Introdução. O Núcleo de Extensão]
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1 TÍTULO: O SUJEITO DA EXTENSÃO: UM OLHAR SOBRE A UNIVERSIDADE E O PAPEL DE DOCENTES, TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS E DISCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL AUTORA: Sita Mara Lopes Sant Anna INSTITUIÇÃO: UFRGS ÁREA TEMÁTICA: Educação Introdução Este trabalho apresenta uma reflexão a cerca da participação dos técnicos administrativos, docentes e discentes em atuações em projetos de Extensão. Compreendendo a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão somos provocados no sentido da participação conjunta destes segmentos nas ações que vimos produzindo na UFRGS, na medida em que a Instituição como um todo deve cumpri-las. Assim, a compreensão do termo Extensão que fazemos nasce como concepção dialógica, de construção coletiva e interdisciplinar, demarcada pela interlocução dos seus atores, fruto de uma política de democratização da Universidade que valoriza as trocas de saberes possíveis entre todo(a)s, na necessidade de assumir princípios claros e objetivos, no sentido do não cair no equívoco gnosiológico e polissêmico do termo extensão como ato de transmissão, doação, messianismo,..., bem como nos aponta Paulo Freire, em Comunicação ou Extensão. Neste sentido, serão apresentados o Núcleo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos, NIEPE-EJA da PROREXT, em interface com o Programa de Ensino Fundamental para Jovens e Adultos Trabalhadores- PEFJAT. O Núcleo de Extensão]
2 O Núcleo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos NIEPE-EJA, se constitui num espaço público permanente para interlocução entre extensionistas, pesquisadores, educadores, profissionais e demais interessados da UFRGS e da comunidade, atuantes na área da Educação de Jovens e Adultos - EJA em ações de estudos, pesquisas, formação docente, construção de propostas pedagógicas que aproximem e problematizem os campos da educação, cultura, trabalho, entre outros. Compreendendo a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão somos fortemente provocados no sentido da participação conjunta de servidores docentes, técnicos administrativos e discentes frente as ações do Núcleo, na medida em que a Instituição como um todo deve cumprir essas ações. Assim, a compreensão do termo extensão que fazemos nasce como concepção dialógica, da interlocução dos seus atores, fruto de uma política de democratização da Universidade que valoriza as trocas de saberes possíveis entre os diversos segmentos que a compõe. Neste sentido a estrutura que propôs-se para o NIEPE-EJA constitui-se de uma Coordenação Colegiada e um Conselho. A Coordenação Colegiada é composta por um servidor docente, um técnico-administrativo e um discente da Universidade. O Conselho, com caráter consultivo, propositivo e deliberativo, é formado pelos membros da Coordenação Colegiada e por docentes, técnicos e discentes, vinculados a Projetos do NIEPE-EJA. Na Necessidade de assumir princípios claros e objetivos, no sentido do não cair no equívoco gnosiológico 1 e polissêmico do termo extensão como ato de transmissão, entrega, doação, messianismo, invasão cultural, manipulação..., antidiálogo, enfim, concebemos a ação do extensionista não como aquela de quem estende algo à alguém: conhecimentos e técnicas. Em oposição a essa compreensão, buscamos nesse espaço, fruto de um processo educativo, de construção coletiva e dialógico por excelência, a nossa forma de expressão, bem como nos fala Freire (1977 p.25) [...] educar-se é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais em diálogo com aqueles que, quase sempre,
3 pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais. Desta forma, o Núcleo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos, espaço de interlocução das ações em EJA desenvolvidas na Universidade e Comunidade, tem os seguintes objetivos: reunir diferentes ações de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidas em EJA na UFRGS; congregar, por meio de um fórum permanente, organizações governamentais e não governamentais, instituições privadas, sindicatos, associações comunitárias e demais grupos que trabalham com EJA; fomentar a produção e a socialização de conhecimentos em EJA, legitimando e publicizando este campo de saber e prática social; atuar na área de formação inicial e continuada de educadores de jovens e adultos; constituir um espaço permanente de reflexão que estabeleça-se como referência para ações da sociedade civil e políticas públicas em EJA, abrangendo, atualmente, as seguintes temáticas: Alfabetização e escolarização básica; Espaços educativos institucionais e não formais; Políticas e práticas educativo-culturais; Trabalho e alternativas de geração de renda, qualificação/requalificação profissional; Formação inicial e continuada de educadores; Práticas de ensino em EJA. 1 Em Comunicação ou Extensão, Freire (1977), afirma que o equívoco gnosiológico está na concepção e reflexão filosófica de que a extensão pretende, basicamente, substituir uma forma de conhecimento por outra.
4 Das práticas desenvolvidas pelo Núcleo na área de Educação de Jovens e Adultos podemos mencionar as nossas atuações nos Grupos de Estudo, Fóruns Estaduais de Educação, Seminários, parcerias com prefeituras municipais para Formação Continuada para educadores e educadoras em municípios do Rio Grande do Sul e Educadores Comunitários do Maranhão e Piauí, nas ações de formação do Programa Alfabetização Solidária PAS. Além disso, o NIEPE-EJA tem feito uma interlocução pedagógica também, com o Programa de Ensino Fundamental para Jovens e Adultos Trabalhadores, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2. O técnico-administrativo nesse contexto: desafios e possibilidades... As aprendizagens produzidas ao longo de minha caminhada como técnicaadministrativa, coordenadora de projetos de Extensão 3, desde 1998, conforme possibilita a Resolução n. 02/98 aprovada pelo Conselho Universitário-CONSUN, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com certeza muito contribuíram para que eu compreendesse e ampliasse o olhar sobre a Universidade em que atuo. Nesse espaço compreendi que o técnico-administrativo necessita ter clareza sobre o que é a Universidade, a função social que a mesma exerce e que papel ele desempenha, nesse contexto, para compreender-se como integrante desse universo e como agente no processo de construção desta mesma Universidade, em suas ações diárias. Mas, para que isso realmente se efetivasse foi necessário, ao longo do processo, a promoção de algumas rupturas, tanto no campo administrativo, a partir das mudanças em alguns formulários da Pró-Reitoria que precisaram ser reformulados para a inclusão dos técnicos, como também, em nossas relações interpessoais, nesses espaços de discentes, técnicos e docentes. 2 São as práticas deste Programa que envolvem docentes, técnicos e discentes e desenvolve ações indissociadas entre Ensino, Pesquisa e Extensão, articuladas a uma política de Recursos Humanos da Universidade, que influenciaram à implementação do NIEPE-EJA, da PROREXT. Muitos dos integrantes do Núcleo já atuaram ou atuam no PEFJAT. Por esse motivo, ao longo de nossa apresentação, relataremos um pouco dessa experiência. 3 Esta experiência foi apresentada por mim e pela colega Cláudia Porcellis Aristimunha no XX SEURS, realizado em Pelotas no Rio Grande do Sul.
5 Nas reflexões sobre os novos desafios em nosso papel na Universidade, nos demos conta, que em nosso fazer cotidiano como técnicos, estamos todos trabalhando em educação, contribuindo no ensino, na pesquisa e na extensão (não importando aqui qual seja a nossa função como trabalhador/trabalhadora, na universidade). Porém, na condição de extensionistas, esse trabalho somente se qualifica, a partir de um processo continuado de formação. Nesse sentido, nossas reuniões para reflexão e avaliação se tornaram uma constante. Somente uma postura epistemológica solidificada pelo processo coletivo de construção, alicerçado numa prática dialógica no respeito as diferenças e na busca constante das trocas de saberes, é que conquistamos esse espaço, aprendemos a partir dele e socializamos essas aprendizagens com a própria comunidade, através das atividades do Núcleo e PEFJAT, que se consolidam também, em publicações diversas. Desta forma, construímos nas práticas da Extensão as possibilidades para: maior compreensão da Universidade, sua função social e o nosso papel nesse contexto; o estabelecimento de um lugar de práticas conjuntas entre técnicos, discentes de graduação e pós graduação e docentes; formação inicial e continuada para todos da Universidade e comunidade em geral que participam das ações ( incluindo-se aqui os licenciandos que participam como monitores nas ações do NIEPE e PEFJAT); diálogo com as disciplinas da graduação e pós-graduação da Faculdade de Educação, entre outras; possibilidades do desenvolvimento de um diálogo intercultural; participação na construção de projetos político- pedagógicos em alguns municípios do Rio Grande do Sul; socialização das experiências em eventos nacionais e internacionais; interesse para o aprofundamento de estudos na área de EJA, em programas de mestrado e doutorado; publicações diversas.
6 Assim, o que buscamos na Extensão é uma Política do Humano na Universidade que não somente valorize os saberes que possuímos, mas que os reconheça, ampliando os espaços de participação, para que, num movimento cidadão, esse humano, desta Universidade possa produzir deslocamentos, de um lugar para outro, por práticas diversificadas, aliando cada vez mais o Ensino/ Pesquisa/ Extensão.
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