Trocámos a casa e o carro por uma volta ao mundo. Os Bastidores. O Cercamon : ISAF 2007: As musas da Perini. Bénéteau First 50 Hanse 370 Open Bic

Transcrição

1 ISAF 2007: Os Bastidores ANO III - BIMESTRAL MARÇO / ABRIL 2007 Nº11-4,00 MEGA-IATES As musas da Perini ENSAIOS Bénéteau First 50 Hanse 370 Open Bic TÉCNICA Quando a osmose ataca PASSOU-SE COMIGO A manga partiu-se e íamos afundando O Cercamon : Trocámos a casa e o carro por uma volta ao mundo

2 MEGA-IATES As Nereidas da Perini Cinquenta e seis metros de comprimento, dois mastros, velocidade, conforto, tecnologia e elegância são algumas das palavras que podem descrever o Burrasca e o Santa Maria da Perini Navi. Se por cá é difícil ver uma destas embarcações, há sempre a possibilidade de encontrar uma destas ninfas italianas a navegar no Mediterrâneo 36 Março-Abril 2007 DV

3 A sua superestrutura e o casco em alumínio permitem ao Burrasca atingir cerca de 16 nós. Burrasca: A tempestade O sonho de construir grandes veleiros faz parte da história do estaleiro italiano Perini Navi. Vindo de uma família ligada à indústria do papel, Fabio Perini só fundou a marca no início da década de 80. Com o surgimento do primeiro Perini, estabeleceu-se um novo conceito de velejar: o easy sailing. É nessa mesma linha que surgiram estes ketchs, que se impõem não só pelo tamanho, mas também pela qualidade, conforto, elegância e claro, pela performance. Bonito, mas feroz O Burrasca é a primeira construção da série de ketchs em alumínio de 56 metros da Perini Navi. As duas genoas, em conjunto com os dois mastros, dão-lhe um ar majestoso. Enquanto a pintura do casco em azul lhe concede um toque clássico, o design da cabina e o fly-bridge dãolhe o toque agressivo e ousado. Resultado de uma parceria entre o estaleiro italiano e o designer Ron Holland, o Burrasca foi concebido para obter o máximo proveito do casco e do plano vélico. Com um deslocamento na casa das 498 toneladas, consegue atingir uma velocidade máxima de 16 nós, com vento de 20 nós, graças à sua àrea vélica de 1560m 2. Com uma superestrutura e o casco em alumínio 5083, possui uma quilha móvel que pode ir dos 3,80 metros aos 9,60. A motorização está a cargo de dois motores, de 1240 cv cada, que lhe permitem uma velocidade de cruzeiro de 13 nós. O depósito de combustível tem uma capacidade superior ao da água, com 58 mil litros, contra litros para o segundo. Dentro da tempestade, está a bonança O interior do Burrasca é um misto de cerejeira e teca, com uma decoração clássica, dominada pelos tons da madeira, mas sem que esta seja demasiado conservadora. No andar superior, acima do convés, as áreas de convívio são bem iluminadas, graças às várias janelas ao longo do salão, que ocupa toda a largura desta cabina. O Burrasca dispõe de variadas áreas de entretenimento e convívio, nomeadamente aqui, onde ficam a mesa de jogo, a televisão e o sofá ao centro. O escritório e a sala de jantar estão interligadas com o salão, divididos por vestíbulos. À popa, um salão semi-exterior permite tomar refeições ao ar livre, sempre com o conforto que caracteriza o interior. A ligar os dois salões, fica uma casa-de-banho de serviço. A sala de comando, situada à proa do escritório e da sala de jantar, tem janelas largas e vidros escuros que permitem uma visão de 180º. No andar inferior, à proa, estão quatro cabinas destinadas à tripulação, todas com casa-de-banho privativa e que podem acomodar nove pessoas. Entre estas e as cabinas para os convidados estende-se uma área para refeições. Um pequeno lance de escadas marca a diferença entre as àreas da tripulação e as dos convidados, que podem escolher entre duas cabinas, cada uma com duas camas individuais e duche, ou duas VIP, com cama de casal, duche e, a de estibordo, com banheira. O proprietário tem no Burrasca acomodações de sonho, à popa estibordo. A cama king-size, o tocador, os tecidos de alta qualidade e o quarto de vestir assemelham esta cabina à suite de um hotel. A casa-de-banho está equipada com duche e banheira, um espelho grande e o material utilizado continua a ser a madeira. Na direcção da cabina do proprietário, a bombordo, os tripulantes desfrutam ainda de um espaço onde podem practicar exercício: um ginásio, com sauna. Lá em cima, o fly-bridge conjuga o posto de comando exterior com uma zona de estar bastante ampla e convidativa. O layout da Burrasca. DV 37

4 MEGA-IATES O interior luxuoso do Santa Maria, só comparável a um hotel de luxo. Santa Maria De casco azul e linhas clássicas, a Santa Maria, com os mesmos 56 metros de comprimento que a Burrasca, é o segundo veleiro desta série em alumínio da Perini Navi. Os seus dois mastros, tão característicos de um ketch, são por si só imponentes, mas, por mais estranho que pareça, o melhor deste mega-veleiro está mesmo por dentro. O flybridge proporciona sombra, tanto para quem vai ao leme, como para quem se senta em frente à televisão. O interior premiado O layout é composto por três níveis, um inferior onde ficam as cabinas, um intermédio que alberga as áreas de convívio e o flybridge. Foram os interiores da Santa Maria que lhe valeram o prémio ShowBoats em Os dois pisos interiores primam pela decoração clássica, bastante iluminada, e cujo responsável foi o designer Christian Liaigre. A tripulação da Santa Maria pode muito bem ser numerosa, pois as acomodações incluem quatro cabinas para convidados e a habitual cabina do proprietário. Esta última não podia deixar de ser espaçosa, ocupando toda a boca, perto da casa das máquinas. Para além de uma zona de convívio, tem também uma cama grande, ao centro, duas casasde-banho privadas que dispõem de uma banheira e de duche e dois quartos de vestir. A decoração não é muito diferente da do resto do veleiro, seguindo sempre uma linha mais clássica, com soalhos de tons claros, roupa de cama e estofos em tecidos finos e de alta qualidade, e paredes decoradas com várias telas. Os sortudos que sejam convidados para subir a bordo da Santa Maria tem a seu dispor quatro cabinas, que não diferem muito entre si: duas cabinas VIP, com camas duplas queen-size, e as restantes com duas camas individuais. O espaço que na Burrasca é utilizado para uma sala de exercício/ginásio é, na Santa Maria destinado à ama das crianças: uma cabina extra só para ela. As quatro cabinas para convidados têm casas-de-banho incorporadas, três com chuveiro e uma com banheira. Para a tripulação, existem uma cabina dupla para o capitão e outras três com camarotes. As refeições a bordo deste mega-veleiro podem ser tomadas num ambiente requintado, com o melhor do ambiente dos bons restaurantes, mas com a privacidade de uma casa. Os tons azuis claros contrastam com as madeiras ligeiramente mais escuras. As áreas de convívio primam pela entrada de luz, que, ao incidir nos materiais usados no interior, contribui para uma atmosfera confortável. Numa embarcação tão grande não é de estranhar que o salão principal se destaque pela sua dimensão, mas não fica por aqui. A sua principal característica é mesmo a decoração, com um estilo clássico e até um tanto ou quanto conservador. Nas paredes, como que em exposição, estão seis quadros do mestre naturalista português Souza Pinto. Os sofás, de cores claras, contrastam com os tons mais escuros da madeira de cerejeira usada na mobília. O salão e as restantes áreas sociais estão dispostas de tal forma que é possível ter uma boa perspectiva para cada uma delas, por exemplo, a televisão fica atrás de um painel deslizante. Pequenos apetrechos Tal como a Burrasca, também este ketch foi resultado da parceria entre a Perini Navi e o arquitecto naval Ron Holland. O material escolhido foi o alumínio, de forma a maximizar a performance do veleiro e optimizar o deslocamento, mas sem comprometer os standards de conforto e luxo a que o estaleiro italiano habituou os seus clientes. Os dois mastros em alumínio utilizam a última tecnologia de automatização combinada com fibra de carbono e medindo o principal mais de 58 metros e o mezena 48 metros de altura. A área vélica é de 1500 m2, o que permite que a Santa Maria atinja uma velocidade máxima de 15 nós. Para os dias em que não há vento, os dois motores de 1240 cv cada dão um empurrão. O controlo das velas é feito de uma forma 38 Março-Abril 2007 DV

5 A área vélica do Santa Maria surpreende: 1500 m 2 que o levam até aos 15 nós. bastante cómoda, com um mecanismo de manivelas electrónicas, painéis de instrumentação e um radar com visão para 72 milhas. Para atracar em pequenos portos, o sistema que permite levantar a quilha consegue que esta passe de 10 para o mínimo de 3,8 metros, o que é simplesmente impressionante. À frente da cabina do proprietário, fica a casa das máquinas. É aqui que se encontram os geradores, os motores e todo o equipamento extra necessário. Quando o conforto encontra a diversão Uma pequena viagem na Santa Maria pode ser, por si só, uma forma de lazer. Mas para aqueles que não se contentam com o espectacular que é velejar numa embarcação destas, há uma gararem à popa destinada a arrumar os vários brinquedos de água, onde o acesso para a ampla plataforma de banhos lateral é feito facilmente. A lancha de apoio, de 21 pés, pode também ajudar a quebrar a rotina, servindo para dar umas voltas no mar. Ao ar livre, o espaço exterior foi bastante bem concebido. O amplo fly-bridge serve tanto para relaxar como para conviver. O bimini aerodinâmico protege do sol o posto de comando exterior e o painel de controlo de velas, baseado num sistema de 13 manivelas. O fly-bridge proporciona ainda sombra a todo o cockpit, onde um ecrã de televisão grande faz as delícias dos tripulantes. Ao lado do mezena, um lance de escadas leva-nos ao convés principal e ao cockpit, onde se situa uma varanda à popa com sofás e mesas. Para além de ser uma obra de arte em design naval, a Santa Maria é acima de tudo uma excelente combinação do moderno com o clássico, quer na decoração interior, quer nas linhas exteriores. O layout do Santa Maria. DV 39