A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE



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Transcrição:

25 Roberto H. Jank Jr. 1 A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE SÍNTESE RETROSPECTIVA O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite e deverá ser o terceiro nos próximos 5 anos, mantidas as nossas atuais taxas de crescimento contra o decréscimo registrado por Rússia, Alemanha e França, respectivamente atuais 3º, 4º e 5º maiores produtores mundiais, após EUA e India. A cadeia produtiva do leite no Brasil vem evoluindo de maneira consistente. A produção cresceu 121% entre 1980 e 2005 (Fonte:Embrapa Gado de Leite) enquanto a população cresceu no mesmo período 64,4%. Antes colocado entre os maiores importadores mundiais, a partir do ano 2000 o Brasil passou a exportar leite. Os danos causados por importações excessivas e câmbio irreal ficam evidentes nas menores taxas de crescimento da produção brasileira, principalmente entre 1996 e 1999, anos em que patinamos ao redor de 117 litros de disponibilidade de leite por habitante por ano. Neste período, após um crescimento de 30% na demanda potencializado pelo ganho de poder aquisitivo proporcionado pelo plano Real, chegamos disponibilizar entre 15 e 20 litros por habitante em leite importado por ano. Considerada a produção anual formal de 70 litros por habitante, o volume importado atingia entre 25 e 30% da demanda da época. Sobre o volume total (formal e informal), a importação chegava a 15%. Foram épocas difíceis; o leite formal brasileiro enfrentava 40% de clandestinidade associados a mais 25% de importações carregadas de práticas desleais de comércio. Mas neste mesmo período, e por conta destes fatores, o setor teve (e tem) vitórias de políticas classistas expressivas. Durante os anos 90 unificou sua representação classista, antes dispersa. Conseguiu figurar entre os três primeiros produtos do agronegócio a iniciar processos de análise e obter alíquotas compensatórias para subsídios e dumping na OMC, além do atual acordo de preços com Argentina, Uruguai, Oceania e CE que evitam práticas desleais de comércio e triangulações via Mercosul. É preciso dizer que o leite, depois do arroz, é o produto mundial com maior nível de subsídios no âmbito do comércio internacional. Depois do ano 2000, com regras de importação mais claras, fiscalização mais eficiente em produtos lácteos importados, câmbio livre e início das exportações, o leite brasileiro passa a viver nova realidade. Nós, que chegamos a contribuir negativamente com U$ 600 milhões na balança comercial do agronegócio nacional, passamos a exportar mais do que importar atingindo superávit na balança de lácteos pela primeira vez na história em 2004, fato repetido em 2005 (tabelas 1 e 2). Neste mesmo ano já éramos reconhecidos por nossos principais concorrentes Nova Zelândia e Argentina como potenciais líderes do comércio internacional para 2015. Especialistas internacionais que reconhecem o chamado efeito BRIC, provável 1 Engenheiro Agrônomo, Diretor executivo da Associação para o Progresso do Agronegócio Lácteo - Láctea Brasil, Vice Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite - Leite Brasil e diretor presidente da Agrindus S/A, empresa agropecuária de Descalvado, SP.

26 Roberto H. Jank Jr. liderança mundial de potencial produtivo e de consumo de Brasil, Rússia, Índia e China, já comentavam a possível trajetória de liderança mundial do Brasil no setor de laticínios. É preciso ressaltar que os baixos níveis de crescimento do Brasil dos últimos anos comparados aos dos outros três países, tem levado parte dos especialistas a encurtar a sigla para RIC. Também reconhecemos a mudança de comportamento de parte da indústria láctea nacional, quando a partir de 1998 passou a sinalizar ao mercado primário diferenciações consistentes de preços por qualidade (sólidos e padrão microbiológico), volume otimizado e distância. Tabela 1 Fonte: EMBRAPA/Gado de Leite Tabela 2 Fonte: EMBRAPA/Gado de Leite

27 MOMENTO ATUAL Em 2004 e 2005 fechamos o ano com mais de 16 bilhões de litros formais, representando um número próximo a 70% da produção total. É uma prova de ganho de profissionalismo dos segmentos primário e industrial. Ao mesmo tempo ocorreu uma profunda e constante segmentação do mercado de produtos lácteos ao consumidor final, principalmente na área de iogurtes com novas e modernas embalagens, rótulos termo-encolhíveis, novos sabores e opções diet, light, integral, etc.... Há um ganho expressivo de produção nos maiores laticínios nacionais (tabela 3) e o número de produtores vem caindo constantemente (tabela 4). Ainda assim há muito a fazer. Em seu recente Diagnóstico da pecuária leiteira em Minas Gerais e no Brasil, o Professor Sebastião Teixeira Gomes faz considerações relevantes. Seu estudo indica que, incluído o capital em terras, apenas o estrato de produtores com produção acima de mil litros por dia mostrou-se viável. Isso nos leva a pensar que se o objetivo é remunerar o capital adequadamente (como de fato ocorre com qualquer ativo de qualquer atividade econômica), o Brasil necessita de apenas 68 mil produtores de leite para os atuais 25 bilhões de litros produzidos. Neste caso o que fazer com os outros 700 mil produtores? De maneira geral, o trabalho mostra evolução individual em produção, produtividade, uso de ordenha mecânica e refrigeração. O ganho tecnológico e de escala de produção permitiu que a queda de 35% do preço do leite verificada entre 1995 e 2005 não restringisse o expressivo aumento médio de 92% na produção por fazenda, obtido no mesmo período. Tabela 3 MAIORES EMPRESAS DE LATICÍNIOS BRASIL 2005 Class (1) Empresas/Marcas Recepção mil litros Nº prod.(2) Litros/dia 2004 2005 2004 2005 2.004 2005 Produtores Terceiros Total Produtores Terceiros Total 1 DPA (3) 1.136.327 372.740 1.509.067 1.246.000 462.000 1.708.000 6.112 6.110 509 557 2 ITAMBÉ 765.000 64.500 829.500 982.000 23.000 1.005.000 6.063 7.325 346 366 3 ELEGÊ 659.522 58.185 717.707 737.782 103.767 841.549 21.402 25.001 84 81 4 PARMALAT 288.744 117.944 406.688 388.117 203.730 591.847 4.566 4.400 173 241 5 CCL 300.943 37.494 338.437 254.057 106.067 360.124 4.461 4.388 185 158 6 EMBARÉ 222.606 33.792 256.398 250.867 55.382 306.249 3.666 2.380 166 288 7 LATICÍNIOS MORRINHOS 238.768 13.934 252.702 233.310 66.134 299.444 2.178 3.200 300 199 8 CENTROLEITE 229.135 0 229.135 258.195 10.073 268.268 4.920 5.049 128 140 9 SUDCOOP 234.316 26.783 261.099 234.876 31.385 266.261 6.872 5.998 93 107 10 CONFEPAR 141.439 47.869 189.308 210.543 51.690 262.233 5.467 6.152 71 94 11 BATÁVIA 209.893 0 209.893 224.561 0 224.561 3.907 4.019 147 153 12 LIDER ALIMENTOS 141.052 10.430 151.482 184.240 18.439 202.679 4.557 5.243 85 96 13 DANONE 116.119 84.618 200.737 134.575 61.824 196.399 1.072 605 297 608 14 GRUPO VIGOR 164.224 32.201 196.425 171.009 20.913 191.922 1.510 996 298 469 TOTAL 4.848.088 900.490 5.748.578 5.510.132 1.214.404 6.724.536 76.753 80.866 173 186 (1) Classificação base recepção (produtores + terceiros) no ano 2005; (2) Posição em 31 de dezembro; (3) Números referentes a compra de leite realizada pela DPA Manufacturing Brasil em nome da Nestlé, da Fonterra, da DPA Brasil e da Itasa Fonte: Leite Brasil, CNA/Decon, OCB/CBCL e EMBRAPA/Gado de Leite

28 Roberto H. Jank Jr. Tabela 4. Número de produtores das maiores empresas de laticínios no Brasil - 2002/2004. Class Empresas/Marcas Número de produtores (em mil) 2002 2003 2004 Variação (%) no período (2004/2003) 1ª DPA 7.192 7.163 6.112-14,6 2ª ITAMBÉ 6.010 5.991 6.063 1,2 3ª ELEGÊ 28.665 27.676 21.402-22,6 4ª PARMALAT 9.996 6.920 4.566-34,0 5ª CCL 4.512 6.402 4.461-30,3 6ª SUDCOOP 6.993 6.734 6.872 2,0 7ª EMBARÉ 2.884 4.413 3.666-16,9 8ª LATICÍNIOS MORRINHOS 4.990 3.128 2.178-30,3 9ª CENTROLEITE 4.905 5.438 4.920-9,5 10ª BATÁVIA 6.529 5.111 3.907-23,5 11ª DANONE 2.470 1.274 1.072-15,8 12ª GRUPO VIGOR 1.525 1.413 1.510 6,8 13ª CONFEPAR 3.743 5.256 5.467 4,0 14ª LÍDER ALIMENTOS 2.807 2.634 4.557 73,0 TOTAL 93.221 89.553 76.753-14,2 (1) Classificação base recepção no ano 2004 Fonte: Leite Brasil, CNA/Decon, OCB/CBCL e EMBRAPA/Gado de Leite FUTURO A julgar pela trajetória do leite nos países desenvolvidos onde o ganho de escala, bio - segurança e qualidade são constantes, o Brasil precisa escolher seu caminho entre o profissionalismo sempre presente nas atividades onde é líder mundial em competitividade comparativa carnes, laranja, soja, cana e café e a reconhecida mesmice que enfrentamos durante anos, transformando nosso setor em atividade marginal. O futuro previsto por nossos concorrentes vai acontecer, mas a velocidade depende de nós. Apenas recentemente temos normas de origem para 95 % da produção nacional, com a IN 51. É o documento de origem para a exportação.

29 O marketing institucional que nos EUA trouxe U$ 4,00 de resultado para cada U$ 1,00 investido faz parte de nossa agenda para os próximos anos. Sem este fator que é convergente para toda a cadeia, certamente somos mais fracos. Há um novíssimo problema em pauta; a bioenergia. O altíssimo custo de oportunidade gerado pelo etanol nas áreas agrícolas vai modificar de forma expressiva o panorama de outras atividades do agronegócio, aí incluído o leite. Com o atual valor da cana e demanda agressiva de terras para arrendamento, o etanol remunera facilmente o valor do ativo terra em 6% ao ano, antes 2%. Este novo paradigma que atinge o centrômetro da cana acompanha regionalmente o leite. Ambas são atividades onde a produção está próxima á indústria; o leite por ser perecível e a cana crua por ter baixo valor adicionado, portanto de custo frete-dependente. Terras do triangulo mineiro, Paraná, sul do MS e Goiás estão entre os objetivos das 92 usinas de açúcar em construção no país. Não por coincidência, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás representam 66% da produção brasileira de leite. O novo desafio dos técnicos brasileiros é fazer com que a produção de leite remunere os produtores melhor que o etanol em regime de arrendamento. O expressivo ataque da cana de açúcar ao parque citrícola já é tema de diversos estudos das empresas cítricas paulistas. Certamente vamos nos deparar com o mesmo problema no leite, em futuro próximo. Incluo MKT, planejamento e direcionamento de financiamentos, exportação e aprofundamento da sinalização mercadológica por parte da indústria como nossa agenda para 2007.