ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA ANPUH RÁDIO SIDERÚRGICA NACIONAL: MEMÓRIA E SOCIEDADE VOLTA REDONDA ( )

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1 1 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA ANPUH RÁDIO SIDERÚRGICA NACIONAL: MEMÓRIA E SOCIEDADE VOLTA REDONDA ( ) Douglas Baltazar Gonçalves 1 douglaslocutor@hotmail.com PALAVRAS CHAVES: Volta Redonda, Rádio Siderúrgica Nacional, Memória RESUMO: O projeto será desenvolvido no Programa de Mestrado em Historia da Universidade Severino Sombra, USS. A influência americana na cidade de Volta Redonda a partir do Plano Siderúrgico Nacional em 1941 modificou completamente a história do município, que ficou conhecido como o Eldorado Brasileiro, já que na cidade foi implantada a Companhia Siderúrgica Nacional - CSN. O cinema e o rádio que são os produtos da Indústria Cultural deram a população de Volta Redonda formas de entretenimento com um avanço diferenciado para a época, já que além de ser uma cidade planejada para receber a siderúrgica, além disso, era necessário fazer investimento em outras áreas. A Rádio Siderúrgica é uma referência na produção de talentos do Rádio Brasileiro, profissionais como Dário de Paula, Uiara Araújo, Ubirajara Ramos foram grandes nomes que trabalharam em emissoras como Rádio Tupi e Rádio Nacional do Rio de Janeiro na década de 1 Mestrando em História na Universidade Severino Sombra (USS), Pós Graduado em Comunicação Empresarial e Graduado em Comunicação Social / Jornalismo.

2 2 80. Como afirmou Edgar Morin, a cultura de massa produz seus heróis e semideuses e nesse sentido o rádio criou o seu Olimpo particular com deuses e deusas de diversas grandezas. O programa Clube do Estudante foi um sucesso no início do funcionamento da emissora no ano de 1955, pois deu a possibilidade para que os jovens das escolas de Volta Redonda pudessem produzir programas culturais para a emissora. Essa emissora termina o seu ciclo na década de 80 depois de 25 anos de atividades. Atualmente, uma igreja está modificando o prédio da emissora, interferindo na estrutura e acabando com parte da história da Rádio Siderúrgica Nacional. Uma proposta desse trabalho é propor a criação de um museu da imagem do som no prédio da emissora, mas para isso, a prefeitura deveria desapropriar o prédio e desta forma, estaria incentivando a cultural no município. PROJETO: Em 1939, durante a 8ª Conferência Pan-Americana, em Lima, o Brasil recebeu dos EUA e outros países algumas propostas de empréstimo para quitar a dívida externa com os credores ingleses e franceses, e ainda mais US$ 50 milhões em produtos norte-americanos. Os EUA queriam romper as relações de alguns países latinos com a Alemanha Nazista e um ano depois lança na Conferência de Havana a política de Boa Vizinhança, que era uma estratégia para a entrada de seus produtos no Brasil e em outros países da America Latina. Com a eleição do General Dutra para presidente da República, há um alinhamento e parceria com o governo americano que orientava como deveria ser o procedimento dessa relação. A influência cultural americana, como mostra a fig. 1, ia do cinema ao rádio e fez um efeito interessante no nome dos profissionais do rádio que adotaram nomes artísticos como: Bob Nelson, Cyll Farney, Blackout, Stella Egg, Mister Eco. Como o rádio é um dos produtos da Indústria Cultural, esse veículo influência a cabeça dos ouvintes que começam a batizar os filhos com nome de artistas americanos.

3 3 Tudo em Volta Redonda tinha a marca do estilo de vida americano. A Usina Presidente Vargas, os cinemas e os produtos que estavam chegando a todo o vapor. Muitos moradores de Volta Redonda que trabalhavam na Companhia Siderúrgica Nacional, CSN foram aos EUA para aprender como era o funcionamento de uma siderúrgica, e esse intercâmbio e também a convivência com os americanos na cidade do aço, faz do idioma inglês o segundo mais falado na cidade, depois do português. O rádio viveria nesse momento o que era considerada a sua Era de Outro. Segundo Lia Calabre nass décadas de 1940 e 1950, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi a mais importante emissora do país. Campeã de audiência no Rio de Janeiro, a Rádio Nacional transmitia a maior parte de sua programação em ondas curtas, obtendo uma posição de destaque em todo o país. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro tinha uma programação voltada para o entretenimento, programas de auditório, radionovelas e humorísticos. Os eventos esportivos também ganhavam força em suas transmissões. Com a entrada do nosso país na Segunda Guerra, o rádio conquista uma audiência massiva, e no início da década de 50, principalmente com a Nacional, que foi a primeira das indústrias culturais em nosso país.

4 4 Fig. 1: 1946 Os novos atores no Senado Brasileiro do Pós Guerra: artistas de Hollywood, artigos de consumo importado dos Estados Unidos e A Rádio Nacional do Rio de Janeiro no início dos anos 50 tinha uma estrutura profissional, com: seis grandes estúdios, um especial para radioteatro, um para radiojornalismo, um palco-estúdio, um para pequenos conjuntos, um para grandes orquestras e um auditório para 496 lugares. O quadro pessoal contava com 10 maestros, 124 músicos, 33 locutores, 55 radioatores, 39 radioatrizes, 52 cantores, 44 cantoras, 18 produtores, 13 repórteres, 24 redatores, quatro secretários de redação e, aproximadamente, 240 funcionários administrativos. Cf. FREDERICO, Maria Elvira Bonavita. Op. Cit. P. 78/ COSTELLA, Antonio Apud ORTRIWANO, Gisela. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação de conteúdos. 3.ed. São Paulo: Summus, 1985 (p18). Em 9 de abril de 1955 foi fundada, às 8h 30min, na cidade de Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, a Rádio Siderúrgica Nacional, conhecida como ZYP 26. Foi a primeira emissora de Volta Redonda e iniciou suas atividades na freqüência de quilociclos. A inauguração da rádio contou com a presença de toda a diretoria da Companhia Siderúrgica Nacional, o prefeito Sávio Cotta de Almeida Gama e do Presidente da Associação Brasileira de Rádio, Manoel Barcelos. A instalação da emissora foi planejada, desde o local onde o prédio onde seriam suas instalações como os equipamentos comprados para manter a programação no ar. O destaque é para a localização do prédio, na Rua 100, número 1, bairro Laranjal, um ponto central da cidade, de onde é possível ter uma visão panorâmica da Companhia Siderúrgica Nacional e de outros espaços como o Hotel Bela Vista e a igreja Santa Cecília. O historiador Alkindar Costa enfatiza a estrutura da emissora da seguinte forma: A Rádio Siderúrgica nacional tinha uma potência inicial de 100 watts na antena, aumentada para mais tarde 1977 para watts. Tinha uma área de 500 m² e registrava 3 estúdios, 3 sono-técnica, 1 sala de radiojornalismo, 1 oficina de rádiotécnica, 2 salas de redação, 1 sala de discoteca, 2 auditórios, (sendo um na própria emissora e outro no Recreio do Trabalhador), refrigeração central e grupo gerador

5 5 reserva. Funcionava de 04:45 às 02:00 horas, ininterruptamente, atingindo uma área de 100 Km, aproximadamente. Sua sintonia era de 1,500 kilohertz. (COSTA, 2004: 21) A Rádio Siderúrgica foi criada para proporcionar lazer e contribuir para a educação dos jovens da época, a maioria filhos de funcionários da CSN, empresa que era detentora da outorga da emissora. A fig. 2, na entrada do prédio da emissora mostra a arquitetura do prédio onde foi a sede da Rádio Siderúrgica. Na porta da emissora tem a partitura da obra de Carlos Gomes, O Guarani que é considerada a mais importante composição erudita de um autor brasileiro e que até hoje serve de abertura para o noticiário A Voz do Brasil, que iniciou suas emissões no ano de 1938, criado por Armando Campos, amigo de infância de Getúlio Vargas, com a intenção de divulgar as ações de seu governo. Fig. 2: Centro histórico de Volta Redonda, a Rádio Nacional atualmente. Esta foto mostra o número de pessoas que trabalhavam na emissora de Volta Redonda.

6 6 Fig. 3: Equipe de rádio show da ZYP-26. Rádio Siderúrgica Nacional O gerente-geral, Nazer Feres Themis, recebeu do diretor de Comunicação Social da CSN, Simas Pereira, o apoio para contratar um casting completo para a emissora que, além de uma programação musical, possuía um núcleo próprio para produção de novelas escrita pelo jornalista Walter Naves. O núcleo de rádio-teatro era composto de 30 atores e atrizes, alguns com experiência em teatro, como Salim Jabour, Jane Martins e muitos outros. O Clube dos Estudantes, apresentado pelo comunicador Darío Azevedo, foi importante para a introdução da classe estudantil no mundo jornalístico. Cabia aos estudantes das redes pública e particular produzir matérias, escrever histórias e participar de gincanas culturais transmitidos ao vivo pelo programa. Para manter a programação musical, a emissora contratou dois maestros: Josué Nonato e Cláudio. A rádio manteve duas orquestras exclusivas para apresentações em shows ao vivo no Recreio do Trabalhador e nos programas de estúdio. Mais de 50 artistas da região foram revelados pela emissora através do programa Festival P-26, apresentado aos domingos, no

7 7 Recreio do Trabalhador, e o Clube da Jovem Guarda, apresentado no auditório do Colégio Manuel Marinho, na Vila Santa Cecília. Foi a primeira emissora que mantinha uma programação das 6 horas à meia-noite totalmente produzida. Além disso, a rádio foi também a primeira a montar uma equipe de esportes para transmissão de jogos de futebol e outras modalidades, como basquete e vôlei, na época de ouro do esporte amador da cidade. A emissora que tanto contribuiu para o desenvolvimento cultural da cidade foi retirada do ar em dezembro de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERRARETTO, Luiz Artur: O VEÍCULO, A HISTÓRIA E A TÉCNICA. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto, MARSHALL McLuhan, MCLUHAN POR MCLUHAN: CONFERÊNCIAS E ENTREVISTAS / tradução de Antônio de Pádua Danesi; organizado por Stephanie McLuhan e David Staines; introdução de Tom Wolfe. Rio de janeiro: Ediouro, COSTA, Alkindar. VOLTA REDONDA: ONTEM E HOJE. Cd Rom comemorativo 50 anos de Volta Redonda

8 8 ABREU, Regina. Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos / Mário Chagas (orgs.) Rio de Janeiro: DP&A, BARBEIRO, Heródoto. MANUAL DE RADIO JORNALISMO, Rio de Janeiro: Campos, CALABRE, Lia. A ERA DO RÁDIO. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, CHANTLER, Paul. RADIO JORNALISMO. P. Chantler, S. Harris; São Paulo: Summus, DEL BIANCO, Nélia R. MOREIRA, Sônia Virgínia, RÁDIO NO BRASIL, TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS, Rio de Janeiro: Eduerj; Brasília: UNB, CULTURAL, Volta. JORNAL VOLTA CULTURAL, edições publicadas em: jan/fev/mar 2010.