Divisão de Educação Infantil e Complementar. Diretrizes Pedagógicas Versão da Família



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Transcrição:

Divisão de Educação Infantil e Complementar Diretrizes Pedagógicas Versão da Família 2013

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Diretoria Geral de Recursos Humanos DGRH Divisão de Educação Infantil e Complementar DEdIC Direção Geral Rinaldo José Gimenes dedicdir@unicamp.br Creche da Área da Saúde CAS Adélia Maria Reggio Machado (Diretora) Carla Iolanda Torete (Coordenadora) dgrhcas@unicamp.br Centro de Convivência Infantil CECI Dulce Mara Bertoluci Grassi (Diretora) Michelle Cezarini Santos Momente (Coord. Berçário) Vanessa Santos de Freitas Fochi (Coord. Maternal) Milena Ferreira Guatelli (Coord. Pré-Escola) dgrhceci@unicamp.br Programa de Integração e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente PRODECAD Eloiza Helena Lippaus (Diretora) Fatima Aparecida Ferreira (Coordenadora) prodecad@unicamp.br Assessoria Pedagógica Carla Oliveira Assessoria Administrativa Edgard Dal Molin Junior Diretoria de Serviços Administrativos Isabel Cristina Araujo Floriano 3

Prezadas Famílias, Com imensa satisfação entregamos a vocês este livreto com um resumo das Diretrizes Pedagógicas da DEdIC. O documento, aprovado pelo Conselho Pedagógico da DEdIC, materializa, tanto nossas práticas, quanto nossos anseios e projetos futuros, nossa busca por uma educação com cada vez mais qualidade para nossas crianças. A publicação das Diretrizes bem como sua divulgação à comunidade faz parte da consolidação de nossa proposta pedagógica, que inclui, cada vez mais, a participação das famílias como agentes parceiros e fundamentais na educação dos meninos e meninas que conosco estão. Não se trata de um documento fechado, mas sim um pontapé inicial. À toda equipe pedagógica (diretores, coordenadoras e professores), caberá a tarefa de constante reflexão e avaliação da prática, tento o material como suporte teórico, bem como a missão de revisão da teoria que só tem sentido com a prática. Como disse Paulo Freire: a teoria sem a prática vira verbalismo, assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade. Às famílias, por sua vez, também são protagonistas deste trabalho. Tendo conhecimento sobre os fundamentos de nossa prática pedagógica podem acompanhar, com maior proximidade, aquilo que seus filhos vivenciam no espaço educativo. Podem sugerir, participar ativamente da educação das crianças, verificar o que é possível dentro da proposta pedagógica que adotamos. Afinal, resguardadas as diferenças entre o espaço educativo e o familiar, ambos formam juntos, as instituições sociais responsáveis pela tarefa de educar. Boa leitura! 4

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Sumário Concepção de Criança... Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil... A prática Pedagógica... Algumas ideias básicas sobre a Metodologia de Projetos... Considerações sobre Linguagem Escrita/Letramento... Organização do tempo e espaço... a. O trabalho em pequenos grupos... b. A rotina... c. O espaço... Documentação Pedagógica... Considerações Finais... Referências... 7 8 9 9 12 12 12 13 13 13 14 15 6

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Concepção de criança Antes de apresentar nossa proposta pedagógica, é importante ressaltar o conceito de criança que permeia nosso trabalho. Assim, partilhamos da concepção descrita no documento Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil : Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2009, p.12) Os Parâmetros de Qualidade para a Educação infantil também destacam uma definição para a idéia de criança: A criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma sociedade na qual partilha uma determinada cultura. É profundamente marcado pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele. A criança, assim, não é uma abstração, mas um ser produtor e produto da história e da cultura. ( FARIA, 1999, apud MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006) Ampliando os conceitos, pensamos na criança potente, criativa, capaz, completa. Pode parecer simples pensar as crianças a partir destas definições. A prática nos mostra que não é tarefa fácil enxergar a criança por estes aspectos, afinal, nossa referência continua sendo o olhar do adulto. E, partindo do pressuposto de que a ideia de criança que temos hoje faz parte de uma construção histórica e social (ou seja, nem sempre a criança foi compreendida desta forma), muitas vezes nos deparamos com práticas tradicionais e ultrapassadas que não valorizam a criança como um ser produtor e produto de cultura. Daí a importância do trabalho ser norteado por Diretrizes, e que tenhamos a possibilidade de rever constantemente nossa prática. De observar aquilo que a criança no traz. É a partir delas, afinal, que o trabalho deve ser conduzido. 8

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil Fundamentamos nossa proposta pedagógica em Documentos Oficiais Nacionais. Por isso, para referência do trabalho, apresentamos às famílias, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2009, p.25-27). O conteúdo é válido também para pensar as práticas de educação não-formal, considerando-se as devidas especificidades: As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e as brincadeiras e garantir experiências que: Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; Recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço temporais; Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, autoorganização, saúde e bem-estar; Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e conhecimento da diversidade; Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; Promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; 9

Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, maquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. A Prática Pedagógica A proposta pedagógica da DEdIC será realizada a partir do trabalho com projetos, que define-se, basicamente por: Uma investigação em profundidade de um assunto sobre o qual valha a pena aprender. A investigação é em geral realizada por um pequeno grupo de crianças de uma sala de aula, às vezes pela turma inteira e, ocasionalmente, por uma criança apenas. A principal característica de um projeto é que ele é um esforço de pesquisa deliberadamente centrado em encontrar respostas para as questões levantadas pelas crianças, pelo seu professor. [...] Os projetos abrem espaço nos quais a curiosidade das crianças pode ser comunicada com maior espontaneidade, capacitando-as a experimentar a alegria da aprendizagem independente (HELM, BENEKE, E Cols., 2005, p.23) Para que os projetos sejam significativos e resultem na aprendizagem das crianças, deverão passar por fases de trabalho. A primeira, a escolha do projeto e as questões a serem investigadas; a segunda etapa, o compartilhar do grupo sobre aquilo que já conhecem acerca do tema e a investigação sobre aquilo que querem saber, e por fim, há uma atividade final que culmina no encerramento do projeto e no compartilhar de todo o processo de trabalho. Algumas ideias básicas sobre a Metodologia de Projetos Embora a maneira de se trabalhar seja comum a todas as Unidades da DEdIC, deve-se considerar as especificidades de cada faixa etária; Não há um tempo ideal para a duração de um projeto. O determinante do tempo é o real interesse das crianças pelo tema, e a certeza de que o tema ainda é provocador e fator de aprendizagem; O planejamento diário de trabalho faz parte dos projetos; Para todas as turmas, independentemente da idade, haverá um planejamento inicial de adaptação no início do ano; Para as crianças matriculadas nas turmas de berçário e mini-maternal, o trabalho será realizado por meio de planejamento, sem a necessidade de um projeto com tema específico, devido à faixa etária. No entanto, a partir do momento em que as crianças já demonstram interesse por algum tema gerador, a metodologia de projetos deve ser inserida; O planejamento das atividades diárias deverá ser descrito a partir das seguintes áreas de conhecimento: 10

1) Para berçário e mini-maternal: Áreas do conhecimento Aspecto Afetivo Conceito geral Contido em todas as atividades planejadas Aspecto social Interação criança/criança Interação adulto/criança Desenvolvimento moral Contido em todas as atividades planejadas Aspecto físico Esquema motor e corporal Coordenação Movimento Aspecto cognitivo Conhecimento físico 2) Maternal, pré-escola e Educação não-formal: Áreas do conhecimento Conceito geral Aspecto Afetivo CURIOSIDADE: Disposição para agir, conhecer, descobrir e pesquisar. Conhecimento de si; MOTIVAÇÃO: Iniciar a atividade e permanecer nela até concluí-la CRIATIVIDADE: Capacidade de resolver problemas de diferentes maneiras. Inventar e ter novas ideias. Aspecto social INTERAÇÃO CRIANÇA-CRIANÇA: Trocas sociais com outras crianças. Ampliar a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas. 11

INTERAÇÃO ADULTO-CRIANÇA: Relações baseadas na confiança e igualdade. Respeito pelos ritmos e desejos das crianças; DESENVOLVIMENTO MORAL: Aprender a ser e a conviver em comunidade. BRINCADEIRAS Aspecto físico ESQUEMA MOTOR E CORPORAL, COORDENAÇÃO MOTORA FINA E GROSSA: Pegar, rastejar, engatinhar, lançar, pôr, empilhar, tirar, puxar, rosquear, encaixar, saltar, pular, correr, etc. Experiências corporais que possibilitem movimentação ampla e que permite à criança fazer seus músculos grandes e pequenos o que deseja ou pensa. CONSCIÊNCIA CORPORAL: Controle dos esfíncteres, e higiene corporal. Aspecto cognitivo CONHECIMENTO FÍSICO: Conhecer as propriedades dos objetos e materiais. Cor, sabor, odor, temperatura, textura, forma, consistência, peso, animais e plantas Experiências sensoriais; CONHECIMENTO MATEMÁTICO: Relação entre os objetos. A fonte do conhecimento lógico-matemático é a própria criança e não o objeto, pois é a criança que cria estas relações. CONHECIMENTO SOCIAL: Advém do meio social e cultural em que a criança vive e a criança só pode adquiri-lo a partir das informações oferecidas pelas pessoas. FUNÇÃO SIMBÓLICA: capacidade de representar um objeto ou acontecimento através de um significante. Representação do real. LINGUAGEM ORAL LINGUAGEM ESCRITA/LETRAMENTO 12

Considerações sobre a Linguagem Escrita/Letramento As crianças, desde pequenas, estão em permanente contato com a linguagem escrita, por meio de livros, jornais, embalagens, placas de ônibus, etc., iniciando-se no conhecimento destes materiais gráficos antes mesmo de freqüentar uma instituição de educação, começando a pensar sobre a escrita e seus usos sem a intervenção direta do adulto. Elas começam a aprender a partir de diversos tipos de interações sociais e de suas próprias ações, por exemplo, quando presenciam momentos de leitura com seus familiares, quando fazem uma lista de compras, anotam um recado. Diante deste ambiente de letramento, as crianças começam a elaborar hipóteses sobre a escrita, mostrando que, para elas, a escrita representa algo. Na educação infantil, a prática de letramento se inicia no berçário, quando a professora lê para os bebês. Na pré-escola, é toda forma que a criança tem de registrar suas idéias. Nem sempre usando letras, mas sim colocando seu pensamento de uma maneira que, para ela, faça sentido. Nesse processo de construção do pensamento, é fundamental que o professor proporcione situações em que a criança possa ser o sujeito a criar seu código, sua forma de se expressar até atingira escrita convencional. Organização do Tempo e Espaço a. O trabalho em pequenos grupos O trabalho em pequenos grupos é um grande desafio de nossa proposta pedagógica, pois ainda não se concretizou em todos os nossos espaços. Além de configurar-se como uma mudança de concepção educacional, o espaço precisa ser adequado, bem como os demais recursos materiais. Planejar as atividades em pequenos grupos simultaneamente, todos os dias, possibilita à criança escolher aquilo que ela tem interesse em realizar, trabalhar de maneira cooperativa e trocar pontos de vista. Destacamos ainda, a importância do trabalho em pequenos grupos, a partir do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: Escolhas mais diretas logo se tornam possíveis, tais como as que se referem aos objetos com os quais brincar ou aos companheiros com quem interagir. Mas essas escolhas, também, dependem muito da maneira como o adulto organiza a rotina e dispõe o ambiente. Nesse sentido, a organização do espaço é um procedimento recomendado para que as crianças disponham de várias alternativas de ação e de parceiros. Pode-se pensar, por exemplo, numa sala onde haja, num canto, instrumentos musicais, no outro, brinquedos de faz-de-conta e, num terceiro, blocos de encaixe, permitindo que as crianças possam circular livremente entre um e outro, exercitando seu poder de 13

escolha, tanto em relação às atividades como em relação aos parceiros. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, RCNEI, Vol.II, 1998, p.31) b. A rotina Segundo o Referencial Curricular para Educação Infantil (MEC, 1998): Considerada como um instrumento de dinamização da aprendizagem, facilitador das percepções infantis sobre o tempo e o espaço, uma rotina clara e compreensível para as crianças é fator de segurança. A rotina pode orientar as ações das crianças, assim como dos professores, possibilitando a antecipação das situações que irão acontecer. c. O espaço Valorizamos o espaço devido ao seu poder de organizar, promover relacionamentos agradáveis entre pessoas de diferentes idades, criar um ambiente bonito, proporcionar mudanças, promover escolhas e atividades, e promover o potencial para estimular todo tipo de aprendizagem social, afetiva e cognitiva. (MALAGUZZI, comunicação pessoal, 1984) Documentação Pedagógica Acreditamos que a documentação pedagógica é ferramenta fundamental ao trabalho do professor. As experiências de trabalho destacam que há várias maneiras de documentar: portfólios do grupo, portfólio individual, registro com fotos, filmagens, desenhos, livros, enfim, há uma gama de possibilidades para documentar o trabalho. Na DEdIC, contamos com 2 momentos principais de divulgação da documentação pedagógica: Relatório de desenvolvimento individual semestral: 1 para cada criança, considerando-se os aspectos do desenvolvimento; Relatório final dos trabalhos: desenvolvidos durante todo o ano (construído durante o trabalho, contendo todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem do grupo. Flexibilidade no formato: portfólio, livro,.. 14

Considerações Finais Este não é um documento a ser concluído, finalizado. O que buscamos é fundamentar as práticas educativas a partir de Diretrizes com objetivos comuns que garantam a qualidade da Educação e a tarefa de ensinar. Com as Diretrizes Pedagógicas, iniciamos o ano de 2013. Esperamos uma caminhada cheia de desafios, mas também de conquistas e realizações. Neste caminhar, contamos com a parceria das famílias, como parceiras na educação e desenvolvimento de nossas crianças... 15

Referências BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009.. Ministério da Educação. Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil. Brasília, 2006.. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. I, Brasília, 1998.. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. II, Brasília, 1998.. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. III, Brasília, 1998.. Prefeitura Municipal de Jaguariúna. Proposta Pedagógica para Educação Infantil. Secretaria da Educação e Cultura, 1996. BARBOSA, Maria Carmem, HORN, Maria da Graça. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre, Artmed, 2008. HELM, Judy. BENEKE, Sallee e cols. O poder dos projetos Novas estratégias e soluções para a educação infantil. Porto Alegre, Artmed, 2005. KINNEY, Linda. WHARTON, Pat. Tornando visível a aprendizagem das crianças. Educação infantil em Reggio Emilia. Porto Alegre, Artmed, 2009. OSTETTO, Luciana Esmeralda (org). Encontros e encantamentos na educação infantil: partilhando experiências de estágios. Campinas, Papirus, 2000. 16