ao Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e cadastrado no Decanato de Extensão da Universidade de Brasília.

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1 E Eu Com Isso? 1 REIS, Janaína 2 ; GARCIA, Gabriela 3 ; LUEDY, Ulisses 4. Palavras-chave: autonomia; expressão; educação; diversidade Justificativa: Uma proposta de educação para diversidade é um dos propósitos e compromissos políticos desenvolvidos no campo de atuação do Projeto de Extensão E Eu com Isso?. Neste sentido, buscar possibilidades de atuação do projeto em direção ao encontro com temáticas e questões de difícil abordagem e, ao mesmo tempo, de influência concreta sobre a vida cotidiana das jovens e dos jovens com que o projeto dialoga é um dos pontos necessários ao desenvolvimento de um projeto em favor do modelo de educação que buscamos. Sobre o ponto em que determinadas questões não são levantadas e espaços para a expressão de nossas impressões e emotividades não criados, acaba por residir o estranhamento, o silêncio, a violência, a discriminação, a intolerância e o preconceito elementos cotidianos de poder que dificultam a construção de uma nova educação na escola e a possibilidade de novos horizontes para uma nova concepção de respeito, reconhecimento e cidadania para a sociedade em que vivemos. Introdução: O direito de expressão depende da autonomia do individuo, e o projeto E eu com isso? tem trabalhado com a idéia desse conceito nas suas discussões e 1 Resumo revisado por: Paola Novaes Ramos. Inserir: Projeto de Extensão E Eu Com Isso? vinculado ao Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e cadastrado no Decanato de Extensão da Universidade de Brasília. 2 Universidade de Brasília meira.jana@gmail.com 3 Universidade de Brasília gabriela.svgarcia@gmail.com 4 Universidade de Brasília luedy.ulisses@gmail.com

2 atividade. O projeto foi criado por alunos de Ciência Política da Universidade de Brasília e começou a atuar em 2010 com o objetivo de refletir sobre inquietações do cotidiano com diferentes públicos. Para atingi-lo, buscou-se uma parceria com alguma instituição educacional que se dispusesse a proporcionar meios de comunicação mais integrada com alunos. Foi aí que o Centro Educacional São Francisco, localizado em São Sebastião (região administrativa do Distrito Federal), aderiu à proposta do projeto, sugerindo a realização de acampamentos com os alunos do Ensino Médio. Houve, então, a oportunidade de dialogar com adolescentes de uma maneira diferenciada e não hierarquizada, de forma que pudesse estimular a autonomia e a criatividade tanto dos estudantes da escola, como dos extensionistas universitários. Os acampamentos são realizados durante três dias, dentro das instâncias escolares, em que temas do cotidiano são abordados de forma lúdica e inovadora, para que amplie a visão dos alunos sobre assuntos que normalmente não são abordados em sala de aula. Espera-se, com isso, que os participantes do acampamento alcancem certa independência de consciência, o que é considerado o primeiro passo para manifestação de pensamentos individuais. O projeto se propõe a tentar trabalhar as questões como a oficina de arte urbana por meio de um trabalho de discussões e métodos alternativos de educação, tentando analisar se as hierarquias e os micro-poderes podem ocorrer de outras formas, distintas da atual estrutura escolar. A forma com que desenvolvemos as atividades busca uma alternativa de aprendizagem diferente do método de ensino tradicional de sala de aula. Por meio de oficinas, debates e atividades diversas, a reflexão e a capacidade de se expressar são fomentadas. Ao contrário da transmissão unidirecional de conhecimento característica de uma educação instrumental, o projeto pretende criar espaços em que há um compartilhamento de saberes, feito de maneira horizontal e igualitária. Objetivos: Os objetivos do projeto são, além de propor uma expressão maior dos estudantes no espaço, uma educação mais horizontal, em que educandos e educadores sempre se revezem em seus papéis. Metodologia:

3 O projeto de extensão E Eu Com Isso? busca basear a construção das atividades a partir da dialogicidade entre jovens do colégio São Francisco e da Universidade de Brasília. São atividades que comportam uma parte de discussão coletiva e são de maneira geral, voltados à intervenções práticas. Resultado e Discussões: A preocupação com a liberdade de diálogo e com a compreensão mútua é fundamental para a concepção do projeto do que seria uma educação engajada e ativa. Pode-se dizer, então, que a liberdade de expressão e a autonomia do indivíduo estão intrinsecamente relacionadas, visto que um é pré-requisito para que o outro ocorra. O projeto busca, ao proporcionar esses espaços horizontais de livre manifestação de pensamentos (a oficina), incentivar a autonomia dos participantes. O projeto de extensão, dessa forma, nos ajuda a colocar em questões debates antigos, mas que acabam ressurgindo no nosso dia-a-dia: A capacidade de autonomia frente à tradição; o papel libertador da educação; e principalmente, o direito de ter suas próprias reflexões. No fundo é isso que Nietzsche quer dizer quando afirma que Pois é egoísmo sentir seu juízo como lei universal... pois este não poderia nunca ser o de um outro, quanto mais, então o de todos, de todos! (NIETZSCHE, 2000, p. 335). Conclusão: Liberdade de expressão e autonomia do indivíduo são conceitos relacionados, e ambos estão vinculados a garantias individuais e com aos limites de atuação do Estado. Uma perspectiva de liberdade de expressão que não considere a capacidade, ou o direito, do indivíduo de formular suas preferências sem a interferência de meios coercitivos, mostra-se, portanto, incompleta, uma vez que essa autonomia é fundamental na formação de opiniões não condicionadas. Nesse sentido, o projeto de extensão E Eu Com Isso? abarca uma forma de atuação que visa fomentar a autonomia do indivíduo na formulação de suas opiniões acerca das questões cotidianas. Essas questões são debatidas por meio de vivências, e segundo Nietzsche, a filosofia é a afecção expressada pela vida prática: acabando (pelo menos parcialmente) com a separação entre teoria e prática (WEBER, 2009, P.263). Ser educado pela filosofia passa a ser educado para a pela vida; num processo da arte

4 de suspeitar, abrindo as portas para a criatividade; a auto-superação se torna o ideal máximo no homem que passa a sempre trabalhar em si mesmo para sua formação (WEBBER WEBER, 2009, P ). A educação para de ser reinada pela verdade única para dar espaço a um processo interminável e plural. A função da educação passa, portanto, a abranger uma tentativa de transformação da sociedade, em que os valores não são transmitidos, mas construídos em conjunto, respeitando-se, no entanto, a consciência individual de cada um. A liberdade de expressão, nesse contexto, precisa estar vinculada à importância da autonomia. Pois, caso contrário, as palavras proferidas na Constituição Federal de 1988 seriam apenas letras do alfabeto, longe de seu valor agregado. Referências: BERLIN, Isaiah. Quatro Ensaios Sobre a Liberdade. Brasília: Universidade de Brasília, 1997 BRASIL, Constituição (1888). Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, HEYWOOD, Andrew. Ideologias Políticas (vol. 1): do Liberalismo ao Fascismo. São Paulo: Ática, KUNTZ, Rolf. Locke, Liberdade, Igualdade e Propriedade. In: QUIRINO, Célia Galvão; VOLGA, Cláudio; BRANDÃO, Gildo Marçal (orgs.). Clássicos do pensamento político. São Paulo: editora da Universidade de São Paulo, MELO NETO, José Francisco de. Extensão universitária uma análise crítica. Tese doutoral, na UFRJ, Rio de Janeiro: DANNER, Fernando. A genealogia do Poder em Michel Foucault. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação- PUCRS, KOSSELECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos; tradução do original alemão Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira; revisão da tradução César Benjamin. Apresentação Marcelo Jasmin. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, NIETZSCHE, Fredrich. Sobre a verdade e mentira. São Paulo: Hedra, NIETZSCHE, Fredrich. Fredrich Nietzsche, os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 2000.

5 BETANCOURT D, William. NIETZSCHE: FILOSOFÍA Y EDUCACIÓN. Prax. filos., Cali, n. 28, June script=sci_arttext&pid=s &lng=en&nrm=iso>. access on 08 June WEBER, José Fernandes. Singularidade e formação (Bildung) em Schopenhauer como educador de Nietzsche. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 35, n. 2, Aug Available from &lng