Morar de Outras Maneiras ontos de partida para uma investigação da produção habitaciona
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- Roberto Henrique Furtado
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1 Morar de Outras Maneiras ontos de partida para uma investigação da produção habitaciona Morar (de outras maneiras) = produzir e usar moradias (de outras maneiras) A separação entre produção e uso da moradia só é imprescindível para aquele forma específica de produção que tem por objetivo a valorização do capital.
2 A necessidade de moradia é histórica e socialmente mediada. Não é natural, nem arquetípica.
3 Não existe um modo intemporal de construir que tem milhares de anos de antigüidade e é hoje o mesmo de sempre (Alexander). Não é verdade que a casa sempre foi o indispensável e primeiro instrumento que ele [o homem] se forjou ou que todos os homens têm as mesmas necessidades (Le Corbusier). Tampouco a moradia se rege por uma dimensão existencial [que] não é determinada pelas condições sócio-econômicas e cujos significados transcendem a situação histórica (Norberg-Schulz).
4 Da mesma forma que as moradias e suas características se produziram historicamente, elas podem se modificar ou desaparecer.
5 A história da sociedade que produziu nossas maneiras de morar não é um percurso de progressivo aperfeiçoamento e não se assemelha nem a uma "corrida de bastão", nem a um processo de "seleção natural".
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7 A história da moradia também acumulou problemas, potenciais não realizados e possibilidades perdidas. As maneiras de morar que sobreviveram e se estabeleceram na nossa sociedade estão longe de realizar o esta sociedade poderia oferecer de melhor para a totalidade de seus membros.
8 Capitalismo: a crise é o modo pelo qual o sistema funciona, não o modo pelo qual ele falha. Como este sistema se reproduz? 1929, Crianças brincam com dinheiro
9 A reprodução (das relações de produção, não apenas dos meios de produção) não está localizada simplesmente na sociedade como um todo mas no espaço como um todo. (Lefebvre)
10 A produção do espaço habitacional é parte da produção do espaço em geral e, portanto, essencial à "sobrevivência do capitalismo.
11 Por um lado, o modo de produção capitalista depende da reunião espacial da força de trabalho. Por outro lado, ele não é capaz de prover moradia para essa força de trabalho.
12 Produção capitalista Produção não capitalista objetivo: valorização de um capital objetivo: um determinado valor de uso Ciclo infinito: $x mercadorias $x + $y De onde vem o $y ou a mais-valia? Ciclo finito: mercadoria x $ mercadoria y Produção de moradias pelo capital de construção, combinado a outros capitais Autoprodução de moradias e produção (subsidiada) pelo Estado Por que assalariados têm dinheiro para comprar suas moradias?
13 Lógica de composição dos salários Valor de uma mercadoria: Valor da mercadoria trabalho : Salário mensal justo : Forma de moradia compatível: Valor de sua produção = tempo de trabalho social médio necessário para fazê-la Valor de sua (re)produção = tempo de trabalho social médio necessário para fazer o trabalhador (comida, roupa, criação dos filhos, etc.) Custo de vida do trabalhador por um mês, sem excedente de poupança ou para reprodução futura ( valor que o trabalho produz mais-valia) Aluguel mensal...
14 Lógica de formação do preço da terra [...] não é a demanda final formada pelos consumidores [...] que fixa o preço da terra. Trata-se da demanda capitalista por solo. [...] os preços fundiários são formados a partir da hierarquia de preços gerada pelas várias demandas dos agentes capitalistas [...]. (Ribeiro) Sobrelucro de localização: paga mais por um terreno o agente para o qual ele traz maior diferencial de lucro, se comparado a outros terrenos. Produção de imóveis terra urbana = matéria-prima um terreno = um ciclo de valorização Produção de outros tipos terra urbana = condição de produção um terreno = n ciclos de valorização
15 Soluções (reais ou paliativas) Reserva de solo para uso habitacional via legislação + financiamento subsidiado pelo Estado Ocupação do solo e (auto)construção informais
16 A nossa formação econômico-social se sustenta por uma forma de produção de moradias que lhe é exterior. Quando informal, essa produção costuma ser excluída também das instituições técnicas, acadêmicas e jurídicas que protegem e promovem outras atividades econômicas. Isso define algumas prioridades de pesquisa.
17 Localização Segurança e equipamentos públicos Qualidade da unidade de moradia Para a população socialmente mais vulnerável, a moradia é parte ativa da economia doméstica, unidade de produção, possibilidade de renda, apólice de seguro, poupança, garantia de inserção social e de acesso a trabalho, escola, saúde, comércio.
18 São equivocadas as tentativas de demonstrar a "deseconomia" da produção autônoma (formal ou informal) em favor dos processos capitalistas formais. Há desenvolvimento das comunidades, quando seus membros têm a oportunidade de investir no espaço segundo suas próprias necessidades, possibilidades e preferências ao longo do tempo. O projeto de soluções fechadas ou ampliações predefinindas é um entrave a esse desenvolvimento.
19 A produção de moradias com autonomia pode ser vista como parte da possibilidade de consolidação de uma economia popular, isto é, de um setor econômico regido pela reprodução do trabalho e não pela valorização de um capital.
20 Obter e trocar informações em todas as etapas de produção e uso Estabelecer diretrizes e regras conjuntas para uso de terrenos Projetar a própria moradia, quando a existência de um projeto for útil Obter modelos, desenhos e outros documentos Aprovar projetos e obter financiamentos Comprar e vender componentes construtivos Adquirir habilidades para executar a construção se desejado Executar moradias sem maquinários de grande porte Fazer projetos e obras de alteração da moradia
21 Projetos de pesquisa em andamento LPP PRE IDA Produção Autônoma de Moradias: Levantamento de Precedentes e Possibilidades Análise dos Pressuposto de Projeto na Produção do Espaço Habitacional Instrumentos de Apoio ao Projeto de Habitação com Sistemas Construtivos Alternativos
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