Sumário EDITORIAL: VIDA CORROMPIDA... 3 A IDEOLOGIA DA GLOBALIZAÇÃO... 5 CRÍTICA À PSICANÁLISE OU ÀS PSICOTERAPIAS?... 15

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2 Sumário EDITORIAL: VIDA CORROMPIDA... 3 A IDEOLOGIA DA GLOBALIZAÇÃO... 5 Maria Angélica Peixoto CRÍTICA À PSICANÁLISE OU ÀS PSICOTERAPIAS? Rosa Cukier MACHADO DE ASSIS E A SOCIEDADE MODERNA Fábio Gomes CORAGEM E COVARDIA NA ESFERA CIENTÍFICA Nildo Viana 3

3 EDITORIAL: VIDA CORROMPIDA A corrupção está na ordem do dia. Ano passado mais uma pessoa sofre impeachment e perde a presidência da república. Fernando Collor de Mello foi acusado de corrupção e agora Dilma Roussef. Ambos sofreram impeachment. Desde a redemocratização as acusações de corrupção são apresentadas, algumas vezes praticamente provadas, e os corruptos continuam existindo, sendo reeleitos, etc. Até chavões como rouba, mas faz aparece e uma lista de famosos políticos profissionais chamados de corruptos é bem extensa e conhecida do público em geral. A corrupção foi o grande tema do início dos anos 1990 e volta agora, nos últimos anos. A corrupção é a amante inseparável dos políticos profissionais. De forma mais ou menos explícita, mais ou menos intensa, ela sempre os acompanha. A questão é a competência para encobrir, ou, se for descoberta, cobrir novamente e, não sendo possível, escapar e refazer a imagem para voltar a ser eleito. A corrupção não pode ser resolvida com a mera troca de corruptos. A solução para esse problema deve ser encontrada numa forma de impossibilitar a corrupção. Na nossa sociedade, o reino do dinheiro, isso é praticamente impossível. Mesmo porque, a própria vida foi corrompida em nossa sociedade. Os políticos profissionais são corruptos, mas e a pequena corrupção cotidiana nas empresas, nos locais de trabalho, nas universidades e escolas, etc. Quem vai atirar a primeira pedra? Nesse caso existem muitos atiradores. O problema é que os atiradores são em sua maioria absoluta os trabalhadores, os 3

4 proletários, os camponeses, os lumpemproletários, ou seja, indivíduos das classes desprivilegiadas, os sem poder e com pouco dinheiro e condições de pressionar, a não ser através da luta social. Portanto, é fundamental que os trabalhadores reforcem suas lutas e desenvolvam formas de auto-organização e autoformação intelectual e política. Esse é, no entanto, um passo. Ele é ponto de partida e não ponto de chegada. O ponto de chegada é o processo de transformação social. Essa é que pode dar um fim definitivo à todas as formas de corrupção, desde a existente na política institucional até a que ocorre na vida cotidiana. A corrupção da vida só pode ser superada com a constituição de uma nova sociedade. 4

5 A IDEOLOGIA DA GLOBALIZAÇÃO Maria Angélica Peixoto Professora da IFG Instituto Federal de Goiás; Doutora em Sociologia pela UFG Universidade Federal de Goiás. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar. Bertolt Brecht A globalização é um tema da moda e a palavra possui um amplo uso comum. Os modismos são sempre problemáticos. Eles expressam uma força ideológica e por isso podem ocultar a realidade ao invés de desvelá-la. Esse é o caso da ideologia da globalização. É uma ideologia e não uma realidade. Isso quer dizer que é um discurso falso sobre a realidade e que nomeia e diz falar da realidade, mas cria uma ficção sobre a realidade. Deriva daí, a necessidade de questionar a ideologia da globalização, que é o meu objetivo no presente texto. A ideologia da globalização foi criticada por vários autores. O seu auge enquanto moda foi nos anos 1990, época de consolidação do regime de acumulação integral, a nova fase do capitalismo, e do chamado pensamento único, momento em que a ideologia neoliberal se tornou soberana, ao lado de outras: pós-estruturalismo, e a própria ideologia da globalização. O uso de dessa terminologia e interpretação da realidade diminuiu, mas ainda persiste. 5

6 Um dos primeiros autores a discutir globalização no Brasil foi Octávio Ianni (IANNI, 1992, IANNI, 2001). O seu livro A Sociedade Global (1992) foi pioneiro no Brasil. Nessa obra, Ianni apresenta um conjunto de autores estrangeiros que discutiam vários aspectos do processo denominado como globalização. Novas formas de sentir, agir e pensar, eram uma das características da sociedade global. Depois dele, uma boa gama de outros autores produziram diversas obras, livros estrangeiros foram publicados e o modismo dominante se intensificou nos anos 1990 a respeito das relações internacionais. Pouco depois, começaram a surgir contribuições que apontavam os limites da ideologia da globalização (VIANA, 1995), e posteriormente, estas críticas se ampliaram no exterior e no Brasil (BOURDIEU, 2004; BOURDIEU, 2001; BAUMAN, 1999; FORRESTER, 2001; VIANA, 2009). Um dos problemas dessa ideologia começa pelo seu termo chave: globalização. O que é globalização? Ela é uma realidade presente (econômica, política e cultural), produto do aceleramento do intercâmbio de mercadorias, capitais, informações idéias entre vários países, reduzindo fronteiras geográficas (BARBOSA, 2007) 1. Este autor, que sintetiza um conjunto de ideias soltas sobre a suposta globalização, acrescenta que as principais características da globalização residem no fato de que com este fenômeno há também, através da internet, o acesso a notícias do mundo inteiro em tempo real; os produtos passam a ser internacionais; as empresas produzem mercadorias em outros países, empresas como a Nókia, Nike entre outras. O turismo internacional e o deslocamento aumentaram e ocorrem fusões e aquisições de grandes empresas. A globalização não é só econômica, ela atinge o mundo dos esportes, a cultura, os valores, provoca discussão sobre direitos humanos e sociais a nível mundial e proporciona mudanças nos movimentos sociais. O autor define globalização da seguinte forma: 1 Veja uma resenha crítica dessa obra em: Viana,

7 A globalização caracteriza-se, portanto, pela expansão dos fluxos de informações que atingem todos os países, afetando empresas, indivíduos e movimentos sociais, pela aceleração das transações econômicas envolvendo mercadorias, capitais e aplicações financeiras que ultrapassam as fronteiras nacionais e pela crescente difusão de valores políticos e morais universais. Essa definição, bem como a anterior, do mesmo autor, é extremamente descritiva e que nada explica, bem como não coloca nenhuma novidade em relação ao passado da sociedade capitalista. Esses processos (fluxos de informações, aceleração das transações econômicas e aplicações financeiras, difusão de valores) sempre existiram no capitalismo e faz parte de sua história. O que muda é o ritmo e os novos meios de comunicação que surgem ou se aperfeiçoam. Assim, o termo globalização neste autor não tem nenhum significado relevante e nem explica a realidade social e as mudanças sociais. Da mesma forma, um grande número de autores usa o mesmo termo sem fornecer sequer uma definição, surgem também diversas definições distintas e que focalizam coisas diferentes comunicação, economia, tecnologia, cultura... É preciso, portanto, explicitar o caráter ideológico dessa concepção. A ideologia da globalização é um sistema de pensamento ilusório que aponta para a emergência de um fenômeno novo, que seria a globalização. Assim, os ideólogos da globalização querem dizer que há algo novo e isso significaria que não poderia ser explicado por ideias anteriores. A novidade da globalização, no entanto, nunca é explicitada no aspecto qualitativo, apenas no quantitativo. No fundo, trata-se de um pensamento ilusório, que se ilude com as aparências e transforma, o que é característico da ideologia, ou seja, transforma a aparência em essência, fazendo mutações de quantidade aparecer como se fosse uma mutação de qualidade. O algo novo pode ser o fim da história (FUKUYAMA, 1992) com a supremacia dos valores liberais, e isso foi 7

8 colocado por Fukuyama - que já mudou de ideia e a própria desestabilização após 2008 já apontou para o equívoco desse tipo de posicionamento, ou um novo paradigma das ciências sociais (IANNI, 1994), que, no entanto, já foi superado. A globalização, no caso dessas duas ideologias específicas, foi tão importante e forte que não durou mais que duas décadas. Um elemento fundamental, além da inversão ideológica, é os interesses por detrás dessa concepção. O caráter determinista e muitas vezes fatalista expresso pela ideologia da globalização foi destacado por alguns autores (BAUMAN, 1999; FORRESTER, 2001; VIANA, 2009). A globalização, no período auge dessa ideologia, apontava até mesmo para o fim dos Estados-nações. A quem interessa defender a ideia de inevitabilidade da globalização? Sem dúvida, aqueles que ganham com o discurso, pois assim podem justificar tudo que fazem e mostrar que é impossível ser diferente. A ideologia da globalização está ligada aos interesses da classe dominante, especialmente o grande capital oligopolista transnacional 2. Ora, se a globalização não passa de uma ideologia, uma falsa consciência, então o que ocorreu no mundo que foi chamado de globalização? Ou não ocorreu nada de novo? Na verdade, houve uma mudança de regime de acumulação, que passou do conjugado (também chamado de fordista ) para integral (também chamado flexível ). No caso mais específico das relações internacionais, ocorreu um processo de mutação da exploração internacional, uma nova forma de imperialismo. Esta nova forma de imperialismo pouco mudou em relação à forma anterior, sendo que sua principal característica foi a intensificação da exploração internacional e alguns mecanismos criados para a realização disso. Esse é o caso, por exemplo, da NAFTA (Tratado Norte- Americano de Livre Comércio), um tratado entre Estados Unidos, Canadá e México, 2 Este também tem interesse no neoliberalismo e na ideia de livre mercado internacional, como também na chamada reestruturação produtiva. Esses três elementos são complementares. 8

9 que entrou em vigor em Nesse mesmo ano foi apresentada a proposta da ALCA (A Área de Livre Comércio das Américas) por Bill Clinton, mas não se concretizou. A ideologia da globalização vinha a calhar para justificar e legitimar tais propostas. A NAFTA foi implantada e o empobrecimento do México não deixou de ser percebido, assim como também, não deixou de ser percebida a radicalização das lutas sociais Chiapas, depois Oaxaca. A NAFTA, assim como era intenção da ALCA, visava permitir um livre mercado que beneficiava os Estados Unidos em detrimento dos demais países e foi o que ocorreu na relação deste país com o México. Essas considerações podem ser sintetizadas nos seguintes aspectos: a) a chamada globalização é uma ideologia, ou seja, um pensamento sistemático e falso; 2) essa ideologia foi forte e poderosa durante alguns anos, tornando-se um modismo; 3) o termo globalização ficou indefinido ou foi mau definido e apresentava o discurso de uma suposta novidade radical que não ultrapassa o nível da aparência; 4) o fatalismo era uma das características e servia para legitimar e justificar os interesses do grande capital transnacional, que era aumentar a exploração internacional; 5) o que a ideologia da globalização apresentou como mudança radical era apenas uma nova forma assumida pelo capitalismo, o regime de acumulação integral, especialmente a nova forma assumida pelo imperialismo, que buscava intensificar a exploração internacional. Diante do exposto, a ideologia da globalização foi apenas mais uma ideologia que surgiu para servir aos interesses do grande capital transnacional e os países imperialistas, especialmente os Estados Unidos. Uma ideologia legitimadora e justificadora desse processo. E, como toda ideologia, um pensamento sistemático falso. Apesar disso, ainda persiste autores e intelectuais falando da suposta globalização, mesmo depois das diversas críticas feitas. O seu enfraquecimento não significou ainda a sua superação total, mas é o que deve ocorrer mais cedo ou mais tarde. 9

10 Referências BARBOSA, Alexandre. O Mundo Globalizado. Política, Sociedade e Economia. São Paulo, Contexto, BOURDIEU, Pierre e WACQUANT, Löic. O Imperialismo da Razão Neoliberal. Sociologia em Rede, Vol. 3, num. 3, BOURDIEU, Pierre e WACQUANT, Löic. Sobre as Artimanhas da Razão Imperialista. In: NOGUEIRA, Maria Alice & CATANI, Afrânio (orgs.). Escritos de Educação. 3ª edição, Petrópolis, Vozes, FORRESTER, Viviane. Uma Estranha Ditadura. São Paulo, Unesp, FUKUYAMA, Francis. O Fim da História e o Último Homem. Rio de Janeiro, Rocco, IANNI, Octavio. A Sociedade global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, IANNI, Octávio. Globalização: Novo paradigma das ciências sociais. Estudos Avançados. vol.8, n.21, São Paulo, Mai./Ago IANNI,, Octávio. Teorias da globalização. 11ª edição, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, VIANA, Nildo. A Globalização e o mundo ideologizado. Revista Espaço Livre, v. 6, n. num. 11, VIANA, Nildo. O Capitalismo na era da acumulação integral. São Paulo: Ideias e Letras, VIANA, Nildo. Sociedade Global: Ficção ou Realidade. Teoria & Práxis. nº 5, maio de

11 A CRIANÇA SÍRIA E A CHAPECOENSE: SOLIDARIEDADE, COOPTAÇÃO E OPORTUNISMO Daniel dos Santos Simon de Carvalho Professor substituto no Instituto Federal Goiano/Ceres e Mestre em Sociologia pela UFG (Universidade Federal de Goiás). Um dos imperativos mais fortes do mundo, sem dúvida, é a morte. O fenômeno que coloca o fim em tudo e revela que todos os seres vivos são transitórios e efêmeros. Os seres humanos vêm ao longo dos tempos tentando achar subterfúgios para postergála. Nós aprendemos ao longo de nossas vidas que lidar com a morte é algo necessário e que a vida continua independente de acontecimentos fúnebres. Entretanto, em algumas circunstâncias não estamos preparados para lidar com ela, sendo suas consequências devastadoras. Um exemplo disso é quando uma mãe ou um pai perdem um filho. Podemos imaginar quão terrível é essa dor. Entre os dias 28 e 29 de novembro, observamos um exemplo que gerou uma catarse coletiva: A queda do avião que levava o time da chapecoense (mais comissão técnica, jornalistas, diretores, etc.), matando 71 pessoas 1. Outra cena que chocou o mundo, há pouco mais de um ano, foi a foto do menino sírio Alan Kurdi, encontrado morto de bruços na areia em uma praia da Turquia 2. O que ambos os casos têm em comum? Muita coisa! 1 Disponível em: Acessado no dia 27 de fevereiro de Disponível em: Acessado no dia 27 de fevereiro de

12 Em primeiro lugar ambos os episódios passam o aspecto de ser antinatural, o primeiro por se tratar de uma grande quantidade de pessoas que estavam a caminho de um evento esportivo (a final da copa sul-americana, maior feito da Chapecoense em sua história). A expectativa e a ansiedade foram interrompidas por uma tragédia. O segundo caso por se tratar de uma criança! Ora, elas são jovens, não esperamos que morram, elas em tese tem uma vida toda pela frente. Em seguida, pela maneira chocante, já que a criança morreu afogada. E por último, o fato de estarem fugindo da Síria. Nessas horas, um dos mais autênticos sentimentos humanos se manifesta: a solidariedade! Ao contrário do que o pseudo-axioma de uma corrente da economia faz crer, o ser humano não é egoísta por natureza. Aliás, é bem irônico como nessas situações, falácias como as do homo economicus se revelam frágeis como um castelo de cartas. O que vimos após esse acidente de avião? Comoção, apoio (mesmo que simbólico) e uma verdadeira confraternização entre as pessoas. A tal ponto que a torcida do Atlético Nacional, time que seria adversário da Chapecoense, lotou seu estádio no horário correspondente ao da decisão do campeonato. Todos gritavam: Vamos Chape!. Pessoas que até a semana anterior, muito provavelmente jamais ouviram falar da Chapecoense, que não conheciam nenhuma das pessoas mortas. Isso é incrível! No caso da criança Síria aconteceu algo semelhante. Uma enorme quantidade de pessoas na Europa começou a oferecer suas casas para abrigar refugiados. O que esse acontecimento gerou foi tão forte e brutal, que até os políticos conservadores da Europa foram obrigados a recuar (pelo menos temporariamente) frente às medidas antiimigração. Esses eventos mostram que existe algo que transcende nacionalidades, etnias e classes sociais. 12

13 Todavia, cabe ressaltar que este nobre sentimento, possui um antagonismo em si mesmo. Nós vivemos em um mundo capitalista, e como Karl Marx já ressaltou em diversas obras: O capitalismo possui uma capacidade ímpar de incorporar a crítica e usá-la a seu favor (MARX e ENGELS, 1987). Dito isso, chegaremos em outra questão: a cooptação! A catarse que esses fenômenos geram, apesar de ser um sentimento legítimo, também pode ser danosa, justamente por ser tão exacerbada. Por isso, é bem possível que grupos que possuem grande capital econômico e aparato comunicacional, possam muito bem pautar o que sentir e como o fazer. Em junho de 2013 no Brasil isso fato ocorreu. Os oligopólios comunicacionais conseguiram em duas semanas desvirtuar uma pauta contra precarização dos serviços públicos, impedimentos de mobilidade urbana e críticas aos gastos com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em um discurso vazio anticorrupção. É bem simples: a notícia é um produto e como tal precisa ser vendida. Mas ela tem que ser muito boa, ou muito ruim, notícia mais ou menos não é algo interessante aos detentores do oligopólio comunicacional. É bem simples: notícia é uma mercadoria e como tal precisa ser vendida. Assim surge o sensacionalismo: é mostrado o choro das famílias, a tal ponto que o telespectador chore junto. É algo estritamente emotivo. Até que chegue o ponto em que falam que deve parar de chorar e seguir em frente, para posteriormente ser bombardeado com outra manchete emotiva e sensacionalista. Essa cooptação, gera outra figura: os oportunistas! São indivíduos ou grupos que se aproveitam desses momentos de catarse emotiva (e da cooptação midiática) e se lançam na esfera pública para alcançar interesses específicos. Um bom exemplo disso, ocorreu em 2013, com o Movimento Passe Livre, que encabeçou as primeiras 13

14 manifestações de 2013, sendo plagiado por um grupo de fascistas que criaram o Movimento Brasil Livre. Vejam a diferença que uma simples palavra faz. No caso do menino Sírio, o debate político foi esvaziado, restando uma espécie de filantropia (aos moldes religiosos de caridade). No caso da tragédia envolvendo o time da Chapecoense, ocorreu no mesmo dia a votação da PEC 55 no Senado. O oportunismo no caso se deu por não terem adiado a votação perante tal acontecimento, e deram sorte que este assunto acabou ficando em segundo plano nos noticiários. Nosso grande desafio é superar essa oposição dualística. Como ser solidário e manifestar esse autêntico sentimento, mas não submeter a cooptação e por consequência barrar os oportunistas? Como podemos ir mais além e externar toda nossa potencialidade humana e superar todos os limites de classe, etnia, sexo, nacionalidade, etc.? Enquanto não houver a superação do capitalismo, tais limites sempre estarão postos e é a isso que devemos nos remeter. Referências MARX, K. e ENGELS, F. Obras Escolhidas. Vol. 1. São Paulo: Alfa-Ômega,

15 CRÍTICA À PSICANÁLISE OU ÀS PSICOTERAPIAS? Rosa Cukier Psicóloga e Psicoterapeuta; autora de diversos livros, entre os quais: Sobrevivência Emocional: as feridas da infância revividas no drama adulto ; Moreno- um homem à frente do seu tempo ; Palavras de Jacob Levi Moreno Vocabulário de Citações da Sociometria: Psicodrama, Psicoterapia de Grupo e Sociometria. Fui convidada e desconvidada para participar de uma palestra, aonde se fazia uma Crítica à Psicanálise, discutindo o livro de Catherine Meyer, O Livro Negro da Psicanálise. Diante da polêmica criada pelo livro, os editores deixaram de patrocinar o debate, portanto a crítica que eu havia escrito e que agora, apresento aqui não foi publicada, nem discutida. Esta é a terceira vez que me deparo com uma crítica tão contundente contra a psicanálise e contra Freud. A primeira vez foi através da obra de Alice Miller: O Drama da criança bem Dotada, da Alice Miller (1993) e Breaking Down the Wall of Silence (revisto 1997). Alice Miller nasceu na Polônia em 1923 foi educada e viveu na Suíça, e morreu no ano passado aos 87 anos. Completou a sua formação psicanalítica em Zurique, praticando a psicanálise por mais de 20 anos. Em 1973, aos 50 anos de idade, 15

16 fazendo uma pintura espontânea, descobriu sua história de infância. A partir daí começou a questionar radicalmente a validade das teorias psicanalíticas, sobretudo o Complexo de Édipo e a Teoria da Sedução Infantil. Em 1988 ela se demitiu da Sociedade Psicanalítica Internacional Associação Internacional e começou a ajudar pacientes de forma diferente, validando as questões referentes ao abuso infantil e suas consequências futuras. A segunda vez foi em 1998 ao escrever o capítulo final do meu segundo livro, que fala sobre abuso profissional nas áreas das psicoterapias e me deparei com o livro: Atentado à Verdade: a supressão da teoria da sedução por Freud, do autor Jeffrey Moussaieff Masson. Este autor, foi diretor dos arquivos freudianos, por cerca de 10 anos, , junto com Ana Freud e, por conta de reescrever a correspondência de Freud Fliess (melhor amigo e interlocutor nos inícios da teoria psicanalítica) folheou os manuscritos originais de Freud. Baseado nesta leitura e em notas de rodapé do próprio Freud, bem como em cartas que Freud escreveu a Ferenczi em 1932, concluiu que Freud nunca abandonou a questão do abuso sexual de suas pacientes até o final da vida, e que só voltou atrás, propondo a teoria da sedução infantil, para não ficar isolado e comprometer o avanço da teoria psicanalítica. Esta é, portanto a terceira vez que ouço falar neste assunto e, confesso a vocês, que foi a leitura mais detalhada de todas e a mais feroz e radical. Fiquei chocada e sofrida ao ver alguns dos autores duvidarem abertamente da honestidade científica de Freud, atribuir-lhe adjetivos desonrosos como mentiroso, falseador de curas, publicitário, etc. Mas recomento a leitura do livro, que considero valioso e instigante porque levanta questões extremamente atuais no campo das psicoterapias e das ciências humanas de forma geral. 16

17 Vou discutir apenas algumas destas questões, aquelas que coincidiram com a minha experiência pessoal e profissional ao longo de 35 anos de clínica. 1 A propriedade ou não da Teoria da Sedução Infantil de Freud e o impacto das experiências de abuso infantil precoce (abuso sexual, físico, emocional, etc.) sobre o desenvolvimento da personalidade. Freud, no início de sua vida profissional ( ) ouvindo a histéricas relatarem cenas de abuso sexual por parte de pais, cuidadores ou crianças mais velhas achou que era esta situação traumática a causa das psiconeuroses. Em 1896 apresentou estas conclusões à Sociedade Vienense de Psiquiatria e Neurologia (A Etiologia das Psiconeuroses), sendo extremamente mal recebido e rejeitado por seus colegas. Isolado sociometricamente Freud atribuiu à resistência as críticas recebidas e defendeu-se como pode. Porém cerca de um ano depois, em carta a Fliess ele começa a mudar de opinião e passa a duvidar de suas conclusões. Em 1905, afirma em texto publicado que a sedução infantil não é real na maior parte dos casos, mas é fruto da imaginação do pacientes, das peculiaridades do desenvolvimento sexual infantil e do enfim formatado Complexo de Édipo. Bom, esta é a história. Se Freud mentiu, omitiu, foi covarde, é uma questão de interpretação. Eu acho que ele fez tudo o que um cientista primoroso faria no seu momento histórico. Inclusive sua forma de relatar suas dúvidas me parece sincera e corajosa. O que sim é imperdoável é encontrar colegas que, em pleno século 21 repetem, de forma rígida e estereotipada, hipóteses freudianas ultrapassadas. A questão do abuso 17

18 infantil, por exemplo, é muito séria e muito frequente, e não só a questão do abuso sexual, mas do abuso físico, psicológico, social, etc. Segundo dados da UNICEF (Fonte: Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância) sabemos que: próprios pais. De hora em hora morre uma criança queimada, torturada ou espancada pelos 6,6 milhões de crianças menores de 14 anos (12% do total) são vítimas anualmente de alguma forma de violência doméstica. Em média: 18 mil crianças vitimizadas por dia, 750 crianças vitimizadas por hora 12 crianças agredidas por minuto. Quanto ao abuso sexual, nossas estatísticas são muito ruins, mas só para vocês avaliarem a extensão da questão num recente artigo americano o cálculo é que 20% de mulheres e 5-10% de homens americanos sofrem algum tipo de abuso sexual durante suas vidas. Os pacientes que nos procuram no consultório em geral, trazem alguma queixa de abuso e suas defesas estruturadas em sintomas nos falam disso. Frequentemente, nós terapeutas, somos a primeira ou uma das poucas pessoas que sabe o que ocorreu e se nós os desacreditarmos, estaremos cometendo uma violência redobrada pois 18

19 eliminaremos a esperança de ver sua dor reconhecida e sua dignidade resgatada. Portanto, é imperdoável que em nome de Freud se cometa uma barbaridade desta. 2 A questão da eficácia das psicoterapias e qual método psicoterapêutico e mais eficiente para qual patologia este é outro tema que o livro aborda e que me interessa discutir um pouco. internet: Vejam quantos tipos de psicoterapia eu consegui listar, numa breve consulta à 1. Psicanálise a. Freudiana b. Kleiniana c. Lacaniana 2. Análise Junguiana 3. Gestalt-terapia 4. Psicoterapia de grupo 5. Psicodrama 6. Terapia comportamental 7. A terapia cognitivo-comportamental 8. ACT Commitment and Acceptance Therapy (Terapia do Compromisso e da aceitação?) 9. Psicoterapia corporal orientada 10. Terapia expressiva 11. Psicoterapia interpessoal 12. Terapia narrativa 13. Psicoterapia integrativa 14. Hipnoterapia 19

20 15. Hipnoterapia Ericsoniana 16. Ludoterapia (kleiniana, freudiana, psicodramática, etc.) 17. Terapia breve 18. Terapia Corporal 19. Terapia Adleriana 20. Etc. Nos Estados Unidos as terapias cognitivas que ocorrem em 12 sessões, com reforços eventuais, são as mais patrocinadas pelo Social Security, gerando enorme competição no mercado das psicoterapias e fazendo com que todas as outras formas também patrocinem estudos que certifiquem eficácia comprovada em poucas sessões. É óbvio que todas estas formas de psicoterapias disputam o mesmo mercado de pacientes. Por coincidência, acabei de receber uma revista sobre psicoterapias que assino e que mostra um estudo comparativo da eficácia das terapias breves com aquelas de maior duração. As de maior duração são mais eficazes e mais consistentes neste estudo. Sei também de um estudo de neurociência aonde fica evidente que as terapias de longa duração criam caminhos cerebrais novos, o que é comprovado por exames de imagem cerebral. De qualquer forma faltam, realmente, estudos sérios e longitudinais sobre este tema. No Brasil estudos com uma amostragem representativa são inexistentes. Se existem pesquisa são em Terapia Comportamental e com uma amostra ínfima, em geral estudos de caso. Enfim, concordo o Livro Negro só que eu o chamaria Livro Negro das Psicoterapias, não só da Psicanálise. Há muito abuso nesta área do Mercado de trabalho, muitas práticas ineficientes e muitos terapeutas mal formados. 20

21 MACHADO DE ASSIS E A SOCIEDADE MODERNA Fábio Gomes Mestre em Sociologia pela UFBA Universidade Federal da Bahia. Marx disse uma vez que Balzac ajuda a compreender a sociedade mais que muitos cientistas (sociais). Essa afirmação se aplica a outros literatos. No Brasil, esse é o caso de dois grandes nomes da literatura brasileira: Machado de Assis e Lima Barreto. Machado de Assis será contemplado neste artigo e servirá para demonstrar essa afirmação de Marx. Machado de Assis foi um autor que realizou uma forte crítica social em suas obras literárias. A ironia era uma de suas armas principais. Ele realiza uma verdadeira sociologia espontânea ou uma sociologia ficcional. Sem dúvida, ele era um grande observador das pessoas e suas ações e por isso as retratava em sua obra literária de forma ficcional com conteúdo de explicação sociológica. A leitura de suas obras mostra isso. Uma das obras que serve para demonstrar isso é O Alienista. Nessa obra, o alienista (psiquiatra) consegue convencer a todos do seu discurso competente e chega até o ponto de internar a cidade inteira. A riqueza de elementos sociológicos nessa obra salta aos olhos! A questão do discurso competente, a força da ciência, as relações entre autoridade (científica) e população, bem como a reação popular, expressa na revolta dos Canjicas. 21

22 Essa, no entanto, não é a única obra em que Machado de Assis proporciona uma rica análise da sociedade em que vivemos. Em diversos contos, ele vai colocando vários elementos da nossa sociedade, bem como em seus romances. Em A Mão e a Luva, o romance é apresentado no interior dos processos sociais, envolvidos numa determinada época. Já Memórias Póstumas de Brás Cubas aponta para uma discussão social mais profunda, na qual temas como escravidão, classes sociais, darwinismo, cientificismo, positivismo, aparecem sob a forma irônica com a qual o autor retrata esses e outros aspectos da sociedade. Em Quicas Borba, a modernidade, ou seja, as relações sociais mais típicas da sociedade moderna, aparece de forma mais explícita e a ironia reaparece. O personagem principal, Pedro Rubião de Alvarenga, é o destaque, pois é herdeiro de uma grande riqueza e o interesse de Sofia e seu marido Cristiano. Aqui, aparece ricamente a questão da riqueza, da ambição, e dos interesses que movem a sociedade moderna. O casal formado pelo capitalista Cristiano de Almeida e Palha e sua esposa Sofia, mostram a ambição e o que isso pode provocar nas relações sociais. Sofia se insinua para Rubião e quando este se declara apaixonado, ela o recusa. Cristiano, o capitalista, se aproveitou da situação para extrair a riqueza de Rubião. As relações fundadas na primazia do dinheiro, da luta pela riqueza, se revela nessa obra, bem como suas consequências (a loucura de Rubião no final, por exemplo). Outras obras de Machado de Assis poderiam ser citadas, inclusive seus diversos contos. No conjunto, sua obra revela as relações sociais de nossa sociedade. Os objetivos, interesses, ambições, típicos dessa sociedade, são mostrados ironicamente por Machdo de Assis. Ao contrário de algumas obras sociológicas, que ficam no mundo da lua, a obra machadiana fala do que realmente existe. Como não é uma obra teórica, como a de Marx, não as explica, apenas as ironiza. A descrição irônica das relações 22

23 sociais da sociedade moderna aliada a teoria desenvolvida por Marx proporcionaria uma rica compreensão da sociedade moderna na sua cotidianidade. Por isso, ler e reler Marx e Machado de Assis é de suma importância hoje. 23

24 CORAGEM E COVARDIA NA ESFERA CIENTÍFICA Nildo Viana Sociólogo, Filósofo, Professor da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás, Doutor em Sociologia pela UnB (Universidade de Brasília). A dinâmica interna da esfera científica, assim como a de todas as esferas sociais 1, é marcada pela competição, censura, pressão, mas, além disso, forças externas atuam sobre seus integrantes (burocracias: governamental, universitária, etc.; capital: comunicacional, editorial, etc.; aparato estatal e seus diversos aparatos institucionais: educacional, comunicacional, etc.). Nesse contexto, o cientista, o intelectual que atua especificamente na esfera científica, precisa ser corajoso para poder dizer a verdade, para recusar a hegemonia, etc. Por outro lado, os covardes, mesmo que bem intencionados ou pretendendo ser um pensador a serviço da transformação social, acabam realizando ou colaborando com o processo de reprodução social. Assim, o intelectual engajado, aquele que tem compromisso com a verdade e a com a transformação radical e total das relações sociais, necessita ser corajoso. Um intelectual engajado covarde é um contrassenso. Ele pode até querer ser um intelectual engajado, mas não é no verdadeiro significado do termo. No máximo, consegue ser revolucionário em outro lugar ou em outra atividade, mas não em sua produção 1 Uma análise geral pode ser vista em: VIANA, Nildo. As Esferas Sociais. A Constituição Capitalista da Divisão do Trabalho Intelectual. Rio de Janeiro: Rizoma,

25 intelectual. É, portanto, um intelectual ambíguo. Nesse caso, é um intelectual ambíguo com uma ambiguidade mais radical, mas sem força e coragem suficiente para romper com ela. Isso, no entanto, não é um problema apenas do intelectual engajado. Qualquer intelectual que queira sair das regras do jogo, mesmo sendo um dissidente, sabe que as portas tendem a se fechar para ele, o que significa que somente com muita coragem é que poderia manter sua posição. Marx e Freud são dois exemplos dos dois casos concretos (intelectual engajado e intelectual dissidente). Marx foi um dos mais corajosos intelectuais de todos os tempos e foi por isso que foi marginalizado na esfera científica desde o início, graças ao seu compromisso com a verdade e com o proletariado (transformação social). Ele foi um crítico radical e desapiedado das representações ilusórias e das ideologias, inclusive as que eram hegemônicas. Marx criticou não apenas os ideólogos burgueses, neohegelianos, etc., mas também os supostos opositores do capitalismo (socialismo utópico, socialismo verdadeiro, Proudhon, etc.). Ele não fez a crítica pela crítica e sim para superar as ilusões e ideologias e assim chegar à verdade, elemento fundamental para o processo de transformação social. É por isso, também, que não se limitou a criticar. Ao lado de sua crítica da economia política, produziu uma teoria do modo de produção capitalista; ao lado da crítica de Hegel, esboçou uma concepção materialista da dialética e da história. Isso não passou incólume. Originário das classes privilegiadas, acabou não podendo trabalhar em universidade, passou momentos de miséria e precisou de escrever artigos para jornais e solicitar ajuda financeira de amigos e outros para poder sobreviver. Esse efeito na vida pessoal apenas acompanhou o destino da sua produção intelectual, sendo inicialmente vítima de silêncio e, posteriormente, de pseudocríticas. 25

26 Depois, um exército de detratores, deformadores, pseudocríticos, que nem sequer entenderam sua teoria, tentou desacreditá-lo. O caso de Freud é bem diferente. Freud foi um intelectual de grande coragem, embora suas teses, não sendo de caráter diretamente político e nem contestando o capitalismo e seus defensores, não teve resistência generalizada das classes privilegiadas. No entanto, ao desenvolver suas teses e acreditar que elas eram verdadeiras, as defendeu e não recuou. Algumas de suas teses foram combatidas pelos setores mais conservadores da sociedade, tal como sua problemática concepção da sexualidade infantil. Outros intelectuais o criticaram e atacaram, alguns até o acusando de charlatão. No entanto, ele resistiu, manteve e desenvolveu suas teses. Acabou conseguindo um relativo sucesso que foi ampliado com o tempo. Se Marx tivesse se acovardado, teria se tornado apenas mais um reprodutor das ideias hegemônicas de sua época (um neohegeliano) e Freud seria apenas mais um psiquiatra sem grande brilho. A ousadia intelectual é fundamental para os intelectuais comprometidos com a verdade e a transformação social. Contudo, não basta coragem. Muitos intelectuais são extremamente corajosos e, no entanto, caem no ridículo pela fragilidade de suas ideias. Freud é um caso sui generis, pois uniu coragem e, simultaneamente, ideias verdadeiras e falsas, brilhantes e estapafúrdias. No entanto, por mais que se discorde, mesmo de suas ideias mais extravagantes, é necessário reconhecer que eram fundamentadas e aliadas a outras ideias e descobertas fundamentais a respeito do psiquismo humano. Para que a coragem não seja apenas meio de manifestação de delírios intelectuais, é preciso pesquisa, fundamentação, reflexão crítica 2. Isso significa 2 Assim, a coragem é necessária, mas é preciso entender que ela, em si, não é nada. Ela só tem sentido articulada com objetivos nobres e não objetivos pobres. Da mesma forma, cabe ao analista de determinada produção intelectual definir, na análise de tal produção em si, se as ideias são delírios intelectuais ou expressão da realidade, o que se consegue através da comparação entre as concepções e os fenômenos que elas buscam expressar e na fundamentação de cada concepção e sua articulação geral no conjunto de concepções que formam o pensamento do intelectual em questão. 26

27 que a coragem é uma qualidade humana que é fundamental para a transformação social e a produção intelectual que a reforça, mas que pode ser despropositada, tendo conteúdo/objetivo falso/conservador ou então direcionada a um alvo equivocado, e, assim, pode ser antagônica ao compromisso com a verdade e com o proletariado. A coragem, portanto, não é um objetivo em si mesma e sim um meio para se atingir determinados objetivos. Quando a coragem se torna um fim em si mesma, ou quando seus objetivos são condenáveis, ela se torna prejudicial e tão nociva quando a covardia. A história da intelectualidade e, mais especificamente, dos cientistas (os agentes da esfera científica) não é uma história de coragem e sim de covardia. Um minoria corajosa convive com uma maioria covarde. Basta observar que existe tão pouca verdade na quase totalidade dos livros, artigos, teses, aulas, palestras, para ver que aqueles que poderiam usar a coragem para expressá-la preferem se acovardar diante das ideologias hegemônicas e correntes predominantes de opinião. Alguns são corajosos na vida privada e pequenos círculos (alguns especificamente no círculo interno), mas jamais publicam ou se manifestam publicamente de forma corajosa para o grande público. Os intelectuais e cientistas covardes podem até ser hegemônicos e consagrados numa determinada época, mas no decorrer do processo histórico mais longo são esquecidos, da mesma forma como os filmes de besteirol norte-americanos. A covardia, assim como a inveja, tem um efeito deletério na produção intelectual e na esfera científica. O medo da corrente predominante de opinião (na sociedade ou em setores da mesma, especialmente, nesse caso, nos meios intelectuais ou intelectualizados), a falta de coragem de desafiar as correntes hegemônicas, as concepções da moda, as autoridades intelectuais (tanto a daqueles atrelados ao grande capital comunicacional, os intelectuais venais, quanto àqueles que são hegemônicos na 27

28 esfera científica), as regras do jogo da própria esfera científica, etc. forma intelectuais covardes 3. Alguns destes, para disfarçar sua covardia crônica, oferecem alguma demonstração de coragem ao contestar não os defensores da ordem e sim os críticos radicais da mesma, geralmente por razões mesquinhas, o que apenas deixa a mesquinhez do crítico mais explícita. Alguns buscam demonstrar sua coragem chutando cachorro morto, o que não deixa de ser cômico. O que interessa, no entanto, é que a covardia nunca foi companheira da verdade, mas sempre foi parceira da mentira e da ilusão. A produção intelectual sob a máscara da covardia, o que se produz são mentiras, ilusões e ideologias, enquanto que sob o manto da coragem, tende a produzir verdades e teorias. A história da esfera científica é marcada por um processo de reprodução da inverdade e isso é reforçado pelo fenômeno da covardia intelectual. E isso também ocorre, em graus variados, em outras esferas sociais. Contudo, quanto mais o capitalismo se desenvolve, mais aumenta o número de covardes e diminui o número de corajosos. Afinal, hoje em dia é difícil encontrar um Giordano Bruno, um Rembrandt, um Thomas Morus, um Karl Marx, um Sigmund Freud, exemplos do passado que raramente encontram similares no presente. Isso é explicado, em grande parte, pelo desenvolvimento capitalista e pela intensificação do processo de competição, mercantilização e burocratização. Cada vez mais os intelectuais, como todos os indivíduos, estão submetidos ao dinheiro, amarrados em organizações burocráticas e constrangidos à competição social, bem como sob a força da hegemonia burguesa. O capitalismo contemporâneo, sob o regime de acumulação integral, aprofunda e intensifica isso e reforça a política do descompromisso, oriunda do paradigma subjetivista e expresso por ideologias como a 3 Claro que isso não quer dizer que se deva contestar apenas por contestar e sim quando há razões para isso ou então, ingenuamente, recusar certas coisas por que elas são hegemônicas, etc., sem o trabalho de reflexão crítica, fundamentação, pesquisa. 28

29 pós-estruturalista. A formação social dos indivíduos no capitalismo contemporâneo aponta para a criação de seres humanos cada vez mais problemáticos, com uma grande parte justificando isso ao transformar o defeito em virtude. Nesse contexto, a coragem se torna ainda mais urgente e necessária, pois a covardia de hoje pode gerar a catástrofe do amanhã. A boa coragem, nunca é demais recordar. Ou seja, a coragem que não está a serviço dos interesses pessoais imediatos (mesmo quando estes aparecem disfarçados de outra coisa) e da reprodução do capitalismo, pois são elementos complementares. O dito popular já indagava: você é um homem ou um rato?, mas hoje é preciso indagar de forma mais explícita nos meios intelectuais: você é um intelectual corajoso ou um covarde?. Referências VIANA, Nildo. As Esferas Sociais. A Constituição Capitalista da Divisão do Trabalho Intelectual. Rio de Janeiro: Rizoma,

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