TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS NAS ESCOLAS DO CAMPO: FERRAMENTAS PARA UM ENSINO DIFERENCIADO
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- Cristiana Câmara Maranhão
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1 TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS NAS ESCOLAS DO CAMPO: FERRAMENTAS PARA UM ENSINO DIFERENCIADO Alice Fabiana Jahn 1 Lilian de Souza Vismara 2 Amaro Korb Rabelo 3 Resumo: As escolas do campo, em sua maioria, enfrentam dificuldades quando buscam trabalhar de forma diferenciada e de maneira que não sirva apenas para repassar conhecimento, mas sim para contribuir na construção de um projeto de vida e de conhecimento na vida de cada sujeito envolvido nesse processo de formação. Desde a Revolução Industrial em que as máquinas passaram a desempenhar importante papel no mundo, aquelas pessoas que não tinham acesso as mais recentes tecnologias, não conseguiam formas de adaptação que contribuíssem com tipo de vida que tinham. As tecnologias alternativas têm como perspectiva contribuir com uma agricultura mais sustentável e que seja de acesso a todos. O presente trabalho teve como objetivo auxiliar a ação educativa no que tange a utilização de algumas tecnologias alternativas utilizáveis no campo, visando uma forma de ensino diferenciado em escolas do campo. Essa ideia de ensino não possui como lógica preparar para o mercado de trabalho, mas com o intuito de favorecer uma educação emancipadora que contribua com a vida de educadores e educandos, levando em consideração o contexto no qual cada um se insere. Palavras-Chave: Tecnologias Alternativas. Educação do Campo. Interdisciplinaridade. Currículo. Educação Ambiental. 1. Introdução Há necessidade de pensar e trabalhar de forma diferenciada dentro das escolas públicas para, a partir do currículo que se tem, adequar o trabalho nas disciplinas de acordo com a realidade em que vivem os educandos e educandas, sem que isso prejudique o aproveitamento dos mesmos. Assim, pensar a escola de forma coletiva pode ser vista como 1 Licenciada em Educação do Campo na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR-DV). Atua como colaboradora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Pérola D Oeste. alicejahn@hotmail.com. 2 Professora e pesquisadora da UTFPR-DV e Coordenadora de subprojeto da área de Ciências da Natureza e Matemática do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência para a Diversidade (PIBID Diversidade). lilianvismara@utfpr.edu.br. 3 Graduado em Pedagogia para Educadores do Campo, pós graduado em Gestão Escolar. Atua como educador da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR). amaro@assesoar.org.br.
2 785 uma alternativa de organização que irá contribuir com a unidade de ensino, educandos, educadores e até mesmo com a comunidade em geral. É fundamental compreender que a escola deve ser um lugar inclusivo no qual todas as pessoas têm direito à educação. Nessa perspectiva, a Educação do Campo vem com o intuito de facilitar e tornar a educação um direito de todos e no local em que sujeitos estão inseridos. Isso porque, veio para contrapor modelos e possibilitar a emancipação da classe trabalhadora, criar possibilidades de permanência no campo e dar a oportunidade dos povos do campo de ter acesso a uma educação pensada por eles e para eles. No entanto, há um problema que se impõe: os trabalhos realizados na maioria das escolas públicas, mesmo as do campo, distanciam teoria e prática, fragmenta o aprendizado e desconsidera a realidade do educando (FREIRE, 1987, p. 33). Nesse sentido, os trabalhos interdisciplinares podem auxiliar a busca por uma educação transformadora e novas formas de ensinar (DUARTE, 1996) e, consequentemente, aprender. Assim, esse trabalho tem por objetivo contribuir com possíveis formas diferenciadas de conceber o processo educativo e, também, colaborar com a formação de educadores de escolas do campo via a implementação de tecnologias alternativas sustentáveis que possam auxiliar em atividades do/no campo e dar sentido ao que se ensina e aprende. Para isso, utilizou-se como metodologia a pesquisa-ação para que fosse possível desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática (ENGEL, 2000; TRIPP, 2005) na Escola Estadual do Campo Pio X, localizado em São Jorge D Oeste, PR. 2. Síntese bibliográfica do tema O currículo que as escolas recebem praticamente fechado, muitas vezes impede que os educadores das escolas consigam desenvolver alguma atividade diferenciada e que consiga trazer a realidade do educando para dentro da escola. Luis Armando Gandin aponta que historicamente, como regra, as escolas brasileiras têm tido pouca autonomia (2008, p. 226). Assim, na maioria das escolas, os objetos de conhecimento do currículo são trabalhados de modo tradicional e de forma fragmentada. Desta forma, a escola falha em sua função maior: contribuir com a formação e construção de valores dos sujeitos. Isto se torna um imenso problema no panorama educacional brasileiro, já que:
3 786 a escola é um lugar fundamental para a educação do povo, exatamente porque se constitui como um tempo e um espaço de processos socioculturais, que interferem significativamente na formação e no fortalecimento dos sujeitos que dela participam (CALDART, 2000, p. 91). Com isso torna-se pertinente que sejam concebidas novas formas de ensinar e adaptar-se ao currículo imposto, sem que isso prejudique os educandos. A interdisciplinaridade, neste contexto, coloca-se como condição indispensável de dinamizar processos educativos que superem estes limites (DUARTE, 1996, p. 55). Para isto, a ação prática de implantar algumas tecnologias alternativas por exemplo: a cisterna, o biodigestor, o carneiro hidráulico e até mesmo uma pequena horta podem dar ao currículo um aspecto mais palpável, possibilitar o trabalho interdisciplinar e despertar a curiosidade dos educandos e, consequentemente, contribuir para o melhor aproveitamento dos objetos de conhecimento das diferentes disciplinas. A construção dessas tecnologias na escola vai muito além de uma tecnologia alternativa de baixo custo, afinal apenas isso não justificaria esse trabalho. A disputa pelo domínio das tecnologias é evidente na sociedade, então a possibilidade de educadores do campo aprender a construir e a partir da escola dar a oportunidade de outras pessoas a terem acesso a essas tecnologias e até mesmo construí-las. Diante desse cenário, construir um material diferenciado, nesse caso uma proposta de matriz curricular e então uma sequência de ensino, que possa auxiliar outros educadores e, quiçá, mudar a realidade de outras escolas é uma aspiração desse trabalho! Tecnologias alternativas & formação de educadores: uma pesquisa-ação na Escola Estadual do Campo PIO X A utilização das tecnologias alternativas como uma proposta para um ensino diferenciado vem com o intuito de contribuir com os educadores das escolas do campo em suas ações pedagógicas. A tecnologia alternativa escolhida para ser construída e discutida na formação foi o biodigestor, que é muito importante para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente (CAPOBLANCO, 2013). Contribui na redução da emissão de poluentes e gera adubos de excelente qualidade para a agricultura, e na escola pode ser utilizada como forma de trabalhar a interdisciplinaridade.
4 787 Estar em constante formação é dever e direito de todo educador, essa é uma tarefa do dia a dia, para que possa sempre ensinar e ao mesmo tempo aprender, sendo que, estar na escola é ter nas mãos a possibilidade de fazer parte da vida de tantas pessoas. A pesquisa foi realizada na Escola Estadual do Campo Pio X, São Jorge D Oeste, PR, que atendeu 37 educandos do Ensino Fundamental no ano letivo de 2014 e que luta por uma Educação do Campo de qualidade e pelo não fechamento da escola. Para que o trabalho fosse realizado, além da comunidade escolar, contou-se com a participação dos educadores orientadores desta pesquisa Lilian de Souza Vismara e Amaro Korb Rabelo, do colega de graduação Natanael Ricardo Zuanazzi e de futuros educadores do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência para a Diversidade (Pibid Diversidade) do Curso de Licenciatura em Educação do Campo do Câmpus Dois Vizinhos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR-DV) bolsistas nesta unidade de ensino. Desta forma, nesta ação/construção coletiva teve-se a oportunidade de se reunir e contribuir com educandos e educadores do Ensinos Básico, Superior e da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR) uma entidade de caráter educacional e filantrópico. Assim, no dia 30 de maio de 2014, a equipe supracitada foi recebida na escola pela direção, funcionários e ao som de flautas tocadas pelos educandos desta unidade de ensino; percebe-se então, que a escola possui algo diferente das demais, principalmente pela participação dos educandos no processo de acolhimento (isto indicou que o trabalho proposto seria bem aceito na escola, assim como de fato foi!). O trabalho foi organizado em 5 (cinco) etapas que foram desenvolvidos de maneira que atendessem a realidade dos educadores e se tornasse interessante para todos, sendo que contou-se com a presença dos educandos da escola, que ao observarem os materiais que seriam utilizados para a construção da tecnologia, se aproximaram, acomodaram-se na expectativa de conhecer um pouco mais. Na primeira etapa foi realizada a leitura do texto Cidades Contínuas de Calvino (2000, p ), com o intuito de chamar atenção sobre a necessidade de implementações de ações sustentáveis e melhor gestão dos resíduos (lixo). A seguir, para motivar a implantação do biodigestor na escola, leu-se o Estatuto do Campo, que foi construído no Colégio Estadual do Campo São Francisco do Bandeira, Dois Vizinhos, PR, na realização de um trabalho interdisciplinar com auxílio da ASSESOAR. As leituras foram realizadas com toda a escola, onde as vozes de educadores e educandos se alternavam. Em sequência,
5 788 oportunizou-se um momento de reflexão e toda a comunidade escolar (educandos, educadores e os demais agentes) pode manifestar as percepções sobre as leituras realizadas e, consequentemente, preocupação com a questão ambiental; para isto os participantes foram instigados a escrever em um girassol (Figura 1) apontando: as causas (a raíz), os problemas (o caule) e as consequências (a flor) que a má destinação de resíduos trás para a sociedade. Figura 1 Girassol sendo preenchido pelos membros da escola. Fonte: Arquivo Pessoal Na segunda etapa construiu-se o biodigestor coletivamente e, durante a sua montagem os participantes faziam seus questionamentos sobre o funcionamento da ferramenta, quais os materiais necessários para a construção, quais os restos de alimento que poderiam ser utilizados no biodigestor para a decomposição. Na terceira etapa foi proposta uma reflexão dos educadores (professores e agentes escolares) sobre a elaboração de uma nova matriz curricular a partir do Quadro 01, desenvolvido pela ASSESOAR para a disciplina de Desenvolvimento Rural Sustentável (DRS) trabalhada em uma escola do campo de Francisco Beltrão (ASSESOAR, 2007). DISCIPLINAS HISTÓRIA CONTEÚDOS SUGERIDOS BIODIGESTOR Revolução Verde, Revolução Industrial; Sustentabilidade X Capitalismo; Água; Aquecimento Global; Reciclagem de Lixo; Antiguidades X Atualidades; Consciência Ambiental.
6 789 GEOGRAFIA ENSINO RELIGIOSO CIÊNCIAS MATEMÁTICA ARTES LÍNGUA PORTUGUESA Desperdícios de alimentos; Adubação Orgânica; Reaproveitamento de resíduos; Decomposição de matéria; Tabela periódica; Sementes transgênicas e crioulas; Cálculo de área e volume de sólidos; Produção de gráficos e tabelas sobre a capacidade do biodigestor (e cisterna). O que é uma vida saudável? Hábitos Saudáveis; Vida Saudável; Figuras literárias; Vida no campo; INGLÊS EDUCAÇÃO FÍSICA Quadro 1 - Matriz construída para o dia da formação, a partir do livro DRS: Disciplina de Desenvolvimento Rural Sustentável para além da disciplina e do rural da ASSESOAR. Fonte: Autoria própria. Após essa reflexão os educadores, na quarta etapa, tiveram a chance de pensar a matriz curricular a partir de suas percepções, com a sua maneira de perceber a educação e a melhor forma a ser trabalhada. Os educadores tiveram a liberdade de se dividirem em grupos, por áreas ou até mesmo desenvolver o trabalho individualmente, colocando ali suas perspectivas e concepções de conhecimentos curriculares e disciplinas, assim como, a construção de um ensino interdisciplinar, contextualizado e significativo. Na quinta e última etapa, foi proposta uma avaliação das ações propostas nesta pesquisa. Ou seja, os educadores tiveram a chance de avaliar o que foi apresentado e praticado, dar sugestões para a melhoria do que foi trabalhado e, também, criticar o que não estava à contento de suas percepções. Mesmo porque, de acordo com Engel (2000), A pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre a teoria e prática. Uma das características deste tipo de pesquisa é que através dela procura intervir na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de pesquisa e não apenas como possível consequência de uma recomendação na etapa final do projeto. (ENGEL, 2000, p. 182). Desta forma, oportunizou-se articular os conhecimentos do currículo e da prática dos sujeitos envolvidos para uma prática diferenciada a partir das tecnologias alternativas que a escola possui ou que poderiam ser construídas com finalidade pedagógica. O objetivo esperado era descortinar aos educadores a possibilidade de utilização das tecnologias alternativas como
7 790 forma de integrar os conteúdos trabalhados em sala de aula com a prática do dia a dia das famílias agricultoras. Resultados e Discussões A partir da participação em várias escolas durante o período dentro da universidade e pelos trabalhos desenvolvidos através do Pibid Diversidade, pode-se perceber que existe grande dificuldade em algumas áreas de conhecimento, o que se tornam uma das maiores dificuldades dentro da escola, tornando-se complicado também uma forma diferenciada de trabalho. Em particular, na área das Ciências da Natureza e Matemática, por se trabalhar os conteúdos do currículo de forma abstrata e sem ligação com a realidade, o número de reprovações é ainda maior. Assim, um olhar crítico-reflexivo possibilitam à comunidade escolar discorrer sobre as políticas públicas e suas implicações no processo educativo. Neste contexto, buscou-se oportunizar reflexões sobre como as tecnologias alternativas contribuiriam para um ensino interdisciplinar, os educadores tiveram a chance de, a partir da matriz proposta, construir a matriz da escola seguindo a suas percepções sobre como as tecnologias alternativas podem ser trabalhadas dentro da escola, e quais as contribuições que trariam para a mesma. A interdisciplinaridade se propõe a auxiliar em um planejamento que pode ser diferenciado, utilizando das possibilidades que a escola dispõe. Fazer um planejamento desse tipo dá a oportunidade de os educadores pensarem além de suas disciplinas e contribuir com as disciplinas de seus colegas. O Quadro 2 é a matriz composta com todas as possibilidades de conteúdo a serem trabalhados indicados pelos educadores e agentes escolares participantes da formação. DISCIPLINAS HISTÓRIA GEOGRAFIA ENSINO RELIGIOSO CIÊNCIAS MATEMÁTICA CONTEÚDOS SUGERIDOS BIODIGESTOR Revolução Verde, Revolução Industrial; Sustentabilidade X Capitalismo; Água; Aquecimento Global; Reciclagem de Lixo; Antiguidades X Atualidades; Consciência Ambiental; Desperdício de alimentos; Mata Ciliar, Tempo, Clima, Solo; Como o gás metano (produzido pelo biodigestor) afeta o meio ambiente. Desperdícios de alimentos; Adubação Orgânica; Reaproveitamento de resíduos; Decomposição de matéria; Tabela periódica; Sementes transgênicas e crioulas; Produção de gráficos e tabelas sobre a capacidade do biodigestor (e cisterna).medidas Agrárias; Matemática com gráficos e tabelas; Cadeia Alimentar, Gazes na Atmosfera; Efeito Estufa; Utilização de outras formas de energia; Peso e massa dos detritos do biodigestor;
8 791 ARTES LÍNGUA PORTUGUESA INGLÊS EDUCAÇÃO FÍSICA Produtos Orgânicos; Decompositores; Pesquisa de alimentos mais contaminados; Geometria para os canteiros (área e perímetro); Calcular a quantidade de chorume para diluir em água (volume e proporção); Quantidade de Material Orgânico para cada m² de canteiro; A quantidade de mudas por canteiro para melhor aproveitamento do solo e das plantas (medidas). Desenhos que desenvolvam a consciência ambiental; Recortes; Arte e Natureza: Contextualização do movimento artístico: Impressionismo e das grandes obras de mestres como: Monet; Renoir; Degás; que abordam temáticas voltadas à natureza, as belezas naturais dos ambientes; questões ambientais, ornamentação ao redor do biodigestor. O que é uma vida saudável? Hábitos Saudáveis; Vida Saudável; Figuras literárias; Vida no campo; Alimentos orgânicos e transgênicos; produção de texto (língua portuguesa e inglesa). Quadro 2 - Matriz Curricular desenvolvida pelos educadores da escola, a partir da matriz proposta, como possibilidade de trabalhar as tecnologias alternativas. Fonte: Autoria própria Seguindo a lógica da formação de educadores, torna-se de fundamental importância ouvir as sugestões destes que estão dentro da escola e conhecem a realidade em que atuam. Saber ouvir o que os educadores têm a dizer é indispensável para que o trabalho que se propôs a fazer. Com o trabalho que foi desenvolvido dentro da escola, através do eu gostei, eu sugiro e eu critico, foi possível ouvir os educadores e pode-se utilizar de suas experiências para o aperfeiçoamento deste trabalho de pesquisa-ação. Quando se fala em formação de educadores, não se pode esquecer que essa formação deve ser contínua, e estar próxima da universidade, sendo que, a cada dia, os educadores recebem dentro da escola novos desafios e que precisam ser superados. É importante ressaltar o quanto um trabalho desta natureza também é pertinente para a universidade por conseguir trazer a comunidade para dentro dela e produzir conhecimento coletivo, unindo diferentes saberes e experiências, pois dessa forma é possível sim pensar uma educação diferenciada, capaz de ser transformadora da sociedade de fato. Considerações finais A tecnologia construída, o biodigestor, além de auxiliar no ensino interdisciplinar contribuiu também para a Educação Ambiental, pois foram utilizados alguns materiais recicláveis e que muitas vezes seriam jogados na natureza, como é o caso dos galões plásticos. A possibilidade de utilizar os restos de comida da escola é algo de extrema
9 792 importância, pois os educadores poderão utilizar disso para a conscientização dos educandos com relação ao desperdício de comida, consciência ambiental (reutilização de resíduos orgânicos) e vida na sociedade. Quando se conversa com os educadores, percebe-se que sentem um grande interesse em implementar tecnologias alternativas, como por exemplo o biodigestor, e tornar o conteúdo significativo para os educandos. Além disso, sentarem e pensarem uma nova matriz que pudesse ser trabalhada na escola, mostra que além de uma alternativa para a sustentabilidade é uma ferramenta de trabalho diferenciada. Com o trabalho que foi desenvolvido pode-se observar que existe a possibilidade de construir uma nova matriz curricular a partir das tecnologias alternativas que as escolas do campo dispõe ou podem implementar (a baixo custo). Foi possível observar também que quando o planejamento de ensino é feito coletivamente, levando em consideração a realidade que a escola se insere, atribui-se valor ao conhecimento da prática e valoriza-se o papel do educador. Acredito que um bom pesquisador espera sempre que sua pesquisa traga benefícios a comunidade que pesquisou e a sociedade em geral por isso, quanto mais se pesquisa mais perguntas vão surgindo e isso é o que dá sentido ao trabalho que realizamos, nunca deixar a pesquisa acabar. Com essa formação foi possível realizar na prática um modo de conceber o ensino interdisciplinar e se oportunizou a reflexão e a construção coletiva de uma ferramenta de ensino (tecnologia alternativa e matriz de conteúdo) pautada na sustentabilidade e na concepção de Educação do Campo. Agradecimentos Agradece-se ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência para a Diversidade (Pibid Diversidade), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelas bolsas de estudos concedidas. Referências FREIRE, P. A Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, 1987.
10 793 DUARTE, V. P. Construindo escola na roça. Escola Comunitária de Agricultores. No rebrotar da Esperança. Francisco Beltrão, ENGEL, G. I.; Pesquisa-ação. Educar, Curitiba, n. 16, p Editora da UFPR. GANDIN, L. A.; Criando alternativas reais às políticas neoliberais em educação, (p ). In. APPLE, Michel W. Currículo, Poder e Lutas educacionais Com a palavra, os subalternos. São Paulo, CALDART, R. S.; A Pedagogia do Movimento Sem-Terra: escola é mais do que escola. Rio de Janeiro, DUARTE, V. P.; (Org.). Formação Política e Educação Popular. Os formadores, o planejamento e a organização de base. ASSESOAR, Francisco Beltrão, CAPOBLANCO, G S.; Biodigestor como alternativa de ensino de Ciência da Natureza e da Matemática para a educação de jovens e adultos PROEJA. Mato Grosso, ASSESOAR. Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural. DRS: Disciplina de Desenvolvimento Rural Sustentável para além da disciplina e do rural. Francisco Beltrão, 2007.
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