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1 <CABBCBAACDDCAABACDBAAADDABADCABCBACAA DDABCAAD> EMENTA: ELEIÇÕES EM ASSOCIAÇÃO ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE ESTATUTO. A interposição posterior de novo recurso requerendo a antecipação dos efeitos da tutela recursal configura ato incompatível com o pedido formulado em agravo de instrumento anterior, configurando violação aos princípios da unirrecorribilidade e da singularidade recursal. Para que seja apurada a validade da eleição, deve-se analisar o estatuto da associação. APELAÇÃO CÍVEL Nº /002 - COMARCA DE VIÇOSA - APELANTE(S): EDMILSON PEREIRA DA MOTA JUNIOR - APELADO(A)(S): ASAV ASSOCIAÇAO DOS SERVIDORES ADMINISTRATIVOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA E OUTRO(A)(S), COMISSÃO ELEITORAL DA ASAV ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES ADMINIS A C Ó R D Ã O Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. DESA. EVANGELINA CASTILHO DUARTE RELATORA. Fl. 1/7

2 DESA. EVANGELINA CASTILHO DUARTE (RELATORA) V O T O Tratam os autos de ação declaratória proposta pelo Apelante em face da Apelada. O Apelante alegou nulidade da soma dos votos do campus de Florestal/CEDAF na votação para eleição da diretoria da Associação dos Servidores Administrativos (ASAV) no campus de Viçosa/UFV. Informou que, a cada dois anos, acontecem eleições na ASAV para escolha de nova diretoria e conselhos deliberativo e fiscal. Enfatizou que o edital de convocação publicado em 2015 não foi impugnado pelas chapas que concorreriam às eleições. Salientou que, de conformidade com o estatuto, o Diretor Presidente e o Diretor Financeiro de Florestal devem ser eleitos no campus de Florestal, em eleições separadas do campus de Viçosa, e os vencedores comporão com a chapa eleita em Viçosa. Ressaltou que, nas eleições de Florestal/CEDAF, em 11 de dezembro de 2015, além de haver votos dirigidos às chapas específicas da diretoria ASAV/Florestal, também houve votos para as chapas que concorriam para a diretoria da ASAV/Viçosa, em desconformidade com o estatuto, que prevê eleições separadas. Frisou que o estatuto da ASAV não permite que os eleitores do campus de Florestal/CEDAF votem nas chapas concorrentes no campus de Viçosa/UFV. Aduziu que as cédulas foram impressas de forma errada, permitindo que os eleitores de Florestal/CEDAF votassem nas chapas de Viçosa/UFV. Esclareceu que as chapas de Viçosa não tiveram acesso ao modelo de cédulas de votação de Florestal/CEDAF. Fl. 2/7

3 Asseverou que o estatuto determina que cada associado deverá escolher uma chapa para a diretoria, e não duas, como ocorreu nas eleições em Florestal/CEDAF. Informou que recorreu administrativamente, mas seu recurso não foi analisado a tempo, haja vista que a homologação da eleição ocorreu em 15 de dezembro, sendo negado seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Salientou que a eleição foi homologada pela comissão eleitoral da ASAV antes que as chapas pudessem averiguar os documentos das eleições ocorridas em outras localidades. Enfatizou que recorreu também ao conselho deliberativo, que não apreciou seu pedido. Requereu a procedência do pedido para que seja declarado nulo o resultado da eleição homologado em 15 de dezembro de 2015, com a nulidade da soma dos votos da eleição do campus de Florestal/CEDAF e contabilização apenas dos votos apurados na eleição da ASAF de Viçosa/MG. Citada, a Apelada apresentou contestação, arguindo a ilegitimidade passiva da comissão eleitoral da ASAV. No mérito, alegou não haver qualquer ilegalidade no processo eleitoral. Salientou a inexistência de distinção entre os associados. Enfatizou que as eleições não ocorrem de forma separada, como alega o Recorrente, podendo os eleitores votar em qualquer uma das chapas concorrentes. Ressaltou que não há chapa específica para Viçosa, mas sim três chapas gerais. Asseverou que os eleitores votaram apenas em uma chapa, e não em duas, como informa o Apelante, havendo a divisão em cidades apenas para melhor compreensão do associado. Fl. 3/7

4 Afirmou que a formação conjunta entre Viçosa e Florestal é uma faculdade, e não obrigação. A r. sentença f /1.591 julgou improcedente o pedido, condenando o Apelante ao pagamento de custas e honorários advocatícios, fixados em R$1.500,00. O Apelante pretende a reforma da decisão, reiterando os termos da exordial. Requer a antecipação dos efeitos da tutela recursal. Contrarrazões às f /1.621, pelo não provimento do recurso. A r. sentença recorrida foi publicada em 22 de novembro de 2016, vindo a apelação em 13 de dezembro, no prazo legal e desacompanhada do preparo, por estar o Apelante amparado pelos benefícios da justiça gratuita, f Estão presentes, portanto, os requisitos para conhecimento do recurso, que recebo em ambos os efeitos, nos termos do art , CPC/2015. I ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL O Apelante interpôs agravo de instrumento n /001, pretendendo a antecipação dos efeitos da tutela recursal. Vige o princípio da unirrecorribilidade, ou singularidade recursal. Para cada hipótese, há apenas um recurso adequado. A propósito, são as decisões dos tribunais: "De acordo com o princípio da unirrecorribilidade ou unicidade do recurso, contra a mesma disposição, não se admite, salvo previsão expressa (v. art. 498), a interposição de mais de um recurso (RSTJ 153/169, 157/160, RT 601/66; "o desrespeito ao postulado da singularidade dos recursos torna insuscetível de conhecimento o segundo Fl. 4/7

5 recurso, quando interposto contra a mesma decisão" (STF- RT 806/123)". (Theotônio Negrão - Código de Processo Civil e legislação processual em vigor - 36a edição - Editora Saraiva - p. 562). A interposição posterior de novo recurso requerendo a antecipação dos efeitos da tutela recursal configura ato incompatível com o pedido feito no agravo de instrumento previamente apresentado, configurando violação aos princípios da unirrecorribilidade e da singularidade recursal. Operou-se, portanto, a preclusão, não apenas lógica, mas também consumativa. A primeira consiste na prática de ato incompatível com outro que também se queira praticar, como desistir do recurso aviado, e pretender a modificação da decisão recorrida mediante a interposição de novo recurso. Já a segunda refere-se aos atos que já foram realizados, respeitando as formas previstas em lei, não se podendo praticá-los de novo, sob pena de se ferir, in casu, o princípio da unirrecorribilidade. Assim, não pode ser conhecido o pedido do Apelante de antecipação dos efeitos da tutela recursal. Ainda assim, não é possível a antecipação da tutela recursal, por falta de probabilidade do direito do Apelante, por ausência de verossimilhança e de prova inequívoca dos fatos alegados, como se verá adiante. II MÉRITO O Apelante pretende a declaração de nulidade do resultado da eleição da nova diretoria da Apelada, homologado em 15 de dezembro de 2015, alegando que as disposições do Estatuto da associação não foram respeitadas. Fl. 5/7

6 No caso dos autos, deve-se analisar o Estatuto da Apelada, f. 16/32, para que se apure a validade da eleição da ASAV ocorrida em dezembro de Verifica-se que os cargos da diretoria geral a serem eleitos, conforme disposição do art. 34, que trata da composição da diretoria, são diferentes daqueles que devem ser eleitos apenas em Florestal: Art. 34. A Diretoria da ASAV, órgão executivo, será assim constituiída: Presidente; Vice-Presidente; Diretor de Aposentados; Secretário; Diretor Administrativo Financeiro; Diretor de Comunicação; Diretor de Assuntos Jurídicos; Diretor de Relações e Formação do Trabalhador; Diretor de Esportes e Cultura; Diretor Presidente de Florestal; e Diretor Financeiro de Florestal.. Assim, observa-se que, ao determinar que o associado deva escolher apenas uma chapa para diretoria, o art. 48 se refere a uma chapa para a diretoria geral e uma para a diretoria de Florestal, haja vista que os cargos a serem eleitos em cada chapa são diferentes. Ademais, o art. 41, 3º, do estatuto, dispõe que Caberá ao Diretor Presidente e Diretor Financeiro de Florestal assinar a documentação bancária e financeira desta sub-sede, respeitando as disposições estatutárias., o que permite concluir que os cargos eleitos em Florestal devem exercer funções subsidiárias às de Viçosa, que não demandam a participação dos membros da Diretoria da ASAV. Saliente-se que, quando o art. 46, 12, do estatuto, dispõe que: Os candidatos à diretoria e conselhos do CEDAF e CEPET serão votados somente pelos associados dos campi em que pertencem, em cédulas separadas, e comporão com a chapa vencedora da ASAV- UFV., se refere aos diretores Presidente e Financeiro de Florestal, que serão eleitos pelos associados deste campus, para compor com a Fl. 6/7

7 chapa vencedora de Viçosa, não havendo previsão de que os associados localizados no campus Florestal possam votar apenas na diretoria de Florestal, e não nas chapas que concorrem à Diretoria de Viçosa. Ressalte-se que as cédulas de CEDAF de 2009, 2011, 2013, f. 234/239, apresentam a mesma lógica das cédulas de 2015, f. 241, que indicam para votação tanto as chapas de Viçosa quanto as de Florestal. Assim, conclui-se que as eleições ocorreram em conformidade com o Estatuto, não merecendo reforma a sentença. DIANTE DO EXPOSTO, nego provimento ao recurso interposto por EDMILSON PEREIRA DA MOTA JUNIOR, mantendo na íntegra a r. sentença recorrida. Custas recursais e honorários da sucumbência pelo Apelante, estes majorados para R$ 2.000,00, nos termos do art. 85, NCPC, suspensa sua exigibilidade, por estar amparado pelos benefícios da justiça gratuita. DES. CLÁUDIA MAIA - De acordo com o(a) Relator(a). DES. ESTEVÃO LUCCHESI - De acordo com o(a) Relator(a). SÚMULA: "NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO." Fl. 7/7