NOTA TÉCNICA Nº 73/2010/COGES/DENOP/SRH/MP. Assunto: Averbação de tempo de serviço. Referência: Processo nº / SUMÁRIO EXECUTIVO
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1 MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Recursos Humanos Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais Coordenação-Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas NOTA TÉCNICA Nº 73/2010/COGES/DENOP/SRH/MP Assunto: Averbação de tempo de serviço. Referência: Processo nº / SUMÁRIO EXECUTIVO 1. Provenientes da Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Fazenda, os autos retornam a esta COGES/SRH/MP para reexame das informações exaradas no Despacho de fls. 38 a 40, de 18/07/2008, em resposta ao questionamento daquela COGRH/MF quanto à averbação do tempo serviço prestado ao Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, pois a COGRH/MF não vislumbrou a natureza jurídica do referido órgão como sendo Autarquia Federal e entendeu tratar-se de tempo estadual. ANÁLISE 2. Por intermédio do requerimento de fls. 01, a Procuradora da Fazenda Nacional, Ana Luisa Brega de Almeida, solicitou a averbação do tempo de serviço contido na certidão de fls. 02, exarada pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo para informar que a interessada foi funcionária daquele Conselho, admitida em 12/04/1978, regida pela CLT, e solicitou sua demissão em 09/09/ Conforme documento de fls. 06 e 07, a servidora foi nomeada em 20/06/1997 para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, com vacância a partir de 31/07/ Na Certidão, de fls. 14, exarada também pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, o Superintendente define aquele conselho como Autarquia Federal, criada pelo Decreto-Lei nº 9.295, de 1946, que assim dispõe: Art. 1º Ficam criados o Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade, de acordo com o que preceitua o presente Decreto-lei. 5. Esse Decreto-Lei não definiu os Conselhos de Contabilidade como autarquias e não determinou sua personalidade jurídica como de direito público ou privado, não deixando claro se 1-BR
2 eles faziam parte do serviço público federal. Todavia, a Lei n 9.649, de 1998, estabeleceu que os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas seriam exercidos em caráter privado, in verbis: Art. 58. Os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas serão exercidos em caráter privado, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa.... 2º Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, dotados de personalidade jurídica de direito privado, não manterão com os órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou hierárquico. 3º Os empregados dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela legislação trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou deslocamento para o quadro da Administração Pública direta ou indireta. 6. Por conseguinte, esta COGES/SRH/MP concluiu o seguinte no Despacho de fls. 38 a 40: 8. Como se observa da legislação acima transcrita, o Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo não pode ser considerado como parte integrante da Administração Pública Federal. Dessa forma, o tempo de serviço prestado àquele Conselho deverá ser averbado como tempo de serviço em atividade privada, nos moldes do inciso V do art. 103 da Lei nº 8.112/90, ressaltando que a interessada era regida pelo Regime da CLT, conforme informação às fls. 02 e Contudo, a COGRH/MF restituiu o presente processo a esta COGES/SRH/MP solicitando reexame das informações, face ao disposto no art. 59 da Lei nº , de 28/05/2003, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências, in verbis: Art. 59. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente as da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, com as alterações introduzidas pela Medida Provisória no , de 31 de agosto de 2001, e os 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 8.442, de 14 de julho de (grifamos) 8. Cabe citar que o Supremo Tribunal Federal, ao deferir medida cautelar na ADIn em 27/9/99, suspendendo a eficácia de quase todo o art. 58 da Lei nº 9.649, de 1998, sinalizou a natureza jurídica pública dos serviços de fiscalização de profissões regulamentadas. Esse posicionamento foi confirmado em 7/11/2002, por ocasião da decisão exarada no julgamento do mérito da referida ação, que declarou a inconstitucionalidade do art. 58, caput e 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da aludida Lei, nesses termos: Decisão: O Tribunal julgou procedente o pedido formulado na ação para declarar a inconstitucionalidade da cabeça do artigo 58 e 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei nº 9.649, de 27 de maio de Votou o Presidente, o Senhor Ministro Marco Aurélio. 2-BR
3 Decisão unânime. Impedido o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Nelson Jobim. Plenário, Importa ressaltar, por hora, que o 3º, do art. 58, da multicitada Lei nº 9.649, de 1998, não foi abrangido no julgamento da ADIn , da Suprema Corte, verbis: 3º Os empregados dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela legislação trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou deslocamento para o quadro da Administração Pública direta ou indireta. 10. De acordo com o Acórdão nº 1220/2003 do Plenário do Tribunal de Contas da União, o julgamento do mérito da ADIn nº pelo STF reforçou o posicionamento daquela Corte de Contas quanto à natureza jurídica de direito público de que se revestem os conselhos, estando inseridos no âmbito da administração pública e, como tal sujeito, entre outras, à regra do concurso público, na forma do art.37, inciso II, da Constituição Federal, assim como à Lei nº 8.666, de Foi ressaltado ainda, que é pacífico, tanto no âmbito daquele Tribunal quanto na esfera judicial, o entendimento segundo o qual os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas têm natureza jurídica autárquica. 11. Ademais, cabe transcrever o disposto no Acórdão nº 62/2006, da Primeira Câmara do TCU, in verbis: Sumário Pedido de Reexame contra o Acórdão nº 2.431/2004-1ª Câmara, proferido em processo de Auditoria realizada no CFC, abrangendo o período janeiro/agosto de Adoção de critérios subjetivos para seleção de pessoal, com violação dos princípios da legalidade e da impessoalidade. O julgamento, pelo TCU, dos atos de dirigentes de conselhos profissionais, não configura fiscalização do exercício da profissão. Os conselhos regionais e federais de fiscalização do exercício profissional são autarquias federais sujeitas à prestação de contas ao Tribunal de Contas da União, por força do disposto no inciso II do artigo 71 da Constituição, conforme entendimento assente no Supremo Tribunal Federal. Argumentação incapaz de alterar os fundamentos da decisão recorrida. Conhecimento e não-provimento do recurso. Comunicação ao Recorrente e à Entidade De se esclarecer, também, que os conselhos de fiscalização do exercício profissional foram criados por lei para exercer poder de polícia quanto à normatização e à fiscalização do exercício das atividades profissionais sob suas respectivas alçadas específicas. Trata-se de manifestação típica de Estado e insuscetível de delegação a ente privado. Para isso e por causa disso, tais entidades recebem tratamento fiscal privilegiado e contribuições parafiscais. Essas contribuições são pagas 3-BR
4 compulsoriamente por determinada parcela da sociedade, sendo caracterizadas como recursos públicos de natureza tributária, parafiscal, e arrecadadas por delegação de competência da União. Essas circunstâncias fazem com que esses entes submetam-se à jurisdição do TCU e com que a eles se aplique o disposto no art. 37, II, da Constituição Federal.... Da mesma forma, consolidou-se neste Tribunal, em consonância com remansosa jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o entendimento de que os referidos conselhos revestem personalidade jurídica de autarquia, tendo as contribuições por eles cobradas natureza parafiscal. 12. Da mesma forma, Hely Lopes Meirelles, in Direito Administrativo Brasileiro, 25ª ed., 2000, p. 328, reconhece o caráter autárquico das "entidades encarregadas, por lei, dos serviços de fiscalização de profissões regulamentadas", e as classifica como autarquias de regime especial, definidas por ele como "toda aquela a que a lei instituidora conferir privilégios específicos e aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os preceitos constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública". 13. Saliente-se, por necessário, que no julgamento pelo STF do Agravo de Instrumento nº , publicado no Diário de Justiça de 05/05/2009, o Excelentíssimo Ministro Relator Ricardo Lewandowski assim se manifestou: 1. É pacífico o entendimento de que os Conselhos Regionais de Fiscalização Profissional possuem personalidade jurídica de direito público, estando submetidos às exigências constantes no art. 37 da CF. 2. O art. 58 da Lei 9.649/98 que conferia natureza jurídica de direito privado as entidades de fiscalização de profissões, permitindo a contratação direta de pessoal, foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento da ADIn nº Desde a publicação da concessão da liminar ( ) pelo STF, em sede de ADIn nº 1.717, que suspendeu a eficácia do art. 58 da Lei nº 9.649/98, os Conselhos Profissionais estão obrigados a realizar suas contratações mediante concurso público. CONCLUSÃO 14. Destarte, considerando que os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são classificados, pelo TCU, STF e doutrinadores, como Autarquias, com natureza jurídica de direito público, submetidas à Lei nº 8.666, de 1993, sendo obrigados à prestar contas ao Tribunal de Contas e a contratação de seu pessoal estar submetida à realização de concurso público, esta Divisão de Análise de Processos entende que o tempo de serviço prestado a esses conselhos deve ser averbado nos moldes do art. 100 da Lei nº 8.112, de BR
5 15. Isso posto, retificamos o entendimento exarado por esta Divisão no Despacho de fls. 38 a 40, e concluímos que o tempo de serviço prestado ao Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo deverá ser averbado como tempo de serviço público federal nos termos do art. 100 da Lei nº 8.112, de Brasília, 29 de janeiro de BYANNE RIGONATO Administradora TEOMAIR CORREIA DE OLIVEIRA Chefe da DIPRO Estando de acordo com o entendimento da DIPRO/COGES/DENOP/SRH/MP, submeta-se a presente Nota Técnica à consideração superior. Brasília, 29 de janeiro de LYLIAN BEATRIZ DE OLIVEIRA COMELLI Coordenadora-Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas Encaminhe-se à Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Fazenda - CGRH/MF. Brasília, 29 de janeiro de 2010 VALÉRIA PORTO Diretora do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais 5-BR
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