Importância Alimentar das Vitaminas



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Importância Alimentar das Vitaminas As vitaminas no organismo O uso correcto dos suplementos vitamínicos pode trazer benefícios consideráveis ao criador, melhorando de modo significativo o desempenho reprodutivo das suas aves. Para melhor compreender e utilizar estes suplementos é importante reunir alguns conhecimentos básicos sobre o funcionamento das vitaminas no organismo. Só é possível optimizar a dieta das nossas aves e perceber a importância e função das vitaminas compreendendo o papel destas no organismo. Procuramos com este documento, proporcionar aos criadores algumas informações básicas sobre as vitaminas e o seu papel no organismo; os motivos que justificam a utilização de suplementos vitaminicos, bem como algumas das condições e cuidados necessários ao seu uso. Suplementos vitamínicos As vitaminas são de extrema importância para o organismo. O uso de suplementos vitamínicos sintéticos está cada vez mais vulgarizado, no entanto, devemos estar atentos a alguns factores para conseguir um uso eficiente destes produtos. O primeiro prende-se com a estabilidade química das vitaminas. Esta é bastante variada e determinar o seu teor nos alimentos é muito difícil, o que invalida a maioria das tentativas para encontrar dietas com valores absolutos destes nutrientes correctamente equilibrados. Quando se compra um suplemento vitamínico é possível conhecer a sua constituição, através da composição analítica expressa na embalagem. Esta é uma das razões que torna os suplementos vitamínicos uma parte importante da formulação nutricional das dietas animais. Apesar disso, nem todas as vitaminas incluidas necessitam de ser indicadas na composição analítica. O factor mais importante é, todavia, outro. Quase todas as vitaminas passam por algumas modificações químicas desde a forma natural inical de percursor até serem biologicamente activas. Os compostos sintéticos são, na maioria dos casos, formas químicas puras, sem percursores ou adjuvantes naturais que podem, por isso, destabilizar os processos metabólicos de absorção e níveis sanguíneos das vitaminas. A administração na água de bebida traz também problemas ao nível da degradação microbiana da própria água, em especial quando são adicionados minerais simples e aminoácidos, podendo mesmo resultar num "cocktail" prejudicial para o criador menos atento. Por isso, administrar vitaminas não se resume a usar algumas gotas por bebedouro de vez em quando. Para que estas sejam realmente benéficas e eficazes devemos perceber qual a sua acção no organismo e compreender a teoria de actuação dos suplementos vitaminicos, para assim sabermos quando fazem falta, quando a sua aplicação é eficaz ou mesmo quando são desnecessárias.

A função biológica das vitaminas é muito importante. Existem diversos suplementos vitamínicos no mercado, muitas vezes vendidos e usados sobre o pressuposto de "quanto mais melhor", o que é totalmente errado. Como com todos os nutrientes, o equilíbrio da dieta em vitaminas é de extrema importância, bem como a sua forma, função e origem. Consideradas como elementos essenciais à saúde dos animais e ao adequado funcionamento de seus organismos, as vitaminas diferem entre si quanto à sua estrutura química, da mesma forma apresentam diversas funções específicas no organismo. Classificação básica das vitamínas Dividem-se as vitaminas em dois grupos principais: vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e vitaminas hidrossolúveis (complexo B, C, H). O comportamento químico dos dois grupos é distinto, tal como as suas fontes. As primeiras - lipossolúveis - possuem uma estrutura química semelhante a alguns lípidos (esteróides) e são armazenadas pelo organismo com relativa facilidade. Este processo é, contudo, energeticamente dispendioso uma vez que exige a síntese de gorduras de reserva. A sua eliminação é também mais complexa e envolve um processo de mobilização hepática. As vitaminas do segundo grupo referido - hidrossolúveis - são, por seu lado, facilmente eliminadas pelo organismo através do complexo renal, dai que situações de excesso sejam pouco frequentes. A sua estabilidade química é também menor que as anteriores (também por isso são mais facilmente eliminadas) e não são armazenadas no organismo com facilidade, necessitando de uma reposição constante. As vitaminas hidrossolúveis são facilmente inactivadas pela luz e temperautra, outras são oxidadas quando misturadas na água (processo mais frequente de administração). Quase todas as vitaminas deste tipo são enzimas ou co-enzimas essenciais. Síntese no Organismo Existem, dentro destes grupos, algumas vitaminas cuja síntese se processa no próprio organismo animal, quer nos tecidos, quer por intermédio de bactérias que vivem no sistema digestivo (flora intestinal). O organismo pode construir estas vitaminas, utilizando substâncias que ingere pelos alimentos. Outras podem ser obtidas a partir da forma de percursores químicos que são posteriormente sintetizados à sua forma final. A Vitamina A (retinol), um dos exemplos mais conhecidos, pode ser fabricada pelo próprio organismo a partir de substâncias percusoras denominadas carotenos ou pró-vitamina A. Sem a presença do caroteno não há possibilidade de síntese desta vitamina. Como já foi referido, a estabilidade química das vitaminas é muito variável, mas são no geral compostos facilmente alterados. Devido aos processos de síntese no próprio organismo, o teor vitamínico de um alimento dificilmente pode ser determinado com exactidão (uma vez que a maioria das vitaminas estão na forma de percusor, a eficácia da activação pode variar por vários motivos), além de que pode ser facilmente alterável com más condições de armazenamento ou utilização (por exemplo, processos de fermentação ou rancificação).

Problemas de Carência ou excesso de vitaminas A carência de vitaminas, denominada avitaminose, provoca desequilíbrios orgâncios e metabólicos podendo, em casos extremos, ser fatal. Existem algumas referências a dois estados distintos que separam situações de avitaminose (estado de doença causado por falta de vitaminas) de hipovitaminose (situação temporária causada por uma absorção insuficiente de vitaminas). Manifesta-se de diversas formas e a sua identificação nem sempre é fácil. A sintomatologia clínica normalmente descrita para estas situações refere-se a um extremo, o que raramente sucede. Quando existem desequilíbrios vitamínicos estes são normalmente de pequena amplitude em relação aos valores normais, sendo suficientes para destabilizar o organismo ou causar alterações produtivas, mas insuficientes para produzir sintomas claros de avitaminose. São também referidas situações de avitaminoses latentes, nas quais, sob condições normais, não são visíveis sinais típicos de insuficiência vitamínica, que apenas surgem caso a ave sofra algum stress repentino. Esta situação, embora discutível, parece mais relacionada com factores patológicos (Coccidia sp., Enterobacter coli) do que unicamente com desequilíbrios vitamínicos. É, no entanto, cada vez mais aceite que é possível a existência de uma relação entre ambos e que as vitaminas podem influenciar a susceptibilidade do organismo nestas situações. O excesso de vitaminas, designado de hipervitaminose, é um condição mais rara derivada da absorção excessiva de vitaminas. Importa distinguir a noção de absorção de vitaminas do consumo de vitaminas, uma vez que o consumo não implica absorção. Na verdade muitas vitaminas, mesmo nas formas sintéticas, não são facilmente absorvidas em excesso senão quando consumidas em dosagens muito elevadas. Teoria da suplementação Para garantir uma suplementação eficaz devem ser seguidas algumas normas. A primeira e mais importante é a regularidade. A suplementação (tal como a nutrição) divide-se em duas fases. A primeira é a suplementação base ou das necessidades diárias. Pretende cobrir as necessidades entre o valor nutricional da dieta base e as necessidades diárias do animal. È realizada continuamente, por norma em conjunto com os alimentos. A segunda parte é a suplementação adicional. Esta pretende cobrir as necessidades adicionais que são criadas pelo estado produtivo ou fisiológico do animal. A principal diferença é que a suplementação diária é constante e uniforme em todas as fases enquanto que a suplementação adicional pode variar. No caso específico das aves, a suplementação base tem como objectivo manter níveis óptimos de metabolismo, promovendo uma boa actividade e saúde geral. A suplementação adicional, por seu lado, responder às necessidades adicionais de fases fisiológicas específicas (postura, reprodução, muda). É importante que o criador consiga perceber a diferença entre estes dois tipos de suplementação para compreender o uso correcto dos suplementos vitaminicos.

Utilização de Suplementos vitaminicos A utilização de suplementos vitaminicos tem como principal objectivo complementar a dieta dos animais, melhorando o seu metabolismo e, por conseguinte, melhorar o desempenho produtivo. O primeiro passo essencial para analisar o uso de suplementos vitaminicos prende-se com a análise da espécie-alvo, alimentação fornecida e objectivos produtivos. A análise da dieta é destes 3 aspectos o mais relevante, uma vez que é a partir desse dado que é possível determinar as possíveis necessidades de suplementação. Não é viável nem necessário suplementar da mesma forma aves mantidas como animal de estimação e aves mantidas com objectivos de produção. Existem diversos tipos de suplementos vitaminicos no mercado. Os mais usados são os suplementos multi-vitaminicos, que já incluem várias vitaminas. Por vezes incluem também minerais e aminoácidos. O doseamento técnico destes produtos não será aqui analisado, tratando-se de um assunto batante complexo. De uma forma geral deve ser preferida a utilização de multi-vitaminicos. Outros suplementos vitaminicos específicos (incluindo apenas um vitamina ou grupo de vitaminas) são mais recomendados para situações de correcção ou estimulação pontual. Mais importante é a forma e tipos de ingredientes usados. Basicamente podem ser encontrados suplementos na forma liquida ou sólida (pó). A utilização de um ou outro tipo depende de vários factores, com a particularidade que alguns suplementos em pó podem ser solúveis. Neste caso, para efeitos de análise neste documento serão considerados como liquidos na sua forma de administração. De uma forma geral os suplementos mais usados a nível comercial/industrial, por questões de composição são suplementos sólidos. Estes permitem o uso de ingredientes não solúveis e são mais estáveis quimicamente, mantendo-se viáveis por mais tempo, mesmo depois de aplicados. A aplicação da aminoácidos na água é muito complexa e algumas vitaminas exigem o uso de suspensões por serem insolúveis Os suplementos liquidos são, por isso, aplicados de forma pontual ou sempre que não é possível usar suplementos em pó. Têm a vantagem de ser mais rápida a administração. Resumindo, devem ser usadas preferencialmente fórmulas multi-vitaminicas. A nível quimico são mais eficazes as vitaminas micro-encapsuladas. Para uma maior eficácia da suplementação estas devem ser usadas na forma sólida (pó) nos alimentos para cobrir as necessidades de suplementação base. A suplementação adicional ou em fases específicas (como picos de produção) podem ser satisfeitas quer com suplementação na comida, quer com suplementos liquidos. Em qualquer dos casos a regularidade de suplementação é essencial. Existe a ideia generalizada de usar choques vitaminicos periódicos, seguidos de fases sem suplementação, o que é tecnicamente errado. Uma suplementação continua, mesmo em concentrações mais baixas, fornece melhores resultados. Os choques vitaminicos podem ser usados em situações específicas, como seja para reactivar processos metabólicos ou repôr situações de carência alimentar graves, e não como forma de suplementação.

Funções das vitaminas Vitaminas Lipossolúveis Vitamina A ( Retinol ) É a vitamina da visão e um factor regulador do crescimento. Muitas plantas, como cenouras, citrinos e diversos legumes verdes e outros frutos, contêm a forma inicial de provitamina A (B-caroteno). O organismo animal transforma, ao nível do fígado, a provitamina A em vitamina. A falta de vitamina A provoca perturbações de crescimento e de visão, falta de apetite, e causa por vezes a interrupção de posturas. Em casos de necessidade o tratamento é fácil usando formas naturais ou sintéticas ricas em vitamina A, embora com uma dieta equilibrada e suplementada, o défice não seja comum. A hipervitaminose A é na verdade mais comum e mais complicada devido ao uso incorrecto de suplementos, embora não tão frequente como por vezes se indica. Isto ocorre por uma razão muito simples, a mobilização de vitamina A é feita a partir do fígado onde a provitamina A é armazenada. O problema surge quando um excesso de provitamina A na dieta cria problemas hepáticos obrigando o organismo a "gastar" vitamina A, o que é um processo metabólico difícil e desgastante pois esta não é facilmente eliminada. Apesar disso é muitas vezes apontada como a principal carência nutricional da dieta de aves exóticas em cativeiro. A vitamina A propriamente dita, existe unicamente em animais, uma vez que nas plantas é encontrada apenas na forma de provitamina (ß-caroteno, a- caroteno, Y- caroteno). A transformação de caroteno em retinol ocorre a nível intestinal, sendo mais eficaz em monogástricos do que em poligástricos (ruminantes). Convém referir que tanto o caroteno como a vitamina A, são rapidamente destruídos pela oxidação. Os casos de carência podem surgir em aves granívoras mantidas com dietas quase exclusivas de sementes secas, sobretudo se aliadas a um baixo nível proteíco. Uma suplementação equilibrada com aminoácidos essenciais pode ajudar a corrigir a dieta. O armazenamento no fígado é feito por intemédio de lipoproteínas de baixa densidade (VLDL), e quando necessária é transportada para os locais deficitários do organismo, através da corrente sanguínea, por meio de uma outra lipoproteína. As principais funções desta vitamina estão relacionadas com a visão, reprodução e crescimento e metabolismo de lípidos e proteínas. Apresenta também uma função importante ao nível da reposição de tecidos relacionada com a resistência aos ataques de agentes infecciosos, sendo essa acção particularmente notória na prevenção de micoses. A falta de vitamina A provoca cegueira, maior susceptibilidade de infecção nos tecidos, debilidade dos recém-nascidos e redução da mobilidade espermática. Em níveis tóxicos, mais frequentes em monogástricos, provoca vómitos, descamação cutânea e aumento de alguns orgãos (figado, coração, rins).

Vitamina D Assumindo várias formas químicas, as mais importantes são a D2 e D3 (ou colecalciferol). São vitaminas de crescimento especialmente importantes no metabolismo do cálcio. A avitaminose D causa o raquitismo nas crias e adultos e prejudica a mobilização do cálcio ósseo o que é preocupante sobretudo nas fêmeas em postura. As fontes naturais destas vitaminas são o óleo de figado de bacalhau e algumas sementes oleaginosas. O processo de activação quimica destas vitaminas é complexo. A forma percusora da vit.d (7-dehidrocolesterol), que é segregada através da glândula uropígia, é espalhada nas penas quando a ave se limpa e activada pela radiação ultra violeta (luz solar) para a forma de colecalciferol, sendo ingerida quando a ave se limpa novamente. Uma vez na corrente sanguínea é depositada a nível hepático sofrendo ainda uma outra transformação química antes de atingir os rins onde é finalmente activada, na forma de calcitriol. As aves exigem maiores proporções destas vitaminas que outros animais, em parte pelo seu rápido metabolismo energético. A principal função da vitamina D está relacionada com a fixação a nível intestinal de cálcio e de fósforo, sob a forma de fostato. É a presença desta vitamina que estimula a formação da proteína responsável pelo processo de assimilação destes minerais. A vitamina D não substitui, por si, nem o cálcio nem o fósforo, contudo a sua assimilação não pode ser realizada na falta de vitamina D, dai a denominação de antiraquítica. A deficiência de vitamina D, directamente relacionada com as carências de cálcio e fósforo, determina distúrbios ósseos e o aparecimento do raquitismo e hipocalcémia nos adultos (responsável pelos problemas de "ovo preso"). Níveis elevados desta vitamina podem causar excessiva calcificação óssea (destabilização do equilibrio e teor de calcémia) e calcificação de tecidos moles (figado, rins, pulmões, articulações) Vitamina E ( a-tocoferol ) É quase sempre indicada como a vitamina da fertilidade, cujos efeitos na activação da reprodução estão estudados e comprovados em animais de laboratório. A sua acção influencia directamente a estimulação sexual das aves. Relacionada também com o selénio a escassez de vitamina E pode implicar quebras de fertilidade ou mesmo esterilidade em machos. O composto mais vulgar com acção vitamínica neste grupo é o a-tocoferol. Funciona normalmente associada a um mineral - o selénio - elemento constituinte da glutationa peroxidase, uma enzima envolvida nos processos metabólicos de anti-oxidação. Actua como antioxidante, evitando a oxidação das gorduras e evitando a formação de radicais livres, responsáveis pela formação de lesões nas paredes celulares.. A deficiência em vitamina E causa lesões musculares e, particularmente nas aves, encefalomalacia, degeneração dos embriões e esterilidade em machos. Em níveis tóxicos parece interferir com a actividade da vitamina D e induzir situações de esterilidade temporária.

Vitamina K Sintetizada normalmente no intestino não é frequente uma situação de deficiência. A sua principal função é a coagulação sanguínea pela estimulação da síntese das proteínas envolvidas. A deficiência causa hemorrogias e anemia. Vitaminas Hidrossolúveis Vitaminas do complexo B Este grupo inclui diversas vitaminas. Presentes de uma forma geral na maioria das sementes e vegetais, a vitamina B1 ou tiamina pode ser encontrada na levedura de cerveja e cereais, a B6 ou Piridoxina nas leveduras e leite. A B9 ou ácido fólico nos fígados e leveduras e a B12 ou Cianocobalamina necessita de ser associada a um factor interno, normalmente presente nas secreções gástricas para ser activada. Apesar da aparente presença nas dietas tradicionais, o principal problema com carências neste tipo de vitaminas está relacionado com desempenhos produtivos mais exigentes e pela dificuildade do organismos em criar reservas destas vitaminas. Sendo de natureza hidrossolúvel os excessos são raros e podem ser eliminadas com relativa facilidade. As carências de vitaminas do grupo B são geralmente a causa de problemas nervosos; a B1 de tremores nervosos e perda de equilíbrio; B2 mau desenvolvimento de penas, unhas e bico; B12 problemas de muda. São ainda responsáveis de uma forma geral por intervenções nos ciclos de produção energética e metabolismo. São importantes para combater o stress das aves em alturas de exposição, muda, mudança de local e separação de crias (por melhorarem o metabolismo energético) e também como estimulantes da flora intestinal, pelo que são recomendadas sempre a seguir ao uso de antibióticos ou desparasitantes, e como adjuvantes de probióticos. Vitamina B1 ( tiamina ) Presente em quase todos os tecidos vivos, está bem distribuida nos organismos animais e desempenha um papel de destaque no metabolismo dos hidratos de carbono (produção de energia). A tiamina é transformada pelo fígado em cocarboxilase, uma co-enzima essencial aos processos metabólicos de obtenção de energia. Indispensável a todos os animais, encontra-se sobretudo nos grãos de cereais e nas folhas verdes. A sua principal função é a formação de diversas co-enzimas intervenientes nos processos metabólicos essenciais do organismo. Em casos de carência causa distúrbios nervosos resultando em descordenação dos movimentos, lesões cardíacas, arritmia, diminuição e perda de apetite, crescimento retardado, perda de peso, anorexia, debilidade geral, e em casos extremos morte. Nas aves ocorre frequentemente o surgimento de convulsões e contorção da cabeça ( stargazing ).

Vitamina B2 ( riboflavina ) É de especial importância para aves. A ribofavina é transformada em duas formas biologicamente activas de flavina-adenina, que são co-enzimas essenciais em reacções do metabolismo de lípidos e proteínas. Está directamente relacionada com este processo metabólico e é necessária para o crescimento, precisamente por estar relacionada com a degradação de lipidos, proteinas e glicidos. São sintomas de carência desta vitamina: perturbações digestivas, alterações nervosas, distúrbios de crescimento, rigidez dos membros, fraqueza geral, baixa produção de ovos e paralisia. Vitamina B6 ( piridoxina ) Tanto os alimentos de origem animal como os de origem vegetal são ricos nesta vitamina. Os precursores naturais desta vitamina são a piridozina, piridoxal e piridoxamina, todos eles dando origem ao co-enzima piroxidal-fosfato, composto interveniente em mais de 15 reacções distintas, de entre os quais encontramos o metabolismo de glicidos, lipidos e proteinas (particularmente na síntese de hemoglobina). A vitamina B6 é ainda necessária para a constituição de diversas enzimas que estão envolvidas no metabolismo dos aminoácidos. Pela descrição das suas funções percebe-se facilmente que uma deficiência de B6 tem um efeito negativo na reprodução, crescimento, sistema nervoso e estado metabólico em geral, causando geralmente estados de anemia, perda de vitalidade, redução de crescimento e diarreia (principalmente por desregulação osmótica). Vitamina B12 ( cobalamina ) Sintetizada pelo organismo no intestino necessita de um mineral específico - o cobalto. Indispensável à maioria dos animais, está relacionada com a síntese do ácido nucléico, dos grupos metilo, com a tranferência intramolecular de hidrogénios e com o metabolismo dos glicidos e gorduras. Estas reacções são a base de todos os processos químicos orgânicos que ocorrem no organismo e portanto essenciais. È importante para o desenvolvimento normal dos glóbulos vermelhos e crescimento. A deficiência causa atrasos no crescimento, distúrbios nervosos e reprodutivos, anemia e vómitos. Niacina ( PP ) Com o nome genérico da nicotinamida, também referenciada como ácido nicotínico, existe no organismo sob a forma de duas co-enzimas de extrema importância no metabolismo geral, e em especial na degradação e sintese de glicidos e lípidos estruturais. Pode ser sintetizada pelo organismo a partir da degradação de um aminoácido, o triptofano, pelo que não são muito comuns situações de carência. Esta vitamina é fundamental a todos os animais, e indispensável para as aves em particular.

Ácido Pantotênico É o componente estrutural do cozenima A, um composto que intervem em mais de 80 reacções metabólicas, e um composto chave no equilibrio de todo o organismo, incluindo na formação de compostos hormonais. Esta vitamina é particularmente importante para aves, nas quais sua carência pode determinar distúrbios digestivos, de locomoção e reprodução, atraso no crescimento, dermatites, anemia e falta de apetite. Ácido Fólico Essencial para a sintese de nucleóticos, está envolvido na produção do material genético, proteinas do sistema imunitário e na sintese proteíca. A activação é realizada na presença de vitamina C, e apresenta também um papel importante na actividade da vitamina B12. Os sinais de carência mais frequentes são representados por diminuição ou inibição no crescimento, suceptibilidade a infecções, iperda de apetite, alterações no sistema nervoso, no aparelho digestivo e no aparelho reprodutor. Vitamina H ( biotina ) Faz parte do grupo das carboxilases, enzimas necessárias à fixação do dióxido de carbono, essencial a alguns processos de síntese metabólica. É importante por ser um factor limitante na sintese da glicose e das proteinas, actuando como um factor limitante do crescimento e desenvolvimento dos animais. Existe em quantidade satisfatória nos alimentos mais comuns, no entanto a carência origina sintomas como perda de apetite, crescimento retardado (principalmente em aves), diminuição de eclosão, distúrbios de locomoção e reprodução. A biotina, juntamente com o Manganês e a Colina, é necessária para prevenir a porose. Colina É um componente da lecitina, a qual exerce funções de grande importância nos mecanismos metabólicos. É produzida nos tecidos da maioria dos animais, mas a sua formação parece depender da quantidade de outras vitaminas, notadamente da vitamina B12. Apresenta propriedades de desintoxicante hepático, beneficiando o mecanismo da sintese lipídica e eliminação de corpos cetónicos, estando envolvida nos processos de degradação lipidica. Normalmente usada como adjuvante hepático, é importante realçar que a sua actuação está relacionada com os níveis de outras vitaminas envolvidas no metabolismo dos lípidos. Sendo produzida de forma natural pelo organismo existe um equilibrio entre a quantidade de colina produzida e a quantidade necessária., o que significa que em dietas equilibras não deve ser necessária uma suplementação adicional de colina. Sobretudo em dietas ricas em cereais com um baixo teor proteico ou perfis incompletos de aminoácidos, permite activar o metabolismo hepático, reduzindo a deposição lipidica no figado. Este processo é, contudo, energeticamente desgastante e pode ter efeitos nas concentrações de outras vitaminas lipossolúveis,

Vitamina C ( Ácido ascórbico ) Também hidrossolúvel (sobre a forma de ácido ascórbico), esta vitamina é sintetizada pelos animais, normalmente em quantidades suficientes para as suas necessidades fisiológicas. No caso específico dos porquinhos da india, as necessidades de vitamina C parecem ser superiores às de outros animais. A avitaminose C causa o escorbuto em humanos. A deficiência pode ocorrer em determinadas situações ambientais que reduzem os processos de sintese, nomeadamente temperaturas altas e teores de humidade elevados. Existe em grande quantidade nos vegetais e frutos frescos, mas é apenas vestigial nos cereais. Além de antioxidante tem um papel activo na sintese de hormonas esteróides e na actividade da glândula tiróide. É um importante factor anti-infeccioso, com propriedades activadoras do sistema imunitário. Como está presente em todos os vegetais e frutos as aves em liberdade não têm normalmente falta desta vitamina, em particular porque também pode ser sintetizada em pequenas quantidades pelo seu organismo. Quando em níveis baixos afecta também os níveis de cobalamina e ácido fólico causando deficiência destes. As principais deficiências ocorrem em aves e suínos, sendo de realçar os distúrbios reprodutivos nas aves e maior susceptibilidade a infecções. Conclusão Os suplementos vitaminicos permitem aos criadores potenciar o desempenho produtivo das suas aves, conseguindo melhores resultados. Mesmo uma dieta bem concebida, muito dificilmente fornece às aves os nutrientes necessários para uma resposta óptima às exigências produtivas. Com uma suplementação equilibrada e bem formulada é possivel corrigir e adequar a dieta base às necessidades de cada fase do ciclo produtivo. Esperamos que este artigo contribua para um esclarecimento dos criadores sobre a importâncias das vitaminas e do uso dos suplementos vitaminicos, bem como algumas noções sobre uma utilização correcta destes produtos. Ricardo Miguel M. Pereira (Director Técnico - Lic. Engª Prod.Animal) Copyright (c) 2006 ORNICARE - Produtos para Animais, Lda Todos os direitos reservados