Curso Básico de Fisiologia de Vôo



Documentos relacionados
Disbarismo. Ms. Roberpaulo Anacleto Neves

Ms. Roberpaulo Anacleto

FUNDAMENTOS DA MEDICINA SUBAQUÁTICA E HIPERBÁRICA DOENÇA DESCOMPRESSIVA UNIFESP

Curso Básico de Fisiologia de Vôo

Bibliografia: Capítulo 2 e 3 - Nowak Capítulo 12, 13 e 14 Fisiopatologia Fundamentos e Aplicações A. Mota Pinto Capítulo 4 S.J.

Pós Operatório. Cirurgias Torácicas

A. Patologias vasculares B. Choque C. Hemostasia. 2 Letícia C. L. Moura

SISTEMA RESPIRATÓRIO. Prof.: Lazaro Antonio dos Santos

Anatomia e Fisiologia Humana

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

Punção Venosa Periférica CONCEITO

Riscos Ambientais. Riscos Ambientais

GASOMETRIA ARTERIAL GASOMETRIA. Indicações 11/09/2015. Gasometria Arterial

Como interpretar a Gasometria de Sangue Arterial

Necessidades humanas básicas: oxigenação. Profª Ms. Ana Carolina L. Ottoni Gothardo

Hemodinâmica. Cardiovascular. Fisiologia. Fonte:

Insuficiência respiratória aguda. Prof. Claudia Witzel

ANATOMIA E FISIOLOGIA. Renata Loretti Ribeiro Enfermeira Coren/SP 42883

A relação com o ambiente e a coordenação do corpo

Circulação sanguínea Intrapulmonar. V. Pulmonar leva sangue oxigenado do pulmão para o coração.

Ossos próprios do nariz Lâmina perpendicular do etmóide Extensões dos ossos maxilar e frontal

Instrução Aeromédica. Programação

21/6/2011 EMERGÊNCIAS CLÍNICAS CARDIOVASCULARES EMERGÊNCIAS CLÍNICAS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) SINAIS E SINTOMAS DE IAM

FACULDADE SANTA TEREZINHA CEST COORDENAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA

FISIOLOGIA DO SANGUE HEMATÓCRITO 08/10/2008 ERITRÓCITOS OU HEMÁCIAS HEMATÓCRITO PLASMA: CELULAR:

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA I. Lígia Maria Coscrato Junqueira Silva Fisioterapeuta HBP/SP

Perguntas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA Departamento de Física Disciplina: Física Básica II

Anexo III. Alterações a secções relevantes do resumo das características do medicamento e folhetos informativos

Em que situações se deve realizar um eco- doppler arterial dos membros inferiores.

SINAIS VITAIS. Base teórica

Valor da Pressão Parcial do Oxigênio ,6 mm Hg 47,2 mm Hg ,0 mm Hg 76,1 mm Hg ,3 mm Hg 137,3 mm Hg

QUEIMADURAS. Profª Sabrina Cunha da Fonseca

CURSINHO PRÉ VESTIBULAR DISCIPLINA: BIOLOGIA PROFº EDUARDO

Animação Turística Unipessoal, Lª Alvará nº 11/2006 DGT. Programas de Cursos e Especializações

FISIOTERAPIA QUESTÕES DISCURSIVAS

COLÉGIO ALEXANDER FLEMING SISTEMA RESPIRATÓRIO. Profª Fernanda Toledo

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

Dr. Luis Quintino Hospital da Horta. Horta 24 Acidentes. P Delgada 5 Acidentes

SISTEMA CARDIO-RESPIRATÓRIO. O Organismo Humano em Equilíbrio

A Lesão. A Lesão. A lesão provoca congestão local causada por obstrução de QiE XUE nas articulações

Sistema circulatório. Componentes: - Vasos sanguíneos. - Sangue (elementos figurados e plasma) - Coração

Sento assim a MTC permite- nos saber que os dentes estão ligados, pelos meridianos, a órgãos e estruturas tecidulares à distância.

LISTA DE EXERCÍCIOS ESTUDO DOS GASES

TROCA E TRANSPORTE DE GASES

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Sistema Circulatório

FISIOLOGIA DO SANGUE HEMATÓCRITO ERITRÓCITOS OU HEMÁCIAS HEMATÓCRITO 07/10/2008 PLASMA: CELULAR:

Sistema Respiratório

Avaliação da função respiratória; fisiopatologia das doenças respiratórias

PROVA TEÓRICO-PRÁTICA

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA DPOC.

Osteologia. Estudo da estrutura dos ossos oste = osso; logia = estudo de

RESPIRAÇÃO. Respiração é o mecanismo que permite aos seres vivos extrair a energia química nos alimentos.

Equação Geral dos Gases

Como administrar Nebido com segurança (ampolas)

EXERCÍCIOS ON LINE DE CIÊNCIAS 8 AN0

Organizador. Autores

SISTEMA RESPIRATÓRIO INTRODUCÃO NARIZ

SOM. Ruído. Frequência. Ruído. Amplitude da vibração. Ruído. Isabel Lopes Nunes FCT/UNL. Som - produz vibrações (ondas) que entram no ouvido interno

Administração de Medicamentos. Professora Daniele Domingues

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS. Professora: Sabrina Cunha da Fonseca

DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO OBJETIVOS CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO AASM 2006 CARLOS A A VIEGAS UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INTERATIVIDADE FINAL EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEÚDO E HABILIDADES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA AULA. Conteúdo: Sistema cardiovascular no exercício físico

A respiração ocorre dia e noite, sem parar. Nós podemos sobreviver determinado tempo sem alimentação, mas não conseguimos ficar sem respirar por mais

PLANILHA GERAL - Fundamentos da Clínica IV - 8º - 2º 2015

Aparelho Respiratório

As disfunções respiratórias são situações que necessitam de intervenções rápidas e eficazes, pois a manutenção da função

O Sentido da Audição Capítulo10 (pág. 186)

Problemas Gastro-Intestinais

- Miocardiopatias. - Arritmias. - Hipervolemia. Não cardiogênicas. - Endotoxemia; - Infecção Pulmonar; - Broncoaspiração; - Anafilaxia; - Etc..

Como funciona o coração?

SISTEMA CARDIOVASCULAR

6/1/2014 DEFINIÇÃO CHOQUE CARDIOGÊNICO. Perfusão sanguínea

04/06/2012 INTRODUÇÃO À RAGIOLOGIA SIMPLES DO TÓRAX. Dante L. Escuissato RADIOGRAFIAS DO TÓRAX INCIDÊNCIAS: FRONTAL (PA) PERFIL TÓRAX

Planificação anual de Saúde- 10ºano

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR. Oxigénio Medicinal Gasoxmed, 100 % gás medicinal criogénico

TABELA DE EQUIVALÊNCIA Curso de Odontologia

Prof Me Alexandre Rocha

Sistema Tegumentar. Arquitetura do Tegumento. Funções do Sistema Tegumentar Proteção 09/03/2015

Compreender a Doença Pulmonar

Adaptações Cardiovasculares da Gestante ao Exercício

Embriogênese do Aparelho. as Adaptações. Profa. Dra. Maria Angélica Spadella Disciplina Embriologia Humana FAMEMA

Mecânica dos Fluidos. Aula 17 Bombas Hidráulicas. Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues

Agrotóxicos. O que são? Como são classificados? Quais os sintomas de cada grupo químico?

Capítulo 3 Úlceras Tróficas de Perna

SOLUBILIDADE DOS GASES E TROCAS NA INTERFACE AR-MAR. Tópicos. Introdução. Vanessa Hatje. GASES: Importante nos ciclos biogeoquímicos

RESUMO: Os tecidos moles podem ser lesados e com essa lesão o. Palavras chave: crioterapia, lesões de tecidos moles, fase aguda.

Sistema Respiratório

CONCEITO DIVISÃO LABORAIS RISCOS CARACTERÍSTICA COR TIPOLOGIA DE RISCOS 16/03/2012. Riscos Operacionais. Riscos Ambientais

Prof: Andreza Martins ADAPTAÇÃO CELULAR

CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM ENFERMAGEM CIRÚRGICA MÓDULO III Profª Mônica I. Wingert 301E COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

CARDIOPATIAS CONGÉNITAS CIA

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto FAMERP OBSTRUÇÃO INTESTINAL. Prof. Dr. João Gomes Netinho. Disciplina de Coloproctologia

Transcrição:

Curso Básico de Fisiologia de Vôo

CONTEÚDO CURRICULAR Atmosfera Fisiologia respiratória Hipóxia Disbarismo Pressurização e despressurização Acelerações e aerocinetose Visão e ilusão visual Orientação e desorientação espacial Ruídos e vibrações Ritmo circadiano e sobrecarga autoprovocada

Aula 4 Disbarismo

DISBARISMO Conceito Tipos Aerodilatação: conceito Aerodilatação: fundamento Aerodilatação: exemplos Aerodilatação: estruturas afetadas Barosinusites Seios paranasais Barotite média O ouvido humano O ouvido médio Aerogastria - aerocolia Aerodontologia Doença da descompressão (DD) DD: conceito e fundamento DD: fisiopatologia DD: mecanismo da formação de bolhas DD: fatores desencadeantes DD: formas clínicas DD: profilaxia e tratamento

DISBARISMO Conceito Estados Patológicos Decorrentes das Variações da Pressão Ambiente (excluindo hipóxia)

DISBARISMO Tipos AERODILATAÇÃO DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO

AERODILATAÇÃO Expansão gasosa nas cavidades corporais devido ao efeito mecânico da depressão barométrica. Fundo do mar Superfície Espaço

AERODILATAÇÃO P X V = P X V LEI DE BOYLE À temperatura constante, os volumes ocupados por uma mesma massa gasosa são inversamente proporcionais às pressões que suportam.

AERODILATAÇÃO 2 litros 6000 m 1 litro nível do mar 0,5 litro 10 m 0,25 litro 30 m

AERODILATAÇÃO Barosinusite Barotite Aerogastria / Aerocolia Aerodontalgia

SEIOS PARANASAIS Frontal Etmóide Esfenóide Maxilar

BAROSINUSITE Seios maxilares e seios frontais Fisiopatologia Não obstrutivas Obstrutivas Congestão e inflamação da mucosa de revestimento interno Hemorragias mucosas e submucosas Óstio e canais livres: na subida saída de secreções e na descida refluxo Obliteração do óstio e do canal Causas Hiperplasia de mucosa Pólipos Edema inflamatório

O OUVIDO

OUVIDO MÉDIO VÁLVULA DE DESCOMPRESSÃO PRESSÃO SOBRE O TÍMPANO GRANDE PRESSÃO SOBRE O TÍMPANO OUVIDO MÉDIO EQUILÍBRIO DE PRESSÕES NA CAIXA TROMPA DE EUSTÁQUIO OUVIDO MÉDIO BAIXA PRESSÃO NA CAIXA Quando a Trompa de Eustáquio agindo como uma válvula está em boas condições, na descida a válvula abre ( O OUVIDO ABRE ) e permite o equilíbrio de pressões. Se ocorre um resfriado e a Trompa e a válvula estão congestionadas, a pressão sobre o tímpano não pode ser equilibrada

BAROTITE MÉDIA Característica Quadro clínico Membrana Timpânica descida Ventosa em tecido mole ingurgitamento vascular, derrame na cavidade timpânica de transudato serosangüinolento e exudato Retração Acentuação curta apófise do martelo Prega tímpano-maleolar posterior predominante Hemorragias por diapedese Petéquias Ruptura

AEROGASTRIA E AEROCOLIA Manifestações Clínicas Hipermotilidade intestinal Borborismo (borborigmo) Meteorismo (fisiose) Eructações Cólicas (dor intensa) Hipotensão arterial Síncope

AERODONTALGIA Expansão direta do Gás Ar, vapor d água, exalação, mobilização, zonas de depressão, modificações hemodinâmicas Expansão, gases de necrose

DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO

DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO Formação, sem eliminação, de bolhas gasosas nos tecidos, devido aos efeitos mecânicos da depressão barométrica. LEI DE HENRY A quantidade de um gás em solução varia diretamente com a pressão parcial deste gás sobre a solução. Fundo do mar Superfície Espaço

DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO NITROGÊNIO DISSOLVIDO NO SANGUE TECIDOS 1.000 ml 100 ml 900 ml Desencadeamento acima de 18.000 pés Formação de bolhas nos tecidos e no sangue Confluência de bolhas Embolia vascular Irritação da inervação sensitiva

MECANISMO DE FORMAÇÃO DAS BOLHAS 760 mm Hg NORMAL 760 mm Hg POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO <760 mm Hg NÚCLEOS DE FORMAÇÃO CONFLUÊNCIA CONFLUÊNCIA DE BOLHAS CONFLUÊNCIA CALIBRE DOS VASOS

DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO Fatores Desencadeantes Velocidade de subida Altitude alcançada Fatores Predisponentes Individuais Panículo adiposo desenvolvido Idade acima de 30 anos Condições circulatórias e respiratórias Enfermidades Fatores psíquicos Atividade Ambientais Frio Ruídos Vibrações

FORMAS CLÍNICAS Artrálgica - BENDS Ombro (dir) Cotovelo (dir) Joelhos 65% Pruriginosa - ITCH Tronco Coxas Enfisema subcutâneo 17%

FORMAS CLÍNICAS Nervosa Cefaléia Nevralgia Parestesias Irritabilidade Confusão mental Claudicação Diplopia 13% Pulmonar - CHOKES Opressão torácica Dor anginosa Tosse 13% Dispnéia Colapso respiratório

PROFILAXIA Cabine pressurizada Desnitrogenação TRATAMENTO Hiperbaroterapia