CARTA DE RECIFE 2010
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- Lucca Varejão Fraga
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1 CARTA DE RECIFE 2010 EXTENSÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL: PROCESSOS DE FORMAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NAS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS Apresentação O Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e Instituições de Ensino Superior Comunitárias ForExt, reuniu-se no XVII Encontro e na XII Assembleia, realizados em Recife, entre 6 e 8 de outubro de 2010,sendo o tema abordado Extensão e Desenvolvimento Social processos de formação e construção do conhecimento nas Instituições Comunitárias. Foi possível refletir e discutir a respeito das metodologias e dos caminhos da Extensão ao produzir e difundir conhecimentos, sua relação com o processo educativo e formativo do alunado, bem como sobre sua contribuição ao desenvolvimento local e regional da sociedade. Este modelo de Extensão reflete o mesmo compromisso de nossas IES com a oferta de uma educação de qualidade e um ensino de excelência, além da produção de um conhecimento pertinente e engajado na promoção das mudanças necessárias ao desenvolvimento humano e social. Este tem sido o modo de ser e de agir das Comunitárias, dando cumprimento a sua função social e se reafirmando como verdadeiras instituições públicas não-estatal.
2 Uma visão norteadora O cenário atual das IES Comunitárias é marcado, principalmente, pela criação da Frente Parlamentar de Defesa das IES Comunitárias e a recente proposição do Projeto de Lei nº 7.639/2010, que dispõe sobre a definição, qualificação, prerrogativas e finalidades das Instituições Comunitárias de Educação Superior ICES. Ambos, além de confirmarem os propósitos acima referidos, constituem-se como novos desafios para o segmento, ao inaugurar um marco regulatório para as Instituições Comunitárias de Ensino Superior ICES. Na mesma direção, o Plano Nacional de Educação ( ) deverá dispor sobre novas formas e diretrizes para a Educação Superior Brasileira, priorizando espaços para as contribuições das Comunitárias sejam contempladas. É neste contexto que o ForExt acredita poder participar na formulação de políticas para o setor, apresentando referenciais teóricos e metodológicos, que avalia como essenciais para a institucionalização da Extensão e, dessa forma, prestar seu serviço em prol da qualificação das ICES e das práticas extensionistas no Brasil. Um compromisso gênese das ICES Na busca desses objetivos, há dois princípios políticos a serem observados e que são fundamentais às ICES: o princípio político da dialogicidade e o princípio político do compromisso social. Como espaço de geração e comunicação do conhecimento, as ICES se manifestam por meio de uma política científica, educacional e social. Estão inseridas numa relação sistêmica e, portanto, devem se articular com os diferentes interlocutores sociais. A partir desse propósito, a fim de que essa articulação torne-se significativa para a sociedade, é preciso que as ICES construam um ethos social com base na dialogicidade. O princípio político do compromisso social explicita-se à medida que se revela como um elemento fundante das instituições, como uma política institucional, cujas diretrizes estratégicas estão permeadas por essa opção, e pelo processo de aprendizagem, quando o projeto pedagógico está configurado com essa proposta.
3 É com base no caráter de compromisso social que as IES constituem-se como um espaço de pensamento, no qual o ato de pensar pode problematizar o real e buscar a compreensão de seus fenômenos de tal forma a inaugurar uma atitude crítica e construtiva diante da realidade. A força problematizadora está, portanto, na capacidade de contemplar a realidade por meio de uma ótica que possibilite a construção de valores éticos. Dessa forma, explicita-se seu compromisso social: pensar o mundo atual, interrogar a contemporaneidade, colocar as perguntas significativas para a compreensão da sociedade, contribuindo para a construção de uma nova história. A partir dessa proposta, pode-se depreender que a função da Extensão é expressão de seu status acadêmico, pelo poder de gerar e difundir conhecimento, bem como uma manifestação do seu status social, pelo poder de formular e implementar programas de transformação social. Articula-se, assim, o processo de formação pessoal e de transformação social como aspectos indicadores do princípio educativo do processo de aprendizagem das ICES. Por uma concepção de extensão Nesse sentido, é característica sine qua non da Extensão produzir conhecimento, sempre renovado e renovante, que oxigene os currículos graduação e pós-graduação e mantenha viva e pulsante a academia. E mais, que esse conhecimento seja transmitido, trocado e enriquecido pela interação com a sociedade. Assim, a Extensão é um processo educacional ímpar por integrar o fazer científico com a vivência e as experiências muita além das salas de aula. Seu sentido está na conexão da crítica social com as respostas a partir dos conceitos das grandes áreas de conhecimento. Entretanto, é imprescindível enfatizar que é no contexto social que a vontade transformadora e o questionamento consciente tornam-se projetos e ações. O ForExt defende esta concepção de Extensão: um lugar privilegiado de diálogo entre os diversos modos e formas de conhecimento e entre as necessidades e possibilidades de solução dos problemas da sociedade atual, ou seja, um novo campo de produção e socialização de conhecimento. Dentro desse princípio dialógico (e também dialético), revelador de seu compromisso social, é preciso compreender o Ensino, a Pesquisa e a Extensão como possibilidades de aprendizagem e como oportunidades para ajudar no desenvolvimento da sociedade.
4 Esse entendimento projeta a Extensão para o seu estatuto acadêmico e social, tornando-se uma manifestação do Ensino e da Pesquisa, e uma integração entre universidade e sujeitos sociais. Legitima-se, assim, a estratégia acadêmica como geradora e comunicadora de conhecimentos e seu caráter social como propulsora do desenvolvimento da sociedade. Daí também a decorrência do seu caráter público nãoestatal. Compromissos do ForExt Dessa forma, expressamos a compreensão e o compromisso do ForExt para com as ICES e a Educação Superior brasileira. Convidamos nossos interlocutores a se permitirem este desafio: o de compartilhar deste projeto e envidar os esforços necessários para sua realização. Nos termos da Carta de Porto Alegre 2009, renovamos nosso entendimento sobre a necessidade de: 1) A criação de uma instância responsável pela extensão no Sistema de Educação Superior Brasileiro, constituída em diálogo com os agentes do campo do ensino superior; 2) A institucionalização da extensão como componente indispensável para a formação dos profissionais egressos das IES brasileiras; 3) A criação de espaços e de instrumentos de interlocução sobre as políticas de pós-graduação e pesquisa na sua articulação com a extensão, em consonância com as políticas institucionais emanadas pelos respectivos órgãos de gestão e fiscalização; 4) A construção de políticas públicas e sociais voltadas ao estreitamento das relações entre a Educação Superior e a Educação Básica, entre outros, considerando a Extensão Universitária como vetor imprescindível para a consolidação dos vínculos entre tais níveis de educação. Enfim, a Extensão precisa ter seu lugar nas políticas públicas para a Educação Superior, o que passa por sua institucionalização: normatização, regulação, instituição de políticas de fomento, financiamento, visibilidade e processo avaliativo. O ForExt coloca-se ao lado de todos os interessados e comprometidos com essa causa. ForExt Fórum Nacional de Extensão e Ação
5 Comunitária das Universidades e IES Comunitárias. Recife, outubro de 2010.
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