UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM CAROLINE LOURENÇO MONTEIRO

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM CAROLINE LOURENÇO MONTEIRO EFEITOS DE PATEMIZAÇÃO EM NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS: ENTRE O JORNALISMO DE REFERÊNCIA E O JORNALISMO POPULAR Niterói 2015

2 CAROLINE LOURENÇO MONTEIRO EFEITOS DE PATEMIZAÇÃO EM NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS: ENTRE O JORNALISMO DE REFERÊNCIA E O JORNALISMO POPULAR Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Linguística. Linha de pesquisa: Teorias do texto, do discurso e da interação. Orientadora: Profª Drª Patricia Ferreira Neves Ribeiro Niterói 2015

3 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá M775 Monteiro, Caroline Lourenço. Efeitos de patemização em notícias jornalísticas: entre o jornalismo de referência e o jornalismo popular / Caroline Lourenço Monteiro f. Orientadora: Patricia Ferreira Neves Ribeiro. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem) Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, Bibliografia: f Notícia jornalística. 2. Semiótica. 3. Linguística. 4. Análise do discurso. I. Ribeiro, Patrícia Ferreira Neves. II. Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras. III. Título. CDD

4 CAROLINE LOURENÇO MONTEIRO EFEITOS DE PATEMIZAÇÃO EM NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS: ENTRE O JORNALISMO DE REFERÊNCIA E O JORNALISMO POPULAR Dissertação apresentada ao curso de Pós- Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Linguística. Aprovada em 30 de março de BANCA EXAMINADORA: Profª Drª Patricia Ferreira Neves Ribeiro orientadora Universidade Federal Fluminense UFF Prof. Dr. Wagner Alexandre dos Santos Costa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ Profª Drª Beatriz dos Santos Feres Universidade Federal Fluminense UFF Profª Drª Patrícia Vargas Alencar suplente Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO Prof. Dr. Ronaldo Amorim Lima - suplente Universidade Federal Fluminense UFF Niterói 2015

5 A meus pais, Jackson e Maria Lucia, meus maiores incentivadores. A Gustavo, meu marido, amigo e companheiro de todas as horas.

6 AGRADECIMENTOS A Deus, minha fortaleza nos momentos difíceis. Ao meu irmão, Gabriel, pelo apoio, escuta e palavras confortantes. À minha família, pelo incentivo e pela torcida. À querida professora Patrícia Ribeiro, minha orientadora, exemplo de profissional. Obrigada pela amizade, pela compreensão e, sobretudo, pela paciente e cuidadosa orientação Aos professores Beatriz Feres e Wagner Costa, pelas generosas e valiosas contribuições em minha qualificação. À Escola Sesc de Ensino Médio, por incentivar meu curso de mestrado e por (re)despertar em mim, todos os dias, o incansável desejo de ser educadora. Aos meus alunos, os grandes responsáveis pelo meu desejo de ser melhor a cada dia. A todos os amigos que torceram por mim e entenderam a minha ausência.

7 SINOPSE Investigação dos efeitos patêmicos flagrados em notícias jornalísticas publicadas em O Globo e Meia Hora, publicadas nos anos de 2013 e 2014, com base na Teoria Semiolinguística do Discurso e em estudos sobre patemização.

8 A palavra é o fenômeno ideológico por excelência. A realidade toda da palavra é absorvida por sua função de signo. A palavra não comporta nada que não esteja ligado a essa função, nada que não tenha sido gerado por ela. A palavra é o modo mais puro e sensível da relação social. Mikhail Bakhtin

9 RESUMO Este trabalho tem por objetivo flagrar os possíveis efeitos patêmicos inscritos em notícias da mídia impressa. Esta pesquisa visa, mais especificamente, refletir sobre o modo como esses efeitos de patemização contribuem para a construção de sentido no gênero focalizado. Para tanto, neste estudo, utilizamos um corpus composto por notícias publicadas no mesmo dia, sobre o mesmo assunto, em dois jornais que circulam no estado do Rio de Janeiro: O Globo, representante do jornalismo de referência, e o Meia Hora, representante do jornalismo popular. Baseados nos pressupostos teóricos e metodológicos da Semiolinguística, de Patrick Charaudeau, especialmente no que concerne ao ato de linguagem como encenação, ao contrato de comunicação midiático e aos efeitos de patemização, procuramos identificar quais são as estratégias linguístico-discursivas utilizadas por cada veículo de comunicação a fim de seduzir o público-alvo. Além disso, mostramos como essas estratégias estão diretamente relacionadas ao modo como cada periódico projeta um interlocutor ideal e de que maneira elas transformam a notícia jornalística num objeto indutor de emoção. Focalizamos nossa análise não nas emoções efetivamente sentidas pelos sujeitos, mas sim nas emoções das quais a linguagem pode ser portadora. Palavras-chave: notícia jornalística; semiolinguística; patemização.

10 ABSTRACT This study aims to catch what the possible effects of patemization enrolled in the print news. This paper aims to, more specifically, reflect on how these patemization effects contribute to the construction of meaning in gender focused. Hence, in this study, we used a corpus of news published on the same day, about the same subject, in two newspapers circulating in the State of Rio de Janeiro: O Globo, representative of the reference journalism and the Meia Hora, representative popular journalism. Based on theoretical assumptions of Semiolinguistics, of Patrick Charaudeau, especially regarding the speech act as staging, the media communication agreement and the effects of patemization, try to identify what are the linguistic and discursive strategies used by each communication vehicle to seduce the audience. In addition, we show how these strategies are directly related to how each periodic design an ideal partner and how they transform the journalistic news in emotion-inducing object. We focus our analysis not on emotions effectively felt by the subject, but the emotions of which the language can be a carrier. Keywords: journalistic news; semiolinguistics; patemization.

11 SUMÁRIO 1. Introdução A Abordagem Semiolinguística do Discurso 2.1 O Ato de Linguagem como Encenação Modos de Organização do Discurso e aspectos de organização formal do texto A comunicação midiática 3.1 O contrato de comunicação jornalístico O gênero notícia jornalística Jornalismo de referência e jornalismo popular As emoções no discurso 4.1 Uma abordagem discursiva da emoção A patemização na notícia jornalística Análise do corpus 5.1 Metodologia de análise Breve histórico do corpus Caracterização do corpus e perfil dos leitores Parâmetros de análise A emoção pela tematização Notícia Notícia A emoção pela problematização Notícia Notícia A emoção pela modalização enunciativa Notícia Notícia A emoção pela descrição Notícia Notícia A emoção pela narração Notícia Notícia

12 6. Conclusão Referências

13 1. INTRODUÇÃO A linguagem pode ser considerada um poder do homem. Pela linguagem, o homem pensa e age, já que não existe ação sem pensamento, nem pensamento sem linguagem. A linguagem também permite ao homem viver em sociedade, pois é por meio dela que ele pode entrar em contato com o outro, estabelecendo vínculos, construindo comunidades. Assim, a linguagem é fundamental para que os sujeitos possam ser atores na encenação da vida social (CHARAUDEAU, 2012b). Uma característica fundamental observada nos estudos discursivos realizados em torno da linguagem desde Benveniste (1988) é o fato de que a enunciação 1 é direcionada a um outro; afinal, não há comunicação se não houver um Eu que deseje comunicar e um Tu que se coloque no lugar de ouvinte, numa relação interativa. Dessa forma, mesmo que o interlocutor não esteja presente fisicamente no momento da enunciação do ato de linguagem, ele já foi previamente imaginado por quem deseja comunicar-se com o outro. Isso explica o fato de que a mesma pessoa pode abordar o mesmo acontecimento de diversas maneiras: ninguém contaria sobre uma viagem do mesmo modo para o chefe e para um amigo, por exemplo. Certamente as diferenças existiriam e poderiam ser percebidas por meio do registro linguístico empregado, do enfoque dado ao tema, do detalhamento dos fatos, entre outros aspectos. A particularidade de um Eu projetar um Tu para que exista a comunicação, tão essencial para o entendimento de qualquer estudo centrado na língua em uso, remete à etimologia do vocábulo empatia, conceito chave para esta pesquisa centrada nos efeitos de patemização em textos jornalísticos. Derivado do grego empátheia, empatia refere-se à tendência para sentir o que se sentiria caso se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa 2, significa entrar no sentimento do outro 3. Assim deveria acontecer quando da produção de textos no dia a dia, pois os sujeitos deveriam imaginar 1 Com Benveniste e sua teoria da enunciação, dá-se primazia ao subjetivo, privilegiando-se a enunciação sobre o enunciado e possibilitando-se estudos fundados na oposição EU/TU. 2 CUNHA (2007, p.293) 3 LYSARDO-DIAS (2010, p. 100) 11

14 seus interlocutores e colocar-se no lugar deles para pensar que componentes do dispositivo comunicativo poderiam estabelecer uma comunicação mais eficiente. Empátheia nos remete ao conceito de pathos que, juntamente com o de ethos e o de logos, compõe, dentro da tradição retórica, a trilogia aristotélica relativa aos meios de prova no discurso. Esses, segundo Aristóteles (2005), seriam os três meios discursivos utilizados pelo enunciador na tentativa de convencer e seduzir o público-alvo. O logos o discurso em si convence por meio da razão; o ethos a imagem de si construída pelo enunciador e o pathos imagem do destinatário também elaborada pelo enunciador por sua vez, seduzem por meio da emoção. No escopo desta pesquisa, o interesse recai sobre a noção de pathos. Sob uma concepção discursiva, essa categoria é examinada como inscrita no ato de enunciação (CHARAUDEAU, 2006) e utilizada em referência às emoções presentes no discurso, motivadas por fins estratégicos 4. Tendo como objetivo alcançar esse visado efeito patêmico inscrito no ato enunciativo, o enunciador faz uso de determinadas estratégias linguístico-discursivas que, supostamente, favorecerão a tentativa de aproximar-se do seu interlocutor. No presente trabalho, interessamo-nos por estudar como as emoções estão presentes em um gênero textual que nos é apresentado como imparcial e objetivo 5 : a notícia jornalística. Para a realização do estudo, selecionamos como nosso objeto de trabalho notícias da mídia impressa, mais especificamente textos de dois periódicos que circulam no estado do Rio de Janeiro: O Globo, voltado às classes A e B; e o Meia Hora, voltado às classes C e D 6. Observaremos, nas notícias selecionadas, os supostos efeitos visados de patemização implicados em estratégias linguístico-discursivas encenadas por cada veículo de comunicação e o modo como esses efeitos de pathos contribuem para a construção do sentido noticiado. A opção por textos do domínio jornalístico é justificada pelo fato de que a notícia, com frequência, é caracterizada, principalmente nos manuais didáticos 4 Conforme definição utilizada por Charaudeau (2010, p.35) 5 Conforme Manual de Redação e Estilo de O Estado de São Paulo. 6 Os dados estão de acordo com pesquisa publicada nos sites e 12

15 e nos manuais de jornalismo, por sua imparcialidade. A notícia é perpassada, contudo, por marcas de subjetividade, já que todo ato enunciativo é produzido por um enunciador dotado de intencionalidade. Apesar de, tradicionalmente, existir, no domínio jornalístico, todo um esforço para que esses textos sejam objetivos ou para que as marcas de subjetividade sejam apagadas, esse sujeito deixará marcas nos textos produzidos, supostamente imbuídos, assim, de efeitos de patemização. Em suma, consideramos, neste trabalho, que o recurso aos efeitos patêmicos é, possivelmente, constitutivo do discurso jornalístico em geral, e das notícias, em particular. Imaginamos que esses recursos sejam capazes de tocar a emoção e os sentimentos do público-alvo e que possam neutralizar, mesmo que em parte, a atividade racional desse público, suscitando uma adesão ao discurso do enunciador de um modo quase irracional (CHARAUDEAU, 2007). Por isso, justifica-se a importância de flagrar de que forma a potencial emoção circula através da leitura dos jornais constituintes do corpus e de que modo cada periódico consegue afetar seu interlocutor. O fato de O Globo e o Meia Hora serem jornais de grande circulação no estado do Rio de Janeiro e estarem entre os três periódicos mais vendidos desse estado 7, alcançando, dessa forma, um grande público, explica a escolha do corpus desta pesquisa. O jornal O Globo foi lançado em 1925 e sempre esteve entre os jornais mais vendidos do país. Atualmente, ele é o líder de vendas no Rio de Janeiro e o terceiro mais vendido do Brasil, e é destinado a um público mais culto da sociedade que deseja se informar a respeito dos mais diversos assuntos. Já o Meia Hora é um jornal mais recente, que teve seu início em 2004, mas que também já ocupa a posição de terceiro mais vendido do estado e o décimo primeiro mais vendido do país. Seu público, menos privilegiado economicamente, é atraído sobretudo pelo baixo preço e pelas famosas manchetes que, popularmente, apresentam duplo sentido. Neste trabalho, objetivamos reafirmar como o discurso jornalístico é um discurso não isento, na medida em que se constrói com vistas, entre outros fins, a afetar o outro. Mais especificamente, visamos fazer uma descrição das 7 Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia

16 estratégias discursivas empregadas na construção da informação jornalística para a sensibilização do outro, a fim de flagrar os potenciais efeitos patêmicos emergentes. Para isso, utilizamos dez notícias de cada periódico, que representam uma parte das cinquenta coletadas durante os anos de 2013 e Todas as notícias selecionadas foram publicadas no mesmo dia pelos dois jornais e abordam o mesmo fato. Esse critério de seleção justifica-se pelo fato de acreditarmos que assim será possível observar com maior exatidão as diferenças entre os dois periódicos. Para a confecção da análise, este trabalho ancora-se nas hipóteses a seguir delineadas: Existem efeitos de pathos nas notícias publicadas tanto pelo jornal O Globo quanto pelo jornal Meia Hora; Nas notícias de cada um dos periódicos, há diferentes graus de patemização que estão diretamente ligados ao interlocutor ideal imaginado por cada jornal; Os diferentes graus de patemização flagrados, que emergem de diversos mecanismos linguístico-discursivos empregados em cada um dos jornais, interferem diretamente na construção do sentido das notícias que os periódicos veiculam; As patemias de O Globo e do Meia Hora são constituídas por tópicas 8 diferentes. Em termos teóricos e metodológicos, filiamos esta pesquisa ao referencial teórico da Análise do Discurso Francesa de orientação Semiolinguística, criada pelo linguista Patrick Charaudeau (1983), especialmente no que concerne aos pressupostos acerca da patemização (CHARAUDEAU, 2007 e 2010). Este trabalho divide-se em seis capítulos. O capítulo 2 apresenta os principais conceitos teóricos que alicerçam a Análise Semiolinguística do Discurso, desenvolvida por Patrick Charaudeau (2012b), destacando-se os conceitos básicos que serão utilizados neste estudo: o ato de linguagem como 8 Conforme termo utilizado por Charaudeau (2010) para designar um conjunto de figuras provenientes de imaginários sociodiscursivos. 14

17 encenação, os modos de organização do discurso e a organização formal do texto. O capítulo seguinte aborda alguns aspectos fundamentais no que se refere à comunicação midiática, também de acordo com os pressupostos teóricos de Charaudeau: o contrato de comunicação midiático (2012a) e o gênero notícia jornalística (2012a, 2004). Além disso, serão abordadas as diferenças existentes entre o jornalismo de referência e o jornalismo popular, conforme Amaral (2006). O capítulo 4 abarca outro tema essencial para esta pesquisa, o estudo das emoções no discurso, particularmente, no domínio jornalístico. Para essa abordagem discorreremos sobre as teorias de Charaudeau (2007, 2010) acerca da patemização. O quinto capítulo abrange o recorte metodológico e a análise do corpus. Assim, compreende a apresentação de um breve histórico do corpus e da sua constituição, como também dos parâmetros de análise utilizados na pesquisa, pautados em Charaudeau (2007, 2010) e Emediato (2007) e alargados com base em Ducrot (1988) Fiorin (2011), Kerbrat-Orecchioni (1997) e Koch e Elias (2011). Além disso, o capítulo apresenta a análise dos textos jornalísticos, sob o viés da análise do discurso dentro do quadro metodológico da Teoria Semiolinguística, com vistas à verificação das hipóteses apresentadas. Finalmente, na conclusão, apontamos nossas considerações finais a respeito da pesquisa, assim como a verificação das hipóteses selecionadas para esta pesquisa e as contribuições deste trabalho para o estudo das emoções no domínio jornalístico ancorado da Análise Semiolinguística do Discurso. 15

18 2. ABORDAGEM SEMIOLINGUÍSTICA DO DISCURSO 2.1 O ato de linguagem como encenação Para a abordagem dos pressupostos que norteiam a teoria de Análise do Discurso, inaugurada em 1983 por Patrick Charaudeau, é interessante que iniciemos examinando o próprio nome empregado para designar essa corrente de estudos: SEMIOLINGUÍSTICA. Charaudeau (2005, p.13) explica que busca estabelecer uma síntese entre Semiótica, Linguística e Pragmática: Semio-, de semiosis, evocando o fato de que a construção do sentido e sua configuração se fazem através de uma relação forma-sentido (em diferentes sistemas semiológicos), sob a responsabilidade de um sujeito intencional, com um projeto de influência social, num determinado quadro de ação; linguística para destacar que a matéria principal da forma em questão - a das línguas naturais por sua dupla articulação, pela particularidade combinatória de suas unidades (sintagmático paradigmática em vários níveis: palavra, frase, texto), impõem um procedimento de semiotização do mundo diferente das outras linguagens. No âmbito dessa teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, as línguas naturais, em vista de sua dupla articulação, impõem, assim, um processo de semiotização do mundo, integrado pelos processos de transformação e transação, descrito conforme o esquema abaixo: Extraído de Charaudeau (2005, p.14) O processo de transformação transforma o mundo a significar em mundo significado por um sujeito falante e compreende quatro tipos de operação: 16

19 identificação, qualificação, ação e causação. Já o processo de transação faz do mundo significado um objeto de troca linguageira entre os participantes da interação e se realiza de acordo com quatro princípios: de alteridade, de influência, de regulação e de pertinência. Pelo fato de determinar as escolhas linguísticas, o processo de transação comanda o de transformação. Tomando o caso da construção de uma notícia jornalística, cuja finalidade básica é a de informar, notamos que ela passaria, assim como qualquer outro gênero, pelo processo de transformação, em decorrência do processo de seleção lexical, por exemplo. Também, ao fazer circular entre os parceiros um objeto de saber que, em princípio, um possui e o outro não (CHARAUDEAU, 2012a, p.41), o ato de informar passaria pelo processo de transação, determinante das referidas escolhas. É preciso deixar claro, sobretudo, que, no âmbito da Semiolinguística, a construção do sentido perceptível através de formas se dará levando em conta sujeitos inseridos em situação de troca social, movidos, portanto, por determinadas intenções comunicativas. Tendo como exemplo o enunciado Ele ainda não sabe dar o troco, percebemos que, se fosse proferido por uma mulher que fala sobre o que o filho aprendeu em uma aula de matemática, significaria que a criança ainda não domina todas as operações. Mas se fosse essa mesma mãe comentando sobre o fato de o filho ter apanhado na escola e não ter batido também, significaria que a criança ainda não aprendeu a revidar determinadas ações. Dessa forma, parece claro que o sentido nunca é oferecido antecipadamente. Sua construção decorre da ação linguageira do homem em situações de troca social, ou seja, depende de um dispositivo comunicativo que é comandado pelo explícito e implícito da linguagem, isto é, pelo situacional e pelo discursivo, dentro do qual se encontram os sujeitos em interação (CHARAUDEAU,1999). Desse modo, os sentidos também não dependem exclusivamente de um sujeito, mas sim de todos os sujeitos que interagem em um ato de linguagem, já que esses sentidos são construídos tanto na produção quanto na recepção de qualquer enunciação. Isso faz com que todo ato de linguagem seja uma aposta, 17

20 na qual o locutor deseja que o interlocutor encontre nos enunciados muitos mais do que apenas o sentido referencial de palavras postas lado a lado, pois, segundo Charaudeau (1999, p.30), os enunciados não significam em si mesmos, só quando são colocados num determinado espaço de condicionamento. Então, tanto quem enuncia, quanto quem interpreta qualquer ato comunicativo precisa ter uma habilidade que vai muito além do conhecimento dos significados de palavras, das regras de combinação para formar orações. Todo falante precisa de uma competência enunciativa que requer outros saberes os quais fazem parte do processo de enunciação. Em novembro de 2008, o jornal Meia Hora publicou uma notícia cuja manchete foi alvo de muitos comentários: Fábio Assunção dá um tempo na carreira. Ator abandona Negócio da China para cuidar da saúde. Um interlocutor poderia entender a mensagem apenas com o sentido de que o ator estaria doente e deixou a carreira na novela para se tratar. Contudo, o sentido ampliado, o de que o ator abandonou a novela por problemas de saúde ligados a envolvimento com drogas, e que o vocábulo carreira faz alusão a uma carreira de cocaína, só seria entendido se o interlocutor fosse além do sentido linguístico proposto e chegasse ao sentido de discurso. Ao construir o texto brincando com os sentidos que podem ser atribuídos à palavra carreira, esse exemplo ilustra bem a noção de que linguagem é um objeto não transparente e que o ato linguageiro é resultado de uma interação de intencionalidades advinda da relação entre os parceiros do jogo comunicativo. Dessa forma, para Charaudeau (1996), o ato de linguagem não esgota sua significação em sua forma explícita, pois se trata de um objeto duplo, constituído de um Explícito e de um Implícito. 18

21 Extraído de Extrai-se daqui uma diferença importante para a Semiolinguística, entre o sentido de língua e o sentido de discurso. Como pudemos observar, o sentido de língua se constrói por meio de signos, nos quais associamos significantes e significados. Já o sentido de discurso não pode ser construído como se cada signo tivesse um valor absoluto; é preciso articulá-lo com outros signos e com o espaço de condicionamento do ato de linguagem. Outra característica importante é que o sentido discursivo é resultante de duas forças: a centrífuga, que abarca as condições extralinguísticas da enunciação; e a centrípeta, que remete às suas condições intralinguísticas (CHARAUDEAU, 1999). Baseada nessa proposição de Charaudeau, Feres (2011, p.33) representa o processo de construção do sentido através do esquema abaixo 19

22 Processo de construção de sentido (Charaudeau) Adaptado de Feres (2011, p.33) Portanto, o sentido de discurso se relaciona com toda a encenação 9 do ato de linguagem, já que está aliado às condições extralinguísticas e ao nível implícito da linguagem. Essa encenação compreende duas realidades: a do fazer 9 Encenação, no original mise en scène, é um termo proposto por Patrick Charaudeau para designar qualquer ato de linguagem, considerando que ele é uma representação comandada pelos sujeitos que o compõem (MACHADO, 2001, p.50). 20

23 psicossocial, uma instância situacional; e a da organização do dizer, uma instância discursiva. Além disso, Charaudeau (2001) ressalta que o discurso ultrapassa os códigos de manifestação linguageira na medida em que é o lugar da significação e que, por isso, não deve ser limitado à manifestação verbal. Também aponta para que não se misture a noção de texto com a de discurso, pois o texto representa a materialização da encenação do ato de linguagem e pode ser atravessado por vários discursos ligados a gêneros ou a situações diferentes. Assim, um simples enunciado como Está frio, no sentido de língua, significaria apenas uma constatação; já, no sentido de discurso, poderia significar, além de uma constatação, uma reclamação a respeito do tempo, um pedido para que o ar-condicionado seja desligado, uma ordem para que o prato de comida seja esquentado, dentre muitos outros sentidos que esse enunciado pode assumir no quadro da enunciação. Visto isso, é importante sumarizar as ideias apresentadas através de alguns pressupostos que figuram no quadro da teoria de Charaudeau (2001, p.28): 1) Todo ato de linguagem é uma encenação que combina o fazer (instância situacional) e o dizer (instância discursiva). Essa dupla realidade faz com que o ato de linguagem se desdobre em dois circuitos indissociáveis: um externo (fazer) e um interno (dizer). 2) O ato de linguagem é dotado de intencionalidades, podendo ser comparado a um jogo no qual todos querem ganhar. Sendo assim, não se pode deixar de considerar que existem estratégias discursivas que serão determinantes para o quadro situacional e determinadas por um contrato de comunicação, conceito fundamental da teoria de Charaudeau que será tratado mais adiante. 3) Todo ato de linguagem é produzido por seres psicossociais, vinculados a práticas e imaginários sociais da comunidade a que pertencem. Desse modo, notamos que o ato de linguagem não é resultado de um processo simétrico entre locutor e interlocutor, mas sim resultado de uma 21

24 encenação entre os quatro sujeitos que compõem esse ato, articulando o implícito e o explicito. Charaudeau representa essas hipóteses que definem a teoria semiolinguística através do esquema seguinte: Fazer -Situacional EUc Circuito interno Dizer EUe < > TUd TUi Circuito externo Fazer Relação contratual Extraído de Charaudeau (2001, p.29) No esquema acima, observamos a existência de quatro sujeitos comunicacionais do ato de linguagem: dois situacionais (externos) e dois discursivos (internos). Os sujeitos chamados de EUe EU enunciador e TUd TU destinatário são os seres de fala, protagonistas da encenação do dizer e assumem a instância da produção; e os parceiros, chamados de EUc EU comunicante e TUi TU interpretante são concebidos como seres do mundo real, ligados em uma relação contratual. O EUc é quem inicia o processo de produção, comandando, no quadro do fazer, a encenação. Já o EUe define-se como ser de fala da encenação do dizer; é a imagem construída pelo EUc, na qual estará presente toda a sua intencionalidade comunicativa. É um ser que só existe devido ao ato de linguagem. O TUd é também definido como ser de fala da encenação do dizer; tratase do sujeito imaginado pelo EUc como o ideal e interpretado assim pelo TUi. O 22

25 TUi existe independentemente dos outros sujeitos; é o responsável pela iniciativa do processo de interpretação. No espaço interno, temos o mundo discursivo, onde se encontram os seres da fala e onde se apresenta a mise en scène a encenação do ato de linguagem, no sentido teatral do termo enquanto, no espaço externo, temos o mundo situacional, onde se encontram os seres agentes e onde circulam saberes ligados ao psicossocial. Logo, todo ato de linguagem, segundo Charaudeau (2012b, p.45), é um ato interenunciativo entre quatro sujeitos, lugar de encontro imaginário de dois universos de discurso que não são idênticos, conforme ilustrado no esquema abaixo: Universo de discurso do EU Universo de discurso do TU Extraído de Charaudeau (2012b, p.45) Também cabe evidenciar que todo ato de linguagem é uma aposta, portanto, nem sempre terá, necessariamente, sua finalidade comunicativa alcançada. Charaudeau (2011, p.51) ressalta que: Ora, um mesmo ato de linguagem pode ser interpretado por diferentes TUi e, com isso, o EUc pode ser 23

26 conhecido de diferentes maneiras. Assim, uma mesma fala poderá ser interpretada como provocadora, demagógica, denunciadora e/ou irônica conforme o TUi. Essa aposta de uma comunicação bem sucedida estabelecida entre os quatro sujeitos se constrói sob o comando de um contrato comunicativo. Esse contrato depende, segundo Charaudeau (1996, p.35), de três componentes: o comunicacional, que analisa o quadro físico do ato linguageiro; o psicossocial ou situacional, que diz respeito às impressões que os parceiros têm uns em relação aos outros; e o intencional ou discursivo, que se refere ao conhecimento que os parceiros têm uns dos outros, levando em conta os imaginários culturais e os saberes compartilhados entre eles. É sobredeterminada pelo contrato de comunicação que a mise en scène linguageira se constrói. Todo ato de linguagem tem uma faceta teatral que nos ajuda a viver em sociedade, pois, em diversos momentos do dia a dia, os sujeitos obrigam-se a colocar máscaras para que possam conviver da melhor maneira nas mais diversas situações de troca linguageira segundo diferentes relações contratuais a que são expostos. Por exemplo, um advogado, ao defender a empresa para a qual presta serviços, assume uma máscara e uma posição na encenação do Dizer que talvez chegue a ir contra a ideologia de seu EUc, até inconscientemente. Charaudeau (2012b, p.52) representa o ato de linguagem e os sujeitos interagentes por meio do esquema descrito abaixo. 24

27 Extraído de Charaudeau (2012b, p.52) Na construção de uma notícia jornalística, que interessa particularmente a este trabalho, o Eu comunicante jornalista assume uma máscara para fazer parte do ato de linguagem, colocando-se como Eu enunciador, que assume a ideologia do jornal para o qual trabalha. Assim, o Eu enunciador projeta um leitor ideal, o Tu destinatário, para o qual deseja comunicar algo dentro do espaço interno onde ocorre a mise en scène. Entretanto, quem de fato lerá o texto escrito por esse Eu enunciador será o Tu interpretante, que pode ou não coincidir com o Tu destinatário projetado. Para que o contrato de comunicação exista é preciso que o sujeito falante reconheça que ele não pode ser um sujeito falante sem um TU, ou seja, para que haja comunicação é necessário que haja um outro. Além disso, esse contrato pressupõe que os indivíduos pertencentes a um mesmo corpo de práticas sociais estejam suscetíveis de chegar a um acordo sobre as representações linguageiras dessas práticas sociais (CHARAUDEAU, 2012b, p.56). Charaudeau (1996, p.25) denomina essa exigência de direito à palavra. O direito à palavra é fundamentado por três condições: a do saber; a do poder; e a do saber fazer: 25

28 1) O reconhecimento do Saber, que é construído através de consensos, verdades válidas sobre o mundo para que os envolvidos no ato de linguagem possam tomar uma posição; 2) O reconhecimento do Poder, que é construído através dos papéis assumidos por cada sujeito, do grau de adequação entre o estatuto socioprofissional (espaço externo) e o papel linguageiro (espaço interno); 3) O reconhecimento do Saber fazer, que é alcançado quando um TU julga um EU como suficientemente competente para determinado projeto de fala. É através do Saber e do Poder, já pré-determinados, que o sujeito ganha legitimidade, e através da demonstração de um Saber fazer, na troca linguageira, que ele adquire credibilidade. Estando legitimado e credível, o sujeito terá seu direito à palavra reconhecido no seu projeto de fala. Ainda de acordo com Charaudeau, (...) o projeto de fala é o resultado de um ato conjunto, que se faz num movimento de vai-e-vem constante entre o espaço externo e interno da cena comunicativa. É na aptidão em saber ligar esses dois espaços e seus componentes que pode ser julgado o Saber fazer do sujeito e que pode ser reconhecida sua competência enquanto sujeito tendo um projeto de fala. É o que lhe dará credibilidade, sem a qual, não obstante toda legitimidade que possua pelo Saber ou pelo Poder, ele não terá entendido, e não lhe será reconhecido, de fato, o direito à palavra. (1996, p.29-30) No que concerne ao contrato de comunicação midiático objeto de estudo desta pesquisa vale salientar a particularidade apontada por Charaudeau (2012b, p.72) quanto ao duplo papel assumido pela instância de produção: de fornecedor da informação, pois deve fazer saber, e de propulsor do desejo de consumir as informações, pois deve captar seu público. É bom ressaltar o fato de que essa instância de produção não é representada por apenas um jornalista. Ele é, obviamente, a figura mais importante, mas não se pode deixar de levar em conta os outros atores da enunciação, como os jornalistas, operadores e técnicos. Nesse ato de linguagem no qual a mídia impressa se insere, os receptores não estão presentes fisicamente na relação de troca (CHARAUDEAU, 2012b, p. 26

29 79), por isso a instância de produção é obrigada a fazer uma previsão, considerando o público como destinatário-alvo (ideal) ou como interpretante (real). Os objetivos do contrato midiático são ter credibilidade e atingir o maior público possível, mas conciliá-los não é tarefa fácil, na medida em que, se o jornal priorizar somente a informação, será credível, mas se distanciará do grande público e, se priorizar a captação das massas, pode exagerar na espetacularização e se distanciar da credibilidade. Portanto, o grande desafio das mídias é transitar entre a informação e a captação priorizando a informação. No capítulo 3, trataremos com mais especificidade do contrato de comunicação midiático Modos de organização do discurso e aspectos de organização formal do texto A interação entre o quatro sujeitos que compõem o ato de linguagem é sobredeterminada pelo contrato de comunicação que propõe aos sujeitos condições que, de acordo com Charaudeau (2004), definem a expectativa (enjeu) da troca comunicativa, que, sem o seu reconhecimento, não haveria possibilidade de intercompreensão. Esta noção de contrato permite agrupar textos que estejam dentro das mesmas condições situacionais e das mesmas restrições formais e discursivas, tais como as características linguísticodiscursivas empregadas e os Modos de Organização do Discurso adotados. Nesta seção, focalizaremos primeiramente os Modos de Organização do Discurso: procedimentos discursivos que constroem o texto e que dependem da finalidade comunicativa de cada ato de comunicação. Segundo Charaudeau (2012b), são quatro os modos de organização do discurso: descritivo, narrativo, argumentativo e enunciativo. O Modo Descritivo tem a função de nomear, localizar e qualificar seres do mundo real. Assim, o sujeito falante dá existência a esses seres, observandoos com um olhar parado. O Modo Narrativo pressupõe a existência de um narrador com uma determinada intencionalidade e de um destinatário, a quem o narrador descreve uma sequência de ações postas numa relação de 27

30 causalidade. O Modo Argumentativo, diferentemente dos outros dois, inscrevese numa finalidade racionalizante, marcada por uma lógica e um princípio da não-contradição, visando à persuasão e à mudança de comportamento do interlocutor. O Modo Enunciativo tem um papel particular, segundo o autor, que é o de dar conta da posição do locutor com relação ao interlocutor, a si mesmo e aos outros o que resulta na construção de um aparelho enunciativo. Dessa forma, o Modo Enunciativo interfere na encenação dos outros três Modos, comandando-os. O quadro a seguir expõe as relações entre os modos de organização, sua função de base e princípio de organização: MODO DE ORGANIZAÇÃO FUNÇÃO DE BASE PRINCÍPIO DE ORGANIZAÇÃO ENUNCIATIVO Relação de influência (EU TU) Ponto de vista do sujeito (EU ELE) Retomada do que já foi dito (ELE) Posição em relação ao interlocutor Posição em relação ao mundo Posição em relação a outros discursos DESCRITIVO Identificar e qualificar seres de maneira objetiva/subjetiva Organização da construção descritiva (Nomear-Localizar- Qualificar) Encenação descritiva NARRATIVO Construir a sucessão das ações de uma história no tempo, com a Organização da lógica narrativa (actantes e processos) Encenação narrativa 28

31 finalidade de fazer um relato. ARGUMENTATIVO Expor e provar casualidades numa visada racionalizante para influenciar o interlocutor Organização da lógica argumentativa Encenação argumentativa Extraído de Charaudeau (2012b, p.75) Assim, mais especificamente, quanto às funções de base do modo enunciativo, podemos diferenciar três funções que correspondem a três comportamentos: alocutivo, elocutivo e delocutivo. O comportamento alocutivo se dá quando na relação entre locutor e interlocutor, o locutor age sobre o interlocutor, visando a uma relação de influência e atribuindo papéis a si e ao sujeito destinatário. Esses papéis se referem a como o sujeito falante se enuncia em relação ao sujeito destinatário: caso o locutor se coloque numa posição de superioridade em relação ao interlocutor, impondo sobre ele a execução de uma ação, estabelece-se entre eles uma relação de força; caso o locutor se coloque numa posição de inferioridade em relação ao interlocutor, fazendo-lhe uma solicitação, por exemplo, estabelece-se entre eles uma relação de petição. O comportamento elocutivo ocorre quando o sujeito falante revela seu ponto de vista a respeito do mundo, sem que a tomada de posição do sujeito destinatário seja contemplada. Dessa forma, há uma modalização da verdade do enunciado que revela o ponto de vista interno do locutor. E o comportamento delocutivo, segundo Charaudeau (2012b), ocorre quando o locutor se apaga do ato de enunciação e não implica o interlocutor, retomando a fala de um terceiro, o que resulta numa enunciação aparentemente objetiva. No gênero notícia jornalística objeto de nosso estudo o comportamento delocutivo é o que, aparentemente, predomina, já que é de interesse dos jornais que os interlocutores tenham a impressão de uma imparcialidade na exibição dos fatos, embora saibamos que essa ideia de 29

32 neutralidade do discurso jornalístico é quebrada pelas inúmeras marcas que o sujeito enunciador deixa em seu texto. Entretanto, há um cuidado em não deixar que essas marcas sejam muito óbvias, para que o veículo de comunicação não perca sua credibilidade. Charaudeau (2012a) ressalta também a maneira pela qual a instância midiática constrói o seu objeto temático a partir dos modos de organização do discurso, de acordo com as especificidades de cada situação de comunicação midiática. Segundo Charaudeau, cabe às mídias, na interface com os modos de organização do discurso, relatar o que acontece no espaço público, construindo um espaço de mediação, que chamamos de acontecimento relatado; comentar o porquê e o como do acontecimento relatado por análises e pontos de vista diversos mais ou menos especializados e justificar eventualmente seus próprios posicionamentos (...) É o que chamamos de acontecimento comentado; provocar o confronto de ideias, com o auxílio de diferentes dispositivos como as tribunas de opinião, entrevistas ou debates (...). É o que chamamos de acontecimento provocado. (2012a, p ) No que concerne aos textos do domínio jornalístico, outro ponto que vale ser destacado é o fato de que se os jornais são reconhecidos como veículos de informação, é porque, segundo Charaudeau (2004, p.28) eles respeitam o essencial das restrições discursivas de descrição e de comentário de acontecimento, através de uma encenação discursiva que utiliza procedimentos de ordem narrativa, descritiva e argumentativa adequados Se por um lado as restrições discursivas são responsáveis em agrupar textos que apresentam propriedades da situação que os sobredeterminam, por outro, as restrições formais são frutos da intervenção indivualizante do sujeito. Vale lembrar que, devido ao fato de todo texto ser singular e entendermos o texto como resultado de um ato de linguagem produzido por um dado sujeito em uma situação de troca, é claro que haverá muitas variáveis. É o nível das restrições formais que faz com que existam diferenças entre os jornais, pois é através da escolha de certos itens lexicais, por exemplo, que poderemos perceber determinados posicionamentos. 30

33 Segundo Charaudeau (2004), poderemos identificar as restrições formais nos diferentes aspectos da organização formal do texto como na mise en scène textual; na disposição do paratexto, ao observar como se organizam as partes do jornal; na composição textual interna, através da articulação entre as partes do periódico; na fraseologia, a partir da verificação de fórmulas e expressões fixas; e na construção gramatical, por meio da recorrência de determinadas construções, da modalidade, entre outros itens. Todos os conceitos abordados nessa seção são muito importantes para a abordagem dos supostos efeitos patêmicos presentes na comunicação midiática no âmbito da perspectiva teórica de Charaudeau (2007, 2010, 2012a). O capítulo seguinte é dedicado à apresentação dos principais aspectos a respeito da comunicação midiática: o contrato de comunicação que sobredetermina o gênero jornalístico e também os aspectos que diferenciam o jornalismo de referência e o jornalismo popular. 31

34 3. A COMUNICAÇÃO MIDIÁTICA 3.1 O contrato de comunicação midiático Segundo Charaudeau (2012a), qualquer situação de comunicação é regida por um contrato que determina quais são as restrições discursivas e formais já abordadas no capítulo anterior dessa troca entre os sujeitos, em relação ao espaço, ao tempo, às relações sociais e às palavras. Tais restrições são estabelecidas através das práticas sociais e instauradas pelos indivíduos de uma comunidade, que, assim, veem construídas as convenções e as normas dos atos linguageiros para que ocorra, de fato, a comunicação. Para que o ato de linguagem seja satisfatório, é preciso, então, que o locutor e o interlocutor sejam capazes de reconhecer as mesmas restrições da situação de comunicação, ou seja, que ambos reconheçam o contrato de comunicação que sobredetermina qualquer situação de troca linguageira. Neste trabalho, estamos focalizando o contrato de comunicação midiático. O contrato de comunicação é resultante de características da situação de troca comunicativa, os dados externos, e de características discursivas, os dados internos (CHARAUDEAU 2012a, p.68) Os dados externos são formados a partir de regularidades comportamentais dos indivíduos e, portanto, não são essencialmente linguageiros. Eles podem ser agrupados em quatro categorias que correspondem a um tipo de condição de enunciação: a condição de identidade, que abarca os traços identitários que interferem no ato de comunicação; a condição de finalidade, que diz respeito ao fato de que todo ato de linguagem é ordenado em função de um objetivo, chamado de visadas por Charaudeau (2004); a condição de propósito, que requer que o ato de linguagem se construa em torno de um domínio de saber; e a condição de dispositivo, que engloba as condições materiais nas quais o ato de comunicação se desenvolve. Os dados internos, restrições discursivas de todo ato de comunicação, desdobram-se em três espaços de comportamentos linguageiros: o espaço de locução, no qual o sujeito falante toma a palavra, ou seja, impõe-se como sujeito falante; o espaço de relação, em que o sujeito falante estabelece relações com 32

35 o interlocutor, construindo sua própria identidade e também a do interlocutor; e o espaço de tematização, onde é tratado o domínio da troca. Vale ressaltar que, apesar de todas as restrições impostas pelo contrato de comunicação, o sujeito falante ainda tem um espaço de estratégias em que pode realizar o seu projeto de fala pessoal, manifestando sua individualidade. Esse projeto de fala é influenciado, segundo Machado (2001), por dados e convicções extraídos da cultura do sujeito, um universo do discurso que lhe é próprio e que figura na maneira de falar e escrever desse sujeito individual, mesmo que isso ocorra, muitas vezes, de forma inconsciente. O processo de comunicação é representado por duas instâncias: uma de produção e outra de recepção. A comunicação midiática, em particular, na instância de produção, tem o jornalista como sua principal figura, mas também devemos levar em conta todos os demais componentes da produção, como fotógrafos e editores, que juntos representam a ideologia do organismo de informação. A essa instância cabe um duplo papel: o de fornecedor da informação e o de propulsor do desejo de consumir as informações. Dentro dessa instância, o jornalista deve desempenhar dois papéis: o de pesquisadorfornecedor das informações e o de descritor-comentador das informações (CHARAUDEAU, 2012a). A instância de recepção também tem algumas particularidades. A primeira delas é o fato de essa instância ser uma incógnita para a instância de produção, já que ela não está presente fisicamente na relação de troca, fazendo com que esse interlocutor seja imaginado pelo emissor como ideal. Também cabe ressaltar que a instância de recepção pode ser abordada como um alvo intelectivo, ao qual se atribui a capacidade de pensar, ou como um alvo afetivo, ao qual se atribui a capacidade de se emocionar. É nesse diálogo entre alvo intelectivo e afetivo que se constrói a opinião pública (CHARAUDEAU, 2012a). Esses dois tipos de alvos vão ao encontro do que Charaudeau aponta a respeito da finalidade do contrato de comunicação midiático, que se estabelece numa tensão entre duas visadas: uma visada de fazer saber, ou visada de informação, propriamente dita, que tende a produzir um objeto de saber segundo uma lógica cívica: informar o cidadão; uma visada de fazer sentir, ou visada de captação, que tende a produzir um objeto de consumo 33

36 segundo uma lógica comercial: captar as massas para sobreviver à concorrência. (2012a, p.86) No que diz respeito à visada de informação, cabe à instância midiática descrever os fatos de forma verossímil, sendo o mais fiel possível aos acontecimentos. Busca-se alcançar, assim, a credibilidade junto aos interlocutores, exercendo-se uma função em benefício da cidadania. Já para atender à visada de captação, influenciada pela situação de concorrência em relação a outras empresas, a instância midiática produz uma encenação da informação para satisfazer o princípio da emoção ao produzir efeitos de dramatização. Charaudeau (2012a, p.59) evidencia que o imperativo da captação a obriga a recorrer à sedução, o que nem sempre atende à exigência da credibilidade que lhe cabe na função de serviço ao cidadão. Cabe, então, às mídias saber transitar entre essas duas visadas, de modo que seja possível alcançar a credibilidade dos leitores e também captá-los, sabendo que quanto mais tendem para a credibilidade, menos tocam o público alvo e, quanto mais tendem para a captação, menos credíveis serão. No âmbito do dispositivo comunicativo, Charaudeau (2012a) sublinha que a imprensa, diferente do rádio, por exemplo, é caracterizada pelo fato de estabelecer-se com base numa relação distanciada entre quem escreve e quem lê. Logo, o tempo de produção não coincide com o tempo de leitura. Outra característica do contrato de comunicação midiático que deve ser evidenciada é o fato de que um acontecimento nunca será transmitido à instância de recepção em seu estado bruto, já que, ao passar pelos processos de transação e transformação, o acontecimento bruto e interpretado é transformado em um acontecimento construído, em notícia, conforme podemos observar no esquema a seguir. 34

37 Extraído de Charaudeau (2012b, p.114) Vale ressaltar também que o acontecimento será escolhido em função do que Charaudeau (2012a) chama de potencial de atualidade, de socialidade e de imprevisibilidade. O potencial de atualidade considera a distância que separa o momento exato do acontecimento e o momento da informação, motivando, dessa forma, a corrida pela informação de um acontecimento novo. O potencial de socialidade considera que tudo o que se refere à vida da comunidade não pode ser estranho ao público. São construídos, assim, os universos do discurso no espaço público, separados por rubricas como, por exemplo, economia, política e esportes. E o potencial de imprevisibilidade está intrinsecamente ligado à visada de captação, já que coloca em evidência um acontecimento que contraria as expectativas do público. É no quadro do contrato de informação midiática que se constrói a opinião pública, na relação entre instância de produção e instância de recepção. Charaudeau (2012a, p. 123) ressalta que definir opinião pública do ponto de vista das mídias não é fácil, mas ela é quase sempre abordada como uma entidade mais ou menos homogênea, quando resulta de um entrecruzamento entre conhecimentos e crenças de um lado, e opiniões e apreciações de outro. Assim, ao noticiar fatos sobre uma guerra, por exemplo, a imprensa levaria em conta hipóteses a respeito de argumentos, opiniões e imaginários que circulam na sociedade sobre esse tema. Outro fator importante que Charaudeau (2012a) salienta sobre a imprensa diz respeito à abordagem das estratégias utilizadas na encenação midiática. Os fatos selecionados para serem notícias também são escolhidos 35

38 estrategicamente, em função da sua relação com o tempo, o espaço e a hierarquia. Em relação ao tempo, o quadro temporal que define a notícia é o da atualidade, devido ao fato de que a aparição do acontecimento a ser noticiado deve estar o mais perto possível do tempo de consumo da notícia. Essa particularidade implica outra característica da notícia, que é a efemeridade, pois uma notícia logo se torna antiga quando se pode ser renovada pelo acréscimo de um elemento novo. No que diz respeito ao espaço, o afastamento em relação ao lugar do acontecimento faz com que as mídias recorram a outros meios para alcançar a informação, como a parceria com agências de notícias, com correspondentes e até mesmo com uma variedade de testemunhas. Essa seleção dos fatos faz com que a instância midiática elabore critérios externos ou internos que hierarquizam os acontecimentos. Os critérios externos voltam-se para o modo de aparição do acontecimento e podem ser de três tipos: o acontecimento que surge inesperadamente; o acontecimento que é programado, como manifestações esportivas e culturais; e o acontecimento que é suscitado por um setor institucional, como a revelação de um escândalo de corrupção para encobrir outro caso. Já os critérios internos são aqueles que podem ser percebidos através das escolhas feitas pela mídia com a intenção de emocionar o público ou despertar seu interesse. Muitas vezes, as mídias selecionam um fato ao analisar o quanto ele comporta de drama humano. Charaudeau (2012a, p ) apresenta algumas categorias de dramatização, como: o insólito, que desafia as normas da lógica; o enorme, que ultrapassa as da quantidade, obrigando o ser humano a se reconhecer como pequeno e frágil; o misterioso, que remete ao além como lugar de poder; o repetitivo, que transforma o aleatório em realidade; o acaso, que faz coincidir duas lógicas em princípio estranhas uma à outra, obrigando-nos a pensar nessa coincidência; o trágico, que descreve o conflito entre paixão e razão, entre pulsões de vida e pulsões de morte; o horror, enfim, que conjuga exacerbação do espetáculo da morte com frieza no processo de exterminação 36

39 Ao buscar e selecionar acontecimentos no eixo do tempo e do espaço, hierarquizando-os, a instância midiática vê-se diante do problema de estruturação do espaço social e, para solucioná-lo, ela reparte esse espaço em categorias ocupadas pela instância de recepção, que age como um ator participando da vida pública. Charaudeau (2012a) denomina essas categorias de domínios de atividade e os distingue em três tipos: o domínio de atividade política, no qual estão presentes aqueles que participam da cena do poder político, sejam eleitos ou outros representantes; o domínio da atividade cidadã, em que se encontram os que participam da cena da vida social; e o domínio da atividade civil cotidiana, o qual estão aqueles que participam da vida social como atores-testemunhas de seu próprio cotidiano. Outra questão que vem à tona quando se fala sobre mídias é a questão da manipulação. Charaudeau (2012a) aponta que as mídias manipulam a informação e os interlocutores de uma forma que nem sempre é proposital, pois às vezes ela mesmas são vítimas de outras manipulações de instâncias exteriores. Podemos citar como exemplo dessas instâncias a questão da atualidade, que as obriga a sempre buscar novos acontecimentos; o poder político, que também quer influenciar a opinião pública; e a lógica comercial, que faz com que as mídias estejam sempre buscando informações que atraiam o seu cliente, as quais Charaudeau (2012a) denomina por informações populistas. No âmbito dessa lógica comercial, o autor destaca que, ao relatar os acontecimentos, as mídias seguem um roteiro dramatizante, que, primeiro, deve apontar a desordem social, com suas vítimas e perseguidores, depois deve deter-se na reparação do mal, identificando os responsáveis e, por último, precisa anunciar a intervenção de um salvador. Esses roteiros podem ser encontrados nas mais diversas temáticas, seja em uma notícia que relata algum acontecimento numa guerra, seja em casos de doping de esportistas. Segundo Charaudeau (2012a), esse tipo de roteiro garante o sucesso do tratamento da informação. Além disso, podemos salientar que a própria mídia também é manipulada por fatores que estão acima da máquina midiática, como a atualidade, o poder político e a concorrência. E, segundo Charaudeau (2012a), as exigências de 37

40 visibilidade e de espetacularização da máquina midiática tendem a construir uma visão obsessiva e dramatizante do espaço público e acabam se tornando fatores que manipulam as mídias. Assim, a mídia acaba sendo uma vítima de seu próprio sistema. É preciso que os leitores também façam a sua mea culpa, na medida em que, muitas vezes, são eles que aceitam estar no lugar de quem deseja ler sobre as desgraças do mundo; sendo assim, são corresponsáveis pelo processo de espetacularização. A espetacularização é uma tentativa de a instância midiática promover uma aproximação do espectador através da notícia. Isso se dá através da utilização do humor, por exemplo, na medida em que a informação deixa de ser a finalidade principal e o foco recai sobre a forma com que o fato é transmitido. A espetacularização também exacerba as posições dos atores do espaço público, pois acaba concentrando-se, segundo Charaudeau (2012a, p.275), nos perseguidores e nos heróis, impedindo uma análise da realidade dos acontecimentos. É importante também destacar o papel fundamental desempenhado pelas mídias para o funcionamento da democracia, pois, ao relatar os fatos que acontecem no mundo mesmo que transformando o acontecimento bruto em interpretado instigam o debate de ideias, favorecendo o exercício de cidadania. 3.2 O gênero notícia jornalística Para a abordagem da questão dos gêneros textuais, adotaremos a proposta do modelo semiodiscursivo dos gêneros de Charaudeau (2004), que será determinada por diferentes níveis de organização do fato linguageiro, a saber: os princípios gerais sobre os quais ele se funda e os mecanismos que o colocam em funcionamento. No nível dos princípios gerais, o autor se refere ao princípio da influência que está na origem do que Charaudeau (2004) chama de visadas. Elas correspondem à intencionalidade psico-sócio-discursiva do sujeito em relação 38

41 ao ato de linguagem e devem ser observadas na instância de produção da troca linguageira, tendo em vista um destinatário ideal. No nível dos mecanismos temos um duplo funcionamento, pois compreende o que é relativo às situações de comunicação e também à discursivização 10. O nível da situação de comunicação é por onde, segundo o autor, deve-se começar a análise do discurso, já que é onde se estabelecem as restrições que determinam a expectativa (enjeu) da troca. Vale ressaltar que essas restrições se originam concomitantemente da identidade psico-sóciolinguageira dos parceiros da troca comunicativa; da finalidade, que abrange o objetivo do ato linguageiro; do propósito, que diz respeito à temática desse ato; e das circunstâncias materiais nas quais a troca se realiza. Já o nível da discursivização é o lugar onde se determinam as diversas maneiras de dizer e as restrições, sejam elas discursivas, relacionadas aos modos de organização do discurso, ou formais, relacionadas a um emprego obrigatório das maneiras de dizer que observamos em todo texto que pertença a uma mesma situação. Nesse nível, incluem-se as seleções sintáticas e lexicais que corroborarão para observar as marcas de identidade dos sujeitos enunciadores presentes no discurso, como a opção pelo uso de substantivos e adjetivos avaliativos, a utilização do registro formal/informal, a organização sintática da frase, entre outros recursos. É importante ressaltar que o emprego dessas estratégias influenciará diretamente na construção da mensagem que o enunciador deseja transmitir. Tomando como exemplo o gênero notícia jornalística, podemos dizer que ele se apoia em duas lógicas: a cívica, pois precisa informar algo ao leitor; e a comercial, dada a necessidade de venda, com toda a concorrência existente no mercado midiático. Por isso, há duas visadas predominantes no gênero em questão. A primeira é a de informação, já que há um eu legitimado em sua posição de saber (jornal) que quer fazer saber ; e há um tu na posição de dever saber sobre acontecimentos. A segunda é a da captação, pois existe um eu que, por persuasão ou sedução, quer fazer acreditar ao tu, em posição de dever acreditar. 10 Este termo não está associado aos estudos funcionalistas. O termo discursivização é usado por Pauliukonis (2013) quando passa-se do nível da língua para o do discurso. 39

42 Reconhecer a visada é de fundamental importância para a identificação do gênero, entretanto não é suficiente. Vale lembrar que a ela corresponde à finalidade, um dos quatro elementos (identidade, finalidade, propósito e circunstância) fundamentais para definir a situação de comunicação. Além disso, segundo Charaudeau (2004), os dados da finalidade são determinantes para a escolha dos modos enoncivos descritivo, narrativo e argumentativo que o sujeito deve utilizar. Charaudeau (2012a) aponta que três aspectos devem ser levados em consideração para determinar um gênero textual: o lugar de construção do sentido do texto, o grau de generalidade que define o gênero e o modo de organização discursivo do texto. No domínio jornalístico, esse lugar de construção do sentido seria o produto acabado, configurado como um texto portador de sentido, resultado de uma mise en scène. O grau de generalidade das características textuais também é importante, pois, quanto mais generalizantes forem, menos são discriminantes. E no que diz respeito à organização discursiva, o autor aponta que não se pode deixar de considerar que muitos textos são compósitos de mais de um procedimento de organização. Assim, Charaudeau (2012a) propõe uma definição para o gênero informação midiática: o resultado do cruzamento entre um tipo de instância enunciativa, um tipo de modo discursivo, um tipo de conteúdo temático e um tipo de dispositivo. A instância enunciativa está relacionada à origem do sujeito, que pode estar dentro ou fora da mídia, como um jornalista ou um especialista convidado. O tipo de modo discursivo corresponde ao mecanismo que transforma o acontecimento midiático em notícia e organiza-se nas categorias relatar o acontecimento, comentar o acontecimento e provocar o acontecimento. O tipo de conteúdo refere-se ao macrodomínio abordado pelas notícias, como notícias relacionadas ao país, economia ou esportes. E o tipo de dispositivo refere-se à materialidade, às especificações de cada texto que o diferenciam entre os suportes midiáticos (imprensa, rádio, televisão). Desse modo, os textos de informação midiática estariam agrupados em um contrato global que inclui, por exemplo, entrevistas, jornais televisivos e debates, enquanto as notícias jornalísticas seriam variantes desse gênero, em função das particularidades apresentada por esse dispositivo. 40

43 Então, no que concerne ao gênero midiático designado como notícia, Charaudeau (2012a, p.132) afirma que se trata de um conjunto de informações que se relaciona a um mesmo espaço temático, tendo um caráter de novidade, proveniente de uma determinada fonte e podendo ser diversamente tratado. Relacionar-se a um mesmo espaço temático significa que o acontecimento relatado é um fato que se inscreve num domínio do espaço público. O caráter de novidade que a notícia deve apresentar sugere que o texto deve transmitir informações sobre um fato inédito ou elementos inéditos sobre um fato que já foi noticiado. Além disso, toda notícia é proveniente de uma instância de produção que transforma o fato em notícia, descrevendo e analisando o acontecimento, tratando-o de forma discursiva. O autor (CHARAUDEAU, 2012a) aponta que três desafios estão presentes na construção de qualquer gênero informativo: o desafio de visibilidade, que considera que as notícias escolhidas devem ser percebidas o mais rápido possível; o desafio da inteligibilidade, que, por um lado, leva a uma hierarquização ao tratar das notícias como acontecimento relatado, comentado ou provocado, e, por outro lado, leva ao trabalho da encenação verbal, visual e auditiva de tal modo que o conteúdo pareça acessível; e o desafio da espetacularização, que, ao trabalhar diferentes encenações, faz com que elas despertem interesses e emoções. Charaudeau (2012a) ressalta que é importante que o jornalista esteja o mais próximo possível da realidade do acontecimento e que ele demonstre imparcialidade, ou seja, que o seu engajamento não influencie na construção do texto. Assim, o jornalista permanece numa posição desconfortável, pois sabemos não ser possível omitir totalmente o ponto de vista do autor do texto. A solução encontrada pelos profissionais é chamada de técnica da gangorra, que corresponde à estratégia de expor opiniões diferentes, e até mesmo contrárias, sem hierarquizá-las, de modo que as conclusões sejam novas questões, cujas respostas serão dadas pelo leitor, capaz de formar sua própria opinião. Outra dificuldade dos gêneros da mídia impressa é atender às exigências de visibilidade, legibilidade e inteligibilidade (CHARAUDEAU, 2012a). A exigência de visibilidade força a imprensa a pensar na composição do jornal de modo que facilite o manuseio do leitor, cuidando, assim, da paginação e da titulagem. A exigência da legibilidade obriga a imprensa a apresentar os fatos 41

44 com muita clareza, fazendo com que, muitas vezes, o jornal utilize notas e boxes, por exemplo. E a exigência da inteligibilidade está diretamente ligada ao comentário do acontecimento, ou seja, deve esclarecer o porquê e o como das notícias. Entretanto, embora não seja admitida, existe ainda a exigência da dramatização. Para que o jornal pareça o mais credível possível, ela, muitas vezes, não é aceita como uma exigência, mas é evidente que as mídias devem reconhecê-la devido à visada de captação. Assim, ela aparecerá, implicitamente, por exemplo, nas seleções dos títulos e nas escolhas linguísticas efetuadas em cada notícia, corroborando com a imagem que o jornal deseja construir de si e dando à informação midiática um caráter subjetivo. Lage (1987, p.22) também aborda alguns aspectos sobre essa subjetividade das notícias jornalísticas: O universo das notícias é o das aparências do mundo; o noticiário não permite o conhecimento essencial das coisas, objeto do estudo científico, da prática teórica, a não ser por eventuais aplicações a fatos concretos. Por detrás das notícias corre uma trama infinita de relações dialéticas e percursos subjetivos que elas, por definição, não abarcam. Lage (1987) apresenta as características estruturais do gênero notícia, como o fato de apresentar os eventos na mesma ordem em que teriam acontecido e relatar, primeiramente, os fatos mais importantes. Inclusive, os fatos mais importantes deverão estar sempre presentes no primeiro parágrafo da notícia, compondo o lead. Além disso, para ele, há uma preocupação com o uso de alguns recursos gramaticais que simulam a neutralidade do sujeito como a utilização de verbos no modo indicativo, conjugados na 3ª pessoa do singular. O autor também ressalta que a linguagem utilizada deve ser coloquial e adequada à abrangência do veículo de comunicação, ou seja, tudo deve ser pensado para que a notícia, além de ser verdadeira, também pareça verdadeira 11. Todas essas indicações de como a informação deve ser tratada pela instância de produção parecem aprisioná-la num modelo a ser seguido dentro 11 LAGE (1987, p.26) 42

45 do contrato de comunicação midiático. Charaudeau (2012a, p.237), contudo, aponta que essa sobredeterminação é parcial, pois ainda resta a essa instância um espaço de estratégias para ela seja a autora do texto e não somente uma escriba, que se restringiria a obedecer perfeitamente às adequações do gênero. 3.3 Jornalismo de referência e jornalismo popular O jornalismo de referência nesse trabalho, representado pelo jornal O Globo, e o jornalismo popular, representado pelo jornal Meia Hora, apresentam inegavelmente aspectos que os diferenciam (AMARAL, 2006). Segundo Amaral (2006), o jornalismo de referência enquadra meios de comunicação, consagrados ao longo da história, que têm prestígio e credibilidade junto aos formadores de opinião do país e que são dirigidos às classes A e B. Já o jornalismo popular se caracteriza pelo baixo preço, pela presença de publicidades de produtos destinados à população de baixa renda e pelo reduzido número de páginas. É fato que cabe ao jornalismo a defesa do compromisso com o interesse público, e, dessa forma, os jornais devem noticiar informações relevantes para a grande parcela da população. As críticas feitas normalmente aos jornais populares vão nessa direção, como se eles rompessem esse compromisso e passassem a noticiar interesses do público. Amaral (2006, p.52) aponta a diferença entre esses dois tipos de interesse: o interesse público, que se volta para o que ocorre no mundo público, universalizando a informação, e o interesse do público, que privilegia interesses pessoais, com base na individualização da informação. Ainda segundo Amaral (2006), o que diferencia um jornal de referência de um popular é apenas a intensidade da mercantilização da informação, já que qualquer jornal é produzido para o mercado, tratando-se, portanto, de uma mercadoria. Essa mercantilização é abordada também por Charaudeau (2012a) ao apontar que cabe à instância de produção jornalística devido à enorme concorrência que existe no mercado tanto a do jornalismo de referência quanto 43

46 a do jornalismo popular além de fornecer a informação, instigar no TU destinatário o desejo de consumir essa informação. Essa diferenciação entre os tipos de jornais ocorre não só por uma classificação baseada na economia, mas também no fato de os jornais construírem os seus discursos tendo um público alvo ideal, com características culturais bem definidas. No jornalismo de referência, há um leitor ideal interessado no mundo público e, por isso, tem-se o compromisso ético de apurar e publicar a verdade dos fatos de interesse público; tem-se o dever de fazer saber. E por meio das notícias, isso se dá através do relato de fontes oficiais e especializadas que têm legitimidade para falar à sociedade. Já no jornalismo popular, há um leitor distante das esferas de poder, que é marcado por uma exclusão social, econômica e cultural e que deseja ver seu cotidiano como assunto do jornal. Dessa forma, o jornal popular seduz o leitor na medida em que, através da linguagem e da escolha de determinados conteúdos, causa uma sensação de pertencimento social. Assim, segundo Amaral (2006), a credibilidade desse tipo de jornalismo é construída através de aspectos como a proximidade do leitor, fazendo com que o interesse do público esteja à frente do interesse público. Destarte, o jornal de referência projeta um leitor que deve ser um sujeito político e que deve conhecer o que acontece no mundo para que possa agir sobre ele; e o jornal popular, contudo, projeta um leitor que é excluído, que depende do assistencialismo e que deseja a divulgação das injustiças que sofre no dia a dia. Esse perfil diferente de leitores ideais faz com que determinadas notícias sejam mais interessantes para este ou aquele tipo de jornal, ou seja, as notícias devem ter determinadas qualidades que agradarão seu público-alvo, que recebem o nome de valores-notícia. Amaral (2006, p. 63) cita alguns desses valores-notícia: A) Na imprensa de referência, um acontecimento terá mais chance de ser notícia se: os indivíduos envolvidos forem importantes; tiver mais impacto sobre a nação; envolver muitas pessoas; 44

47 gerar importantes desdobramentos; for relacionado a políticas públicas; puder ser divulgado com exclusividade. B) Na imprensa popular, um fato terá mais probabilidade de ser noticiado se: possuir capacidade de entretenimento; for próximo geográfica ou culturalmente do leitor; puder ser simplificado; puder ser narrado dramaticamente; tiver identificação dos personagens com os leitores (personalização); for útil. Por conta desses valores-notícias, é difícil que os dois jornais analisados neste trabalho O Globo e Meia Hora abordem, frequentemente, o mesmo fato e, quando isso ocorre, supõe-se que cada um dos periódicos encene de maneira diferente os acontecimentos brutos, pensando, é claro, no seu leitor imaginado como ideal. Podemos ilustrar, como exemplo disso, um fato que foi noticiado pelos dois jornais, no dia 04 de dezembro de 2014: a atriz Isis Valverde foi assaltada. O jornal O Globo começa noticiando o fato através da manchete Isis Valverde é assaltada na Barra da Tijuca e do subtítulo Atriz foi abordada por um motoqueiro enquanto estava no trânsito na Avenida das Américas nesta quarta-feira. Podemos deduzir que o fato foi noticiado por envolver uma famosa atriz da Rede Globo e também pelo fato de o assalto ter ocorrido na principal via de um bairro de classe média alta, ou seja, muitas pessoas passam por esse lugar todos os dias e estarão expostas a crimes como esse, denunciando a sensação de insegurança vivida pelo povo carioca. Dessa forma podemos observar alguns valores-notícia: o fato ocorreu com uma atriz importante no meio artístico; a notícia tem grande impacto sobre a nação, já que ocorreu num bairro bastante populoso e habitado, em sua grande maioria, pela classe média; e está relacionado à política pública de segurança. 45

48 O jornal Meia Hora, através da manchete Motoqueiro fantasma põe arma na cara de Isis Valverde e do subtítulo Vagabundos de moto fazem a limpa na atriz, que nem conseguiu dirigir mais, explicita a capacidade de entretenimento da notícia pelo fato de ter como personagem uma figura pública surpreendida no seu dia a dia por um assalto. Na notícia do Meia Hora também podemos observar valores-notícias, cujas características correspondem às encontradas na imprensa popular: tratase também de uma notícia próxima do leitor, já que Isis Valverde é uma famosa atriz que ocupa papéis de destaque em novelas. Além disso, é um fato que foi narrado dramaticamente pelo jornal, o que pode ser percebido através da linguagem usada: a designação do assaltante como motoqueiro fantasma ; a explicitação de que a atriz foi ameaçada com uma arma; e também a ênfase dada ao fato de que a atriz ficou tão perturbada com a ação que não conseguiu dirigir mais. Além disso, ao utilizar o recurso da intertextualidade a partir do uso do título do filme O motoqueiro fantasma 12, inspirado no personagem das histórias em quadrinho, o Meia Hora aumenta a capacidade de entretenimento do acontecimento. Assim, através dessa breve análise, podemos observar que tanto O Globo quanto o Meia Hora tentam se aproximar do público leitor, mas com graus de intensidade diferentes, já que existem interesses mercadológicos os quais fazem com que os jornais se afastem da concepção da notícia como espelho dos fatos. No próximo capítulo, observaremos como a emoção é inscrita no discurso, e, mais especificamente, de que maneira os efeitos de patemização figuram nos textos jornalísticos do corpus selecionado. 12 Filme produzido nos Estados Unidos, em 2007, baseado no personagem das histórias em quadrinho da empresa Marvel Comics. 46

49 4. AS EMOÇÕES NO DISCURSO 4.1 Uma abordagem discursiva da emoção Segundo Charaudeau (2007), muitas são as abordagens que podem ser realizadas quando se faz um estudo da emoção. Poderíamos estudá-la sob o viés psicológico, tentando identificar a reação sensorial dos indivíduos, o tipo de temperamento que cada um apresenta ou as suas reações comportamentais. Dessa forma, o estudo das emoções ficaria centrado no indivíduo e teria como objetivo propor explicações para os mais variados comportamentos. Poderíamos também estudá-la sob o viés sociológico, admitindo que a emoção tem um caráter social, na medida em que ela permite ao indivíduo se reconhecer num determinado grupo e apoiar-se numa regra moral que estaria sujeita a sanções positivas ou negativas. Assim, o estudo da emoção estaria centrado no comportamento humano diante das normas sociais. Como a Análise do Discurso tem por objetivo o estudo da linguagem numa relação de troca comunicativa, o estudo da emoção neste trabalho não poderia abarcar o que os sujeitos sentem efetivamente no momento dessa troca, nem as normas gerais que determinam os comportamentos de cada indivíduo em seus grupos sociais. Trataremos, então, das emoções numa abordagem discursiva, baseandonos nos pressupostos de CHARAUDEAU (2010), focalizando nossos estudos, não nas emoções efetivamente sentidas pelos sujeitos, mas sim nas emoções das quais a linguagem pode ser portadora. Vale ressaltar que os signos linguísticos isolados não garantem a construção da emoção, ela só será construída a partir de um discurso, numa situação de troca linguageira entre os sujeitos que integram o ato de fala. CHARAUDEAU (2010, p.26-31) destaca três questões que julga serem fundamentais para uma abordagem discursiva da emoção: a) As emoções são de ordem intencional, pois se inscrevem num quadro de racionalidade que está ligado à intencionalidade dos sujeitos. A racionalidade está a serviço do sujeito para alcançar, ou não, um objetivo, manifestando algo que ele representa para si. 47

50 b) As emoções estão ligadas a saberes de crença, pelo fato de estarem associadas a conhecimentos e julgamentos subjetivos dos sujeitos. Elas são interpretações de determinadas circunstâncias e, por isso, estão ligadas a valores que desencadeiam estados emocionais que, associados a sanções morais, findarão em julgamentos vários. c) As emoções se inscrevem dentro de uma problemática das representações psicossociais, já que as emoções podem ser definidas como estados mentais intencionais que se apoiam em crenças, fazendo com que a questão da representação sociodiscursiva também esteja presente. Para ilustrar essas três questões, cabe trazer uma notícia que, em abril de 2014, chocou a opinião pública brasileira: um menino de 11 anos, Bernardo Boldrini, foi assassinado pela madrasta, em comum acordo com o pai da criança. A morte de uma criança é algo que já causaria uma comoção, pois trata-se de alguém que ainda viveria por muito tempo, mas teve sua vida interrompida por um assassino. O acontecimento comove mais ainda pelo fato de que um pai matar um filho é algo abominável a partir de um julgamento de valor que é partilhado pela coletividade. De acordo com o universo de crenças dos brasileiros, a criança seria a grande vítima e as reações da população estariam de acordo com as regras sociais da comunidade a qual pertence, decorrentes de suas representações sociais. A propósito dos saberes de crença, cabe diferenciá-los dos saberes de conhecimento, conforme propõe Charaudeau (2006, p.198). Os de conhecimento se referem aos saberes teóricos e científicos que buscam construir representações classificatórias do mundo, e os de crença estabelecemse como julgamentos de valor dos indivíduos a respeito do mundo, baseados em representações sociais. Destacamos, ainda, que pelo fato de a análise do discurso não ter meios para que a análise das emoções sentidas efetivamente pelos sujeitos seja feita, o estudo das emoções se concentrará nos efeitos visados, já que não há garantia de que esses efeitos sejam, de fato, produzidos. Por isso, Charaudeau adota o termo patemização no lugar de emoção, afastando-se de uma análise 48

51 psicológica ou sociológica das emoções e se concentrando na abordagem dos efeitos patêmicos possíveis do discurso. Nesse sentido, uma análise dos efeitos de patemização de qualquer enunciado estará intrinsecamente ligada à situação sociocultural na qual se inscreve a troca comunicativa. Por exemplo, uma notícia que relate a escravidão de negros nos dias de hoje poderá produzir efeitos patêmicos diferentes: na África, devido a todo o histórico de escravidão, poderá desencadear um efeito patêmico mais forte do que na Europa. Assim como uma notícia que fale sobre o Holocausto causará mais comoção na Alemanha do que no Brasil. Charaudeau (2010) aponta que os efeitos patêmicos podem ser alcançados tanto pelo discurso explícito e direto, a partir do uso de determinadas palavras, como também pelo discurso implícito e indireto, a partir do uso de palavras que pareçam neutras. A partir daí três problemas são destacados pelo autor: 1) Há palavras que descrevem emoções, como cólera, angústia, indignação etc., mas isso não é garantia de que o sujeito, ao utilizá-las, sentirá tais emoções, e nem de que seu uso irá produzir um efeito patêmico no interlocutor. Elas podem, até mesmo, ter um efeito contraprodutivo ao ter um efeito muito apelativo. 2) Existem palavras que não descrevem emoções, mas podem desencadeá-las, como assassinato, vítimas, manifestação etc. e, além disso, também haverá influência da orientação argumentativa, como nos mostra a teoria dos topoï, de Ducrot (1988), de acordo com o contexto em que tais palavras sejam empregadas, e de acordo com quem as emprega e de quem as recebe. 3) Há enunciados que não permitem palavras patemizantes, mas que podem produzir efeitos patêmicos de acordo com o conhecimento que se tem da situação de comunicação. Cabe aqui fazer algumas considerações a respeito da teoria de Ducrot (1988) sobre os topoï. Com relação à Teoria dos topoï é válido ressaltar que diz respeito a princípios gerais comuns aceitos pela coletividade que orientam a 49

52 argumentação. Nessa teoria, o valor argumentativo das palavras é o responsável pela direção argumentativa do discurso e o topos é o que garante a passagem do argumento à conclusão. Ducrot (1988) traz como exemplo a frase Faz calor, vamos passear para ilustrar as três propriedades que caracterizam o topos. A primeira é que o topos é universal, na medida em que é partilhado pela coletividade, ou seja, o fato de estar calor é justificativa para passear. A segunda é a generalidade, que diz respeito à sua aplicabilidade em situações discursivas semelhantes. Assim, voltando ao exemplo, todos os dias em que fizer calor serão propícios a passeios. E a terceira decorre do fato de o topos ser gradual, pois coloca em correspondência duas escalas, isto é, quanto mais calor fizer, mais agradável será passear. Retomando os três problemas apresentados por Charaudeau, vale registrar que eles reforçam que a construção discursiva do sentido como operacionalização de efeitos intencionais visados depende das inferências feitas pelos sujeitos que compõem a situação de troca linguageira, do conhecimento que eles possuem sobre essa situação (CHARAUDEAU, 2010, p.38). Por isso, não temos a garantia de que os efeitos visados serão, de fato, os efeitos sentidos. Charaudeau afirma, ainda, que qualquer estudo dos efeitos patêmicos deve se apoiar em três condições: 1) que o discurso produzido se inscreva em um dispositivo comunicativo (...) 2) que o campo temático sobre o qual se apoia o dispositivo comunicativo (o propósito relativo aos acontecimentos) preveja a existência de um universo de patemização e proponha certa organização das tópicas (imaginários sociodiscursivos) susceptíveis de produzir tal efeito. (...) 3) que no espaço da estratégia deixado disponível pelas restrições do dispositivo comunicativo, a instância de enunciação se valha da mise en scène discursiva com visada patemizante. (Charaudeau, 2010, p ) Assim para este estudo dos efeitos patêmicos nos apoiaremos no dispositivo jornalístico e observaremos como o campo temático de cada periódico propõe tópicas diferentes para o mesmo acontecimento, de acordo 50

53 com as estratégias acionadas pelos sujeitos comunicantes no quadro da encenação discursiva. O autor propõe que o estudo da emoção, dentro da perspectiva da Análise do Discurso, seja inscrito dentro do quadro teórico da problemática de influência, apoiando-se em quatro princípios: um princípio de alteridade, que pressupõe a ideia de que existe um reconhecimento mútuo entre os sujeitos que compõem o ato de linguagem; um princípio de influência, no qual o sujeito tenta fazer com que o outro entre em seu universo de discurso; um princípio de regulação, no qual existe a necessidade de uma troca entre os sujeitos, levando em conta as intenções de cada um, para que haja uma compreensão entre eles; e um princípio de pertinência, que supõe a existência de saberes supostamente partilhados. Esses princípios chamam a atenção para quão complexo pode ser o processo de contato entre os sujeitos. Para que haja esse contato é preciso que o sujeito falante seja alguém digno de ser ouvido pelo outro, seja porque é alguém credível, seja porque é carismático. Assim, existe entre eles um processo de identificação que faz com que esse sujeito falante construa uma imagem, o ethos, de alguém que atraia o seu auditório, e, dessa forma, consiga tocar o outro através de determinadas estratégias que visam à sedução do interlocutor. Essa sedução, segundo Charaudeau (2007, p.245), implica um processo de dramatização que consiste em provocar a adesão passional do outro atingindo suas pulsões emocionais, o pathos. Além disso, é preciso que o sujeito falante, recorrendo aos modos de organização do discurso, descreva e narre os eventos do mundo para justificá-los, o que corresponde, segundo o autor a um processo de racionalização. Mais adiante, observaremos como esses modos de organização do discurso descrição e narração são assumidos por EMEDIATO (2007) como parâmetros de análise das emoções no discurso. Destarte, Charaudeau (2007) propõe o seguinte esquema: 51

54 Extraído de Charaudeau (2007, p.146) No quadro acima, podemos observar, através das setas interligadas, os processos que ocorrem simultaneamente em qualquer tentativa de o sujeito alcançar a captação do outro. Neste espaço, o pathos corresponde a um desses processos mais especificamente o de dramatização. Vale salientar que não há uma dicotomia, como se pode pensar, entre logos e pathos, os dois estão imbricados nesse processo de influenciar o outro. Convém ressaltar também que os três elementos ethos, pathos e logos estão sempre envolvidos numa troca comunicativa: o ethos como a imagem de si construída pelo eu enunciador; o pathos como a imagem construída pelo eu enunciador do tu destinatário; e o logos como o discurso em si (FIORIN, 2008). Desse modo, o ethos do enunciador poderá ser percebido através das escolhas feitas por ele no discurso, ou seja, no logos. Através dessas escolhas entre várias possibilidades linguísticas e estilísticas, o ethos conseguirá atingir ou não o pathos do Tu destinatário. Eggs (2005) evidencia que o logos convence 52

55 por si mesmo, enquanto o ethos e o pathos dependem dos contextos e dos indivíduos que fazem parte da enunciação. Dessa forma, conseguir captar ou não o público-alvo dependerá do próprio espaço temático, de como se constrói o ethos do enunciador e de quem são seus interlocutores. Segundo Fiorin (2008), a eficácia do discurso ocorre quando o Tu destinatário incorpora o ethos do Eu enunciador. E, pensando nisso, os jornais, de fato, constroem textos que focalizam a melhor forma de atingir a sua instância de recepção, conforme visto no item Contrato de comunicação midiático. Portanto, percebemos que a dimensão patêmica está presente em qualquer discurso, já que em todo ato de linguagem há a presença, mesmo que fictícia, de um Tu destinatário, a quem o Eu enunciador deseja afetar e trazer para o seu universo de discurso. 4.2 A patemização na notícia jornalística Na seção anterior, pudemos observar que os efeitos patêmicos podem estar presentes em qualquer discurso, na medida em que todo discurso é produzido para um tu destinatário, considerado ideal, com vistas a tocá-lo. Dessa forma, parece factível que os efeitos de patemização também figurem no discurso da mídia impressa, ainda que os manuais didáticos insistam em classificar o texto jornalístico como objetivo e isento de opinião, afastado da projeção de um ethos que se identifique com o do destinatário. O discurso jornalístico está inserido num contrato de comunicação que, segundo Fernandes (2010, p.142), em referência a Charaudeau, é baseado em três estratégias: legitimidade, pois é dado a alguém o poder de informar algo; credibilidade, que vai sendo constituída ao longo das trocas linguageiras; e a captação, que, na medida em que deseja afetar o outro, é possível que efeitos de patemização estejam inscritos no discurso jornalístico. Charaudeau (1996, p.30) aponta três objetivos em torno dos quais o texto jornalístico é construído e que estão a serviço da estratégia de captação: o objetivo informativo, que corresponde ao fazer saber, oferecendo ao seu interlocutor uma nova informação; o objetivo persuasivo, que corresponde ao 53

56 fazer crer, fazendo com que o interlocutor tenha aderência ao seu projeto de fala; e o objetivo sedutor, o fazer sentir, tentando envolver o interlocutor, emocioná-lo e agradá-lo. Segundo Fernandes (2010, p.143), o jornalismo ainda consegue atender a estratégia de captação através de efeitos de dramatização, utilizando relatos de tragédias, e do lúdico, misturando características do texto jornalístico a outros tipos como poesia, ficção e cinema. Podemos afirmar que os efeitos de patemização tentam realizar uma aproximação entre os interlocutores. Fernandes (2010, p. 143, 144) ressalta a importância dos efeitos emocionais para a estratégia de captação: Esses efeitos emocionais de captação devem basear-se nos discursos e apelos que prevalecem em cada comunidade sociocultural e no conhecimento dos universos de crença que circulam nessas comunidades. Isso requer dos jornalistas uma fina sintonia com seu tempo, com o senso comum de cada comunidade e com os enfoques que cada comunidade daria a cada evento escolhido pelos jornalistas para tornar-se notícia. Na tentativa de aproximação dos interlocutores de cada periódico, alguns campos temáticos sobre os quais se apoia o dispositivo comunicativo estarão presentes tanto nos jornais de referência quanto nos jornais populares, porém poderemos perceber diferenças na abordagem feita por cada periódico, de acordo com a mise en scène planejada por cada um deles. O tema da morte de crianças é um assunto que costuma suscitar uma comoção da população, tornando-se algo mais abominável quando o assassino é alguém da família. Assim, no dia 19 de fevereiro de 2014, os dois jornais publicaram a notícia de um menino de 8 anos que foi espancado até a morte pelo pai. No jornal O Globo, a manchete Homem é preso após espancar o próprio filho até a morte em Bangu, ao mesmo tempo que tenta comover a comunidade leitora desse periódico através da notícia do crime hediondo, também tenta causar a sensação de conforto pela justiça que foi feita. Já a primeira oração da manchete Homem é preso noticia a prisão do homem que cometeu o crime. Outros itens lexicais também provocam efeitos emocionais no público, como a utilização do adjetivo próprio, que intensifica a relação de pertencimento entre pai e filho, e a locução até a morte. Nessa locução, a preposição até funciona 54

57 como um operador argumentativo que traz a ideia de inclusão, o que também aumenta a dramatização, pois há o pressuposto de que houve outros atos de violência, e, inclusive a morte, aumentando, assim, a dramatização. Já no jornal Meia Hora, a manchete Matou o filho na porrada porque ele não quis cortar o cabelo tenta afetar seu público leitor através de uma manchete com mais efeitos de dramatização. Isso pode ser percebido através do uso da linguagem informal, que mostra a forma pela qual a criança foi morta, e também pela relação de causalidade entre as orações Matou o filho na porrada e porque ele não quis cortar o cabelo, mostrando, assim, quão insignificante foi a causa do assassinato, gerando uma revolta na população. Vale ressaltar que esse jornal silencia o aspecto legal da prisão do acusado. Dessa forma, os dois jornais, ao abordarem o mesmo campo temático morte do filho pelo pai utilizam o objetivo sedutor fazer sentir para afetar o leitor, fazendo-o aderir emocionalmente a cada notícia, um pela sensação de justiça proporcionada, trazendo à tona a ideia de legalidade e suscitando a tópica da esperança, desejando que a lei se cumpra, e o outro pela comoção de mostrar o lado dos injustiçados, trazendo à tona a ideia de vitimização e provocando no leitor a tópica da piedade, da condolência. Entretanto, segundo Amaral (2006), os jornais populares, na tentativa de atrair o público, utilizam outros recursos e acabam exagerando na intenção de captar seu destinatário. Isso fica evidente no exemplo a seguir. Em 01 de dezembro de 2011, o jornal Meia Hora apresentou a manchete Luan Santana é morto a tiros para a notícia que relatava o assassinato de um homem, no estado do Paraná. É notório que a intenção do jornal era provocar o desespero do interlocutor, fazendo-o pensar que o homem assassinado era o famoso cantor, quando, na verdade, a vítima era um cidadão desconhecido da maioria, apenas um homônimo da celebridade. Assim, a notícia chama a atenção pelo potencial de imprevisibilidade (CHARAUDEAU, 2012a). 55

58 Extraído de Portanto, percebemos que os efeitos de patemização são capazes de estabelecer um elo entre o jornal e o seu público leitor sobredeterminado por um contrato de comunicação. Através de pistas linguísticas e discursivas podemos perceber as estratégias de patemização usadas por cada periódico na tentativa de se aproximar dos seus interlocutores. Esse encaminhamento de análise dos efeitos patêmicos que emergem das notícias será retomado no exame do corpus, no próximo capítulo. 56

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