UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOCELINA AP. S. P. DE OLIVEIRA
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- Lívia Pereira Castilhos
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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOCELINA AP. S. P. DE OLIVEIRA ATENDIMENTO DOMICILIAR AO IDOSO CURITIBA 2012
2 JOCELINA AP. S. P. DE OLIVEIRA ATENDIMENTO DOMICILIAR AO IDOSO Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao curso de Pedagogia Social-Faculdade de Ciências Humanas, Letras e para a obtenção de Especialização. Orientadora: Ronise Gasparetto Klann. CURITIBA 2012
3 1 Resumo ATENDIMENTO DOMICILIAR AO IDOSO 1 Jocelina Ap. S. P. de Oliveira jocelinaolive@yahoo.com.br A assistência domiciliar, conhecida como home care, é definida como um conjunto de cuidados e orientações possíveis de serem realizados na casa do paciente e abrange ações de saúde desenvolvidas por uma equipe multiprofissional. O objetivo dessa metodologia de trabalho é a promoção, prevenção e reabilitação em saúde sempre contando com o apoio da família. Este estudo visa refletir sobre a importância da implantação do atendimento domiciliar ao idoso para minimização das perdas produzidas pelo envelhecimento, reduzindo assim a possibilidade de hospitalização. Para o desenvolvimento deste trabalho foi analisado o programa Saúde em Casa, sediado no Hospital do Idoso Zilda Arns, que conta com 10 equipes que atendem em seu próprio domicílio, sendo uma equipe de multiprofissional, como a equipe de fisioterapia, a equipe médica, de enfermagem e nutrição, que realiza desde procedimentos, como coleta de exames laboratoriais, curativos, cuidados com sondas e ostomias, até internação domiciliar. Palavras-chave: Atendimento Domiciliar, Idoso, Internação. 1 INTRODUÇÃO A assistência domiciliar ou home care (do inglês, cuidados no lar) é definida como um conjunto de procedimentos hospitalares possíveis de serem realizados na casa do paciente. São ações de saúde desenvolvidas por equipe multiprofissional, baseadas no diagnóstico da realidade em que o paciente está inserido, visando à promoção, manutenção e reabilitação da saúde. Essa metodologia de trabalho foi primeiramente implantada nos EUA, no Hospital de Boston, no séc. XVIII, baseada em uma associação de enfermeiras visitadoras, fundada por mulheres, de cunho filantrópico. Teve seu maior desenvolvimento após o séc. XX e atualmente continua crescendo por ser uma alternativa ao internamento hospitalar. Nos países europeus, a assistência domiciliar foi instalada após o crescimento do envelhecimento populacional e devido aos altos custos e novas políticas em saúde. No Brasil, essa assistência é uma modalidade recente, que teve seu desenvolvimento no final do século XX, sendo primeiramente implantado na rede privada, por oferecer um serviço extra e por promover um aumento na qualidade de vida de seus usuários. Além dos benefícios decorrentes da redução nos custos de hospitalização, há um controle maior da sua utilização em áreas como centro médico, terapêutico e diagnóstico. Vários são os fatores que justificam a adoção do sistema de home 1 Graduada em História, pela Universidade Tuiuti do Paraná. Cursando especialização em Pedagogia Social, pela Universidade Tuiuti do Paraná.
4 2 2 care : o envelhecimento da população, pesquisas que comprovam um aumento da população idosa, e consequentemente um aumento no número de doenças relacionadas com senilidade, o aumento da necessidade de cuidados médicos em doenças crônicas e o aumento da incidência de doenças crônicas e a incapacitação funcional não podem ser ignoradas, pois os custos de gerenciamento dessas condições prometem ter um aumento significativo. Diante disso, em 19 de setembro de 1990 foi aprovada a Lei número 8.080, que dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento de serviços correspondentes e dá outras providências, regulamentando a assistência domiciliar no 3 Sistema Único de Saúde do Brasil. Sendo do sistema de atendimento e internação domiciliar : Art.19-I- são estabelecidos no âmbito do Sistema Único de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. 1ºNa modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros necessários ao cuidado integral aos pacientes em seu domicílio. 2º O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. 3º O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados por indicação médica, com expressa concordância do paciente e de sua família. A assistência domiciliar inclui várias modalidades de serviços e níveis diversos de intervenção relacionados e complementares. O grau de complexidade das ações relaciona-se diretamente às especificidades de cada situação, determinando os procedimentos a serem acionados. Em 2006, a ANVISA lançou a RDC 11 que fornece as primeiras diretivas para a prática da modalidade no Brasil, definindo a atenção domiciliar às pessoas idosas como um conjunto de ações realizadas por uma equipe interdisciplinar no domicílio do usuário/família, a partir do diagnóstico da realidade em que está inserido, de seus potenciais e limitações; articulando promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, favorecendo assim, o desenvolvimento e adaptação de suas funções de maneira a restabelecer sua independência e a preservação de sua autonomia. Dessa forma, a atenção domiciliar no setor público justifica-se pelo grau de humanização que essa atenção traz para o atendimento ao usuário/família, pela possibilidade de desospitalização, com liberação de leitos para doentes que realmente deles necessitam e também pela redução de complicações decorrentes de longas internações hospitalares minimizando os custos envolvidos em 2 Disponível em: Acesso em: 13/07/2012.
5 todo o processo de hospitalização. Definindo-se em duas modalidades específicas, a internação domiciliar e a assistência domiciliar 4 : 3 A internação domiciliar no âmbito do SUS, Portaria GM n 2529 de 20 de outubro de 2006, é o conjunto de atividades prestadas no domicílio das pessoas, clinicamente estáveis, que exijam intensidade de cuidados acima das modalidades ambulatoriais, mas que possam ser mantidos em casa, sendo atendidos por equipe específica. A assistência domiciliar pode ser realizada por profissionais da Atenção Básica/Saúde da Família ou da atenção especializada. O Ministério da Saúde define que a assistência domiciliar na Atenção Básica/ Saúde da Família é uma modalidade da atenção domiciliar, inerente ao processo de trabalho das equipes desse nível de atenção. Destina-se a responder às necessidades de saúde de um determinado segmento da população com perdas funcionais e dependência para a realização das atividades da vida diária. Portanto, no que se define a organização da assistência domiciliar para a pessoa idosa na atenção básica, a equipe saúde da família deve estar organizada para acolher, além da demanda espontânea e programada, as necessidades de saúde da pessoa idosa com perdas funcionais e dependência para a realização das atividades de vida diária que necessitem de atendimento no domicílio. A identificação de uma pessoa idosa que necessite de assistência domiciliar na atenção básica é feita a partir de sua situação clínica, juntamente ao grau de perda funcional e dependência para a realização das atividades de vida diárias, conforme descritas nos critérios de inclusão. Esses 5 usuários podem ser identificados das seguintes formas : Ser egresso de internação hospitalar ou domiciliar. Por meio de visitas do agente comunitário de saúde. Por solicitação do próprio usuário, da família, de vizinhos, do hospital, entre outros. Após o controle dos sintomas, o seguimento pode ser realizado no lar, quando a família tem condições de assumir esse papel. As famílias têm de ser cuidadosamente avaliadas para saber se dão conta dessa função e serão regularmente visitadas pela equipe multiprofissional, para assegurar a adequação do tratamento e a evolução da recuperação dos pacientes. Esse programa só funciona se há uma equipe de retaguarda para a necessidade do paciente e da família. Quando ocorre uma piora 3 THURLER, LENILDO. SUS: Legislação e questões comentadas/lenildo Thurler. Riode Janeiro: Elsevier, Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica Brasília : Ministério da Saúde, p. il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 19) ISBN Saúde do Idoso. 2. Serviços de Saúde. 3. Sistema Único de Saúde. I. Título. II. Série. Catalogação na fonte Coordenação-Geral de Documentação e Informação Editora MS OS 2006/ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica Brasília : Ministério da Saúde, p. il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 19) ISBN Saúde do Idoso. 2. Serviços de Saúde. 3. Sistema Único de Saúde. I. Título. II. Série. Catalogação na fonte Coordenação-Geral de Documentação e Informação Editora MS OS 2006/1285
6 4 do paciente, este pode ser internado. Ao se fazer um retrospecto sobre os trabalhos voltados para a proteção dos idosos no Brasil pode-se verificar que o assunto pouco interessava para os pesquisadores, visto que os idosos não representavam muito na pirâmide etária. Porém, o panorama demográfico vem se modificando nos últimos anos, devido ao declínio das taxas de fertilidade e mortalidade, com isso a longevidade tem se apresentado como uma decorrência atual. Dessa forma, com o aumento do contingente de idosos, o assunto em questão foi se impondo com maior visibilidade, respeito e referencial teórico consistente. O Brasil tem sido surpreendido por uma significativa mudança demográfica. Atualmente apresenta cerca de 15 milhões de idosos e, segundo projeção do IBGE, no ano de 2025, será o sexto país com mais idosos do mundo, apenas perdendo para a Suíça, França, Estados Unidos, Uruguai, Argentina, China, com um contingente de 34 milhões de idosos, cerca de 6 15% da população. Diante desse novo perfil populacional, a velhice no Brasil tornou-se uma preocupação da sociedade política e civil. E assim, o processo de envelhecimento da sociedade apresenta-se mais que um fato natural ou fenômeno biológico, torna-se um fato histórico e social, variável conforme a sociedade capitalista que acaba por definir as regras, e com isso não inclui os idosos no processo produtivo da sociedade e os isola na vida social. Agora o idoso é uma invenção social emergente da dinâmica demográfica, do modo de produção, da estrutura social vigente, das ideologias dominantes, dos valores e culturas preponderantes 7. Apesar do crescimento da população idosa acontecer de forma rápida, apresenta-se silenciosa e impotente diante da sociedade. Embora os avanços para trazerem melhores condições de vida para a população, como os trabalhos voltados para o saneamento básico, transporte, alimentação, moradia e os avanços na área da saúde, o Brasil ainda não conseguiu resolver totalmente a situação dos idosos no país, assim eles ainda sofrem com a baixa prioridade na participação dos processos socioeconômicos e culturais de produção, decisão e integração social. As estruturas social, econômica e política são afetadas pelo crescimento desordenado de desenvolvimento, causando também problemas sociais graves. A partir de 1970 o Brasil, no seu processo histórico, mostra que a luta entre as classes sociais se apresentam como o fio condutor da história, no qual os idosos se revestem de complexidade e se apresentam em diferentes 6 Disponível em: Acesso em: 13/07/ Disponível em: Acesso em:13/07/2012.
7 contextos. No entanto, logo após surge um novo idoso, mais participativo, valorizado, ativo e conhecedor de seus direitos e deveres como cidadão. Em 1988, apesar de a Constituição Federal não determinar políticas específicas para os idosos, aponta princípios lógicos ao tema. Diante do novo panorama demográfico brasileiro e com a necessidade da conscientização para o envelhecimento da população, além da sociedade civil, a sociedade política também assumiu a responsabilidade. E, apesar dos poucos avanços em relação à valorização do idoso na sociedade, foi elaborada em 1994 a Política Nacional do Idoso, que visa preservar os direitos do idoso e evitar que essa faixa etária sofra discriminações e seja marginalizada na sociedade brasileira. Assim, a Lei 8842/94 que estabelece a Política Nacional do Idoso, foi criada a partir de reivindicações feitas desde a década de 70, juntamente com o documento criado em 1990, pela Sociedade de Gerontologia, o qual determinava assegurar os direitos dos idosos, possibilitando condições para a promoção da autonomia, integração e participação na sociedade. O ano de 1999 foi considerado o Ano Internacional do Idoso, durante o qual foram realizados vários eventos alusivos ao tema. E tentando ressaltar a importância e a necessidade de melhores pesquisas neste campo, em 2003, a Campanha da Fraternidade lançou o tema Fraternidade e Pessoas Idosas, com o objetivo de motivar as pessoas e assegurar a valorização integral às pessoas idosas e o respeito aos seus direitos. Diante disso, com a necessidade de se ter uma legislação específica para os idosos, em razão da própria exclusão desses na sociedade, foi criado também em 2003 o Estatuto do Idoso, Lei /03, que veio resgatar os princípios constitucionais que garantem aos cidadãos idosos direitos que preservem a dignidade da pessoa humana, sem discriminação de origem, raça, sexo cor e idade. 8 No que diz respeito aos direitos fundamentais do direito à vida : 5 Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vigente. Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais e públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade. E ainda o Estatuto do Idoso dispõe que no Direito à Saúde: Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde- SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. 1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de: I cadastramento da população idosa em base territorial; 8 Disponível em: Acesso em: 16/07/2012.
8 II atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; III- unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social; IV- atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos obrigados e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente com o Poder Público, nos meios urbano e rural; V- reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das sequelas decorrentes do agravo da saúde. 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação e reabilitação. 6 Na verdade, a saúde não é apenas a ausência de doenças, e sim o estado de completo bem- 9 estar físico, mental e espiritual. É um direito de todos e dever do Estado. Dessa forma, é função das políticas públicas para que mais pessoas alcancem as idades avançadas com o melhor estado de saúde possível. O envelhecimento ativo e saudável é o grande objetivo desse processo. Se for considerada saúde de forma ampliada, torna-se necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para a população idosa. Devendo ser levado em conta a realidade do envelhecimento populacional, a qual faz parte da realidade da maioria das sociedades, pois o mundo está envelhecendo. A perspectiva é de que até 2050 a população mundial idosa supere os dois bilhões de pessoas com sessenta anos ou mais, e no Brasil supere os dezessete milhões. A desospitalização é uma tendência mundial da organização dos serviços de saúde, que possibilita aliviar a carência de leitos hospitalares e melhorar a qualidade de atendimento através da desconcentração dos locais de atendimento. Ao invés de se utilizar as unidades de grande porte, transfere-se a prestação dos serviços para as unidades mais simples e para a própria residência dos cidadãos. Esse tipo de atendimento está encontrando maior desenvolvimento e já existem muitos talentos nacionais e associações que estão se empenhando no desenvolvimento de uma modalidade que promete se impor no futuro no sistema de saúde. Apesar das vantagens que a assistência domiciliar apresenta, sua implantação e a gestão dos serviços exigem muita cautela. O principal ponto a ser lembrado é que um sistema domiciliar precisa de uma rede de unidades de saúde com uma retaguarda hospitalar e ambulatorial para os pacientes. Outro ponto a ser avaliado são as condições existentes na residência do paciente, avaliando se é possível receber os cuidados em casa. Uma vez que a participação ativa dos doentes e familiares é fundamental, não é possível levar adiante o projeto sem considerar as condições 9 Disponível em : Acesso em: 16/07/2012.
9 psicológicas e a disposição da família em seguir a prescrição. Vários são os benefícios desse tipo de atendimento, pois permite uma desconcentração dos serviços de saúde, gerando assim o aumento da oferta de leitos hospitalares e a diminuição de atendimentos em postos de saúde e hospitais, além de minimizar intercorrências clínicas, a partir dos cuidados sistemáticos das equipes de atenção domiciliar; diminuir os riscos de infecções hospitalares por longo tempo de permanência de pacientes no ambiente hospitalar, em especial, os idosos; oferecer suporte emocional necessário para pacientes em estado grave ou terminal e familiares, e propor uma autonomia para o paciente no cuidado fora do hospital. Oferecendo assim maior dignidade para os pacientes e seus familiares, reduzindo a infecção hospitalar e a necessidade de deslocamentos, muitas vezes penoso para alguns pacientes, conseguindo a antecipação do diagnóstico, e uma personalização do atendimento e a possibilidade de maior orientação aos 10 pacientes. Entretanto, os programas de atendimento domiciliar de longa permanência não somente reduzem os custos, mas podem trazer benefícios para o paciente, a família e para o cuidador, tais como aumento na satisfação com a qualidade de vida e aumento na atenção e na confiança em relação aos cuidados domiciliares. Reduzindo assim o impacto emocional causado pelo afastamento domiciliar do idoso e os riscos de infecções tão comuns dentro dos internamentos hospitalares. 7 A internação dos idosos em serviços de longa permanência representa um modelo excludente e que causa uma importante deterioração na capacidade funcional e autonomia. Mesmo a internação hospitalar por curto prazo de tempo leva a este tipo de perda. Sager et al. (1996) demonstraram que, comparando a capacidade para realização de atividades básicas da vida diária que o idoso possuía antes da internação, em um leito de agudos por curto prazo de tempo, em relação à do momento da alta, levou a uma significativa queda desta capacidade. Em nova avaliação, três meses após, verificou-se que os níveis de capacidade funcional não tinham sido totalmente recuperados em relação aos de antes da 11 internação. Dessa forma, todas as ações em saúde do idoso, como o previsto na referida Política, devem objetivar ao máximo manter o idoso na comunidade, junto de sua família, da forma mais digna e confortável possível. Seu deslocamento para um serviço de longa permanência, seja ele um hospital de longa estada, asilo, casa de repouso ou similar, pode ser considerada uma alternativa, somente quando falharem todos os esforços anteriores. Portanto, o atendimento domiciliar não pode ter como único objetivo a finalidade de 10 VAZ, José Carlos. Iniciativas municipais para o desenvolvimento sustentável. Coletânea de experiências bem sucedidas no Brasil para serem aplicadas no âmbito do PCPR no Piauí. Teresina: PCPR, p. 11 Disponível em: Acesso em: 17/07/2012.
10 baratear custos ou transferir responsabilidades. A assistência domiciliar aos idosos com comprometimento funcional demanda programas de orientação, informação e apoio de profissionais capacitados em saúde do idoso e depende, essencialmente, do suporte informal e familiar, constituindo-se num dos aspectos fundamentais da atenção à saúde desse grupo populacional. Isso não significa, no entanto, que o Estado deva deixar de ter papel preponderante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso, capaz de otimizar o suporte familiar. Sendo assim, a Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (FEAES), em parceria com a Prefeitura de Curitiba, implantou o programa Saúde em Casa que oferece prevenção e tratamento de doenças e reabilitação de pacientes em suas residências. Esse programa visa, segundo o gerente do programa, Altair Damas Rossato, além de diminuir a demanda e o tempo de permanência no hospital, o cuidado domiciliar humaniza o atendimento e amplia a autonomia do paciente, uma vez que, em casa, ele pode contar com a 12 presença dos familiares e retornar, dentro do possível, às atividades de sua rotina. Segundo Rossato, o Saúde em Casa conta com 10 equipes multiprofissionais que atendem todos os bairros de Curitiba. A equipe é composta por médico, enfermeiro, fisioterapeuta, técnico de enfermagem, nutricionista e assistente social. E são realizadas de quatro a cinco visitas por dia, durante os sete dias da semana, com cerca de uma hora e meia de duração, inclusive à noite e nos fins de semana, conforme a necessidade do paciente, o cronograma de visitação é estabelecido de 13 acordo com cada paciente, há aqueles que recebem visita diariamente. Ainda, conforme o gerente do programa, além do atendimento ao doente, outro foco importante é a orientação aos familiares. É necessário que os cuidadores recebam o conhecimento, pois são eles que estão no dia-a-dia com o paciente, realizando a higienização, a alimentação, 14 auxiliando o tratamento. O programa prevê o acompanhamento domiciliar por 30 dias, podendo ser prorrogado, se necessário. Para participar do programa, o paciente deve ter a solicitação de encaminhamento feita pelo serviço municipal de Atenção Básica, de Urgência e Emergência ou pelos hospitais. Devendo, o paciente morar em Curitiba e possuir um cuidador. O programa Saúde em Casa já possui 53 pacientes, mas este número pode variar conforme a semana e demanda. Desde que foi implantado, em abril de 2012, o programa atendeu cerca de Disponível em: Acesso em: 01/08/ Disponível em: Acesso em: 01/08/ Disponível em:
11 9 idosos oriundos dos hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), dos centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) e acompanhados pelas unidades básicas de atendimento. 15 Dessa forma, o programa de atendimento domiciliar criado pela Prefeitura de Curitiba, através do Hospital do Idoso Zilda Arns, que atende os usuários moradores no município de Curitiba, tem como objetivo cuidar dos pacientes que necessitem de atenção domiciliar, ajudando a fazer a gestão do cuidado, reduzir a demanda por atendimento hospitalar e/ou redução do período de permanência de usuários internados, ofertar a assistência focada na humanização da atenção, desinstitucionalizar e ampliar a independência dos usuários, compor a Rede de Atenção às Urgências do Município e realizar a articulação dos pontos de modo a ampliar a resolutividade e a integralidade do cuidado. E os critérios para a inclusão no Programa de Atendimento Domiciliar são 16 : Morar no município de Curitiba e permanecer no domicílio durante a atenção domiciliar; possuir cadastro definitivo em Unidade Básica de Saúde; ter a presença de um acompanhante identificado; ser egresso de Unidades assistenciais com recomendação de assistência domiciliar; ter avaliação e aprovação pela equipe do Serviço de Atenção Domiciliar; apresentar doença crônica que necessite de intervenção de média complexidade e/ou monitoramento; apresentar processo agudo ou agudizado de doença crônica que necessite de intervenção de média complexidade e/ou monitoramento frequente; necessidade de monitorização contínua; necessidade de assistência de enfermagem; necessidade de uso de ventilação mecânica invasiva continua (BIPAP e CPAP); deverá haver concordância do usuário/familiar ou representante legal através de termo de consentimento livre e esclarecido; programação de retorno ambulatorial e Unidade Básica de Saúde (UBS) para continuidade de tratamento. Por outro lado, existem também critérios para a exclusão do atendimento domiciliar, como o descumprimento dos acordos assistenciais entre a equipe avaliadora e o usuário/família ou cuidadores, devidamente registrada pela equipe de atendimento e notificada à família e unidade básica de origem, o paciente não apresenta incapacidade, nem dependência total ou parcial, a falta de acompanhante, o domicílio sem infra-estrutura para acomodar o paciente, o paciente ou família não desejarem o sistema de atendimento domiciliar, deixar de residir no município de Curitiba, a alteração da condição clínica como a recuperação ou agravamento do quadro com necessidade de encaminhamento para outro nível, opção do doente ou família por prescrições ou orientações de profissionais externos conflitantes ou contrários às da equipe e por último, em caso de óbito. No entanto, o atendimento domiciliar também deve se atentar a pontos importantes como as o-tratamento-e-amplia-a-autonomia-do-paciente Acesso em: 01/08/ Disponível em: Acesso em: 01/08/ Disponível em: Acesso em: 14/08/2012.
12 10 características do cuidado, o respeito às crenças, valores, conhecimentos diversos e diferenças individuais e não julgar, o respeito ao espaço do paciente, a elaboração de um plano de cuidados multiprofissional, utilizar a rede de suporte social já existente e avaliar a sobrecarga do cuidador. Assim, o plano de assistência domiciliar visa a interlocução com os demais serviços da Prefeitura, a fim de realizar o trabalho numa rede de assistência, cuidar de quem cuida, fazer reunião com a unidade básica de saúde na alta do paciente do serviço, passando quadro clínico atual e plano de cuidados, nos casos de pacientes que evoluíram para óbito, fazer visitas nos pós óbito e ligações aos familiares, ter um atendimento multidisciplinar com enfoque transdisciplinar, um aprendizado e troca de conhecimentos com os demais profissionais e uma vinculação e suporte com Hospital do Idoso Zilda Arns. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos dados coletados na presente pesquisa, o Programa de Atendimento Domiciliar ao idoso traz inúmeros benefícios, dentre eles a possibilidade de desospitalização do idoso, visando não somente a desocupação de um leito hospitalar, mas também o bem-estar do paciente. Uma vez que o programa tem como objetivo a promoção, a prevenção e a reabilitação da saúde com o apoio da família. Apesar desse programa ser algo recente no Brasil, ele já existe em vários municípios, dando um suporte ao Sistema Único de Saúde. Em Curitiba, é desenvolvido através do Hospital do Idoso Zilda Arns, o qual foi utilizado como exemplo para este trabalho de pesquisa, e que, desde março deste ano já realizou mais de duzentos atendimentos domiciliares. Portanto, a desospitalização é uma tendência mundial da organização dos serviços de saúde, que além de possibilitar e aliviar a carência de leitos hospitalares, melhora a qualidade de atendimento através da desconcentração dos locais de atendimento. E ainda traz ao paciente a vantagem de ser atendido em sua residência, sem perdas pelo transporte até o hospital, além de reduzir a possibilidade de infecção hospitalar e o impacto emocional causado pelo afastamento domiciliar, entre outros benefícios.
13 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica Brasília: Ministério da Saúde, p. il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 19) ISBN Saúde do Idoso. 2. Serviços de Saúde. 3. Sistema Único de Saúde. I. Título. II. Série. Catalogação na fonte Coordenação-Geral de Documentação e Informação Editora MS OS 2006/ Acesso em: 13/07/ Acesso em: 17/07/ Acesso em: 01/08/ Acesso em: 14/08/ Acesso em: 13/07/2012. THURLER, LENILDO. SUS: Legislação e questões comentadas/lenildo Thurler. Riode Janeiro: Elsevier, p. (Questões). VAZ, José Carlos. Iniciativas municipais para o desenvolvimento sustentável. Coletânea de experiências bem sucedidas no Brasil para serem aplicadas no âmbito do PCPR no Piauí. Teresina: PCPR, p. - Acesso em: 16/07/2012.
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