ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Agravo de Instrumento n 001.2011.000991-5/001 Origem : 5 4 Vara Cível dá Comarca de Campina Grande Relator : Desembargador Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho Agravante : Banco Bradesco S/A Advogados: Tatiane de Lacerda Barros e outros Agravados : Evaldo Maciel de Souza e Valéria Veras Ribeiro Maciel AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO HIPOTECÁRIA. TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CÉDULA HIPOTECÁRIA. COPIA DIGITALIZADA. POSSIBILIDADE. DOCUMENTO ORIGINAL. DESNECESSIDADE. PRINCÍPIO DA INS1RUMENTALIDADE DAS FORMAS. "OBSERVÂNCIA. RECURSO PROVIDO. - A prova documental eletrônica, com o advento da Lei riq 11.419, de 2006 possui valor probante, assim, a cópia digitalizada de contrato de empréstimo é documento hábil a instruir a ação executiva, não havendo necessidade de se determinar a emenda da inicial, para apresentação do original do título executivo extrajudicial, inclusive, por obediência ao princípio da instrumentalidade das formas. autos. VISTOS, relatados e discutido
de Justiça da Paraíba, por unanimidade, prover o recurso. ACORDA a Quarta Câmara Cível do Tribunal Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto da decisão proferida pelo Juiz de Direito da 5 4 Vara Cível da Comarca de Campina Grande nos autos da Execução Hipotecária proposta pelo Banco Bradesco S/A contra Evaldo Maciel de Souza e Valéria Veras Ribeiro Maciel, já qualificados. In casu, tendo em vista o descumprimento pactuado em Contrato de Financiamento entre os litigantes, onde os agravados deixaram de efetuar os pagamentos referentes as parcelas de 25/10/2001 a 25/12/2002, o Banco Bradesco S/A forcejou a vertente Execução Hipotecária, porém, o Juiz a quo posicionou-se pela necessidade de ser juntado à petição inicial, o documento original do título executivo, no prazo de 10 dias. Contra essa decisão se insurge o agravante, sustentando, em síntese, a inexistência de nulidade do título executivo extrajudicial, assim também, a ausência de menção no tocante à essência física do título executivo extrajudicial, nos termos do art. 614, I, do CPC. pedido expresso de efeito suspensivo à decisão agravada. Liminar indeferida às fls. 46/48, por ausência de Informações prestadas pelo Juízo a quo, fl. 59. intimação dos recorrentes. Não houve oferta de contrarrazões, inobs tante A Procuradoria de Justiça, em parecer da lavra do Dr. José Raimundo de Lima, não se pronunciou no mérito, fls. 61/63. É o RELATÓRIO. VOTO
Trata-se de Agravo de Instrumento manejado pelo Banco Bradesco S/A contra decisão proferida pelo Juiz de Direito da 5 2 Vara Cível da Comarca de Campina Grande, nos autos da Ação de Execução por Titulo Extrajudicial, ajuizada em face de Edvaldo Maciel de Souza e Valéria Veras Rib eiro Maciel. Na sobredita decisão, o Magistrado a quo determinou, fl. 16, "Intime-se a parte autora para juntar aos autos o título executivo original, no prazo de 10 dias, sob pena de indeferimento da petição inicial". É justamente contra esse decisório que se insurge a instituição bancária, sustentando a possibilidade de se colacionar, na vertente hipótese, uma cópia do título executivo extrajudicial. Trazendo, ainda, como sublevação, a inexistência de nulidade do título executivo extrajudicial, assim também, a ausência de menção no tocante à essência física do referido título, nos termos do art. 614, I, do CPC. O cerne da questão posta a desate cinge-se a verificar se a petição da execução por título executivo extrajudicial pode ser instruída tãosomente com cópia digitalizada do título executado ou se faz necessária a juntada do documento original. Assiste razão ao recorrente, senão vejamos. 283 e 614, I, do CPC, estabelecem, em ordem respectiva: No tocante à documentação anexada ao feito, os arts. Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação..m1 Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial: I - com o título executivo extrajudicial (...); No entanto, mencionados dispositivos
ser interpretados de forma sistemática, sem descuidar dos demais princípios e regras processuais. Quanto ao primeiro, cumpre exaltar o da instrumentalidade das formas, preconizado no art. 244, da mesma diplomação legal. Mencione-se, por necessário, o documento de fls. 41/42. No preceito remanescente, especificamente aplicável ao caso, deve-se observância ao art. 365, VI, do Código de Processo Civil, cuja redação mostra-se clarividente ao estabelecer isonomia relativa entre as cópias e os originais: As reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização. acima transcrita, ressalta: COSTA MACHADO, em anotações sobre a norma Este dispositivo, identicamente criado pela Lei n. 11.419/2006, surge no cenário jurídico para instituir as reproduções digitalizadas como documentos reconhecidos pelo direito processual, bem corno para estabelecer que eles também fazem a mesma prova que os originais (v. art. 154, 2 2). Observe-se, desde logo, que a previsão sob enfoque é cópia, quase ipsis literis, do 1-9, do art. 11, da mencionada Lei n. 11.419 que, aliás, transcrevemos, por inteiro, no comentário ao inc. V (v. Nota). (In Código de P sso Civil Interpretado, 7 4. ed. São Paulo: Editor le, 200 p. 379).
São Paulo é remansosa quanto ao tema: A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de Agravo de instrumento interposto contra r. decisão que determinou emenda da inicial para que o banco juntasse o original do título executivo Alegação de incorreção, posto que se trata de título sem circulação - Pedido de reforma - Desacerto da r. decisão - Cópia certificada digitalmente - Possibilidade de, sem o original, instruir-se a executiva - Recurso provido. (Al n. 7.371.238-2/17a. Câmara de Direito Privado/Rel. Des. SIMÕES DE VERGUEIRO/j. em 1.7.2009) Execução por título extrajudicial - Contrato de empréstimo - Cópia autenticada do título executivo - Admissibilidade - Providência que visa afastar hipótese de circulação do título, o que não pode ocorrer no caso em tela, visto tratar-se de contrato de empréstimo e não de cambial - Aplicável ao caso a regra contida no art. 385 do CPC, que preconiza ter a cópia de documento particular o mesmo valor probante que o original - Hipótese em que há certificação digital de autenticidade do documento, registrada perante oficial de registros públicos - Decisão reformada - Agravo provido.(al n 7.361.322-6/24a. Câmara de Direito Privado/Rel. Des. SALLES VIEIRA/j. 25.6.2009) E, ainda, Petição inicial - Emenda - Execução - Determinada a juntada do original do contrato de e Título, executivo não sujeito à
Descabimento - Execução instruída com cópia do contrato registrado no 10 Cartório de Títulos e Documentos de Maceió-AL, digitalmente certificado - Cumprido o preceituado no art. 384 do CPC - Caso em que, estabelecido o contraditório, a parte adversa terá oportunidade de se manifestar sobre a validade do documento - Afastada a exigência da juntada do original do contrato - Agravo provido. (Al N. 990.10.051649-3/Rel. Des. José Marcos Marrone/23 4. C. de Direito Privado/j. 14.04.2010). Por evidente, oferta-se valor probante à cópia colacionada pelo recorrente, ressaltando que, caso a parte contrária tiver fundamentos para duvidar de sua autenticidade, poderá impugná-la e, então, se o magistrado entender necessário, poderá valer-se do disposto no 2, do art. 365, do CPC, determinando o depósito do original do contrato em Secretaria: Art. 365 Omissis; 2: Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou outro documento relevan te à instrução do processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório ou secretaria. À luz de tais considerações, deve-se cassar a decisão agravada, para imprimir ao feito o seu regular andamento, observadas as formalidades de praxe. AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO AO É como VOTO. Presidiu a sessão, o Desembargador João Silva. Participaram do julgamento, o Desembargador Frederico Martinho
Coutinho, como Relator e o Desembargador Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. representando o Ministério Público. Presente a Dra. colau Faustino Gomes, Sala das Sess de Justiça da Paraíba, em 04 de outubro de Cível do Tribunal to. se argador Relator rega outinho
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