O ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO ANATÔMICA DO MANGUITO ROTADOR E SUA IMPORTÂNCIA CLÍNICA Anna Carolina Pereira Gomes 1, Maria Eduarda de Azevedo Ferro Cardoso 1, Mario de Souza Lima e Silva 2 1 Curso Medicina Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC) Av. Filadélfia, 568 77816-540, Araguaína TO Brazil 2 Doutor em biologia molecular aplicado a saúde Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) Av. Farroupilha, 8001 92425-900, Canoas RS Brazil annacarolinapg48@gmail.com; mariaeduardazvc@gmail.com; mariobioufg@gmail.com; Abstract: The aim of this work is to analyze anatomically the muscles of the rotator cuff and the relationships between them. Adjacent to this, it seeks to evidence the clinical importance, in view of the recurrence of injuries that affect such muscles. Through anatomical dissection, it was possible to perform the morphological analysis of the studied structures, and therefore to understand the lesions that occur repeatedly, especially in the orthopedic area. Thus, based on research and anatomical dissection, this work allows the health professional the best understanding about the clinical picture of the patient, which collaborates with the treatment, in order to improve the quality of life of the patient. 1 INTRODUÇÃO O manguito rotador é composto pelos tendões dos músculos supraespinhal, infraespinhal, infraespinhal e redondo menor. A função destes músculos está relacionada à nutrição, estabilização, força no ombro e mobilidade. O presente trabalho objetiva avaliar a anatomia dos referidos músculos por meio da dissecação. Bem como analisar, a relevância destes para a prática médica, sobretudo na área ortopédica, tendo em vista a grande recorrência de lesões. A escolha do tema baseou-se na relevância das lesões nos músculos em questão, e, na importância da dissecação anatômica, que é um método didático de estudo, porque possibilita a observação e palpação. Como enunciado em 1770, pelo Dr. William Hunter, anatomista escocês: Apenas a dissecação nos ensina onde podemos cortar ou examinar o corpo vivo com liberdade e presteza.
Uma lesão ou doença pode causar danos ao manguito rotador, provocando instabilidade da articulação do ombro. O traumatismo pode lacerar ou romper um ou mais tendões dos músculos do manguito rotador. Esse trabalho ressaltará a importância dos músculos do manguito rotador para a prática médica, evidenciando a relações existentes, o que possibilita o entendimento das lesões que ocorrem frequentemente. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O ombro é a articulação de maior mobilidade do corpo humano e como consequência uma das mais vulneráveis do ponto de vista de lesões. Esses músculos exibem movimentos sincronizados para garantir o funcionamento apropriado da articulação escapuloumeral, qualquer disfunção destas estruturas leva a situações patológicas. A causa mais frequente dessa dor é a lesão do manguito rotador, destacando a síndrome de impacto do manguito rotador, sendo potencializada com a ocupação laborativa ou recreativa (BOECK et al., 2012). Logo, no estudo das lesões do ombro deve-se levar em consideração as relações anatômicas de todo o quadrante superior, principalmente no momento de realizar uma análise da biomecânica de uma articulação em relação às outras (DUTTON, 2010). O manguito rotador é composto por quatro músculos escapuloumerais supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular. Esses músculos são rotadores do úmero, com exceção do músculo supraespinhal, o qual inicia e ajuda o músculo deltoide nos primeiros 15º de abdução do braço. O músculo supraespinhal origina-se na fossa supraespinhal da escápula e se insere no tubérculo maior do úmero. O músculo infraespinhal origina-se na fossa infra-espinhal da escápula e se insere no tubérculo maior do úmero. O músculo redondo menor origina-se na borda axilar da escápula e se insere no tubérculo maior do úmero. O músculo subescapular origina-se na fossa subescapular da axila e se insere no tubérculo menor do úmero (MOORE, 2014). Os músculos do manguito rotador trabalham como uma unidade combinada para proteger e estabiliza a dinâmica da articulação glenoumeral, por intermédio dos seus tendões que se fundem e reforçam a lamina fibrosa da capsula articular dessa articulação do ombro. Para manter uma rotação harmônica e precisa do úmero, é necessário a atuação desse complexo muscular e da contração tônica dos músculos colaboradores mantendo a cabeça do úmero na cavidade glenoidal da escápula (MOORE, 2014).
3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho apresenta um estudo exploratório e descritivo, foi realizado uma revisão bibliográfica analisando artigos especializados nas lesões do manguito rotador disponíveis para consulta em base de dados, tais como, SciELO e Google acadêmico, e através do método de dissecação visualizou a musculatura do manguito rotador que evidenciou a origem, inserção e trajeto. O estudo foi realizado em 8 horas intercaladas em três sábados sequenciais e efetivou a dissecação de dois ombros direitos, de um cadáver adulto do sexo masculino e o outro de um membro superior, os quais não possuíam anormalidades congênitas, sinais de trauma ou cirurgia prévia no ombro. As estruturas anatômicas referidas foram fixadas no formol e conservadas em glicerina, sendo elas pertencentes ao acervo do Laboratório de Anatomia Humana do Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC). Um estudo piloto foi feito previamente, antes do início do procedimento, para melhor conhecimento e verificação da anatomia local, sendo mantido o auxílio desse material no decorrer da atividade. Para dissecação foram utilizados os seguintes instrumentos: cabo de bisturi nº 4, lâminas nº 22, pinça anatômica de 14 cm e tesoura anatômica ponta reta 12 cm. Os procedimentos foram executados com a peça cadavérica na posição de decúbito ventral, com o braço direito em abdução. Inicialmente foram feitas a incisão da pele, com o auxílio do bisturi e da pinça anatômica, foram rebatidas a epiderme e a derme no sentido medial-lateral. Na tela subcutânea foi feita a retirada do tecido fibro-adiposo, com auxílio do bisturi e da tesoura, após a dissecação do plano superficial, com exposição da fáscia deltotrapezoidal, foi necessário a desinserção dessa fáscia da clavícula distal e da espinha da escápula, e o rebatimento dos músculos trapézio, tornando possível a exposição do plano profundo, visualizando assim o ventre dos músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor, redondo maior, romboide maior e romboide menor. Em sequência, foi rebatido os músculos romboides para expor a região da fossa subescapular, para depois realizar a retirada da gordura presente sobre o músculo subescapular com o uso do bisturi, permitindo a sua melhor visualização. Posteriormente, foram analisadas imagens ilustrando a posição anatômica dos músculos que compõem o manguito rotador e estudadas as descrições de sua anatomia em livros didáticos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados encontrados foram assimilados de acordo com o avanço da dissecação. Inicialmente, com a dissecação da pele, foi visualizado os músculos trapézio e deltoide, e com o rebatimento dos mesmos finalmente foi averiguado os músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor do manguito rotador (Figura 1; Figura 2). A partir da análise posterior da escápula, na fossa subescapular foi observado o músculo subescapular (Figura 3). 1 2 3 Figura 1- Manguito Rotador: 1-M. supraespinhal; 2-M. infraespinhal; 3-M. redondo menor 1 2 3 Figura 2- Manguito Rotador: 1-M. supraespinhal; 2-M. infraespinhal; 3-M. redondo menor.
1 Figura 3- Manguito rotador: 1- M. subescapular. Os músculos do manguito rotador foram analisados quanto à origem, inserção e trajeto, não foram encontradas variações anatômicas, também foi avaliado a relação das funções desses músculos com as suas morfologias. Sendo assim, foi certificado que seus tendões quando se aproximam de suas inserções tornam-se confluentes entre si e a cápsula articular, comprovando sua atuação de potencializar e estabilizar a dinâmica da articulação glenoumeral. Posteriormente, com a pesquisa dos artigos sobre lesões do manguito rotador foi apurado a existência de um elevado índice de dor no ombro, sendo considerada a segunda maior queixa nos consultórios, perdendo apenas para a dor lombar, o que determina a relevância deste trabalho. As lesões do manguito rotador podem ocorrer devido a degeneração ligamentar, traumatismo, uso excessivo da articulação, sendo comum entre trabalhadores e atletas que têm de realizar movimentos forçados acima da cabeça, envolvendo tipicamente abdução ou flexão e rotação medial, ou problemas vasculares. Geralmente possuem maior predominância indivíduos do sexo masculino, acima dos 40 anos de idade e apresentam como sintomas característicos a dor profunda e irradiada, diminuição da amplitude de movimento em especial a abdução de ombro, diminuição da força muscular devido a imobilidade e uma hipomobilidade escapular.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É válido ressaltar que, o estudo anatômico tem fundamental importância para o discernimento das lesões nos músculos do manguito rotador, especialmente sob a forma de dor no ombro que acomete regularmente atletas e trabalhadores do sexo masculino. Infere-se, portanto que a análise pormenorizada dos músculos em questão permite a compreensão das lesões que ocorrem frequentemente. Dessa forma, esse estudo possibilita ao profissional da saúde maior precisão no diagnóstico clínico, e a partir disso um tratamento específico, com o objetivo de melhorar a condição do paciente. REFERÊNCIAS BOECK, Rudiel Luciano; DOHNERT, Marcelo Baptista; PAVAO, Tiago Sebastiá. Cadeia cinética aberta versus cadeia cinética fechada na reabilitação avançada do manguito rotador. Fisioter. mov. [online], vol.25, n.2, p. 291-299, 2012. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. MIYAZAKI, Alberto Naoki et al. Avaliação dos resultados das reoperações de pacientes com lesões do manguito rotador. Rev Bras Ortop, v. 46, n. 1, p. 45-50, 2011. MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. SOBOTTA, Johannes et al. Atlas de Anatomia Humana. 23. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. VIEIRA, Fabio Antonio et al. Lesão do manguito rotador: tratamento e reabilitação. Perspectivas e tendências atuais. Revista brasileira de ortopedia, v. 50, n. 6, p. 647-651, 2015.