Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral de Justiça do Estado do Ceará
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- Giovana Gomes Faro
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1 Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral de Justiça do Estado do Ceará Pedido de Providências A ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ (ASSEMPECE), vem, com sépero respeito e convinhñvel acatamento, perante a insigne presenäa de Vossa ExcelÖncia, por conduto de seu Presidente ao final subscrito, na forma de seu Estatuto Social, expor o que segue orquestrado para, ao final, requerer. DOS ARGUMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS Conforme se verifica da documentaäåo anexa, extraüda do portal da transparöncia mantido pelo Tribunal de Contas dos MunicÜpios (TCM) na internet, alguns dos servidores municipais cedidos ao Ministério Público do Estado do Ceará MP-CE são remunerados com recursos provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), instituüdo pela Emenda Constitucional ná 53, de 2006 e regulamentado pela Lei Federal ná /07.
2 Como à cediäo, o FUNDEB constitui fundo especial com receitas e despesas vinculadas aos serviäos de manutenäåo e desenvolvimento da educaäåo bñsica e ä remuneraäåo condigna dos trabalhadores da educaäåo. O conceito de fundo especial resta contido no art. 71, da Lei 4.320/64, que dispåe acerca das finanäas péblicas, o qual transcrevemos in verbis: Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoäåo de normas peculiares de aplicaäåo. (Grifos nossos) A norma infraconstitucional que regulamenta a geståo do FUNDEB, que à um fundo constitucional, estabelece de forma clara e inconteste a proibiäåo de utilizaäåo dos recursos desse fundo especial no custeio de despesas nåo consideradas como manutenäåo e desenvolvimento da educaäåo bñsica, a teor do que determina o art. 23, Lei Federal ná /07. Art. 23. ç vedada a utilizaäåo dos recursos dos Fundos: I - no financiamento das despesas não consideradas como de manutenção e desenvolvimento da educação básica, conforme o art. 71 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; II - como garantia ou contrapartida de operaäåes de cràdito, internas ou externas, contraüdas pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos MunicÜpios que nåo se destinem ao financiamento de projetos, aäåes ou programas considerados como aäåo de manutenäåo e desenvolvimento do ensino para a educaäåo bñsica. (original sem grifos) O rol de despesas consideradas como manutenäåo e desenvolvimento da educaäåo consta elencado, em numerus clausus, no art. 70 da Lei Federal ná /96, que estabelece as Diretrizes e bases da educaäåo nacional, o qual tambàm transcrevemos in verbis:
3 Art. 70. Considerar-se-Åo como de manutenäåo e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas ä consecuäåo dos objetivos bñsicos das instituiäåes educacionais de todos os nüveis, compreendendo as que se destinam a: I - remuneraäåo e aperfeiäoamento do pessoal docente e demais profissionais da educaäåo; II - aquisiäåo, manutenäåo, construäåo e conservaäåo de instalaäåes e equipamentos necessñrios ao ensino; III uso e manutenäåo de bens e serviäos vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatüsticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e ä expansåo do ensino; V - realizaäåo de atividades-meio necessñrias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessåo de bolsas de estudo a alunos de escolas péblicas e privadas; VII - amortizaäåo e custeio de operaäåes de cràdito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII - aquisiäåo de material didñtico-escolar e manutenäåo de programas de transporte escolar. Resta-nos a conclusåo de que as cessäes de servidores que ora se noticia (vide anexo) constitui conduta ilegal, visto que realiada contra expressa disposiäåo de lei. Com efeito, os serviåos realizados no Çmbito do MinistÉrio PÑblico, a despeito de sua inconteste importéncia social e sua essencialidade ä funäåo judicante do Estado, nöo podem ser conceituadas como manutenåöo e desenvolvimento da educaåöo. Ora, ExcelÖncia, sendo o MinistÉrio PÑblico o guardiöo da ordem jurüdica, cuja atuaäåo, em consonéncia com os comandos constitucionais e infraconstitucionais, deve zelar, dentre outras coisas, pelos serviåos de relevçncia pñblica aos direitos assegurados na ConstituiÅÖo Federal (art. 129, II), nöo pode, em hipâtese alguma, ser o mesmo beneficiärio de condutas ilegais ensejam prejuüzo aos serviåos pñblicos constitucionalmente tutelados, a exemplo dos concernentes a educaåöo.
4 O Ministàrio PÉblico, que possui independência orçamentária e financeira, deve empreender esforços em constituir quadro próprio e permanente de servidores ministeriais necessários aos serviços de sua competência institucional, sendo interdito a utilizaäåo de recursos de fundos vinculados, como o FUNDEB, na remuneraäåo de pessoal para o desempenho de funäåes ministeriais. Se a cessåo de servidores municipais jñ se mostra questionñvel, visto que a fiscalizaäåo da geståo municipal à uma das atribuiäåes ministeriais (sendo certo que a presenäa de servidores municipais, muitos deles vinculados aos gabinetes de prefeitos pode comprometer a independöncia, a eficñcia e o sigilo da atuaäåo ministerial), ganha contornos de reprovaäåo quando tais cessåes såo tidas como ilegais. NÅo se mostra compatüvel com as feiäåes do Ministàrio PÉblico pès ConstituiÄÅo CidadÅo condutas como as ora noticiadas, ao passo que o que se espera dessa AdministraÄÅo Superior à uma atuaäåo pronta e eficaz apta cessar a ilegalidade posta a lumem. DOS PEDIDOS Ante o exaustivamente exposto, requeremos de Vossa ExcelÖncia a pronta devoluäåo dos servidores listados no anexo, tendo em vista e ilegalidade da prñtica que ora se noticia. Nestes Termos. Pede Deferimento. Fortaleza - CE, 14 de julho de FRANCISCO ANTÔNIO TÁVORA COLARES Presidente
5 Anexo Relação de servidores remunerados pelo FUNDEB Nome Alfredo Jader Lobo Cavalcante Filho Ana Meire Lima da Silva Antonio Magno Alencar de Oliveira Carlos Alberto Alves Rufino Luisa Angelica da Silva Santos Luiz RebouÄas Neto Maria do Socorro Nascimento Cardoso Marinalva dos Santos Mercia Barbosa de AraÉjo Município Santa Quitària Mulungu Mauriti CrateÉs Caucaia Itarema MissÅo Velha MissÅo velha TianguÑ
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