Democratizando a ciência: um novo paradigma da extensão. Silva, Wagner Pereira da¹; Reis, Renato Hilário dos²; Rêses, Erlando da Silva³
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- Agustina Ximenes
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1 Democratizando a ciência: um novo paradigma da extensão Silva, Wagner Pereira da¹; Reis, Renato Hilário dos²; Rêses, Erlando da Silva³ Palavras-Chave: Democratização; Ciência, Pesquisa; Extensão Introdução Democratizando a ciência: um novo paradigma de extensão, o que isto pode significar? Ou quais os sentidos que um enunciado como esse pode oferecer? Quando falamos em democratização da ciência, estamos partindo subjacentemente de que premissas, de que pressupostos de democracia e ciência? Com a palavra extensão, levantamos a mesma indagação. Afinal o que estamos entendendo por extensão. Primeiro, temos que dizer que estamos falando da extensão e seu histórico de significações na universidade brasileira, bem como do sentido de sua articulação com o ensino e a pesquisa, finalidades essas, consagradas na constituição de Por que e para quem democratizar a ciência? O Universo estando em movimento; a espécie humana está em constituição e a democracia é uma produção social da espécie, então podemos afirmar que ela (a democracia) também está em construção. Os seres humanos, estamos aprendendo a exercer o poder de decidir o rumo da sociedade em que vivemos, assim pois desenvolvendo a capacidade de produzir o conhecimento que interessa à solução dos problemas do quotidiano. E como base da ocorrência dos seres de poder e saber, está a necessidade de um acolhimento mútuo entre os seres humanos, em que a diferença Resumo revisado pelo coordenador da ação Coordenador da Ação: Renato Hilário dos Reis. Educação, Alfabetização e Formação em processo de Alfabetizadores/Alfabetizadoras de crianças, jovens, adultos e idosos de Camadas Populares do Paranoá, Itapoã, Brazlândia, Unidade Semiaberta de Taguatinga Sul e Ceilândia. Código: ¹Universidade de Brasília: ijahurikaraja@gmail.com ²Universidade de Brasília: hilarioreis@uol.com.br ³Universidade de Brasília: erlandoreses@gmail.com Silva, Wagner Pereira da¹; Reis, Renato Hilário dos²; Rêses, Erlando da Silva³
2 e o diferente de uns e de outros são fatores de alavancagem de avanço do ser-humano, humanizando-se na caminhada da humanidade. (REIS, 2000). A proposta é uma ruptura com conceitos vigentes de democracia, ciência, universidade, ensino, pesquisa, extensão. Os que lerem terão outras significações ao dialogarem dialeticamente com o escrito. Poderão fazer a vida avançar, as relações sociais darem saltos e nessa ação de refazer o universo, estarão re-significando conceitos, onde a palavra oral ou escrita não é apenas um enunciado pronunciado. A palavra é a enunciação de uma ação da pessoa, individual ou coletiva, em sua busca completa/incompleta do constituir-se ser humano. Na perspectiva de VYGOTSKY (1989,1995 e 2001) e BAKHTIN (1988 e 1992) o conceito ou palavra são polissêmicos. Podem ter vários sentidos e interpretações se levarmos em contexto em que se dá o pronunciar da palavra, os atos e gestos, que estão inerentes e inbricados à ação do sujeito que enuncia, para Bakhtin, a palavra é uma constituição permanente, inserida que está na gênese, evolução e desenvolvimento da civilização. Quer seja esta considerada em sua filogênese (gênese e evolução da espécie) ou ontogênese (gênese do ser humano, aqui evocando Vygotsky.). Em constituição permanente (REIS, 2000), na relação ou no diálogo dialético locutor/interlocutor, o outro, eu e nós, estamos inseridos e imersos na base culturalsocial-economico de um determinado momento e tempo. De outra forma, não posso dizer que a palavra constitui o sujeito, como tivesse existência em si (ente). O que defendo é que o sujeito se constitui e é constituído nas relações sociais e estas por sua vez o constituem. O que buscamos e para quem buscamos? Propomos uma extensão exercitada como trabalho conjunto entre universidade e sociedade civil organizada (movimento sociais, organizações populares, partidos, sindicatos, igrejas, meios de comunicação) em que a universidade e a população se organizem política, epistemológica e pedagogicamente em função das necessidades e exigências do sobreviver e do existir (princípio gerador do tornar-nos humanos ou
3 humanas) postas em nível micro-macro e macro-micro, pelas pessoas que constituem a sociedade humana. O nosso desejo objetivo é, além da proposta, compartilhar as significações obtidas ao longo das atividades de extensão entre as comunidades e a Faculdade de Educação da Universidade de Brasília; Grupo de Ensino-Pesquisa-Extensão em Educação Popular e Estudos Filisóficos e Históricos Culturais GenPex. A lógica da escolha de um objeto de estudo ou de pesquisa sai do âmbito da exclusividade da universidade (professores, servidores técnico-administrativos e estudantes). E passa contar com a participação das pessoas que estão no universo de abrangência da universidade ou grupo de universidades, estabelecendo um acordo de interesses entre os vários protagonistas, mas, com prioridade às pessoas mais excluídas da sociedade. Enfoque Epistemológico Metodológico A experiência histórica de atuação em Educação e politização de Jovens e Adultos e a relação dos estudantes-pesquisadores, professores e funcionários técnicoadministrativos da FE-UnB-GenPex, com as comunidades, subsidia epistemologicamente a produção desse conhecimento aqui pro-posto. A pesquisaação-participante que desenvolvemos na Universidade de Brasília (UnB) e movimentos populares é aquela em que o desafio de superar as exigências da existência e da sobrevivência como base do tornar-nos humanos, assim como aconteceu com nossos ancestrais. Pesquisamos para resolver exigências de quaisquer ordem e natureza, que se antepõem à nossa existência e sobrevivência (situações-problemas-desafio, Reis, 2011) do quotidiano, contribuindo assim, para o avanço da constituição humana do ser. O ser não nasce humano. Ele se torna humano, dependendo da natureza das relações sociais que são relações de classe, segundo Vygotsky e seu Psicologia do Homem Concreto. O ser humano é fecundado, gestado, constitui-se e desenvolve-se na relação social.
4 Pela superação das situações-problemas-desafio (Reis, 2011) das comunidades Toda a geração atual tem e deve apossar-se do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade, mas, isto é insuficiente no tornar-se humano. Antes de tudo, devemos aprender a superar o historicamente acumulado, herdado das gerações que nos antecederam e que tiveram seu momento de contribuição no desenvolvimento da espécie humana. Apropriar-se? Sim. Mas, ficar na apropriação do conhecimento é insuficiente para fazer avançar a espécie humana, a geração atual há de contribuir para isso, Como? Produzindo vivência-conhecimento-ação superadora dos interditos aos avanços da humanidade. É a fome da e na África? Vamos vencê-la! É a violência estrutural? Vamos superála. É a quase inexistência de saúde pública nos países emergentes? Vamos vencê-la. É a educação sem escolas ou com escolas exclusivamente repetidoras do já feito? Vamos transformá-la! É uma educação de crianças, jovens e adultos que os expulsam da escola? Vamos transformá-la. Democratizar a ciência passa ser entendida como sendo o desenvolvimento de uma parceria político-existencial-ético-pedagógica entre o sistema de produção de conhecimento em nível micro-macro e macro-micro em que a universidade teria papel preponderante ao articular ensino (processo formativo), pesquisa (produção de conhecimento) imbricados dialeticamente com a sociedade civil e política (extensão) produzindo um conhecimento superador da necessidade da civilização humana de romper com a racionalidade instrumental, a razão iluminista, em que o critério de verdade é o contável, observável, demonstrável, deixando de fora como verdade e constitutivo da ciência a arte, a estética, a subjetividade e a religiosidade das pessoas. Considerações finais A pesquisa da superação das situações problemas desafio (Reis, 2011) das comunidades pode ser por uma universidade ou várias universidades em conjunto - gênese da extensão - e em articulação com organismos vários da sociedade civil e sociedade política, de forma que sejam identificadas problemas para a existência e
5 sobrevivência (situações problemas desafio, Reis, 2011) que afligem conjuntural e estruturalmente a vida da maioria da população em nível micro-macro e macro-micro. Aqui, ocorre o aprendizado da democracia participativa, como as decisões coletivas do que fazer e do como fazer. Fundado nos autores e atores sociais e na nossa vivência de pesquisa em ação, trabalhamos a significação da democratização da ciência, como um novo paradigma da extensão. Referências Bibliográficas BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo. Martins Fontes /VOLOCHINOV, V.N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo. Hucitec FREIRE, P. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro. Paz e Terra Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro. Paz e Terra Reis, Renato Hilário dos. A Contribuição da Extensão Universidade na Relação Universidade População: o caso do Campus Avançado do Médio Araguaia. Dissertação de Mestrado. Brasília. Faculdade de Educação/UNB A Constituição do Ser Humano: amor, poder, saber na educação/alfabetização de jovens e adultos. Campinas, Autores Associados, ROCHA, R. G. A Comissão de Democratização da Ciência. Revista Desenvolvimento e Cidadania. São Luis. Instituto do Homem. Ano 4, n VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo Martins Fontes Formação Social da Mente. São Paulo. Martins Fontes Psicologia do Homem Concreto. Revista Educação e Sociedade n. 71. São Paulo. CEDES A Construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo Martins Fontes
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