Inclusão: entre a teria e a prática Roberta Kuhn Fuhr 1. Resumo:
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- Laura Chagas Angelim
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1 Resumo: Inclusão: entre a teria e a prática Roberta Kuhn Fuhr 1 Este artigo apresenta uma breve análise de como esta se desencadeando o processo de inclusão de crianças com necessidades especiais nas instituições regulares de ensino, retomando desde a história da humanidade, até os dias atuais, mostrando que o preconceito não se iniciou apenas neste século. Este texto também destaca alguns dos principais direitos adquiridos e garantidos em lei, pelas pessoas com necessidades especiais. Palavras Chaves: Inclusão, histórico, direitos, educação. Introdução: O termo inclusão no decorrer desta última década tem sido utilizado nas mais diversas situações como, por exemplo: inclusão digital, entre empresas, de crianças com necessidades especiais no ambiente escolar regular, de pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho, entre outros. Percebe-se que a inclusão, principalmente no que se refere às crianças com necessidades especiais tem sido motivo de muitas discussões devido, entre outros motivos, ao complexo sentido deste processo. As instituições de ensino tem a inclusão como um desafio a ser enfrentado e superado, especialmente no que se refere à aceitação por parte dos profissionais responsáveis pela execução do trabalho a ser realizado com as crianças incluídas, a estruturação do ambiente escolar e a adaptação curricular, entre outros. A inclusão de crianças com necessidades especiais vista como uma execução das políticas públicas, obrigando os profissionais a aceitar em suas salas de aula crianças com as mais diversas necessidades tem gerado muitos conflitos, onde os mais diversos pontos de vista em relação ao assunto são colocados e muitas questões são apresentadas, tais como: Como obter recursos em tão pouco tempo para adaptar as estruturas físicas das escolas? Como os profissionais envolvidos no processo de inclusão escolar irão trabalhar com essas crianças sem terem o preparo necessário? Com tanta diversidade em sala de aula e a falta de recursos pedagógicos e financeiros nas escolas, será que teremos um resultado positivo deste processo para ambas as partes? Apesar do processo de inclusão ter se intensificado no ambiente escolar e na sociedade em geral nesta última década, esta já é uma questão que vem sido estudada há muitos anos, porém nunca se havia conseguido chegar ao nível em que nos encontramos hoje. 1 Pós graduada no curso de especialização em educação especial com ênfase em deficiências múltiplas, do Sistema Educacional Galileu, pedagoga e professora de educação infantil e séries iniciais do Município de Ijuí 1
2 1. Conhecendo um pouco da história para compreender o presente Durante muitos anos a discriminação e o preconceito tomaram conta de nossa história fazendo com que a humanidade tivesse atitudes desumanas e cruéis e tendo conseqüência anos marcados por muita dor e sofrimento àqueles que a seus olhos não eram dignos de estarem no convívio de uma sociedade baseada em esteriótipos peculiares de cada época. Tendo como suas maiores vítimas crianças que nasciam ou adquiriam alguma deficiência. Podemos resumir o conceito de deficiência na antiguidade segundo AMARAL (1994), que diz: Assim como a loucura a deficiência na antiguidade oscilou entre dois pólos bastante contraditórios um sinal de presença de deuses e demônios; ou algo da esfera do supra-humano ou do âmbito do infra-humano. Do venerável saber oráculo cego à animalidade de pessoa a ser extirpada do corpo sadio da humanidade. Assim foi por muito tempo, em várias civilizações (ancestrais a nossa). (1994, p.44) Durante todo o período histórico o conceito de homem e sociedade foi elaborado segundo ideologias de origem teológica, econômica, política, jurídica, entre outras. E para aqueles que não se enquadravam a esses conceitos, os deficientes entre outros, eram aplicadas punições que iam desde o abandono a própria sorte até a morte. Foi com o surgimento do Cristianismo que os deficientes passaram a ser vistos como Filhos de Deus, porém a idéia de que a deficiência era uma castigo permanecia e por isso estes serviam como bobos da corte e sofriam exorcismo e até mesmo cruéis flagelações. Com o passar dos anos muitos estudo foram realizados em busca de tratamentos para as deficiências. Foram fundados asilos, hospitais, instituições que buscavam os mais diversificados métodos que chegassem a normalização dos sujeitos com deficiência. Somente na Idade Contemporânea que se iniciou a preocupação com a educação daqueles que possuíam algum tipo de deficiência, ministrada em clinicas e instituições particulares e filantrópicas. Com o surgimento da Escola Nova, passou-se a acreditar que os princípios da educação especial baseavam-se no interesse, nas atividades dos alunos, no ensino individualizado e na aprendizagem através do concreto, assim como na escola regular. Porém para o real reconhecimento dos direitos que vieram e vem sendo adquiridos pelos deficientes, tornou-se necessário a elaboração de leis que garantissem o cumprimento dos mesmos. 2
3 2. Direitos adquiridos e garantidos Ao contrario do que alguns profissionais da educação podem pensar, o direito a educação no ensino regular àqueles que possuem algum tipo de necessidade especial, já era previsto em lei há 49 anos, quando foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4024 de 20 de dezembro de 1961, que em seu artigo 88, prevê que para integrá-los na comunidade, sua educação deverá, dentro do possível, enquadrar-se no sistema geral de educação. A partir de então, muitos avanços foram conseguidos em prol dos deficientes. Com a Constituição Federal, aprovada em 1988, passou a ser garantido um atendimento educacional em igualdade de condições, como qualquer outro aluno e o direito de atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, conforme o artigo 208 e seu inciso III. Outro marco da legislação referente a educação de pessoas com deficiência é a Declaração de Salamanca resultante da Conferência Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, onde se destacou a importância de uma EDUCAÇÃO PARA TODOS, em escolas regulares, sendo estas vistas como meio mais eficaz de combate a discriminação. Determina também que as escolas devem acolher todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou lingüísticas. Além do direito ao ensino em rede regular as pessoas com necessidades especiais obtiveram muitas outras conquistas garantidas em lei, dentre as quais podemos destacar: Apoio financeiro por parte da União, para a adaptação física e de recursos materiais e humanos; Adequação do currículo conforme as necessidades específicas de cada aluno; Garantia de vaga nas instituições públicas de ensino regular; Atendimento especializado dentro e fora das instituições de ensino; Garantia de ensino continuado nas instituições de ensino superior. 3. A inclusão hoje Podemos fazer uma breve análise de como vem se desenvolvendo o processo de inclusão das pessoas com necessidades especiais em nosso sistema de ensino, tendo como base as palavras da autora Hanna Arendt: A educação é também onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós preparando-as, em vez disso e com antecedência, para a tarefa de renovar um mundo comum. (2000, p. 247) Como vimos o processo de inclusão tem sido encarado como um desafio, pois envolve custos e questões referentes à gestão institucional e ao desempenho profissional. Estas barreiras realmente tem se destacado, principalmente no que diz 3
4 respeito à gestão institucional e desempenho profissional, pois a escola tem recebido alunos com necessidades especiais e juntamente com eles o governo tem enviado muito material, porém como as escolas não estavam preparadas faltam salas de aulas (locais) onde todo este material possa ser utilizado, passando a ficar em um cantinho de uma sala menos utilizada. A também a questão de preparo dos profissionais que atuam diretamente com esses alunos, que passou a ser oferecido somente depois que estes já se encontravam nas salas, o que gerou muita discussão e equívocos em relação à forma de trabalhar com estes educandos. Outra questão relevante diz respeito à diferença existente entre a ideologia política e a prática educacional, sabemos que à implementação de políticas públicas requer muitas ações consistentes, o que no caso da educação inclusiva deveria de ter ocorrido antes de entrar em vigor. Talvez se houvesse um preparo dos profissionais e das estruturas arquitetônicas escolares antes da chegada das crianças com necessidades especiais o processo de inclusão teria ocorrido de uma forma mais tranquila e porque não dizer prazerosa para ambas as partes. Garantia de que se tenham profissionais preparados, espaços adequados e um currículo apropriado, entre outras que constam em lei, para que se tenha um ensino de qualidade para as crianças deficientes, necessita-se de um suporte que vai além do que é oferecido aos alunos de classe comum, porém ao chegarmos à prática das escolas pouco tem se conseguido ofertar a esses alunos, uma vez que tais recursos só começam a ser pensados e recebidos com a chegada dos mesmos em uma instituição de ensino. Ainda em relação às leis, estas acabaram deixando algumas lacunas que vem causando discussões e até mesmo constrangimentos àqueles que possuem alguma deficiência como é o caso do uso do termo preferencialmente, utilizado em relação ao local de ensino que deveriam freqüentar, preferencialmente em classes comuns do ensino regular, o que entendesse não tornar obrigatório. Outro aspecto importante também diz respeito ao trabalho envolvendo as diversidades, ou seja, ninguém é igual a ninguém e por isso cada um tem sua forma de aprender, o que vejo é que pouco tem se preocupado em relação a essas diferenças, o ensino de uma foram geral tem conduzido a uma homogeneidade, repetindo de ano aquele que não se adapta aos padrões esperados. Com a inclusão este olhar esta sendo modificado, com esses novos enfoques as metodologias, os currículos, tem sido modificados, transformando o trabalho individual do professor em um trabalho de equipe, onde se buscam alternativas criativas, muitas vezes que venham a suprir as necessidades existentes de uma maneira heterogênea, onde cada um passa a ser respeitado com indivíduo único! Enfim, a inclusão tornou-se um processo desafiador, onde muito tem se aprendido, as experiências obtidas através de erros e reflexões tem sido bastante significativas e, a meu ver, a cada dia uma nova conquista tem sido alcançada nesta nova batalha em prol da diversidade e não só das necessidades. Para que uma escola possa se auto denominar inclusiva é necessário que as práticas pedagógicas por ela adotadas valorizem a diferença existente me cada ser, sendo ele um ser único e insubstituível! 4
5 Referências bibliográficas AMARAL,L.A. Pensar a Diferença/Deficiência. Brasília: CORDE, ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Brasília: Senado Federal, BRASÍLIA. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: Senado Federal, CYBERPESQUISA. Disponível na Internet. 5
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