AÇÃO PEDAGÓGICASOB A PERSPECTIVA DAS RELAÇÕES RACIAIS
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- Edison Fidalgo
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1 1 AÇÃO PEDAGÓGICASOB A PERSPECTIVA DAS RELAÇÕES RACIAIS Rosana Fátima Arruda Resumo: O presente texto tem como objetivo compreender a importância da formação inicial e continuada em educação para as relações raciais na prática pedagógica do/a professor/a, com a finalidade de perceber como esse elemento de formação permeia nas ações pedagógicas como premissa derespeito à diversidade étnico-racial.dessa forma a pesquisa tende a pautar-se nos estudos dos teóricos como Skidemore (1976), Schwarcz (1993), Nogueira (1985), Santos (1683), Munanga2000, Oliveira (2008), Severino (1991), Costa (2005), Gomes (2011), Velho (2004) entre outros que discutem a condição do negro no Brasil, as relações raciais e as perspectiva de novas posturas através de políticas afirmativas que tem como objetivo acabar e/ou, por enquanto, amenizar as desigualdades raciais no Brasil.A abordagem utilizada pela pesquisa foi qualitativa, e os instrumentos de coleta de dados se deram através de questionário, que objetivou levantar o perfil dos/as professores/as da escola, e também entrevistas. As informações analisadas sinalizam que a escola tem elementos que indicam que seus professores desenvolvem prática em consonância as exigências da Lei n /03 e suas Diretrizes, contudo, acredita-se que a pesquisa possa trazer informações relevantes sobre a implementação de políticas de formação continuada de professores na perspectiva crítico-social possibilitando-lhes a construção da autonomia, de saberes pertinentes ao currículo e reflexão teórico-prático das necessidades sociais e educacionais do contexto étnico-racial. Palavras-chave: Educação. Lei n /03. Relações étnico-raciais. Contexto introdutório metodológico Este artigo apresenta inicialmente o perfil de um grupo de professoras que desenvolvem prática pedagógica em relações raciais, em escola referência no município de Cuiabá. O objetivo propostofoi compreender a importância da formação inicial e continuada em relações raciais na prática pedagógica do professor, com a finalidade de perceber como esse elemento de formação permeia nas ações para a educação das relações étnico-raciais. Uma pergunta foi usada para nortear o trabalho: como professores de escolas públicas que em suas condições física, pedagógica e de formação acadêmica desenvolvem ações pedagógicas para as relações raciais, em prol da Lei nº /03? O questionamento verte para o conhecimento e compreensão dos mecanismos educacionais de ensino-aprendizagem em educação para as relações étnico-raciais. O conceito de campo de possibilidades trabalhado por VELHO (2004) em sua obra Individualismo e cultura para o estudo da sociedade moderna complexa, 4441
2 2 ajudou-me a compreender como se processa as relações raciais no ambiente escolar em questão e como as professoras pensam e elaboram suas práticas. Nessa perspectiva é necessário um ponto de equilíbrio entre os diversos interesses em jogo, que constantemente está em negociação entre atores (indivíduos, grupos, categorias) envolvendo os mais díspares interesses e motivos, materiais e não materiais [...] (VELHO, 2004, p. 87). Ou seja, na escola pesquisada há um campo de possibilidades, interesses e motivos que se estimulam e organizam, definindo práticas pedagógicas que pode ou não priorizar a inclusão de conteúdos afro-brasileiro, africano e indígena. O diálogo negociável entre os envolvidos do campo escolar se define a partir dos objetivos em comum, no caso de conteúdos sobre história e contribuições afro-brasileira, africana e indígena, o discurso que permeado de saberes em relações étnico-raciais, oriundos da formação inicial ou continuada,foi possível observar o posicionamento do/a professor/a na defesa de suas ideias para além do senso comum, dando mais credibilidade e consolidação as suas ações. A abordagem utilizada pela pesquisa foi qualitativa, e os instrumentos de coleta de dados se deram através de questionário, que objetivou levantar o perfil dos/as professores/as da escola, e também entrevistas. A metodologia da pesquisa qualitativa que tem como finalidade a análise de casos concretos em suas peculiaridades locais e temporais, partindo das expressões e atividades das pessoas em seus contextos locais (Flick, 2009, p.37). O trabalho se desdobrou em duas partes: o perfil acadêmico das professoras investigadas, contextualizando quem são os professores que compõem o quadro pessoal da escola, num todo, em paralelo ao recorte das professoras investigadas. Segundo, a identificação de elementos sobre relações raciais nas práticas pedagógicas dos professores. Notas preliminares: de quem falo? O estudo teve como suporte nove professores, duas me foram estratégicas: a de artes e a coordenadora. Visto que a LDB 9.394/96 propõe que a educação para as relações étnico-raciais e inclusão do ensino de História da África e Culturais afrobrasileiras devem ser ministradas, em especial, nas disciplinas de artes, literatura e história, escolhi a professora de artes. Quanto à coordenadora, a escolha se definiu pela função que representa no direcionamento dos aspectos pedagógicos. 4442
3 3 Das outras sete professoras, uma está na coordenação do Programa Educa Mais, e as demais são professoras regentes de turmas de educação infantil e ensino fundamental, 1º ciclo, 1ª e 2ª fases. São professoras que lecionam no período matutino e vespertino, um período na escola pesquisada e outro em outro estabelecimento de ensino. Perfil racial da escola e professoras investigadas A investigação racial dos dados investigados indica que a cor/raça dos professores no geral da escola e dos sujeitos da pesquisa é maioria negra em ambas as perguntas: aberta e fechada. Na pesquisa, a categoria preta e parda é compreendida de acordo com o critério do IBGE, e agregam a construção social da categoria negro. Analisando somente os sujeitos investigados tanto na pergunta aberta quanto na fechada, das 9 professoras investigadas, 7 se declaram negras, enquanto duas pronunciaram-se brancas. Percebe-se que, mesmo na pergunta aberta, quando as professoras usaram variações: parda, preta, morena, negra para autoclassificar sua cor, o resultado não alterou a construção social das categorias definidas pelo critério do IBGE na composição racial, se comparada à pergunta fechada, aplicada quando se analisa a composição racial dos professores da escola. A variação de cor direcionada à pergunta aberta sugere muitas interpretações. De acordo com Jesus e Castro (2010, p. 30): Cabe ressaltar que a utilização desses termos hoje não é feita com base específica na etimologia das palavras, as diferentes categorias de cor utilizadas foram, ao longo do tempo, sendoconstruídas culturalmente para abarcar a diversidade fenotípica no Brasil, o que consequentemente permitiu uma variedade de identificação de cor para as pessoas. Ou seja, a autodeclaração do indivíduo a partir de determinados traços físicos só é possível com base em contexto sócio histórico e cultural. Teixeira (1978, p. 6) argumenta que o que é claro na relação com alguém pode ser mais escuro frente a outro, enquanto as possibilidades de relativização dos termos brancos e preto são muito mais reduzidas. Formação inicial ou continuada atuação na educação Tabela III Distribuição dos professores, de acordo com o tipo de formação recebida sobre relações étnico-raciais. 4443
4 4 Professores Tipo de formação recebida sobre relações étnico-raciais Total Sim Não Sujeitos da pesquisa Porcentagem 25% 33.3% 30% Professores da escola Porcentagem 40% 60% 100% Fonte: Construção da autora a partir do questionário aplicado Do grupo de 30 professores investigados, 60% declaram não possuir formação para a educação das relações étnico-raciais, sendo que 33.3% são sujeitos da pesquisa, o equivalente a seis professoras. Os outros 40% declaram ter algum tipo de formação em relações raciais. Nesse grupo, 25% são professores sujeitos da pesquisa, isto é, três professoras com formação em relações raciais, adquirida através de cursos de formação inicial, aperfeiçoamento e especialização. Dos 12 professores que declararam ter formação em relações raciais, ou seja, 40 % deles, somente 25% declararam tê-la conseguido via escola. Isso indica que o estudo promovido no Projeto Roda de Conversa não são considerados pelo grupo escolar, como conhecimentos formativos, ou ainda, que não tenham atingido ou mobilizado todos da escola, considerando que a finalidade do Projeto é a formação continuada dentro da unidade escolar, a partir das necessidades e prioridades. Os outros 25% de professores da escola declararam ter recebido formação em relações raciais quando ainda cursava a graduação em pedagogia, formação inicial. Considerando o tempo de ação da Lei n /09, é notável a inserção do tema no campo educacional acadêmico, embora recente e pouco aplicado. Os 42% dos professores que possuem formação em relações raciais declaram têla obtido pela modalidade de aperfeiçoamento, e 8% por Especialização. Esse dado indica que, talvez, as agências de formação estejam cumprindo as políticas educacionais que investem na formação de professores, a fim de proporcionar conhecimentos em consonância da Lei n /03, para cumprimento dos ditames da Lei. Resultados Percebemos que a construção do Projeto de trabalhode cada professor é resultado das experiências sociológicas, associadas às existenciais, pois, foi a partir de uma formação continuada oferecida a uma professora multiplicadora, se possibilitou o início da reflexão da ação pedagógica na escola, e nela suas experiências pessoais. Ação pedagógica e experiências pessoais andam em parceria, visto que associadas. 4444
5 5 Então, as práticas pedagógicas com educação para as relações raciais bem sucedidas são, provavelmente, feitas por quem tem envolvimento e formação com a questão racial. Contudo, se na prática educacional para as relações étnico-raciais faltar o elemento formação, não se pode dizer que serão práticas bem sucedidas. Considerações Finais A escola conseguiu abarcar algumas das políticas públicas voltadas à formação, fortalecendo o interesse e as possibilidadesde intervir no currículo escolar, o que, inicialmente, ocorreu de forma assistemática. Com o desenrolar dos anos, a proposta de trabalho tem sido discutida, politicamente pensada e inserida no PPP, como estratégias para se fazer cumprir sua função social. Nessa perspectiva, compreende-se que a ação educativa na questão racial está envolta a uma série de articulação de ações políticas e pedagógicas que deve ser definidas em políticas públicas tanto no âmbito da ação federal, estadual, municipal até chegar ao plano tácito da escola, atendendo a Lei nº /03 e a outros documentos que favorecem ao que interpelam sobre formações e inclusão de conteúdos da história e cultura afro-brasileira e africana. Ademais, acredita-se que a pesquisa possa fornecer informações relevantes e possa contribuir para a implementação de políticas de formação continuada de professores na perspectiva crítico-social possibilitando-lhes a construção da autonomia, de saberes pertinentes ao currículo e reflexão teóricos prático das necessidades sociais e educacionais do contexto étnico-racial. Referência Bibliográfica FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa; tradução Joice Elias Costa. 3. Porto Alegre: Artemd, JESUS, Lori Hack de. DALLABRIDA, Edmara da Costa Castro. Construção Social da Ideia de Raça. Cuiabá: EdUFMT, TEIXEIRA, Moema de Poli. Relações Raciais na Sociedade Brasileira./ Moema de Poli Teixeira. Cuiabá: EdUFMT, VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
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