ATIVIDADE FUNGITÓXICA DO ÓLEO FIXO E DE EXTRATOS DE MAMONA EM Colletotrichum lindemuthianum

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Aurélio do Amaral
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1 ATIVIDADE FUNGITÓXICA DO ÓLEO FIXO E DE EXTRATOS DE MAMONA EM Colletotrichum lindemuthianum Renata Assis Castro 1 ; Maria Cristina Mendes-Costa 1 ; Ana Hortência Fonseca Castro 1 ; Pedro Castro Neto 2 ; Antonio Carlos Fraga 2 ; Igor Guimarães 1 ; Natália Guimarães Neves 1. 1 UNILAVRAS, renataassisbio@bol.com.br, igorcbb@yahoo.com.br, mcmcosta@unilavras.edu.br, acastro@unilavras.edu.br; 2 UFLA, pedrocn@ufla.br, fraga@ufla.br RESUMO - O óleo fixo da mamona tem várias utilidades, e a torta possui alto teor proteína bruta e elevado teor tóxico, sendo utilizada como fertilizante e biocida. O Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magn.) é o causador da antracnose no feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) e causa danos expressivos prejuízos à cultura. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito fungitóxico de extratos a base de torta, semente e folha e do óleo da mamona sobre o crescimento do Colletotrichum lindemuthianum. Para a preparação dos extratos etanólico e aquoso foi utilizada a cultivar IAC-226. O óleo e a torta foram obtidos em prensa tipo expeller. O extrato a base de torta/água obteve efeito inibitório total; o extrato a base de folha/álcool obteve um crescimento bem lento; os extratos de semente e torta/álcool tiveram crescimento um pouco mais rápido em relação ao de folha/álcool; o tratamento a base de óleo proporcionou o melhor crescimento dentre os tratamentos, porém não sobressaiu ao crescimento micelial normal da colônia no tratamento controle. INTRODUÇÃO A mamona (Ricinus communis L.) pertencente a família Euphorbiaceae é uma planta oleaginosa, destacando-se por sua relevante importância econômica e social com inúmeras aplicações industriais. Das sementes é extraído óleo fixo que têm diversas utilidades nas indústrias de uma maneira geral. A torta é o subproduto obtido após a extração do óleo com altíssimo teor tóxico apresentando alto valor comercial como fertilizante, fungicidas (BAHIA, 1994) e controlador de fitonematóides parasitas (SASSER, 1989). Sabe-se que nos últimos anos a conscientização química sobre o uso abusivo e indiscriminado de defensivos agrícolas sem nenhum controle e incorreto de defensivos agrícolas no meio ambiente causando perdas irreparáveis ao ecossistema, têm levado pesquisadores a desenvolver métodos e produtos alternativos no controle de microrganismos fitopatogênicos. Com estes fatos torna-se necessário a pesquisa constante e a procura de novos biocontroladores com efeitos fungitóxicos. O Colletotrichum lindemuthianum (SACC. e MAGN.) é o causador da antracnose no feijoeiro comum (Phaseoli vulgaris L). Esta doença é um dos patógenos com maior ocorrência e com danos expressivos a cultura do feijoeiro acarretando em grandes prejuízos (BALARDIN e KELLY, 1998). Este patógeno causa lesões inicialmente nas folhas e ramos de

2 Phaseolus vulgaris. Posteriormente atinge as vagens desta planta, causando prejuízos irreparáveis à cultura quando em condições propícias para o seu desenvolvimento. Por ser uma doença que causa grande prejuízo econômico e ambiental, pelo grande uso de defensivos agrícolas, fica claro a necessidade de estudos buscando o uso de controladores biológicos sobre microrganismos fitopatogênicos. Tendo como base a presença de substâncias tóxicas e alergênicas em diversas partes da mamona (BRITO e TOKARNIA, 1996; EVANGELISTA et. al., 2004), é de suma importância estudos sobre estas toxinas a fim de avaliar uma possível ação fungitóxica. Este trabalho objetivou avaliar o efeito fungitóxico de extratos a base de torta, semente e folha e do óleo da mamona sobre o crescimento do Colletotrichum lindemuthianum. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Multidisciplinar de Biologia da UNILAVRAS. Para a preparação dos extratos a base de folha e semente foram coletadas amostras na parte superior da planta onde se localizam as folhas mais velhas, conseqüentemente, com maior concentração de substâncias e onde estão localizadas as sementes. As amostras foram coletadas da cultivar IAC 226. Os extratos etanólico e aquoso foram preparados através da maceração das folhas e da torta em etanol 70% e água destilada esterilizada, respectivamente, por 10 dias. Empregou-se 12,85g da folha e da torta para 30 ml dos respectivos extratores. Após, os extratos foram filtrados e diluídos para as concentrações 0, 25, 50 e 100%. O óleo e a torta foram obtido por prensagem tipo expeller. O fungo foi cedido pelo Laboratório de Resistência a Doenças de Plantas da UFLA. Os testes para a avaliação biológica dos extratos sobre o fungo foram realizados em esquema fatorial 4x6 sendo: 4 concentrações (0, 25, 50 e 100%) e 6 tratamentos (óleo e os extratos alcoólico e aquoso da torta, semente e folhas).o tratamento controle foi representado pelo etanol 70% e água destilada. Cada tratamento foi colocado em placas de Petri com 20 ml de meio de cultura BDA (Batata-Ágar-Dextrose) e mantido em BOD com fotoperíodo de 12h, à temperatura de 22ºC aproximadamente. Foram utilizadas 4 repetições e as avaliações do crescimento micelial foram realizadas através de medições diárias do diâmetro da colônia com uma régua graduada em centímetros até o total preenchimento da placa. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância, segundo os modelos estatísticos próprios e as médias foram avaliadas através do teste de Scott-Knott (1974), ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados mostraram que os diferentes tipos de concentrações, tratamentos e interação interferem no desenvolvimento do fungo. O extrato a base de torta água obteve efeito inibitório total ao

3 crescimento do fungo. O extrato a base de folha álcool não obteve o mesmo resultado porém deixou o seu crescimento bem lento, retardando seu desenvolvimento. Os extratos de semente e torta álcool tiveram crescimento um pouco mais rápido em relação ao anterior resultando em um desenvolvimento um pouco maior. O tratamento com óleo resultou em um crescimento melhor que os demais tratamentos, porém não sobressaindo ao controle que obteve um crescimento normal na colônia. Pela análise dos dados obtidos foi observado que na medida em que a concentração dos tratamentos diminui favorece o crescimento do fungo comprovando que a taxa de concentração dos tratamentos pode favorecer ou inibir o desenvolvimento do mesmo. Os extratos aquosos das folhas e das sementes não foram empregados na comparação, devido a grande contaminação ocorrida durante a obtenção do mesmo. A análise dos dados revelou efeito significativo para todos os fatores (Tab. 1) evidenciando que existem substâncias e concentrações em alguns dos tratamentos que inibem ou paralisam o desenvolvimento do fungo. Com relação aos tratamentos foi observado que o controle sobressaiu em relação aos outros obtendo um desenvolvimento normal do Colletotrichum. Os dados mostrados pelo fator concentração revelou que usar uma concentração maior leva à redução da velocidade do crescimento micelial podendo chegar a total inibição como foi visto no tratamento de extrato à base de torta água (Tab. 2). Os dados mostram que as toxinas presentes na planta, em especial na torta, que causam inibição no desenvolvimento de nematóides (SASSER, 1989) podem causar o mesmo efeito no desenvolvimento do Colletotrichum. CONCLUSÃO Os resultados evidenciaram que o extrato da torta água inibe o crescimento do Colletotrichum, e que os extratos de folha/álcool, semente, torta/álcool retardam o seu desenvolvimento sendo que o de folha/álcool pode chegar a inibição. Enquanto que o tratamento a base de óleo fixo da mamona desenvolveu com menos vigor do que o controle. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAHIA. Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo. Diagnóstico e oportunidades de investimentos em oleoquímica na Bahia. Salvador: SICT/SEBRAE, P.

4 BALARDIN, R.S.; KELLY, J.D. Interaction between Colletotrichum lindemuthianum races and gene pool diversity in Phaseolus vulgaris. Journal American Horticultural Science, v. 123, n. 6, p , BRITO M.F. & TOKARNIA C.H. Intoxicação experimental pelas sementes trituradas de Ricinus communis (Euphorbiaceae) em coelhos. Pesquisa Veterinária Brasileira 16 (04): Projeto Saúde Animal Embrapa/UFRRJ LIMA, E.F.; ARAÚJO, A.E.; BATISTA, F.A.S. Doenças e seu controle. In AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p SASSER, J.N. Plant parasitic nematodes: the Farmers s Hidden Enemy. Raleigh: University Graphics, 1989, 115p. EVANGELISTA, A.R.; LOPES, J.; ABREU, J.G.; NETO, P.C.; FRAGA, A.C. Composição química de tortas de amendoim (Arachis hypogaea L) e mamona (Ricinus communis L.) extração de óleo a frio. Resumo: 1º Congresso de Plantas Oleaginosas, Óleos vegetais e Biodiesel. Varginha-MG Tabela 1 Resumo da análise de variância do diâmetro (cm) da colônia no oitavo dia de cultivo. FV GL SQ QM Fc Pr>Fc CONCETRAÇÃO * TRATAMENTO * CONCENT*TRATAM * erro Total corrigido CV (%) = 6.85 Os dados observados na tabela pelo Teste de Scott-Knott (1974) nos mostra que o teste F é significativo ao nível de 5% de probabilidade, indicando que os níveis do fator envolvido, diferem entre si. O que ocorre com as variantes destacadas com *. Tabela 2 Médias relativas ao diâmetro (cm) da colônia para os diferentes tratamentos. Tratamentos Médias

5 TORTA/ÁGUA a1 FOLHA/ÁLCOOL a2 SEMENTE/ÁGUA a3 TORTA/ÁLCOOL a3 ÓLEO a4 CONTROLE a5 Médias seguidas de mesmo número não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade.

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