Editorial. Artigo. Greve Ambiental

Transcrição

1 Editorial Apresentamos mais um boletim da LINHA BANCARIOS do ano de Nesta edição, destacamos artigo que trata da possibilidade de greve ambiental pelos empregados, em busca de um ambiente de trabalho saudável, que preserve a sua saúde física e mental. Nesse mesmo sentido, indica-se recente precedente da Oitava Turma do TST que manteve indenização por danos morais a empregados do Banco do Brasil penalizados em razão de greve ambiental no Pará. Destacamos também recente julgamento da SDI-1 do TST que reconhece que a prescrição para pagamento de diferenças de anuênios do Banco do Brasil é sempre parcial. Também apresentamos a notícia de acórdão que reconhece que a prescrição é parcial quando se busca pagamento de horas extras acima da sexta diária para gerentes em face de norma interna da empresa que trazia essa previsão mais favorável. Destacam-se, ao final, decisão do TRT 15 que determinou a suspensão imediata da redução salarial da função gratificação pelo Banco do Brasil a empregados assistidos pelo SEEB Campinas e julgamento da Quarta Turma do TST que manteve o enquadramento dos assistentes de negócio do Banco do Brasil assistidos pelo SEEB Brasília na jornada de seis horas. O trabalho cotidiano nos Tribunais Regionais de Campinas, São Paulo e Brasília, e também no Tribunal Superior do Trabalho e STF nos possibilita uma visão e compreensão dos direitos dos bancários que queremos, cada dia mais, compartilhar com vocês. Em caso de dúvidas, basta nos escrever ou acessar nossas redes sociais. Nelas, é possível encontrar artigos, notícias e informações relevantes para bancários assistidos pelo escritório. Não se esqueça de curtir e seguir para se manter sempre conectado com LBS Advogados. Site: Facebook: Eduardo Henrique Marques Soares Artigo Greve Ambiental Débora Moraes Rego de Souza Pires A Lei nº 7.783/89 define greve como suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Essa suspensão voluntária do trabalho tem como objetivo pressionar o empregador, para que sejam atendidas as reivindicações dos empregados.

2 A Constituição de 1988 consagrou o direito de greve em seu art. 9º, além de resguardar o direito à saúde como um direito social (art. 6º), sendo a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, na Carta Magna, princípios fundamentais (art. 1º, incisos III e IV). A Consolidação das Leis do Trabalho, por sua vez, em seus artigos 154 a 201, também assegura a saúde do trabalhador e o ambiente de trabalho sadio, sendo a sua manutenção responsabilidade do empregador. E qual a relação entre o direito de greve, o direito à saúde e o direito a um ambiente de trabalho sadio? Quando um empregador não cumpre com o seu dever de proporcionar e preservar um ambiente saudável ao trabalhador, seja por não fornecer equipamentos de trabalho e segurança, seja por não interferir em um ambiente que é degradante de forma moral, permitindo assédios de colegas ou da própria chefia, surge o direito de o trabalhador exercer uma modalidade de greve chamada greve ambiental. Celso Antonio Pacheco Fiorillo conceitua a greve ambiental como um instrumento constitucional de autodefesa, conferido ao empregado, a fim de que possa reclamar a salubridade do seu meio ambiente e, portanto, garantir o direito à saúde. O conceito de greve ambiental alcança mais do que unicamente o direito à saúde e integridade física do trabalhador, sendo incluído o direito à sua integridade psíquica. São muitas, inclusive, as doenças psicológicas advindas do ambiente de trabalho, já sendo reconhecidas pelo nosso ordenamento jurídico como acidentes de trabalho (depressão, síndrome do pânico, síndrome de Burnout, etc.). Apesar de ser instituto novo, nossos Tribunais já reconhecem o exercício da greve ambiental como direito legítimo do trabalhador. O Tribunal Superior do Trabalho, no processo , reconheceu como legítima as reivindicações dos trabalhadores por melhores condições ambientais de trabalho atreladas à saúde dos empregados. A relatora, Ministra Katia Magalhães Arruda, em seu voto, ressaltou que o pleito dos trabalhadores são condições dignas de trabalho, utilização de equipamentos de proteção, instalações de refeitório, banheiro feminino, entre outras, o que caracteriza a greve ambiental, declarando que a greve não era abusiva e concedendo aos trabalhadores 90 dias de estabilidade no emprego para evitar retaliações do empregador. No mês de abril deste ano, em Rondon, no interior do Paraná, trabalhadores de um frigorífico paralisaram suas atividades devido aos constantes vazamentos de amônia na unidade. A paralisação objetivava apenas melhores condições de trabalho, e não melhorias salariais. No caso, infelizmente, houve demissões como retaliação à paralisação. É inconteste, assim, que o trabalhador tem direito a um ambiente de trabalho saudável, que preserve a sua saúde física e mental, e que a greve ambiental constitui legítimo instrumento de luta para se garantir tal direito.

3 Nossas Notícias Oitava Turma do TST mantém indenização por danos morais contra Banco do Brasil por ter punido empregados que realizaram greve ambiental Nos autos do RR , sob os cuidados de LBS Advogados em Brasília, a Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso de revista do Banco do Brasil, confirmando a existência de dano moral a empregados que sofreram retaliações por terem buscado melhores condições de trabalho. Segundo o Tribunal Regional do Trabalho (TRT 08), ficou provado que as paralisações das atividades laborais decorreram de precárias condições de segurança e higiene no local de trabalho (agência localizada na cidade de Marabá). A prova produzida revelou que os empregados estavam trabalhando em local sem ar condicionado, com mobiliário antigo e ergometricamente inadequado, e sem portas giratórias funcionando, o que era de conhecimento do banco. Nesse contexto, entendeu-se que o movimento paredista era legítimo, inclusive considerando a Convenção 155 da OIT, que entende válida a interrupção do trabalho por qualquer empregado que considere, por motivos razoáveis, que o seu labor envolve um perigo iminente e grave para a sua vida ou saúde. A primeira consequência adotada foi anular as penalidades feitas pela empresa aos empregados envolvidos (a exemplo de descomissionamentos e anotações indevidas nos sistemas da empresa), rechaçando a tese patronal de que ocorrera abuso de direito pelos bancários, justamente por buscarem a regularização das condições laborais que proporcionavam risco grave para sua saúde e vida (trabalho em local quente e abafado, mobiliário inadequado e inexistência de porta giratória funcionando, aumentando o risco de assaltos). A segunda consequência do TRT (e mantida pelo TST) foi condenar a empresa a pagar danos morais a todos os empregados envolvidos, em valor de R$ ,00 para cada um deles. Ainda cabem novos recursos pelo Banco do Brasil da decisão da Oitava Turma que não conheceu de seu apelo. Tribunal Superior do Trabalho confirma que prescrição para pagamento de diferenças de anuênios é sempre parcial A SBDI-1 concluiu o julgamento do E-ED-RR , pacificando de uma vez por todas que a prescrição inerente aos anuênios é sempre parcial. Em processo cuidado por LBS Advogados em Brasília, a Subseção entendeu que a parcela foi criada em substituição dos quinquênios, os quais eram previstos em norma regulamentar incorporada ao contrato de trabalho, de modo que seria caso de mero descumprimento de normas regulamentares e não efetiva alteração do pactuado, também considerado a proteção detectada no artigo 468 da CLT e o trato sucessivo da lesão. Reconheceu-se que a insubsistência da cláusula de anuênio não poderia prevalecer ante o direito adquirido dos empregados,

4 decorrente da percepção habitual e por longo tempo dessa vantagem. Sob esses fundamentos, a SBDI- 1 deu provimento ao recurso do sindicato para afastar a prescrição total invocada pela empresa. A conclusão alcançada pela Subseção apresenta o mesmo entendimento que vem sendo consagrado pelas Turmas do TST, representando verdadeira vitória da categoria bancária a permitir o ajuizamento de novas reclamações trabalhistas para empregados do banco que estejam em situação fática idêntica. SDI-1 do TST reconhece que pedido de horas extras de gerente bancário em face de norma interna da Caixa Econômica Federal atrai apenas a prescrição parcial Por maioria, a SBDI-1 entendeu que Incide a prescrição parcial quanto ao pedido de horas extraordinárias decorrentes de alteração unilateral da jornada de trabalho aplicável aos bancários ocupantes de cargo de confiança (de seis para oito horas diárias) em virtude do novo plano de cargos criado pela Caixa Econômica Federal em 1998, uma vez que configurada lesão de trato sucessivo a direito que está fundamentado em preceito de lei, qual seja, jornada prevista no artigo 224 da CLT. Para a SDI-1, o direito ao pagamento de horas extras encontra proteção legal, de modo que a alteração realizada pela empresa em seus planos de cargos não afastaria a prescrição parcial prevista na parte final de sua Súmula 294. A decisão foi tomada nos autos do E-RR e já transitou em julgado. O processo foi remetido à Terceira Turma para que prossiga no exame dos recursos das partes envolvidas. TRT 15 determina suspensão imediata de redução salarial de função gratificada no Banco do Brasil O Tribunal do Trabalho de Campinas, com relatoria do Desembargador Hélio Grasselli, determinou que o Banco do Brasil suspendesse imediatamente a redução aplicada sobre a remuneração global dos funcionários que optaram em exercer as novas Funções Gratificadas. A decisão do desembargador, concedida em antecipação de tutela publicada no dia 25 de setembro, também estabelece multa diária de R$ 300,00 por funcionário envolvido, em caso de descumprimento. A ação é promovida pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Campinas, sob os cuidados de LBS Advogados, tendo o intuito de anular perda salarial de 16% com a criação do novo plano de cargos da empresa. A liminar deferida representa mais uma vitória do sindicato contra a redução ilegal apresentada pela empresa. O próprio TRT, no mesmo processo, já havia fixado que a adequação da jornada do funcionário para o limite previsto em lei (6 horas) não autoriza o Banco do Brasil a realizar quaisquer reduções salariais. Cabem novos recursos pela empresa envolvida, nos autos da reclamação trabalhista Quarta Turma do TST mantém enquadramento dos assistentes de negócio do Banco do Brasil na jornada de seis horas Em julgamento ocorrido no último dia 14 de outubro, a Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu do recurso do Banco do Brasil, mantendo o enquadramento de seus assistentes de negócio na jornada de seis horas, por não exercerem cargo de confiança.

5 A conclusão alcançada pela Turma, tendo como relatora a Desembargadora Cilene Amaro, confirma a decisão do TRT 10 em processo ajuizado pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Brasília, via assessoria jurídica de LBS Advogados, nos autos da RT Na espécie, ficou provado que os assistentes realizam apenas atividades técnicas e burocráticas, sempre sob a supervisão de gerentes. Também ficou demonstrado que os substituídos não estavam autorizados a fechar qualquer negócio ou contrato em nome do banco, sequer possuindo subordinados. Registrou-se, por fim, que os assistentes de negócios apenas assessoram os gerentes, fornecendo-lhes subsídios para que estes últimos possam conceder créditos aos clientes, não tendo tais trabalhadores qualquer alçada ou poder decisório. O enquadramento dos empregados na regra geral do artigo 224 da CLT permite o pagamento futuro de horas extras, representando vitória do sindicato em favor de centenas de empregados lotados no Distrito Federal como assistentes de negócio. O acórdão ainda não foi publicado, cabendo novos recursos pelo banco reclamado. BRASÍLIA: (61) SÃO PAULO: (11) CAMPINAS: (19)