os cosmos, belo por lei e ordem, é simplesmente o resultado de sucessos 85 Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

86 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS desordenados; ou que é o resultado de uma inteligência definida. Pessoalmente, escolho crer no princípio coordenador, a inteligência divina. Novamente o autor se posiciona a favor do criacionismo e se expõe à crítica de que não há comprovação científica para ambas as teorias, mas apenas evidências. 86 Livros didáticos da rede privada não confessional Dos livros didáticos da rede privada não confessional foram escolhidas apostilas do sistema de ensino Objetivo. As apostilas didáticas de 2º ao 5º, assim como os livros didáticos da rede pública, não apresentam nenhuma abordagem sobre a teoria da Origem da vida e não apresentam nenhum texto ou alusão aos temas evolucionismo ou criacionismo. Essas apostilas também se limitam apenas à aplicação das diretrizes e dos parâmetros curriculares, no que se refere aos temas a serem ensinados nesse período escolar, deixando de lado a polêmica sobre Origem e evolução dos seres vivos, difícil de ser abordada pelo professor em sala de aula. Das apostilas do ensino fundamental II apenas a apostila do 6º ano apresenta o assunto Origem e evolução dos seres vivos. Onze páginas são dedicadas aos conteúdos necessários à compreensão do tema, trazendo opiniões de como ocorreu a evolução dos seres vivos. O texto, contudo, não o cita como uma teoria, mas como opinião. A primeira opinião é a chamada fixismo, em que as espécies são consideradas fixas, isto é, os seres vivos sempre foram o que são; e a segunda opinião é chamada de evolucionismo. Não há qualquer explicação mais aprofundada da opinião do fixismo, ela é apenas citada. A opinião fixista pode ser uma opinião dentro da teoria criacionista como a que aparece no livro do 7º ano da rede pública, em que é citada uma crença de que os seres vivos foram criados. Não há citação da palavra criacionismo ou teoria criacionista; existe cautela em abordar o tema de maneira a evitar questionamentos e discussões, ficando, porém, evidente a omissão. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

87 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS Tabela 1 - Presença ou ausência da abordagem da teoria evolucionista nos livros didáticos da rede pública, rede privada confessional e não-confessional Rede pública Abordagem da teoria evolucionista Rede privada confessional Rede privada não confessional 2º Ano Ausente Ausente Ausente 3º Ano Ausente Ausente Ausente 4º Ano Ausente Ausente Ausente 5º Ano Ausente Ausente Ausente 6º Ano Ausente Presente Presente 7º Ano Presente Presente Ausente 8º Ano Presente Presente Ausente 9º Ano Ausente Presente Ausente Tabela 2 - Presença ou ausência da abordagem da teoria criacionista nos livros didáticos da rede 87 pública, rede privada confessional e não-confessional Abordagem da teoria criacionista Rede pública Rede privada confessional Rede privada não confessional 2º Ano Ausente Presente Ausente 3º Ano Ausente Presente Ausente 4º Ano Ausente Presente Ausente 5º Ano Ausente Presente Ausente 6º Ano Ausente Presente Ausente 7º Ano Ausente Presente Ausente 8º Ano Ausente Presente Ausente 9º Ano Ausente Presente Ausente Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

88 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS 88 O debate entre criacionismo e darwinismo é apresentado por Andrade (2011) como um conflito de representações. De um lado, a tradição religiosa (judaico-cristã) a respeito da origem e ordenamento do universo na ótica do protestantismo; de outro, Darwin com a origem das espécies pela evolução e pela seleção natural de modo completamente aleatório e contingente. As orientações educacionais complementares aos parâmetros sugerem que o conteúdo seja incluído nos assuntos ensinados na disciplina de ciências; e ainda que as abordagens sejam feitas a partir da análise das hipóteses sobre a origem da vida e a vida primitiva, identificando as diferentes explicações sobre a origem do universo, da Terra e dos seres vivos, confrontando concepções religiosas, mitológicas e científicas, elaboradas em diferentes momentos (AMORIM, 2009). Essa proposta pode promover o debate, tendo como objetivo a identificação das características dos diferentes discursos, buscando desenvolver no educando a capacidade de diferenciar a natureza do conhecimento científico e a de outros tipos de conhecimento. Assim, o estudo de ciências deve estimular o desenvolvimento moral dos alunos e não apenas do cognitivo, mesmo porque essa disciplina trabalha com muitas possibilidades de conteúdos polêmicos, um terreno fértil para discussões que envolvam questões éticas e morais (RAZERA, 2006). Considerações finais Nossos resultados evidenciam que os livros didáticos devem proporcionar aos alunos todas as possibilidades do conhecimento, no que se refere aos conteúdos de Origem da vida e de evolução dos seres vivos. Ambas as visões, a evolucionista e a criacionista, devem ser apresentadas a fim de que, conhecendo os pensamentos divergentes, os alunos possam desenvolver sua capacidade de escolha. Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

89 EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: UMA AVALIAÇÃO SOBRE ABORDAGENS Referências AMORIM, M. C.; LEYSER, V. Ensino de Evolução Biológica: implicações éticas da abordagem de conflitos de natureza religiosa em sala de aula. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 7. Anais do Congresso. Florianopolis, ANDRADE, R. S. O criacionismo nos Estados Unidos: religião e ciência numa América Pós-Cristã. In: SIMPÓSIO DA ABHR,11. Anais do Congresso. Juiz de Fora, ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. 5 ed. São Paulo: Moderna, BARBOUR, I. G. Quando a ciência encontra a religião. São Paulo: Cultrix, COLONETTI, M.; SANCHES, M. A. Evolução e criação: em busca do diálogo. Cibertologia- Revista de Teologia & Cultura, ano VI, n. 32. p , CURY, C. R. J. Ensino religioso na escola pública: o retorno de uma polêmica recorrente. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Revista Brasileira de Educação, p , JÚNIOR, N. N. S. Filosofia das Origens: uma introdução à controvérsia evolucionismo & criacionismo. ACTA científica Unasp- Ciências Humanas, v. 2, n. 19, NISKIER, A. LDB: a nova lei da educação. 5 ed. Rio de Janeiro: Consultor, RAZERA, J. C. C.; NARDI, R. Ética no ensino de ciências: responsabilidades e compromissos com a evolução moral da criança nas discussões de assuntos controvertidos. Investigações em Ensino de Ciências, p , Acta Biologia. v. 20, n. 1, p

90 ACTA SCIENTIA BIOLÓGICAS SANCHES, M. A. Criação e evolução; diálogo entre teologia e biologia. São Paulo: Ave- Maria, p. 15, SOUZA, C. M. A. A. Presença das Teorias Evolucionistas e Criacionistas em disciplinas do Ensino Médio (Biologia, Geografia e História). Simpósio de Pesquisa em Ensino e História de Ciências da Terra. Campinas: UNICAMP. p , Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

91 Normas para publicação A revista Acta Scientia Biológicas recebe trabalhos para os próximos números, em regime de fluxo contínuo, não sendo necessária a abertura de chamadas especiais. No entanto, a periodicidade é semestral. Para ser aceitos, os textos devem observar rigorosamente as normas descritas abaixo: 1) A revista Acta Scientia Biológicas tem como objetivo a divulgação de trabalhos de pesquisa originais, publicados em língua portuguesa, inglesa ou espanhola, relacionados às diversas temáticas da Ciências da Educação. 2) O trabalho a ser submetido deve estar enquadrado em uma das seguintes categorias: Artigo científico / Dossiê / Ensaio: a publicação se destina a divulgar resultados inéditos de estudos e pesquisa, compreendendo os seguintes itens: título (em português e inglês); nome(s) do(s) autor(es) [observação: a(s) respectiva(s) qualificação(ões) e instituição(ões) a que pertence(m) devem ser registradas como notas de rodapé]; resumo (com média de 900 toques ou 150 palavras) com a respectiva tradução para o inglês (abstract), e cinco palavraschave em português e inglês; introdução; método; desenvolvimento e resultados (descrição e discussão); considerações finais e referências bibliográficas.

São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1

São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1 S C I E N T I A B I O L Ó G I C A São Paulo, SP 2º Semestre de 2016 Volume 01 Número 1 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos

Leia mais

EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR

EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR EFEITO DA PASTA DE FIGO NO PROCESSO CICATRICIAL DE PELE DE RATO WISTAR Marília Miriam Meireles 1 Claudia Fernandes da Cruz 2 Maria Fernanda M. L. Ninahuaman 3 Renata Cristina Schmidt Santos 4 Antenor Aguiar

Leia mais

Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2016 Volume 25 Número 02

Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2016 Volume 25 Número 02 Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2016 Volume 25 Número 02 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um

Leia mais

SCIENTIAE BIOLOGICAL RESEARCH

SCIENTIAE BIOLOGICAL RESEARCH Volume 2, Número 1, 1º semestre 2017 ISSN: 2526-169X SCIENTIAE BIOLOGICAL RESEARCH Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão: Ser um centro universitário

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2017 Volume 26 Número 02

Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2017 Volume 26 Número 02 Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2017 Volume 26 Número 02 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um

Leia mais

Volume 2, Número 1 1 o semestre de 2015 ISSN:

Volume 2, Número 1 1 o semestre de 2015 ISSN: Volume 2, Número 1 1 o semestre de 2015 ISSN: 2237-3756 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

LUMEN EDUCARE VOLUME 2 - NÚMERO 1 - JANEIRO - JUNHO 2016 ISSN: REVISTA CIENTÍFICA DE EDUCAÇÃO DA FAH/UNASP-HT

LUMEN EDUCARE VOLUME 2 - NÚMERO 1 - JANEIRO - JUNHO 2016 ISSN: REVISTA CIENTÍFICA DE EDUCAÇÃO DA FAH/UNASP-HT VOLUME 2 - NÚMERO 1 - JANEIRO - JUNHO 2016 LUMEN EDUCARE REVISTA CIENTÍFICA DE EDUCAÇÃO DA FAH/UNASP-HT ISSN: 2447-5432 Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para

Leia mais

Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2015 Volume 24 Número 2

Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2015 Volume 24 Número 2 Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2015 Volume 24 Número 2 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão: Ser um centro universitário

Leia mais

Volume 2, Número 2 Julho - Dezembro de 2015 ISSN:

Volume 2, Número 2 Julho - Dezembro de 2015 ISSN: Volume 2, Número 2 Julho - Dezembro de 2015 ISSN: 2237-3756 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um

Leia mais

ADOLFO S. SUÁREZ PRIMEIRO DEUS ISAÍAS

ADOLFO S. SUÁREZ PRIMEIRO DEUS ISAÍAS ADOLFO S. SUÁREZ ISAÍAS Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 95 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço

Leia mais

ADOLFO S. SUÁREZ PRIMEIRO DEUS EZEQUIEL

ADOLFO S. SUÁREZ PRIMEIRO DEUS EZEQUIEL ADOLFO S. SUÁREZ EZEQUIEL Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 95 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão: Ser um centro universitário

Leia mais

NEGÓCIOS. Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2017 Volume 1 Número 2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL DISCENTE E GESTÃO CONSTÁBIL-FINANCEIRA

NEGÓCIOS. Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2017 Volume 1 Número 2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL DISCENTE E GESTÃO CONSTÁBIL-FINANCEIRA NEGÓCIOS Engenheiro Coelho, SP 2º Semestre de 2017 Volume 1 Número 2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL DISCENTE E GESTÃO CONSTÁBIL-FINANCEIRA Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br

Leia mais

ADOLFO S. SUÁREZ PRIMEIRO DEUS ECLESIASTES E CANTARES

ADOLFO S. SUÁREZ PRIMEIRO DEUS ECLESIASTES E CANTARES ADOLFO S. SUÁREZ ECLESIASTES E CANTARES Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 95 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Revista de Teologia do Unasp. Volume 8, Número 2, 2º Semestre de 2012

Revista de Teologia do Unasp. Volume 8, Número 2, 2º Semestre de 2012 Revista de Teologia do Unasp Volume 8, Número 2, 2º Semestre de 2012 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Volume 4, Número 2 2 o semestre de 2017 ISSN:

Volume 4, Número 2 2 o semestre de 2017 ISSN: Volume 4, Número 2 2 o semestre de 2017 ISSN: 2237-3756 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Visão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 ISSN: 2236-286X Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão:

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus e à humanidade.

Leia mais

LUMEN EDUCARE VOLUME 1 - NÚMERO 1 - JULHO - DEZEMBRO 2015 ISSN: REVISTA CIENTÍFICA DE EDUCAÇÃO DA FAH/UNASP-HT

LUMEN EDUCARE VOLUME 1 - NÚMERO 1 - JULHO - DEZEMBRO 2015 ISSN: REVISTA CIENTÍFICA DE EDUCAÇÃO DA FAH/UNASP-HT VOLUME 1 - NÚMERO 1 - JULHO - DEZEMBRO 2015 LUMEN EDUCARE REVISTA CIENTÍFICA DE EDUCAÇÃO DA FAH/UNASP-HT ISSN: 2447-5432 VOLUME 1 - NÚMERO 1 - JULHO - DEZEMBRO 2015 LUMEN EDUCARE REVISTA CIENTÍFICA DE

Leia mais

Anais Expoulbra Outubro 2015 Canoas, RS, Brasil

Anais Expoulbra Outubro 2015 Canoas, RS, Brasil Anais Expoulbra Outubro 5 Canoas, RS, Brasil EFEITOS DE GÉIS FISIOLÓGICOS HOSPITALARES NO PROCESSO CICATRICIAL EM RATOS NORMO E HIPERGLICÊMICOS Áurea Correa - Aluna do curso de graduação de Farmácia Bolsista

Leia mais

LEDGF/p75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM O SISTEMA IMUNOLÓGICO

LEDGF/p75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM O SISTEMA IMUNOLÓGICO LEDGF/p75: REVISÃO SOBRE RELAÇÃO COM DOENÇAS E INTERAÇÃO COM O SISTEMA IMUNOLÓGICO Dailiany Orechio 1 Enios Carlos Duarte 2 Resumo: Autoanticorpos são frequentemente utilizados como marcadores de doenças

Leia mais

TECIDO CONJUNTIVO São responsáveis pelo estabelecimento e

TECIDO CONJUNTIVO São responsáveis pelo estabelecimento e Prof. Bruno Pires TECIDO CONJUNTIVO São responsáveis pelo estabelecimento e do corpo. Isso ocorre pela presença de um conjunto de moléculas que conectam esse tecido aos outros, por meio da sua. Estruturalmente

Leia mais

Reparação. Regeneração Tecidual 30/06/2010. Controlada por fatores bioquímicos Liberada em resposta a lesão celular, necrose ou trauma mecânico

Reparação. Regeneração Tecidual 30/06/2010. Controlada por fatores bioquímicos Liberada em resposta a lesão celular, necrose ou trauma mecânico UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ COORDENAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA DE PATOLOGIA VETERINÁRIA Reparação Prof. Raimundo Tostes Reparação Regeneração: reposição de um grupo de células destruídas

Leia mais

AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DO EFEITO NEFROTÓXICO EM RATOS DIABÉTICOS SUBMETIDOS À INGESTÃO DO EXTRATO DE BACCHARIS DRANCUNCULIFOLIA (ALECRIM-DO-CAMPO)

AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DO EFEITO NEFROTÓXICO EM RATOS DIABÉTICOS SUBMETIDOS À INGESTÃO DO EXTRATO DE BACCHARIS DRANCUNCULIFOLIA (ALECRIM-DO-CAMPO) AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DO EFEITO NEFROTÓXICO EM RATOS DIABÉTICOS SUBMETIDOS À INGESTÃO DO EXTRATO DE BACCHARIS DRANCUNCULIFOLIA (ALECRIM-DO-CAMPO) Ana Carolina Faria Batistote (PIBIC/CNPq-UNIDERP), e-mail:

Leia mais

TÍTULO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA SINOVITE AGUDA EM RATOS WISTAR

TÍTULO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA SINOVITE AGUDA EM RATOS WISTAR Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA SINOVITE AGUDA EM RATOS WISTAR CATEGORIA:

Leia mais

TÍTULO: USO DO PLASMA SANGUÍNEO EM GEL NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

TÍTULO: USO DO PLASMA SANGUÍNEO EM GEL NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: USO DO PLASMA SANGUÍNEO EM GEL NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS

Leia mais

Processo Inflamatório e Lesão Celular. Professor: Vinicius Coca

Processo Inflamatório e Lesão Celular. Professor: Vinicius Coca Processo Inflamatório e Lesão Celular Professor: Vinicius Coca www.facebook.com/profviniciuscoca www.viniciuscoca.com O que é inflamação? INFLAMAÇÃO - Inflamare (latim) ação de acender, chama FLOGOSE phlogos

Leia mais

Módulo 1 Histologia e fisiopatologia do processo cicatricial

Módulo 1 Histologia e fisiopatologia do processo cicatricial Módulo 1 Histologia e fisiopatologia do processo cicatricial Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia

Leia mais

Introdução à Histologia e Técnicas Histológicas. Prof. Cristiane Oliveira

Introdução à Histologia e Técnicas Histológicas. Prof. Cristiane Oliveira Introdução à Histologia e Técnicas Histológicas Prof. Cristiane Oliveira Visão Geral Corpo humano organizado em 4 tecidos básicos: Epitelial Conjuntivo Muscular Nervoso Visão Geral - Tecidos consistem

Leia mais

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães

Diretor Presidente: Domingos José de Souza Diretor Administrativo: Élnio Álvares de Freitas Diretor Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no servirço a Deus Visão: e à humanidade.

Leia mais

Departamento de Clínica Cirúrgica

Departamento de Clínica Cirúrgica Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências da Saúde Departamento de Clínica Cirúrgica Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental TIPOS DE SUTURAS Edevard J de Araujo - eja2536@gmail.com

Leia mais

Capítulo 2 Aspectos Histológicos

Capítulo 2 Aspectos Histológicos 5 Capítulo 2 Aspectos Histológicos Alguns conceitos básicos sobre histologia humana, a caracterização dos tecidos, a regeneração e reparação dos mesmos em lesões e a cicatrização de feridas são aspectos

Leia mais

INTRODUÇÃO À PATOLOGIA GERAL

INTRODUÇÃO À PATOLOGIA GERAL Cursos de Graduação em Farmácia e Enfermagem 3 o Período Disciplina: Patologia Geral INTRODUÇÃO À PATOLOGIA GERAL Prof.Dr. Lucinei Roberto de Oliveira http://lucinei.wikispaces.com 2014 DISCIPLINA DE

Leia mais

Renato Stencel (org.) Espírito. Profecia. Orientações para a Igreja Remanescente

Renato Stencel (org.) Espírito. Profecia. Orientações para a Igreja Remanescente Renato Stencel (org.) Espírito de Profecia Orientações para a Igreja Remanescente Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos

Leia mais

Introdução a Histologia. Profa. Dra. Constance Oliver Profa. Dra. Maria Célia Jamur

Introdução a Histologia. Profa. Dra. Constance Oliver Profa. Dra. Maria Célia Jamur Introdução a Histologia Profa. Dra. Constance Oliver Profa. Dra. Maria Célia Jamur O QUE É HISTOLOGIA? A histologia é o estudo da estrutura do material biológico e das maneiras como os componentes individuais

Leia mais

TÉCNICAS DE ESTUDO EM PATOLOGIA

TÉCNICAS DE ESTUDO EM PATOLOGIA TÉCNICAS DE ESTUDO EM PATOLOGIA Augusto Schneider Carlos Castilho de Barros Faculdade de Nutrição Universidade Federal de Pelotas TÉCNICAS Citologia Histologia Imunohistoquímica/imunofluorescência Biologia

Leia mais

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1 1 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA ANTI-INFLAMATÓRIA DO DICLOFENACO SÓDICO EM BOVINOS MAGENIS, G. B. 1*, MARTINS, V. B. F. 1, RIZZI, V. G. 1, MESQUITA, B. S. 1, NASCIMENTO, G. A. M. 1, ROSA, S. C 1. 1 Ourofino Saúde

Leia mais

Cultura de Células. Culturas primárias x linhagens celulares. Diferentes tipos celulares podem crescer em cultura 15/03/2018

Cultura de Células. Culturas primárias x linhagens celulares. Diferentes tipos celulares podem crescer em cultura 15/03/2018 Cultura de Células Diferentes tipos celulares podem crescer em cultura Claudia Mermelstein fibroblastos mioblastos oligodendrócitos Culturas primárias x linhagens celulares Culturas primárias x linhagens

Leia mais

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PROGRAMA DE DISCIPLINA Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana Autorizada pela Portaria Ministerial nº 552 de 22 de março de 2001 e publicada no Diário Oficial da União de 26 de março de 2001. Endereço: Rua Juracy Magalhães,

Leia mais

Ferida e Processo de Cicatrização

Ferida e Processo de Cicatrização MATERIAL COMPLEMENTAR: Ferida e Processo de Cicatrização Ferida é o comprometimento da integridade da pele. A perda da continuidade da pele pode ser causada por trauma físico, químico, mecânico, vasculares,

Leia mais

Acta Científica Ciências Humanas 1º Semestre de 2007

Acta Científica Ciências Humanas 1º Semestre de 2007 Acta Científica Ciências Humanas 1º Semestre de 2007 REITOR Euler Pereira Bahia PRÓ-REITORA ACADÊMICA Thalita Regina Garcia PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Elnio Freitas DIRETOR GERAL DO CAMPUS-EC José Paulo

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão: Ser um centro universitário

Leia mais

PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS. Prof. Archangelo P. Fernandes

PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS. Prof. Archangelo P. Fernandes PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS Prof. Archangelo P. Fernandes www.profbio.com.br Aula 1: Conceitos gerais para o estudo de Patologia. Grego: pathos = sofrimento e logos = estudo Investigação das causas das

Leia mais

USO DE COBERTURA COM COLÁGENO NO TRATAMENTO DE FERIDAS ISQUEMICAS

USO DE COBERTURA COM COLÁGENO NO TRATAMENTO DE FERIDAS ISQUEMICAS 4 USO DE COBERTURA COM COLÁGENO NO TRATAMENTO DE FERIDAS 1 INTRODUÇÃO ISQUEMICAS Existe um grande número de espécies em todo o mundo, usadas desde tempos pré-históricos na medicina popular dos diversos

Leia mais

21/03/2012. A variação molecular atua: fatores de crescimento hormônios adesão celular movimentação alterações funcionais

21/03/2012. A variação molecular atua: fatores de crescimento hormônios adesão celular movimentação alterações funcionais Tecido Conjuntivo Tecido responsável pela resposta inflamatória e por todo o processo de reparo que ocorre após a agressão. Contém vasos sangüíneos, linfáticos e líquido intersticial chamado de sistema

Leia mais

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de 21.10.11, DOU de 24.10.11 Componente Curricular: Citologia e Histologia Código: -- Pré-requisito: -- Período

Leia mais

INFLAMAÇÃO & REPARO TECIDUAL

INFLAMAÇÃO & REPARO TECIDUAL UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UnB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MOLECULAR INFLAMAÇÃO & REPARO TECIDUAL Mestranda: Diane Oliveira Sumário 1) Inflamação 1.1- Visão geral 1.2- Inflamação Aguda Estímulos

Leia mais

Perfil Hematológico de ratos (Rattus novergicus linhagem Wistar) do Biotério da Universidade Luterana do Brasil

Perfil Hematológico de ratos (Rattus novergicus linhagem Wistar) do Biotério da Universidade Luterana do Brasil Perfil Hematológico de ratos (Rattus novergicus linhagem Wistar) do Biotério da Universidade Luterana do Brasil Letícia da Silva, Médica Veterinária Residente em Patologia Clínica da Universidade Luterana

Leia mais

POLÍTICA INSTITUCIONAL DE ESTÍMULO À PRODUÇÃO INTELECTUAL

POLÍTICA INSTITUCIONAL DE ESTÍMULO À PRODUÇÃO INTELECTUAL CONSEPE 2005-12 de 09/06/2005 CONSU 2011-02 de 24/03/2011 CONSU 2014-13 de 26/06/2014 POLÍTICA INSTITUCIONAL DE ESTÍMULO À PRODUÇÃO INTELECTUAL O processo de produção do conhecimento em todas as suas manifestações,

Leia mais

CURSO SUPERIOR DE TECNOLÓGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de CH Total: T 60h P 30h

CURSO SUPERIOR DE TECNOLÓGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de CH Total: T 60h P 30h CURSO SUPERIOR DE TECNOLÓGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de 21.10.11, DOU de 24.10.11 Componente Curricular: Citologia e Histologia Código: Pré-requisito: - Período Letivo:

Leia mais

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915

Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão: Ser um centro universitário

Leia mais

TIPOS DE SUTURAS. Edevard J de Araujo -

TIPOS DE SUTURAS. Edevard J de Araujo - TIPOS DE SUTURAS Edevard J de Araujo - eja2536@gmail.com OBJETIVOS Revisar cicatrização, pois as suturas são adjuvantes Princípios norteadores das suturas. Tipos mais comuns de suturas Nós com porta-agulhas

Leia mais

Ficha 1 (permanente)

Ficha 1 (permanente) ! Ministério da Educação UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR Ficha 1 (permanente) Disciplina: Biologia Celular, Tecidual e Embriologia Bucal I Código:

Leia mais

UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO

UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO UTILIZATION OF HYDROGEL BIOSYNTHETIC MEMBRANE WITH NANOPRACT

Leia mais

TRATAMENTO TÓPICO COM MEL, PRÓPOLIS EM GEL E CREME A BASE DE ALANTOÍNA EM FERIDAS EXPERIMENTALMENTE INFECTADAS DE COELHOS.

TRATAMENTO TÓPICO COM MEL, PRÓPOLIS EM GEL E CREME A BASE DE ALANTOÍNA EM FERIDAS EXPERIMENTALMENTE INFECTADAS DE COELHOS. NAPOLEÃO MARTINS ARGÔLO NETO TRATAMENTO TÓPICO COM MEL, PRÓPOLIS EM GEL E CREME A BASE DE ALANTOÍNA EM FERIDAS EXPERIMENTALMENTE INFECTADAS DE COELHOS. Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa,

Leia mais

Tecido conjuntivo de preenchimento. Pele

Tecido conjuntivo de preenchimento. Pele Tecido conjuntivo de preenchimento Pele derme epiderme Pele papila dérmica crista epidérmica corte histológico da pele observado em microscopia de luz Camadas da Epiderme proliferação e diferenciação dos

Leia mais

Avaliar a viabilidade de retalhos cutâneos randômicos por meio da. Avaliar os efeitos individuais e em associação da N-acetilcisteína

Avaliar a viabilidade de retalhos cutâneos randômicos por meio da. Avaliar os efeitos individuais e em associação da N-acetilcisteína 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Avaliar a viabilidade de retalhos cutâneos randômicos por meio da utilização de um fármaco antioxidante e da oxigenação hiperbárica. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar

Leia mais

LUIZ CLAUDIO FERREIRA

LUIZ CLAUDIO FERREIRA COMPARAÇÃO DA SENSIBILIDADE ENTRE AS TÉCNICAS DE HIBRIDIZAÇÃO IN SITU, HISTOPATOLOGIA E IMUNO-HISTOQUÍMICA PARA DIAGNÓSTICO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM AMOSTRAS DE PELE LUIZ CLAUDIO FERREIRA

Leia mais

1 INTRODUÇÃO DAOIZ MENDOZA* CÁCIO RICARDO WIETZYCOSKI**

1 INTRODUÇÃO DAOIZ MENDOZA* CÁCIO RICARDO WIETZYCOSKI** IMPORTÂNCIA DA MUSCULAR DA MUCOSA NA BIÓPSIA GÁSTRICA E DA MUSCULATURA DO APÊNDICE PARA O DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS AGUDOS QUANDO EXISTE A DÚVIDA DA EXISTÊNCIA DOS MESMOS DAOIZ MENDOZA* CÁCIO

Leia mais

UNIPAC. Universidade Presidente Antônio Carlos. Faculdade de Medicina de Juiz de Fora PATOLOGIA GERAL. Prof. Dr. Pietro Mainenti

UNIPAC. Universidade Presidente Antônio Carlos. Faculdade de Medicina de Juiz de Fora PATOLOGIA GERAL. Prof. Dr. Pietro Mainenti UNIPAC Universidade Presidente Antônio Carlos Faculdade de Medicina de Juiz de Fora PATOLOGIA GERAL Prof. Dr. Pietro Mainenti Disciplina: Patologia Geral I II V conceitos básicos alterações celulares e

Leia mais

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de 21.10.11, DOU de 24.10.11 Componente Curricular: Citologia e Histologia Código: --- Pré-requisito: ----- Período

Leia mais

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PROGRAMA DE DISCIPLINA Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana Autorizada pela Portaria Ministerial nº 552 de 22 de março de 2001 e publicada no Diário Oficial da União de 26 de março de 2001. Endereço: Rua Juracy Magalhães,

Leia mais

HERMENÊUTICA. revista. Revista Teológica do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia

HERMENÊUTICA. revista. Revista Teológica do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia HERMENÊUTICA revista Revista Teológica do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA http://www.adventista.edu.br Missão do SALT: Formar teólogos, pastores e líderes,

Leia mais

Estudo Experimental dos Fenômenos Vasculares Inflamatórios por Microscopia Intravital em ratos Wistar

Estudo Experimental dos Fenômenos Vasculares Inflamatórios por Microscopia Intravital em ratos Wistar Projeto de Iniciação Científica Estudo Experimental dos Fenômenos Vasculares Inflamatórios por Microscopia Intravital em ratos Wistar Docentes Prof.Ms. Francisco Ribeiro de Moraes Prof.Dr.Robson Aparecido

Leia mais

HERMENÊUTICA. revista. Revista Teológica do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia

HERMENÊUTICA. revista. Revista Teológica do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia HERMENÊUTICA revista Revista Teológica do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA http://www.adventista.edu.br Missão do SALT: Formar teólogos, pastores e líderes,

Leia mais

Processos Inflamatórios Agudo e Crônico

Processos Inflamatórios Agudo e Crônico Processos Inflamatórios Agudo e Crônico PhD Letícia Coutinho Lopes Moura Tópicos da aula Inflamação Resposta inflamatória aguda Resposta inflamatória crônica Resposta inflamatória inespecífica Resposta

Leia mais

Prática Clínica: Uso de plantas medicinais no tratamento de feridas

Prática Clínica: Uso de plantas medicinais no tratamento de feridas Prática Clínica: Uso de plantas medicinais no tratamento de feridas Palestrante:Gabriela Deutsch Farmacêutica, mestre e doutoranda em Tecnologias em Saúde em úlceras crônicas (UFF) Voluntária no ambulatório

Leia mais

DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO CICATRIZANTE DE FUMAÇA DE Artemisia vulgaris EM MODELO DE ÚLCERA POR PRESSÃO EM CAMUNDONGOS

DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO CICATRIZANTE DE FUMAÇA DE Artemisia vulgaris EM MODELO DE ÚLCERA POR PRESSÃO EM CAMUNDONGOS DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO CICATRIZANTE DE FUMAÇA DE Artemisia vulgaris EM MODELO DE ÚLCERA POR PRESSÃO EM CAMUNDONGOS Ricardo de oliveira Lima Emile Costa Barros Edilberto Rocha Silveira Nayara Coriolano

Leia mais

DISCIPLINA DE PATOLOGIA GERAL

DISCIPLINA DE PATOLOGIA GERAL DISCIPLINA DE PATOLOGIA GERAL INFLAMAÇÃO CRÔNICA PARTE 4 http://lucinei.wikispaces.com Prof.Dr. Lucinei Roberto de Oliveira 2013 INFLAMAÇÃO CRÔNICA Inflamação de duração prolongada na qual a inflamação

Leia mais

Unidade Curricular: Processos Patológicos Gerais Período: 3º Currículo: Co-requisito: Grau: Bacharelado EMENTA

Unidade Curricular: Processos Patológicos Gerais Período: 3º Currículo: Co-requisito: Grau: Bacharelado EMENTA COORDENADORIA DO CURSO DE MEDICINA CAMPUS DOM BOSCO PLANO DE ENSINO Unidade Curricular: Processos Patológicos Gerais Período: 3º Currículo: 2016 Nome do Coordenador de Eixo: Erika Lorena Fonseca Costa

Leia mais

Esse sistema do corpo humano, também conhecido como pele, é responsável pela proteção contra possíveis agentes externos. É o maior órgão do corpo.

Esse sistema do corpo humano, também conhecido como pele, é responsável pela proteção contra possíveis agentes externos. É o maior órgão do corpo. Sistema Tegumentar Esse sistema do corpo humano, também conhecido como pele, é responsável pela proteção contra possíveis agentes externos. É o maior órgão do corpo. Suas principais funções são: Proteger

Leia mais

Profº Ms. Paula R. Galbiati Terçariol.

Profº Ms. Paula R. Galbiati Terçariol. Profº Ms. Paula R. Galbiati Terçariol. Cicatrização Após uma lesão, o processo de cicatrização é iniciado. O tecido lesionado passa por 4 fases de reparo da ferida: hemostasia, inflamação, proliferação

Leia mais

RESUMO. Revista da FZVA Uruguaiana, v. 2/3, n. 1, p /1996.

RESUMO. Revista da FZVA Uruguaiana, v. 2/3, n. 1, p /1996. MORFOLOGIA E MORFOMETRIA DA REPARAÇÃO TECIDUAL DE FERIDAS CUTÂNEAS DE CAMUNDONGOS TRATADAS COM SOLUÇÃO AQUOSA DE BARBATIMÃO (STRYPHYNODENDRON BARBATIMAN MARTIUS) MORPHOLOGICAL AND MORPHOMETRICAL STUDIES

Leia mais

ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM FERIDAS E CURATIVOS. Aula 6. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM FERIDAS E CURATIVOS. Aula 6. Profª. Tatiane da Silva Campos ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM FERIDAS E CURATIVOS Aula 6 Profª. Tatiane da Silva Campos GAZE NÃO ADERENTE ESTÉRIL: Podem ser impregnadas com: acetato de celulose com petrolato, PVPI 10%, AGE,

Leia mais

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PROGRAMA DE DISCIPLINA PROGRAMA DE DISCIPLINA Disciplina: PATOLOGIA GERAL Código da Disciplina: NDC112 Curso: Medicina Veterinária Semestre de oferta da disciplina: 5 período Faculdade responsável: Núcleo de Disciplinas Comuns

Leia mais

3/15/2013 HIPERSENSIBILIDADE É UMA RESPOSTA IMUNOLÓGICA EXAGERADA A DETERMINADO ANTÍGENO. O OBJETIVO IMUNOLÓGICO É DESTRUIR O ANTÍGENO.

3/15/2013 HIPERSENSIBILIDADE É UMA RESPOSTA IMUNOLÓGICA EXAGERADA A DETERMINADO ANTÍGENO. O OBJETIVO IMUNOLÓGICO É DESTRUIR O ANTÍGENO. HIPERSENSIBILIDADE É UMA RESPOSTA IMUNOLÓGICA EXAGERADA A DETERMINADO ANTÍGENO. O OBJETIVO IMUNOLÓGICO É DESTRUIR O ANTÍGENO. NO ENTANTO, A EXACERBAÇÃO DA RESPOSTA PODE CAUSAR GRAVES DANOS AO ORGANISMO,

Leia mais

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CÂMPUS DE ARAÇATUBA - FACULDADE DE ODONTOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CÂMPUS DE ARAÇATUBA - FACULDADE DE ODONTOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CÂMPUS DE ARAÇATUBA - FACULDADE DE ODONTOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA X INTEGRAL NOTURNO PLANO DE ENSINO Disciplina: Departamento:

Leia mais

Cursos de Graduação em Farmácia e Enfermagem

Cursos de Graduação em Farmácia e Enfermagem Cursos de Graduação em Farmácia e Enfermagem INTRODUÇÃO À PATOLOGIA GERAL Disciplina: Patologia Geral Prof.Dr. Lucinei Roberto de Oliveira 2012 DISCIPLINA DE PATOLOGIA GERAL INTRODUÇÃO À PATOLOGIA Conceito

Leia mais

Aluna: Bianca Doimo Sousa Orientador: Prof. Dr. Jaques Waisberg. Hospital do Servidor Público Estadual

Aluna: Bianca Doimo Sousa Orientador: Prof. Dr. Jaques Waisberg. Hospital do Servidor Público Estadual Hospital do Servidor Público Estadual Programa de Iniciação Científica em Gastroenterologia Cirúrgica EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO RECEPTOR DE FATOR DE CRESCIMENTO EPIDÉRMICO (EGFR) NO CARCINOMA COLORRETAL:

Leia mais

Os ana no Diagnóstico Laboratorial das Doenças Autoimunes. Maria José Rego de Sousa

Os ana no Diagnóstico Laboratorial das Doenças Autoimunes. Maria José Rego de Sousa Os ana no Diagnóstico Laboratorial das Doenças Autoimunes Maria José Rego de Sousa indice capítulo 1 Introdução... 7 capítulo 2 Nota histórica... 8 capítulo 3 Princípio do teste de imunofluorescência...

Leia mais

FERIDAS E CICATRIZAÇÃO

FERIDAS E CICATRIZAÇÃO FERIDAS E CICATRIZAÇÃO Feridas e Cicatrização Anatomo-Fisiologia da Pele; Processo de Cicatrização: Fases; Factores facilitadores e dificultadores. 2 PELE ANATOMIA E FISIOLOGIA 3 Pele Maior órgão do corpo

Leia mais

Cultura de Células Animais. Aula 4 - Fases do Crescimento Celular. Prof. Me. Leandro Parussolo

Cultura de Células Animais. Aula 4 - Fases do Crescimento Celular. Prof. Me. Leandro Parussolo Cultura de Células Animais Aula 4 - Fases do Crescimento Celular Prof. Me. Leandro Parussolo NOVA CÉLULA Introdução A dinâmica de uma cell é + bem compreendida examinandose o curso de sua vida; divisão

Leia mais

Líquen plano reticular e erosivo:

Líquen plano reticular e erosivo: Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste/ Cascavel PR Centro de Ciências Biológicas e da Saúde CCBS Curso de Odontologia Líquen plano reticular e erosivo: Definição: É uma doença mucocutânea crônica,

Leia mais

10/6/2011. Histologia da Pele. Diagrama da Estrutura da Pele. Considerações Gerais. epiderme. derme

10/6/2011. Histologia da Pele. Diagrama da Estrutura da Pele. Considerações Gerais. epiderme. derme epiderme derme 10/6/2011 Histologia da Pele Considerações Gerais Maior órgão do corpo: 16% do peso total e 1,2 a 2,3 m 2 de superfície Composto por duas regiões: epiderme e derme Funções proteção: atrito,

Leia mais

PROGRAMA DE ENSINO DE DISCIPLINA Matriz Curricular Generalista Resolução Unesp 14/2010, alterada pela Resolução Unesp 02/2013.

PROGRAMA DE ENSINO DE DISCIPLINA Matriz Curricular Generalista Resolução Unesp 14/2010, alterada pela Resolução Unesp 02/2013. PROGRAMA DE ENSINO DE DISCIPLINA Matriz Curricular Generalista Resolução Unesp 14/2010, alterada pela Resolução Unesp 02/2013. Unidade Universitária: Curso: Farmácia-Bioquímica Departamento Responsável:

Leia mais

DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO DA MICOPLASMOSE RESPIRATÓRIA MURINA EM RATOS WISTAR

DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO DA MICOPLASMOSE RESPIRATÓRIA MURINA EM RATOS WISTAR DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO DA MICOPLASMOSE RESPIRATÓRIA MURINA EM RATOS WISTAR Boeck, R 1 ; Spilki, F.R 1 Lopes; R.S 2 ; Fraga, J 2 ; Fernandez, J 2. Resumo O Mycoplasma pulmonis é o agente etiológico da micoplasmose

Leia mais

Prof. Ms. José Góes

Prof. Ms. José Góes É a técnica de sensoreamento remoto que possibilita a medição de temperaturas e a formação de imagens térmicas (chamadas Termogramas), de um componente, equipamento ou processo, à partir da radiação infravermelha,

Leia mais