6 Tecnologia industrial básica e inovação das MPMEs brasileiras de base tecnológica

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Transcrição:

6 Tecnologia industrial básica e inovação das MPMEs brasileiras de base tecnológica Conforme abordado nos capítulos anteriores, a ênfase estratégica atribuída à inovação das MPMEs e, em particular das MPMEs de base tecnológica, deverá acelerar a demanda por serviços de TIB. Assim, as funções básicas e as conexas com a TIB se tornariam cada vez mais importantes para o fortalecimento da capacidade de inovação dessas empresas, especialmente no que tange à sua inserção ou à permanência sustentável de seus produtos e serviços em mercados externos, regulados ou emergentes. Nessa perspectiva, o presente Capítulo tem por objetivos: (i) apresentar a grade de análise com base nos construtos da estrutura da PINTEC; (ii) descrever a coleta e formatação dos dados; e (iii) apresentar e analisar os resultados da pesquisa. 6.1 Elaboração da grade de análise O objetivo geral da pesquisa é contribuir para o avanço do conhecimento acerca da importância da TIB para a capacidade de inovação das MPMEs brasileiras de base tecnológica, focalizando os problemas e obstáculos enfrentados e as mudanças estratégicas e organizacionais implementadas por essas empresas. Partindo-se desse objetivo maior, sete questões foram estabelecidas, conforme apresentado na Seção 1.2 da Introdução desta dissertação. Tendo em vista as questões de pesquisa propostas e considerando-se a estrutura lógica da fonte primária de dados a PINTEC, elaborou-se uma grade analítica, que contempla dois construtos e quatro variáveis. Antes de apresentar a grade de análise, cabe ressaltar que alguns autores sugerem que os a mensuração da inovação nos países em desenvolvimento devem ser centrados no processo de inovação e não nos seus resultados, enfatizando suas capacitações e esforços, e como os resultados destes são percebidos, avaliados e trabalhados pelas empresas. Logo, os fatores que dificultam ou facilitam a inovação são vistos como indicadores-chave (OCDE 2005). Essa foi uma premissa que norteou a definição das questões de pesquisa, conforme comentado no Capítulo 1 desta dissertação. Os fatores que dificultam a inovação foram relacionados ao construto da PINTEC problemas e

89 obstáculos. Já aqueles que facilitam estão associados ao construto mudanças estratégicas e organizacionais. A Figura 6.1 representa a grade de análise, alinhada aos construtos e variáveis da PINTEC, abordados no Capítulo anterior. MPMEs de base tecnológica Produtos e processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados nos períodos considerados Inovadoras Não inovadoras Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Atividades inovativas C1: Problemas e obstáculos V1: Dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações Aquisição externa de P&D Aquisição de outros conhecimentos externos Introdução das Inovações tecnológicas no mercado Projeto industrial e outras preparações técnicas para produção e distribuição Critério de seleção: pelo menos uma das atividades ao lado C2: Mudanças estratégicas e organizacionais V2: Escassez de serviços técnicos externos V3: Falta de informação sobre tecnologia V4: Implementação de novos métodos, visando atender normas de certificação Objeto do estudo Construtos (C) e variáveis (V) Figura 6.1 Representação da grade de análise da pesquisa Fonte: Elaboração própria a partir da estrutura lógica da PINTEC (IBGE, 2007) O primeiro construto (C1) abrange: (i) os motivos pelos quais algumas empresas não inovam e (ii) os obstáculos vivenciados pelas empresas no desenvolvimento de suas atividades inovativas. Dentre os doze itens que o compõem foram selecionados três, pela sua convergência com os conceitos e funções da Tecnologia Industrial Básica, discutidos no Capítulo 4. Os itens selecionados relativos a esse construto constituem

90 três das variáveis que integram a grade de análise da pesquisa: (i) dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações; (ii) escassez de serviços técnicos externos; e (iii) falta de informação sobre tecnologia. O segundo construto (C2) compreende as mudanças estratégicas e organizacionais que propiciam às empresas, pela definição de diretrizes ou correção de problemas, fomentar o processo inovador. Dentre os seis itens que compõem esse construto foi selecionado somente um, que constitui a quarta variável: implementação de novos métodos, visando atender normas de certificação. Não obstante a dificuldade de isoladamente identificar a influência de cada uma das funções da TIB no processo de inovação, já que essas funções poderiam estar interligadas produzindo um efeito de colinearidade, buscou-se estabelecer a correlação que melhor representasse as variáveis acima selecionadas. O Quadro 6.1 resume as correlações estabelecidas. Quadro 6.1 Descrição da grade de análise Construto Problemas e obstáculos à inovação Outras importantes mudanças estratégicas e operacionais Variável Dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações Escassez de serviços técnicos externos adequados Falta de informação sobre tecnologia Implementação de novos métodos, visando atender normas de certificação Funções básicas e conexas com a TIB associadas - Normalização - Regulamentação técnica - Avaliação da conformidade - Metrologia - Avaliação da conformidade - Informação tecnológica -Propriedade intelectual (patentes como fontes de informação) - Normalização - Regulamentação técnica - Tecnologias de gestão - Normalização - Avaliação da conformidade (mecanismo de certificação) Fonte: Elaboração própria a partir da estrutura lógica da PINTEC (IBGE, 2007). Cabe ressaltar que o processo de elaboração da grade de análise privilegiou as funções da TIB que ainda não haviam sido objeto de estudos utilizando a mesma fonte de dados - a PINTEC. A título de ilustração, não se incorporou à grade a variável Propriedade intelectual, pelo fato do estudo de sua relevância para o processo

91 inovação já ter sido objeto de diversas outras pesquisas realizadas no país e, inclusive, ser objeto de uma seção própria na PINTEC. Visando detalhar a grade apresentada no Quadro 6.1, transcrevem-se os descritivos referentes às variáveis selecionadas, conforme apresentados no Manual da PINTEC (IBGE, 2006): dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações se no mercado de atuação da empresa existe um alto grau de compromisso com o respeito às normas de segurança, principalmente por parte do governo, que são difíceis de atender ; escassez de serviços técnicos externos adequados se para o desenvolvimento dos projetos houve deficiências nos serviços de apoio (assistência técnica), de tecnologia industrial básica ou de P&D, que desestimularam ou não permitiram solucionar determinados problemas ; falta de informação sobre tecnologia se houve falta de informação tecnocientíficas, informação dos fornecedores de máquinas ou insumos para desenvolver as idéias inovativas ; implementação de novos métodos de controle e gerenciamento, visando atender normas de certificação qualidade (ISO 9000, ISO 9001-2000), redução dos impactos ambientais (ISO 14000, ISO 14001), saúde e segurança (OHSAS 18001), responsabilidade social (SA800), dentre outras. Muito embora a presente pesquisa tenha sido desenvolvida em consonância aos conceitos da PINTEC, cabe lembrar que alguns desses conceitos podem não refletir adequadamente uma determinada variável e, assim, induzir a uma resposta tendenciosa (biased) pelo respondente. A título de ilustração, cita-se o caso do item dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações que, no Manual da PINTEC é referido tão somente às normas de segurança. Outra limitação conceitual do Manual da PINTEC que afeta diretamente os resultados da presente pesquisa é o fato de que a PINTEC agrupa os serviços de TIB com outros serviços (assistência técnica e P&D) no item escassez de serviços técnicos externos adequados.

92 6.2 Coleta e formatação dos dados A partir da aplicação da grade de análise ao objeto de estudo - MPMEs de base tecnológica, foram solicitadas à Coordenação de Indústria do IBGE tabulações especiais referentes aos três períodos de abrangência da PINTEC. Os resultados dessas tabulações encontram-se no Anexo 1. Em seguida, os dados recebidos foram formatados a fim de facilitar a análise posterior, tendo em vista a obtenção de respostas às questões desta pesquisa. Esses dados são apresentados a seguir, ordenados segundo as variáveis que compõem a grade de análise desta pesquisa. Tabela 6.1 - Número de empresas de base tecnológica em relação ao grau de importância atribuído à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações 1998-2000 2001-2003 2003-2005 EBT industriais Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram ou ou ou ou ou ou Micro 59 147 191 607 10 102 301 525 134 220 253 818 Pequenas 37 217 168 746 42 104 304 761 103 219 318 674 s 16 73 56 174 15 45 57 174 20 62 43 166 MPMEs 113 437 415 1527 68 251 661 1460 257 501 614 1658 EBT de serviços Inovaram ou Não Inovaram ou Micro - - - - Pequenas 7 74 151 442 s 10 37 4 30 MPMEs 17 111 155 472 Fonte: Elaboração própria a partir de tabulações especiais com base nas edições 2000, 2003 e 2005 da PINTEC.

93 Tabela 6.2 - Número de empresas de base tecnológica em relação ao grau de importância atribuído à escassez de serviços técnicos externos EBT industriais ou ou ou ou ou ou Micro 13 133 137 638 28 141 173 402 113 226 337 762 Pequenas 43 254 151 684 17 102 169 670 38 166 197 614 s 29 82 31 158 7 37 20 119 18 63 23 117 MPMEs 85 469 319 1480 51 280 362 1191 169 455 557 1493 EBT de serviços Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram Inovaram Inovaram ou Não Inovaram Não Inovaram ou Micro - - - - Pequenas 9 84 83 374 s 10 34 10 23 MPMEs 19 118 93 397 Fonte: Elaboração própria a partir de tabulações especiais com base nas edições 2000, 2003 e 2005 da PINTEC. Tabela 6.3 - Número de empresas de base tecnológica em relação ao grau de importância atribuído à falta de informação sobre tecnologia 1998-2000 2001-2003 2003-2005 EBT industriais ou ou ou ou ou ou Micro 54 195 279 669 35 133 51 424 63 215 235 832 Pequenas 60 254 225 684 64 173 201 780 32 192 116 680 s 21 100 45 178 8 42 41 174 7 70 19 119 MPMEs 135 549 549 1531 107 348 293 1377 103 477 370 1631 EBT de serviços Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram Inovaram ou Não Inovaram ou Micro - - - - Pequenas 22 114 103 481 s 8 33-22 MPMEs 30 147 103 503 Fonte: Elaboração própria a partir de tabulações especiais com base nas edições 2000, 2003 e 2005 da PINTEC.

94 Tabela 6.4 Número de empresas de base tecnológica que implementaram novos métodos, visando atender normas de certificação 1998-2000 2001-2003 2003-2005 EBT industriais Micro Pequenas s MPMEs EBT de serviços Micro Pequenas s MPMEs Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram Inovaram Não Inovaram 120 555 38 664 126 715 414 1056 124 1328 226 1192 233 523 120 583 163 607 767 2134 282 2575 515 2514 Inovaram Não Inovaram - - 79 257 20 42 99 299 Fonte: Elaboração própria a partir de tabulações especiais com base nas versões 2000, 2003 e 2005 da PINTEC. A partir do exame dos dados das Tabelas 6.1 a 6.4, observa-se que, para todos os períodos, o número de empresas que não inovaram e atribuíram importância às variáveis em foco é superior ao número de empresas inovadoras. O que não implica, entretanto, que as não inovadoras tenham atribuído maior importância às variáveis estudadas do que as inovadoras. Pois, o número total de empresas que não inovaram no universo analisado, é muito superior ao das que inovaram, fato esse que poderá ser confirmado nos resultados apresentados na Seção a seguir. 6.3 Resultados Os resultados foram elaborados a partir das informações referentes a cada variável, expressas em termos percentuais (número de MPMEs de base tecnológica que atribuíram importância à variável sobre o número total de MPMEs de base tecnológica respondentes da PINTEC). 6.3.1 Dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações A Figura 6.2 explicita o grau de importância atribuído pelas MPMEs de base tecnológica à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações. Os

95 percentuais referem-se às parcelas de MPMEs de base tecnológica que atribuíram alta ou média importância e alguma importância (alta, média ou baixa) a essa variável. Figura 6.2 Grau de importância atribuído pelas MPMEs de base tecnológica à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.1 Da Figura 6.2 constata-se que a maior parte das MPMEs de base tecnológica que atribuíram algum grau de importância à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações concentra-se naquelas que relataram alta ou média importância. Adicionalmente, ao se comparar a percepção das empresas industriais com as de serviços, em relação a esta questão, nota-se que há uma semelhança nos padrões de respostas desses dois tipos de empresas. O que significa dizer que essas empresas atribuem o mesmo grau de importância à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações. A comparação entre os padrões de respostas das empresas inovadoras com as não inovadoras é apresentada a seguir na Figura 6.3.

96 Figura 6.3 Resultados comparativos entre MPMEs de base tecnológica inovadoras e não inovadoras em relação ao grau de importância atribuído à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.1. Da análise da Figura 6.3, observa-se que: Para todos os períodos, o percentual de empresas industriais inovadoras que relataram alguma importância (alta, média ou baixa) à dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações é superior ao das que não inovaram. Nota-se também que a diferença entre esses percentuais aumenta ao longo do tempo. O mesmo ocorre com o percentual relativo às empresas que atribuíram alta ou média importância a esta questão, com exceção do período 1998-2000, no qual os percentuais das empresas inovadoras e das não inovadoras são muito próximos (12,3% e 13,3%, respectivamente). Em relação às empresas de serviços, o percentual das que inovaram é praticamente o dobro das que não inovaram, tanto para o grupo das que atribuíram alta ou média importância, quanto para aquelas que atribuíram alguma importância (alta, média ou baixa) ao item em questão. No período 2003-2005, ao se comparar o percentual das empresas industriais com o das empresas de serviços, em relação às não inovadoras, não há diferenças significativas. Isto ocorre tanto para o grupo das que atribuíram alta ou média importância a este item, quanto

97 para as que atribuíram alguma importância. Entre as que inovaram, o percentual das empresas industriais é superior ao percentual de empresas de serviços. 6.3.2 Escassez de serviços técnicos externos A Figura 6.4 explicita em que medida as MPMEs de base tecnológica consideram a escassez de serviços técnicos externos um fator limitante às suas atividades inovativas. Os percentuais referem-se às parcelas de MPMEs de base tecnológica que atribuíram alta ou média importância e alguma importância (alta, média ou baixa) a essa variável. Figura 6.4 Grau de importância atribuído pelas MPMEs de base tecnológica à escassez de serviços técnicos externos Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.2. Da Figura 6.4 constata-se que a maior parte das MPMEs de base tecnológica que atribuíram algum grau de importância à escassez de serviços técnicos externos concentra-se naquelas que relataram alta ou média importância. Além disso, no período 2003-2005, ao se comparar a percepção das empresas industriais com as de serviços em relação a esta questão, nota-se que há semelhança nos padrões de respostas desses dois tipos de empresas. O que significa dizer que as empresas de serviços atribuem o mesmo grau de importância à escassez de serviços técnicos externos que as industriais.

98 A Figura 6.5 compara os padrões de respostas das empresas inovadoras com as não inovadoras. Figura 6.5 Resultados comparativos entre MPMEs de base tecnológica inovadoras e não inovadoras em relação ao grau de importância atribuído à escassez de serviços técnicos externos Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.2. Analisando a Figura 6.5, observa-se que: Para todos os períodos, o percentual de empresas industriais inovadoras que atribuíram alguma importância (alta, média ou baixa) à escassez de serviços técnicos externos como fator limitante às suas atividades inovativas é superior ao das que não inovaram. Notase também que a diferença entre esses percentuais aumenta significativamente do período 1998-2000 (10,5%) para o de 2001-2003 (19,3%). O mesmo ocorre com o percentual relativo às empresas que atribuíram alta ou média importância a esta questão. Neste caso, a diferença entre esses percentuais aumenta ao longo do tempo: 8,5% no período 1998-2000, 11,5% de 2001 a 2003 e 13,4% de 2003 a 2005. Em relação às empresas de serviços, o percentual das que inovaram é praticamente o dobro das que não inovaram para o grupo das que atribuíram alta ou média importância. Quanto àquelas que atribuíram alguma importância (alta, média ou baixa) ao item em

99 questão, o percentual das inovadoras é superior a duas vezes o percentual das não inovadoras. No período 2003-2005, ao se comparar as empresas industriais com as de serviços, não há diferenças significativas em relação às não inovadoras. Isto ocorre tanto para o grupo das que atribuíram alta ou média importância a este item, quanto para as que atribuíram alguma importância. Comparando-se as inovadoras industriais com as de serviços, o percentual das empresas industriais que atribuíram alta ou média importância é superior ao das empresas de serviços. 6.3.3 Falta de informação sobre tecnologia A Figura 6.6 explicita em que medida as MPMEs de base tecnológica consideram a falta de informação sobre tecnologia um fator limitante às suas atividades inovativas. Os percentuais referem-se às parcelas de MPMEs de base tecnológica que atribuíram alta ou média importância e alguma importância (alta, média ou baixa) a essa variável. Figura 6.6 Grau de importância atribuído pelas MPMEs de base tecnológica à falta de informação sobre tecnologia. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.3. Da Figura 6.6 constata-se que a maior parte das MPMEs de base tecnológica que atribuíram algum grau de importância à falta de informação sobre tecnologia concentrase naquelas que relataram alta ou média importância. Adicionalmente, ao se comparar a

100 percepção das empresas industriais com as de serviços, em relação a esta questão, notase que há uma semelhança nos padrões de respostas desses dois tipos de empresas. O que significa dizer que essas empresas atribuem o mesmo grau de importância à falta de informação sobre tecnologia. A Figura 6.7 compara os padrões de respostas das empresas inovadoras com as não inovadoras. Figura 6.7 Resultados comparativos entre MPMEs de base tecnológica inovadoras e não inovadoras em relação ao grau de importância atribuído à falta de informação sobre tecnologia. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.3. Analisando a Figura 6.7, observa-se que: Para todos os períodos, o percentual de empresas industriais inovadoras que atribuíram alguma importância (alta, média ou baixa) à falta de informação sobre tecnologia como fator limitante às suas atividades inovativas é superior ao das não inovadoras. Nota-se também que a diferença entre esses percentuais aumenta significativamente do período 1998-2000 (14,6%) para o período 2001-2003 (24,7%). O mesmo ocorre com o percentual relativo às empresas que atribuíram alta ou média

101 importância a esta questão, a diferença entre esses percentuais aumenta significativamente (mais que triplica) do período 1998-2000 (5,0%) para o período 2001-2003 (17,6%), mantendo-se em um valor próximo a este (16,7%) no período 2003-2005. Em relação às empresas de serviços, o percentual das que inovaram é superior a duas vezes ao das que não inovaram, tanto para o grupo das que atribuíram alta ou média importância, quanto para aquelas que atribuíram alguma importância (alta, média ou baixa) ao item em questão. No período 2003-2005, ao se comparar o percentual das empresas industriais com o das empresas de serviços, em relação às não inovadoras, não há diferenças significativas. Isto ocorre tanto para o grupo das que atribuíram alta ou média importância a este item, quanto para as que atribuíram alguma importância. Entre as que inovaram, o percentual das empresas industriais é superior ao percentual de empresas de serviços. 6.3.4 Implementação de novos métodos, visando atender normas de certificação A Tabela 6.5 apresenta a parcela das MPMEs de base tecnológica que implementaram novos métodos visando atender normas de certificação qualidade (ISO 9000, ISO 9001-2000), redução dos impactos ambientais (ISO 14000, ISO 14001), saúde e segurança (OHSAS 18001), responsabilidade social (SA800), dentre outras. Tabela 6.5 Percentual de MPMEs de base tecnológica que implementaram novos métodos visando atender normas de certificação MPMEs de base tecnológica 1998-2000 2001-2003 2003-2005 Industriais 27,1% 21,2% 20,6% Serviços ------- ------- 10,2% Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.4. Da Tabela 6.5 constata-se que a parcela de MPMEs industriais de base tecnológica que implementaram novos métodos visando atender normas de certificação diminuiu ao longo do tempo. Adicionalmente, ao se comparar as empresas industriais com as de serviços nota-se que o percentual de empresas industriais que implementaram

102 novos métodos visando atender normas de certificação (20,6%) é o dobro do relativo às empresas de serviço (10,2%). A Figura 6.8 compara os padrões de respostas das empresas inovadoras com as não inovadoras. Figura 6.8 Resultados comparativos entre MPMEs de base tecnológica inovadoras e não inovadoras em relação à implementação de novos métodos visando atender normas de certificação. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 6.3. Analisando a Figura 6.8, observa-se que: Para todos os períodos, o percentual de empresas industriais inovadoras que implementaram novos métodos visando atender normas de certificação é superior ao das não inovadoras. Destaca-se o período 1998-2000 no qual a diferença entre os percentuais é de 20,5%. No período 2003-2005, o percentual das empresas industriais que implementaram novos métodos visando atender normas de certificação industriais é superior ao percentual das empresas de serviços, tanto em relação às empresas inovadoras como às não inovadoras.

103 6.4 Considerações finais Neste Capítulo foram descritas a grade de análise da pesquisa, com base nos construtos da estrutura da PINTEC, e a forma como os dados foram coletados e formatados para análise, cujos resultados são apresentados nas Figuras 6.2 a 6.8 e na Tabela 6.5. Dentre os resultados alcançados, destacam-se aqueles referentes ao primeiro construto problemas e obstáculos à inovação por permitirem uma análise transversal associada às três variáveis selecionadas. O mesmo tipo de análise não foi possível para o segundo construto pelo fato deste ser constituído por apenas uma variável. Para o conjunto das variáveis analisadas do construto problemas e obstáculos à inovação, constatou-se, em todos os períodos considerados, que: as MPMEs de base tecnológica que atribuíram alto ou médio grau de importância ao conjunto das variáveis desse construto constitui maioria dentre o total dessas empresas que atribuíram alguma importância (alta, média ou baixa). Esse padrão se repete quando são analisadas separadamente as inovadoras das não inovadoras. o percentual das MPMEs de base tecnológica inovadoras, industriais e de serviços, que atribuíram importância às variáveis desse construto é superior ao das não inovadoras. contrastando os resultados das MPMEs de base tecnológica industriais com as de serviços que atribuíram alta ou média importância às variáveis em questão, observase que as que não inovaram exibem percentuais bastante próximos, enquanto que no grupo das que inovaram as industriais apresentam percentual superior ao das empresas de serviços. examinando os resultados das MPMEs de base tecnológica industriais com as de serviços que atribuíram alta ou média importância às variáveis em questão, observase que a maior diferença dá-se na variável escassez de serviços técnicos.