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1 UNI V E RSID A D E F E D E R A L F L U M IN E NSE INST I T U T O D E EST UD OS EST R A T É G I C OS PR O G R A M A D E PÓS-G R A DU A Ç Ã O E M EST UD OS EST R A T É G I C OS D A D E F ESA E SE G UR A N Ç A R ESPO NSA BI L ID A D E D E PR O T E G E R E SU A RESPONSABILIDADE DE REAGIR : N O V A M O D A L ID A D E D E IN T E R V E N Ç Ã O M I L I T A R? G R A Z I E N E C A RN E IR O D E SO U Z A NI T E R Ó I, RI O D E JA N E IR O 2012

2 G R A Z I E N E C A RN E IR O D E SO U Z A R ESPO NSA BI L ID A D E D E PR O T E G E R E SU A RESPONSABILIDADE DE REAGIR : N O V A M O D A L ID A D E D E IN T E R V E N Ç Ã O M I L I T A R? Dissertação apresentada à Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre em Estudos Estratégicos. Orientador: Prof. Dr. Thiago Moreira de Souza Rodrigues. NI T E R Ó I 2012

3 F O L H A D E APR O V A Ç Ã O GRAZIENE CARNEIRO DE SOUZA R ESPO NSA BI L ID A D E D E PR O T E G E R E SU A RESPONSABILIDADE DE REAGIR : N O V A M O D A L ID A D E D E IN T E R V E N Ç Ã O M I L I T A R? Dissertação apresentada à Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre em Estudos Estratégicos. Banca Examinadora Data: 5 de Junho de 2012 Prof. Dr. Thiago Moreira de Souza Rodrigues Orientador - UFF Prof. Dr. Vágner Camilo Alves Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos UFF Prof. Dr. Gilberto M. A. Rodrigues Universidade Católica de Santos

4 Dedico esta dissertação, A Deus que agraciou e me agracia para seguir nos momentos difíceis, preenchendo e iluminando meu ser com entusiasmo, força e luz. À minha família que me apoiou e incentivou em todo o percurso do mestrado. À minha mãe que é meu exemplo e orgulho, agradeço pela incansável disposição em me guiar onde quer que eu fosse.

5 A G R A D E C I M E N T OS Agradeço primeiramente a CAPES que possibilitou a realização do meu mestrado por meio do programa de bolsas REUNI. Ao meu professor e orientador Dr. Thiago Rodrigues que dedicou seu tempo e atenção para me guiar no último ano de mestrado. Ao Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas que me propiciou conhecimento real do papel da ONU nas operações de paz. Também agradeço aos meus professores da Universidade Federal Fluminense, os quais me instigaram a conhecer e debater diversificados temas. Aos meus amigos que me incentivaram a seguir em frente nas horas que mais precisei. Finalmente, agradeço em especial a turma do PPGEST 2010, que mais do que colegas se tornaram amigos. A cada um, agradeço com carinho e gratidão por todos os momentos partilhados e divididos. Muito Obrigada! 5

6 R ESU M O DE SOUZA, Graziene Carneiro. Responsabilidade de Proteger e sua Responsabilidade de Reagir : nova modalidade de intervenção militar?; Orientador: Prof. Dr. Thiago Rodrigues; Niterói; Universidade Federal Fluminense UFF, 2012, 159 fl. O moderno sistema de Estados é marcado por intervenções militares. Ao longo de sua história a compreensão de onde, como, quem e por quais valores intervir variou de acordo com a concepção do Estado e de suas responsabilidades. O uso da força contra um membro da Sociedade Internacional, subordinado às regras e normas formuladas principalmente pelas unidades mais poderosas, esteve vinculado ao contexto normativo de cada ordem internacional. A intervenção militar humanitária, aplicada principalmente desde o fim da Guerra Fria, é um exemplo dessas variações. Atualmente, o próprio entendimento sobre intervenção militar humanitária encontra-se em transformação. Novos valores relacionados a princípios fundamentais do sistema internacional, como o de soberania, deparam-se com novos deveres do Estado, como a garantia da segurança humana. A Responsabilidade de Proteger é o resultado desta inovada compreensão. Formulada a partir da polêmica intervenção do Kosovo em 1999, a Responsabilidade de Proteger deixa brecha para intervenções de novo tipo que não excluem ações militares. A presente dissertação busca analisar se, no caso de ser incorporada pelo direito internacional, a RtoP significaria uma nova modalidade de intervenção diplomático-militar baseada nas recentes transformações de conceitos como soberania e segurança humana, tendo um dos seus aspectos a intervenção militar como uma atualização da guerra legítima, compreendida como ato coletivo em nome de uma ordem e valores supostamente universais. Palavras chaves: Responsabilidade de Proteger, intervenção militar humanitária, soberania, direito internacional, segurança humana. Abstract: The modern states system is shaped by military interventions. Over its history the debate among states about whether, when, who and how to intervene, and what social values to secure, have changed according to the concept of state s duty. The use of force against an international society s member, subordinated to rules and norms formulated by powerful units, was linked to the normative context of each international order. Humanitarian military intervention, applied mainly since the end of the Cold War, is an example of this type of conjuncture. Today, the comprehension regarding international military intervention has been modified. New values related to fundamental principles of the international system, such as sovereignty, face new state s duties, such as human security. The Responsibility to Protect is a result of this innovated understanding. Formulate from the controversial intervention in Kosovo in 1999, the Responsibility to Protect opens a gap for a new type of intervention that do not exclude military action. This dissertation aims to analyze if the RtoP would become a norm in International Law, it would be possible to take it as a new justification and modality of military intervention based on a revised definition of sovereignty and human security. Key words: Responsibility to Protect, humanitarian military intervention, sovereignty, international law, human security. 6

7 L IST A D E A BR E V I A T UR AS E SI G L AS A-10 A/OA-10 Thunderbolt II AC 130 Lockheed AC-130 gunship ALI/ILA Associação da Lei Internacional AMIS Operações de paz da União Africana no Sudão AMISOM African Union Mission in Somalia ANSA/ASEAN Associação de Nações do Sudeste Asiático ARI Antiga República da Iugoslávia ASEAN Association of Southeast Asian Nations BICC Bonn International Center for Convertio BRICS Brasil, Rússia, China e África do Sul CDS Conselho de Defesa Sul-Americano CEEOA/ ECOWAS Comissão Econômica dos Estados do Ocidente da África CIA Central Intelligence Agency CSCAP Conselho para Segurança e Cooperação na Ásia Pacífica DDR Desarmamento, Desmobilização e Reintegração EUA Estados Unidos da América EU União Européia FYROM Yugoslav Republic of Macedonia ICISS International Commission on Intervention and State Sovereignty IHL International Humanitarian Law INEF Instituto de Desenvolvimento e Paz JNA Exército Popular Iugoslavo KFOR Força no Kosovo LEA / LAS Liga dos Estados Árabes LDK Liga Democrática do Kosovo PNUD/UNDP Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas RDC República Democrática do Congo TCC Troop Contributing Countries TIAR Acordo Inter-Americano de Assistência Recíproca OEA Organização dos Estados Americanos ONG Organização Não-Governamental ONU/UN Organização das Nações Unidas OTAN/NATO Organização do Tratado do Atlântico Norte OSCE Organização de Segurança e Cooperação da Europa UNC United Nations Cluster UNOMIL Missão de Observação das Nações Unidas na Libéria PoC Protection of Civilians RtoP Responsibility to Protect RwP Responsibility while Protecting R2P Responsibility to Protect BICC Bonn International Center for Convertion UA/AU União Africana UAV Predator Unmanned Aerial Vehicle UNAMIR United Nations Assistance Mission for Rwanda 7

8 UNASUL URSS União de Nações Sul-Americanas União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 8

9 SU M Á RI O IN T R O DU C Ã O C APÍ T U L O 1 Intervenções militares: da Guerra F ria à criação do Princípio da Responsabilidade de Proteger Intervenção militar: definição e contexto normativo Intervenção humanitária: conceito e principais debates Intervenções militares humanitárias durante e no pós - Guerra Fria A intervenção do Kosovo: o início de um novo modelo de intervenção militar humanitária C APÍ T U L O 2: Responsabilidade de Proteger: entre a teoria e a prática da intervenção militar no novo milênio A criação do princípio da Responsabilidade de Proteger A responsabilidade de prevenir A responsabilidade de reagir A responsabilidade de reconstruir Responsabilidade de Proteger: conceito, princípio ou norma? O Documento Resultante da Cúpula Mundial de 2005: adaptação e implementação Segurança Humana, Soberania, Não-intervenção e Estados Falidos: as principais críticas à Responsabilidade de Proteger C APÍ T U L O 3: Responsabilidade de Proteger e sua Responsabilidade em Reagir : nova modalidade de intervenção militar? As Nações Unidas e as Organizações Regionais: dificuldades de implementação das operações de paz A doutrina legitimando a prática: a efetivação da intervenção militar justificada na Proteção de Civis e na Responsabilidade de Proteger O caso da Líbia Rompimentos e Continuidades da Responsabilidade de Proteger a Responsabilidade ao Proteger C O NSID E R A Ç Õ ES F IN A IS BIB L I O G R A F I A A N E X OS

10 IN T R O DU Ç Ã O A justificativa sobre a intervenção humanitária está presente desde o fim da Guerra Fria, apesar de sua reflexão incluir direitos fundamentais do Estado, discutidos desde o século XV. Da mesma forma, o debate sobre o que é justo e moral nas relações internacionais e no Direito Internacional, se iniciou séculos atrás com o debate em torno do direito da guerra. 1 A primeira Convenção de Genebra, de 1863, é tida como marco inicial do Direito Humanitário moderno, quando foram assinados 291 acordos internacionais para proteger a vida dos combatentes feridos. A expansão da proteção dos direitos humanos durante as guerras alcançou, adicionalmente, os conflitos armados sem caráter internacional (art. 3º das Convenções de Genebra de 1949 e art. 1º do Protocolo II de 1977) e as guerras de libertação nacional (art. 1º, 4º do Protocolo I de 1977). 2 Assim, a partir dos anos 1970, o direito da guerra, antes restritos ao enfrentamento interestatal, passou a tratar não apenas dos conflitos armados internacionais, mas também da guerra civil, na qual os combatentes não são propriamente dotados de personalidade jurídica internacional enquanto unidades políticas, mas sim enquanto sujeitos passíveis de proteção na condição de seres humanos, conforme estipulou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de O direito de guerra historicamente constituído distingue o jus ad bellum do jus in bello. O primeiro significa o direito à guerra, ou seja, o direito de fazer guerra. Depois que os Estados nacionais se consolidaram juridicamente em tempos da Paz de Westfália em 1648, este direito passou a ser exclusivo do Estado. Já o jus in bello é a regulamentação da guerra: as normas aplicáveis aos beligerantes e aquelas obrigações decorrentes do estado de guerra, 3 na qual está inserido o Direito Humanitário. Embora o direito à guerra e sua regulamentação existam 1 Legnano De bello (1360), Gorco De bello justo (1420), Martín de Lodi De bello (século XV), Wilhelmus Mathiae Libellus de bello iustitia iniustitiave (1533), A. Guerrero Tratactus de bello justo et injusto (1543), Francisco de Vitória De jure belli (1557), F. Martini De bello et duello (1589), Balthasar de Ayala De jure et officiis bellicis et disciplina militari (1582), P. Belli De re militari et bello (1558), Alberico Gentili De jure belli (1598) e Hugo Grócio De jure belli ac pacis (1625). In MELLO, Celso D. de Albuquerque. Guerra Interna e Direito Internacional. Rio de Janeiro: Renovar, p Maiores informações ver BROWNLIE, Ian. Principles of Public International Law. New York: Oxford, MACEDO, Paulo Emílio Vauthier Borges de. A ingerência Humanitária e a Guerra Justa. Revista de Direito da UNIGRANRIO. Disponível em Acesso em 07 de Outubro de Idem. 10

11 historicamente, a guerra de agressão tornou-se ilegal após o Pacto de Paris, ou Pacto Briand- Kellogg, de Depois da assinatura da Carta de São Francisco, que originou a Organização das Nações Unidas em 1945, esta proibição foi reafirmada e ampliada com a consolidação do sistema da segurança coletiva, já esboçado no Pacto da Liga das Nações, de 1919, e que proscreve o uso da força deixando espaço para apenas três exceções: a legítima defesa, as lutas pela autodeterminação dos povos e os casos em que o Conselho de Segurança, para situações específicas, empreende o recurso à força por julgá-lo compatível com os propósitos da ONU. 4 Posteriormente à criação da Organização das Nações Unidas, os casos de disputas territoriais ou qualquer situação específica de discórdia entre Estados passaram majoritariamente a serem designados como litígios jurídicos sujeitos à Corte Internacional de Justiça, a fim de efetivar o princípio da solução pacífica de conflitos internacionais. A "Declaração relativa aos princípios de direito internacional no que respeita às relações amigáveis e à cooperação entre Estados," votada pela Assembléia das Nações Unidas a 24 de Outubro de 1970, estabeleceu que "todos os Estados devem solucionar os seus conflitos internacionais com os outros Estados por meios pacíficos de tal modo que a paz e a segurança internacionais, assim como a justiça não sejam postas em perigo". 5 Entretanto, de acordo com Paulo Emílio Macedo, é impossível racionalmente tentar substituir a guerra por litígios jurídicos, os quais são pautados por normas de direito objetivo. 6 Segundo este autor, a guerra é um conflito de poderes, não um conflito de interesses e, portanto, transcende o Direito, para o qual só há controvérsias estáticas e atuais, rigorosamente circunscritas e previstas. Já para Scheler, a guerra é realizada para o futuro, em nome do advento de um novo rearranjo de poderes, ou seja, uma nova ordem. Desse modo, ela cria novas realidades históricas e se torna fonte de todo o Direito e de toda a moral. 7 4 Ver Carta da ONU. Capítulo VII, Artigo Protocolo I Adicional às Convenções de Genebra de 12 de Agosto de 1949, relativo à Proteção das Vítimas dos Conflitos Armados Internacionais. NEEP-DH. Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida. Disponível em Acesso em 25 de Abril de MACEDO, Paulo Emílio Vauthier Borges de. A ingerência Humanitária e a Guerra Justa. Revista de Direito da UNIGRANRIO. Disponível em Acesso em 07 de Outubro de SCHELER, Max. O Gênio da Guerra e a Guerra Alemã. In ORTEGA Y GASSET, José. El Espectador. Madrid: Biblioteca Edaf, p

12 A proibição da guerra de agressão como recurso legítimo na política exterior dos Estados foi um novo capítulo numa antiga história de reflexão e produção doutrinária sobre o que é a guerra e como ela pode ser justificada. Essa tradição remonta a Santo Ambrósio ( ) e Santo Agostinho ( ), passando por Francisco de Vitoria ( ), Francisco Suarez ( ) e Hugo Grotius ( ) e chegando a autores contemporâneos da guerra justa, como Michael Walzer (1935- ). Uma das procedências mais significativas do conceito de guerra justa é encontrado em Santo Tomás de Aquino ( ) que estabeleceu três critérios de avaliação: a guerra seria justa se declarada pelo príncipe, uma vez que ele é a autoridade pública competente; se tivesse uma causa justa, ou seja, um direito violado; e se a intenção dos beligerantes fosse reta, devendo visar a promoção de um bem ou evitar um mal. 8 Michael Walzer afirma que a teoria da guerra justa rechaça o absolutismo moral (...) que condena todas as guerras, como o relativismo ético do realismo político, o qual, em nome da defesa do Estado, aceita a matança de civis e de inocentes como natural, e qualquer guerra para expandir o poder como necessária. Para os adeptos das teses da guerra justa, existem razões que são suficientes para se fazer guerra. Da mesma forma, há coisas que são moralmente inaceitáveis de se fazer ao inimigo Para este autor, a guerra justa trata-se de uma teoria de justiça comparativa que possibilita a análise das ações humanas em tempos de crise e conflito haja vista que não considera toda a guerra como o malogro do Direito e da Moral, ela permanece como um parâmetro de julgamento válido. 9 Segundo Edward Carr, a moral internacional é o lugar mais obscuro e difícil de todo o campo dos estudos internacionais. Para este autor, não se pode identificar a obrigação do Estado com a obrigação de qualquer indivíduo, ou indivíduos; e as obrigações dos Estados é que são o sujeito da moral internacional. 10 A personificação da unidade política é o que estabelece que os Estados estabeleçam e conduzam o ordenamento das relações internacionais. A crença de que os Estados possuem deveres morais entre si e uma reputação a ser mantida cumprindo esses deveres é o que manteria, para Carr, a ordem da sociedade internacional. O comportamento dos governantes na forma como conduzem os assuntos internacionais é o que torna real as obrigações estatais. 8 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direitos Humanos e Conflitos Armados. Rio de Janeiro: Renovar, p WALZER, Michael. Arguing about War. New Haven & London: Yale University Press, p CARR, Eduard. Vinte anos de Crise Uma introdução aos estudos de Relações Internacionais. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, p

13 Ainda segundo Carr, as teorias da moral internacional tendem a formar duas categorias. 11 As realistas, para as quais as relações entre Estados são governadas apenas pelo poder, não influenciadas pela moral; as utópicas, que renegam a guerra como um todo, reiterando que o mesmo código de moral é aplicável tanto aos indivíduos quanto aos Estados. Entretanto, para John Bright, "a lei moral não foi escrita apenas para os homens em seu caráter individual, mas também foi escrita para as nações. 12 Todavia, para Carr, nem a visão realista de que nenhuma obrigação moral prende os Estados, tão pouco, a visão utópica de que os Estados estão sujeitos às mesmas obrigações morais dos indivíduos, correspondem aos pressupostos do homem comum acerca da moral internacional. O Direito Internacional contemporâneo estabelece obrigações do Estado para com e entre os indivíduos, assim como obrigações dos Estados para com outros Estados. Neste sentido, o princípio da igualdade soberana entre os Estados é um dos pilares jurídicos do Sistema Internacional. De acordo com este princípio, todos os Estados são iguais e soberanos, dispondo do mesmo reconhecimento enquanto unidade política. Edward Carr, entretanto, argumenta a dificuldade de se definir o mesmo princípio dentro de uma comunidade. Segundo este autor, a igualdade não é jamais absoluta e pode às vezes ser definida como uma ausência de discriminação por motivos entendidos como irrelevantes. 13 Para ele, a discriminação no sistema internacional é endêmica, uma vez que a desigualdade entre Estados em relação ao poder é flagrante. 14 Apesar de iguais juridicamente, ou seja, possuírem igualdade de status com igualdade de direitos, oportunidades ou de posses, na prática a relação entre os Estados é proporcional, e não absoluta. Carr justifica esta afirmação destacando a constante intromissão, ou intromissão em potencial das potências, que torna quase sem sentido qualquer concepção de igualdade entre os membros da comunidade internacional. 15 A origem da Responsabilidade de Proteger insere-se nessa longa tradição e continuado debate sobre o que é justo e moral nas relações internacionais na medida em que impõe uma 11 MACEDO, Paulo Emílio Vauthier Borges de. A ingerência Humanitária e a Guerra Justa. Revista de Direito da UNIGRANRIO. Disponível em Acesso em 07 de Outubro de John Bright, Speccbes on Quution of Public Policy1858, pág In CARR, Eduard. Vinte anos de Crise Uma introdução aos estudos de Relações Internacionais. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, p CARR, Eduard. Vinte anos de Crise Uma introdução aos estudos de Relações Internacionais. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, p Idem. p Ibidem. p

14 nova forma de enquadrar os indivíduos que sofrem violações extremas de seus direitos. Portanto, esta pesquisa tem o objetivo de esclarecer o debate acerca do contexto normativo da intervenção militar humanitária a partir dos anos 1990, tendo como foco o surgimento, o desenvolvimento e as controvérsias do princípio da Responsabilidade de Proteger, com atenção especial a um dos seus elementos a previsão do uso da força militar no cenário internacional justificada por argumentos humanitários. No primeiro capítulo, explanarei a conceituação da intervenção e a relação do uso da força entre Estados para ilustrar a origem do conceito de intervenção humanitária e suas influências nas relações internacionais. Desta forma, mostrarei que a evolução normativa dos conflitos e da violência no pós-guerra Fria estabeleceu um novo conceito de guerra e fez prevalecer as atenções voltadas aos conflitos intraestatais. Este capítulo tem o propósito de explicar conceitos e definições que se relacionam com a doutrina da intervenção humanitária no Direito Internacional, principalmente na Carta das Nações Unidas, explanando as discussões sobre sua moralidade e justificativa. O segundo capítulo busca mostrar que o alcance do debate sobre não-intervenção, soberania e segurança humana resultou na criação do novo conceito da Responsabilidade de Proteger. A preocupação da comunidade internacional em proteger os direitos humanos e a nova interpretação da soberania enquanto responsabilidade fez com que o amadurecimento da discussão sobre a intervenção humanitária resultasse na implementação da Responsabilidade de Proteger. Primeiramente, definirei a Responsabilidade de Proteger, seus embasamentos e principais influências na doutrina da intervenção humanitária. Posteriormente, mostrarei suas fundamentais dificuldades e obstruções para implementação bem sucedida, focando nas críticas relacionadas aos conceitos da segurança humana, soberania, não-intervenção e Estados Falidos. O terceiro capítulo aborda os problemas das Nações Unidas para efetivar operações de paz, principalmente as operações conjuntas com as organizações regionais. Destacarei os variados tipos das operações multidimensionais, focando nas missões de imposição da paz sob o capítulo VII da Carta da ONU. Portanto, abordarei as diferenças entre operações justificadas na Responsabilidade de Proteger e na Proteção de Civis e da forma como ambas doutrinas se envolvem no processo de reconstrução dos Estados Falidos. As críticas centrais à implementação destes conceitos na Líbia serão levantadas a fim de explicitar suas influências no desenvolvimento e evolução do contexto normativo das relações internacionais. 14

15 Procurarei apresentar posicionamento de autores diversos, e, por isso, nos limitaremos a expô-los sem expressar ou tomar partido de uma única visão. Esse esforço de apresentação dos argumentos fez com que a pesquisa se baseasse no levantamento, leitura e sistematização de literatura sobre a Responsabilidade de Proteger, intervenções humanitárias, teorias de Relações Internacionais e debates sobre a guerra justa e o direito de guerra; e na leitura e análise de fontes primárias, especialmente, dos documentos da ONU produzidos por seus secretários gerais e pelo Conselho de Segurança. Nas Considerações Finais, a retomada de cada movimento da dissertação procurará não chegar a conclusões definitivas, mas, ao contrário, buscará defender a pertinência do estudo da Responsabilidade de Proteger como elemento importante para a análise das relações internacionais contemporâneas no que diz respeitos às centrais questões da guerra e da paz. 15

16 C APÍ T U L O 1 Intervenções militares: da Guerra F ria à criação do Princípio da Responsabilidade de Proteger. O princípio fundamental do Direito Internacional, como direito universal que deve valer em si e por si entre os Estados, à diferença do conteúdo particular dos tratados positivos, é que os tratados, enquanto sobre eles repousam as obrigações dos Estados uns para com os outros, devem ser respeitados. Mas porque as relações entre eles têm por princípio a sua soberania, eles estão uns para com os outros, nessa medida, no Estado de natureza, e os seus direitos têm a sua realidade efetiva não numa vontade universal constituída em poder acima deles, mas na sua vontade particular. Aquela determinação universal permanece, por isso, no dever-ser, e a situação torna-se uma alternância entre as relações conforme aos tratados e a supressão dessas relações. G.W.F. Hegel 1.1 Intervenção Militar: definição e contexto normativo A intervenção militar é uma problemática do sistema moderno de Estados. Seus analistas procuram explicá-la, na tentativa de compreender o poder e a relação de dominação e força deste Sistema. O mesmo, também chamado pela escola inglesa de sociedade internacional 1, está configurado pelo uso da força, monopolizada pelo Estado, 2 doméstica e exteriormente. A estrutura do sistema, particularmente o número de atores (os Estados) e as suas respectivas capacidades, determinam os padrões de interação que buscam desenvolver uns com os outros, constituindo alianças e formando balança de poder, sendo passível de modificações através de alterações na distribuição de poder entre as unidades. 3 Este sistema, marcado pela falta de 1 Andrew Hurrell, autor da escola inglesa, analisa a Sociedade Internacional em uma de suas obras a partir de algumas idéias: first, the view that and lasting influence: international society has to be understood in terms of both power and the operation of legal and moral norms what Butterfi eld and Wight spoke of as the principles of prudence and moral obligation which have held together the international society of states throughout its history, and still hold it together. Second, the view that that international society can be properly described only in historical and sociological depth. And third, the argument that a states-system will not come into being without a degree of cultural unity amongst its members, or, more strongly, that a states-system presupposes a common culture. HURRELL, Andrew. One world? Many worlds? The place of regions in the study of international society. International Affairs: Moscou, pp. 127, Acesso em 17 de setembro de O uso da força por atores não estatais é ilegítima no Sistema de Estado, e aqueles que a utilizam são caçados pelos Estados, freqüentemente agindo em nome da comunidade internacional. Tradução minha. Ver FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p WALTZ, Kenneth N. O homem o Estado e a guerra. Uma análise teórica. São Paulo: Ed. Martins Fontes

17 autoridade política supranacional, constitui-se de Estados movidos por interesses e pela capacidade em garantir sua soberania. 4 Em conseqüência da assimetria de poder entre as unidades, o uso da violência entre os membros da sociedade internacional é talvez a forma mais visível e pragmática de endossar condutas, apesar de mais custosa. Neste sentido, a decisão de intervir remete ao exaustivo debate de onde, como, quando, quem vai intervir e quais valores sociais garantir. Ao longo da história, a razão para intervir remete a reivindicações comuns de que o Estado alvo representa uma ameaça para outro Estado; condição sobre a qual se acrescentou a partir do século XX, a de que um Estado, por sua conduta agressiva, seria uma ameaça à paz e a ordem internacional. 5 Adeptos da Realpolitik defendem que os Estados fortes majoritariamente intervêm nos Estados fracos quando ela serve aos seus interesses geopolíticos e ou econômicos. Autores adeptos da escola liberal afirmam a possibilidade da intervenção em defesa dos direitos humanos, como no caso da intervenção militar humanitária. 6 O uso da força é entendido por Thierry Thardy como, o uso de medidas coercitivas para coagir um ator a fazer alguma coisa que em outras circunstâncias não faria ou para previnir um ator de fazer alguma coisa. Esta definição inclui, mas não está limitada à noção de guerra. 7 Melo argumenta que a intervenção pode ser traduzida em intromissão, o que significa a interferência, por um ou mais Estados, nos assuntos internos ou externos de outro Estado soberano sem o seu consentimento, tendo como fim alterar determinado estado de coisas. 8 Finnemore, por sua vez, define intervenção militar como a disposição da formação de combate de pessoal militar dentro de limites reconhecidos com o propósito de determinar a estrutura da 4 De acordo com a Teoria do Realismo Sistêmico ou Estrutural proposta por Kenneth Waltz, a distribuição de poder nesse sistema anárquico é determinada pela capacidade de cada Estado influenciar, militar, política ou economicamente a ordem internacional. Ver WALTZ, Kenneth N. O homem o Estado e a guerra. Uma análise teórica. São Paulo: Ed. Martins Fontes, FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p WHEELER, Nicholas J. Saving strangers: humanitarian intervention in International Society. New York: Oxford University Press, p The use of coercive measures to constrain an actor to do something it would not otherwise do or to prevent an actor from doing something. This definition includes, but is not limited to, the notion of war Traduções minhas. THARDY, Thierry. The UN and the Use of Force: A Marriage Against Nature. Switzerland: Security Dialogue, Geneva Centre for Security Policy (GCSP). pp. 38, MELLO, Celso C. de A.. Curso de Direito Internacional Público. Rio de Janeiro: Renovar, p

18 ação. 10 A intervenção militar é o termo usado para explicar o uso da força, na atualidade, para autoridade política no Estado alvo. 9 Entretanto, a autora concorda que esta definição só se encaixa no período da Guerra Fria, quando se entendia a intervenção como mudança de autoridade política. Segundo Finnemore, há três requisitos para que uma ação seja qualificada como intervenção: primeiramente, Estados têm de usar o termo descrevendo a atividade. Aqueles envolvidos têm de entender que estavam engajados em uma intervenção e usar o mesmo termo quando escrever ou dialogar com outras autoridades estrangeiras; segundo, ação militar tem de estar presente. O uso de outra forma de sanções, como econômica ou diplomática, não qualificam a ação como intervenção; terceiro, a força militar tem de encontrar oposição durante a esclarecer a violação do compromisso da soberania e autodeterminação. Estes dois conceitos foram desenvolvidos para regular as relações entre Estados. De acordo com Bellamy, soberania refere-se ao direito que estatos possuem em relação a integridade territorial, independência política e não intervenção. Autodeterminação refere-se ao direito dos povos de se autogovernar, ou seja, o direito de livremente determinar seu status político. 11 Nessa linha, Brownlie afirma que a soberania e a igualdade de Estados representam as leis básicas entre as nações com personalidade jurídica. 12 A compreensão de intervenção, entretanto, esteve vinculada a ordem internacional de cada período da história do sistema de Estados. Cada ordem está respaldada por um diferente contexto normativo, na relação entre o direito de intervir e a interpretação do princípio da soberania. Nos limites da época do absolutismo, a soberania da sociedade de Estados estava relacionada ao fato dos Estados agirem como quiser dentro de suas jurisdições. 13 No século 9 The deployment of military personnel across recognized boundaries for the purpose of determining the political authority structure in the target state. Traduções minhas. FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p Ibidem. p BELLAMY, Alex J. Responsibility to Protect: the global effort to end mass atrocities. Malden: Ed. Polity, p Refers to the rights that states enjoy to territorial integrity, political independence and non-intervention. Traduções minhas. BROWNLIE, Ian. Principles of Public International Law. New York: Oxford, p Act however they please within their own jurisditions. Traduções minhas. BELLAMY, Alex J. Responsibility to Protect: the global effort to end mass atrocities. Malden: Ed. Polity, p

19 XIX, a construção e definição de intervenção em si mesmo, como categoria de ação militar separada da guerra, estava relacionada às mudanças políticas e ao comportamento militar. Intervenção, como uma prática do século XIX na Europa, tinha efeito relacionado ao governo e não ao território, e por isso, promovia condições para causar mudanças políticas sem modificar os limites de Viena e acordos territoriais que determinaram a ordem européia do período. 14 No momento anterior ao Pacto da Liga das Nações, de 1919, à celebração do tratado Briand-Kellogg de proscrição da guerra de agressão, em 1928, e da própria carta das Nações Unidas, de 1945, a soberania era a prática na qual os Estados possuiam o direito de iniciar a guerra baseada na realpolitik. 15 Já no período pós-colonial pós-1945 a soberania passou a ter uma relação direta com a declaração de que todos os povos tinham o direito à autodeterminação, direito de decidir seu status político e seu desenvolvimento econômico, social e cultural, o que significava que nenhuma potência podia deliberadamente intervir em um Estado considerado mais fraco. Esta compreensão de soberania era uma tentativa de se evitar a re-ermegência do colonialismo. Assim, desde a criação das Nações Unidas em 1945, a compreensão sobre a intervenção militar está resguardada em sua carta. Para Tardy, a carta das Nações Unidas é o documento mais detalhado para a regulação do uso da força no sistema moderno de Estados. O autor afirma que depois de algumas tentativas não concluídas, como o Tratado de Versales instituindo a Liga das Nações em 1919 e o Pacto Briand-Kellogg em 1928, a Carta das Nações Unidas deu à luz a mais detalhada conjuntura relacionada ao uso da força 16 A carta das Nações Unidas define em seu capítulo primeiro as regras sobre intervenções de um Estado membro em outro igual: Cap. 1. Art Todos os membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou qualquer outra nação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas. 14 Intervention, as a nineteenth-century practice within Europe, was understood to be aimed at governments rather than territory and so provided a way of bringing about political change without disturbing the Vienna boundaries and territorial settlement that underpinned the entire European order of the period. Traduções minhas. FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p Enjoyed a right to go to war. Ibidem. p After a few inconclusive attempts, such as the Treaty of Versailles instituting the League of Nations (1919) and the Kellogg Briand Pact (1928), the UN Charter put forth the most detailed framework regarding the use of force. Traduções minhas. TARDY, Thierry. The UN and the Use of Force: A Marriage Against Nature. Security Dialogue: Vol. 38, N. 49,

20 Cap. 1 Art Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capítulo VII. 17 Brownlie destaca os contextos legais nos quais, contemporaneamente (e abrindo controvérsia com os princípios expressos nos artigos acima da Carta da ONU), o uso da força pode ocorrer. Eles são: 18 Crescente número de casos em que ações ilegais substituem responsabilidades estatais ou omissão da obrigação do Estado de prover reparação; Responsabilidade criminal de indivíduos por atos de agressão; Aplicações de órgãos das Nações Unidas, principalmente o Conselho Segurança sob competência do capítulo VII, no que se trata da ameaça à paz, quebra da paz ou ato de agressão; Emprego de decisões tomadas por convenções multilaterais em relação ao uso da defesa coletiva ou operações regionais de manutenção da paz; Provisão de tratados bilaterais ou assistência mútua, comércio ou navegação, provisionados por cláusulas jurisdicionais da Corte Internacional de Justiça. O Artigo 2(4) da Carta das Nações Unidas possibilita um dos principais debates sobre a proibição da ameaça ou do uso da força. Inclusive a Corte Internacional de Justiça em Atividades Armadas no Território do Congo de 2000, proclamou que o Artigo 2(4) consiste em um problema na carta da ONU. 19 A Corte Internacional de Justiça classificou o uso da força no caso da Nicarágua, discutindo se a sua proibição representa o direito internacional consuetudinário: 20 Não é de se esperar que na prática dos Estados a aplicação das regras em questão deveria ter sido perfeita, no sentido de que os Estados devem se abster, com total coerência, a partir do uso da força ou de intervenção em cada um dos assuntos internos de 17 Carta das Nações Unidas. Disponível em Acesso em 18 de setembro de BROWNLIE, Ian. Principles of Public International Law. New York: Oxford, p Armed Activities on the Territory of Congo. GRAY, Christine. International Law and the Use of Force. Foundations of Public International Law. Nova York: Oxford, p O direito consuetudinário é diferente dos tratados assinados porque ele não é criado em acordos escritos entre os Estados que planejam e regulam suas ações em áreas específicas. Ver AREND, A. C. BECK, R. J. International Law and the Use of Force: Beyond the UN Charter Paradigm. London: Routledge, p

21 outros. O Tribunal não considera que, para que uma regra possa ser estabelecida como costume, a prática deve ser feita em conformidade absolutamente rigorosa com essa regra. Para deduzir a existência de normas consuetudinárias, o Tribunal considera suficiente que a conduta dos Estados devem, em geral, ser coerente com tais regras, que os casos em que os Estados possuem conduta inconsistente com uma determinada regra deveria ser, em geral, tratada como violação dessa regra, não como indicações do reconhecimento de uma nova regra. Se um Estado age de forma incompatível com uma regra reconhecida, mas defende a sua conduta, apelando para exceções ou justificativas contidas dentro da própria regra, então, o não comportamento do Estado é de fato justificável, o significado é que a atitude confirma ao invés de enfraquecer a regra. 21 A insistência do uso da força, entretanto, não fortalece normas, ao contrário, retira sua plausibilidade. Apesar disso, Estados constantemente tentam justificar ações que desafiam as normas existentes, defendendo que sua atuação está em conformidade com o discurso legítimo e dominante. As regras impostas pelo Direito Internacional não determinam exclusivamente o comportamento do Estado, elas influenciam o processo de tomada de decisão interno, mas também são influenciadas pela conjuntura do Sistema. O uso da força contra um membro da Sociedade Internacional, subordinado às regras e normas formuladas principalmente pelas unidades mais poderosas, está vinculado ao contexto normativo de cada ordem internacional de acordo com a interpretação da concepção do Estado de dever estatal. No plano comportamental, ações de execução estabelecem as regras básicas do sistema sobre quais ações são permitidas e os limites da soberania, e no nível cognitivo e normativo, este debate estabelece a autoridade e a legitimidade das regras. 22 Entretanto, a história tem demonstrado que o princípio da soberania é freqüentemente manipulado pelas grandes potências. 23 Os argumentos dominantes junto às transformações normativas remetem a fatores como as alterações no equilíbrio de poder ou na balança ofensiva-defensiva ( offense-defense 21 It is not to be expected that in the practice of States the application of the rules in question should have been perfect, in the sense that States should have refrained, with complete consistency, from the use of force or from intervention in each other s internal affairs. The Court does not consider that, for a rule to be established as customary, the corresponding practice must be in absolutely rigorous conformity with such rule. In order to deduce the existence of customary rules, the Court deems it sufficient that the conduct of States should, in general, be consistent with such rules, and that instances of States conduct inconsistent with a given rule should be generally be treated as breaches of that rule, not as indications of the recognition of a new rule. If a State acts in a way prima facie incompatible with a recognized rule, but defends its conduct by appealing to exceptions or justifications contained within the rule itself, then whether or not the State s conduct is in fact justifiable on that basis, the significance of that attitude is to confirm rather than to weaken the rule. Traduções minhas. Nicaragua Case. International Court of Justice Reports (1986). Parágrafo FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p David B. Halmo. Humanitarian Intervention: Ideas in Action. Arab Studies Quarterly (ASQ). Book Reviews: Vol. 30, N. 1, 1 de Janeiro de p

22 balance ). Mas, segundo Martha Finnemore, as mudanças não alteram o fato dos Estados fortes continuarem a intervir em Estados fracos quando isto os interessa. Para Finnemore, o processo normativo da política internacional está diretamente ligado às intervenções militares, uma vez que as normas internacionais não estão divorciadas do poder e do interesse estatal. Ao contrário, ( ) regras sobre intervenção são fortemente se não inteiramente determinadas por ações de Estados potências que realmente possuem capacidade de intervir (...). 24 De acordo com a autora, constantes alterações no contexto normativo significam, portanto, modificações nas intervenções militares. A criação de novas normas no Sistema Internacional é o resultado da mutação do comportamento do Estado em relação à soberania, ao indivíduo, ou ao direito de fazer a guerra. Sikkink e Finnemore definem como norm cascade, o processo em que um grupo de Estados adota uma nova norma como padrão apropriado de comportamento, no qual se substitui a prática anteriormente aceita. Os autores afirmam que esta ação é sempre contestada pelos adeptos da antiga norma, os quais persistem em resistir à legitimidade do regulamento recémcunhado. 25 A evolução normativa é uma racionalização legal da estrutura do sistema. Desde o século XIX, cada vez mais, o reconhecimento destas regras tem sido codificado no direito internacional, nos regimes internacionais, e nos mandatos oficiais das organizações internacionais. Todavia, normas que resguardam a igualdade soberana entre as unidades estatais tornaram-se mais poderosas a partir do século XVII, após a Paz de Westfália (1648). Restringindo a noção legal de intervenção, a igualdade de soberania tornou-se universal sob a jurisdição do direito internacional, como pode ser visto na carta das Nações Unidas. A evolução das normas sobre o uso da força também atingiu a interpretação do compromisso do Estado de garantir segurança aos indivíduos. No final do século XX, a noção de autodeterminação foi relativizada à idéia humanitária. Ao longo dos últimos dois séculos, normas que resguardam igualdade humana e direitos humanos tem se tornado cada vez mais influentes 24 (...) rules about intervention are strongly if not entirely shaped by actions of powerful states that actually have the capacity to intervene. (...). Traduções minhas. FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p FINNEMORE, M. SIKKINK, K. International Norm Dynamics and Political Change. International Organization: 2/4, pp. 895,

23 as áreas da política internacional, causando profundos impactos, inclusive sobre a intervenção militar. 26 Finnemore observa que: "Novas crenças sobre quem é humano fornecem razões para intervir e fazer a intervenção possível de maneira que não era anteriormente. Com a criação de novas realidades sociais, novas normas sobre intervenção, nova desirata de públicos e tomadores de decisão, novas crenças criam novas opções de política, imperativos até mesmo sobre políticas para intervenção". 27 A compreensão de ser humano no final do século XX modificou a justificativa para intervenção, da mesma forma como alterou o debate sobre onde e como intervir. A ordem internacional estabelecida nos anos 1990, após a Guerra Fria, trouxe a questão da segurança dos indivíduos e não só a do Estado como ente soberano colocando a obrigação do Estado de garantir a segurança de seus cidadãos. 28 Esta nova interpretação sobre o dever estatal fez com que outras normas fossem adicionadas ao Direito Internacional Público, colocando em debate aquilo que passou a ser conhecido como intervenção humanitária Intervenção Humanitária: conceito e principais debates Apesar de utilizada como justificativa para a intervenção somente após a Guerra Fria, a idéia de intervenção humanitária remonta os direitos fundamentais do Estado, discutidos desde o século XV. Adriana Ramos ressalta que, Este instituto foi defendido por Francisco de Vitória ( ), Francisco Suares ( ), Luis Molina ( ), Vattel ( ), que defendem o direito natural falando de um direito comum da humanidade, onde a barbárie era proibida e havia a possibilidade de intervenção em um território onde houvesse a violação desse direito. Hugo Grocio na sua obra De iure Belli ac Pacis, de 1625, presume um direito de intervenção em relação ao Estado que maltrate os seus próprios cidadãos, sendo a sua 26 FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p New beliefs about who is human provide reasons to intervene and make intervention possible in ways it was not previously. By creating new social realities, new norms about intervention, new desirata of publics and decision makers, new beliefs create new policy choices, even policy imperatives for interventions. Traduções minhas. Idem p HOFFMANN, Florian. Mudança de paradigm? Sobre direitos humanos e segurança humana no mundo pós-11 de setembro In: HERZ, Monica; AMARAL, Arthur B. (orgs.). Terrorismo e Relações Internacionais: perspectivas e desafios para o século XXI. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora PUC-Rio/Edições Loyola, pp. 247, RICOBOM, Gisele. Intervenção humanitária: a guerra em nome dos direitos humanos. Belo Horizonte: Editora Fórum,

24 raiz a teoria clássica da guerra justa, conceito desenvolvido por Santo Agostinho, São Ambrosio, São Tomas de Aquino dentre outros pensadores da Idade Média. 30 O conceito de intervenção humanitária tem diversas interpretações. Ele é definido por Finnemore como a ação de dispor em formação de combate força militar fora das fronteiras com o propósito de proteger nacionais estrangeiros da violência feita por homens. 31 Holzgrefe vai além, afirmando que a intervenção humanitária é a ameaça ou uso da força fora das fronteiras do Estado por um Estado ou grupo de Estados, a fim de previnir ou por fim a difundidas e graves violações de direitos humanos fundamentais de indivíduos outros que seus próprios cidadãos, sem a permissão do Estado possedor do território em que a força é aplicada. 32 Murphy, por sua vez, adiciona à sua conclusão as organizações internacionais, definindo-a como a ameaça ou uso da força por um Estado, grupo de Estados, ou organização internacional, primeiramente com o propósito de proteger os nacionais do Estado alvo de depravações difundidas dos direitos humanos internacionalmente reconhecidos. 33 Bhiklu Pareth ressalta o sentimento de humanidade: ações inteiramente ou primariamente guiadas pelo sentimento de humanidade; compaixão ou sentimentos aproximados. 34 Embora admita diferentes compreensões, a idéia principal da intervenção humanitária compreende o uso da força com o propósito de proteger ou salvar indivíduos de violações dos direitos humanos, limpeza étnica, genocídio e crimes contra a humanidade. Entende-se como 30 RAMOS, Adriana. Intervenção Humanitária. Disponível em Acesso em 08 de maio de Deploying military force across borders for the purpose of protecting foreign nationals from man made violence. Traduções minhas. FINNEMORE, Martha. The purpose of intervention: changing beliefs about the use of force. New York: Cornell University Press, p The treat or use of force across state borders by a state or group of states aimed at preventing or ending widespread and grave violations of the fundamental human rights of individuals other than its own citizens, without the permission of the state within whose territory force is applied, Traduções minhas. Holzgrefe, J. L. The Humanitarian Intervention Debate, in HOLZGREFE. J. L. KEOHANE, Robert. et an. Humanitarian Intervention: Ethical, Legal, and Political Dilemmas. Cambridge: Cambridge University Press, p The threat or use of force by a state, group of states, or international organization primarily for the purpose of protecting the nationals of the target state from widespread deprivations of internationally recognized human rights. Traduções minhas. MURPHY, Sean D. Humanitarian Intervention: The United Nations in an Evolving World Order. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, p. 11, action wholly or primarily guided by the sentiment of humanity, compassion or fellow-felling. Traduções minhas. Pareth, B. Rethinking Humanitarian Intervention. In PARETH, B. The Dilemmas of Humanitarian Intervention. Edição especial da International Political Science Review. Vol. 18, N. 1, p

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