Alelo DMRT3 mutante em equinos de marcha batida e picada das raças Campolina e Mangalarga Marchador



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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015 Alelo DMRT3 mutante em equinos de marcha batida e picada das raças Campolina e Mangalarga Marchador Hélio Cordeiro MANSO FILHO 1 *; Ernest Gus COTHRAN 2 ; Rytis JURAS 2 ; Manuel Adrião GOMES FILHO 3 ; Núbia Michelle Vieira da SILVA 1 ; Gisele Barbosa da SILVA 1 ; Lúcia Maia Cavalcanti FERREIRA 1 ; José Mário Girão ABREU 4 ; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO 1 RESUMO ¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE; 2 Department of Veterinary Integrative Biosciences, Texas A&M University, College Station-TX, Estados Unidos da America; 3 Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, UFRPE, Recife-PE, Brasil. 4 Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estaural do Ceará, Fortaleza-CE, Brasil; *Autor para a correspondência: hmanso@dz.ufrpe.br Recentemente, diferentes publicações demonstraram que o alelo DMRT3 esta associado aos importantes aspectos da locomoção relacionados com a associações entre bípedes e por isso é denominado the Gait Keeper. Ele, quando mutante, promove os andamentos dissociados, sejam eles marchados ou saltados. Todavia, as comparações entre os tipos de marcha e as raças Campolina (CAMP) e Mangalarga Marchador (MM) no que se refere à presença desse alelo mutante não foram estudadas. Esse trabalho objetivou o estudo da presença do alelo DMRT3 mutante em equinos de marcha batida e picada das raças Campolina e Mangalarga Marchador. Foram utilizadas amostras de DNA de 105 equinos adultos (50 CAMP (batida n=27; picada n=25); 53 MM (batida n=27; picada n=26). O material genético o foi sequenciado utilizando-se protocolos do Borlaug Center através Illumina Hi-Seq 100-PE e os resultados foram analisados através da distribuição da frequência desse gene entre as raças e entre os andamentos. As raças Campolina (CAMP) e Mangalarga Marchador (MM) possuem o DMRT3 mutante. Na CAMP não encontrou-se o alelo DMRT3 normal homozigoto, tanto na picada como na batida. Ainda na CAMP, a maior frequência no DMRT3 mutante homozigoto ocorreu tanto na picada (~44%) como na batida (~26%). Na raça MM não encontrou-se o alelo mutante em homozigose nos animais de marcha batida. As maiores frequências na MM de batida foi no alelo DMRT3 normal homozigoto (~43%) e na picada no alelo mutante em homozigose (~32%). Esse estudo indica que o alelo DMRT3 mutante encontra-se nas raças CAMP e MM e que a frequência dele tem relação não só com a raça, mas também com o tipo do andamento. Por isso, surge a necessidade de estudos mais detalhados para se determinar o possível uso da análise do alelo DMRT3, normal e mutante, como ferramenta dentro dos programas de melhoramento genético e de treinamento para que possam ser utilizados nos equinos marchadores. PALAVRAS-CHAVE equídeo; genética; andamento; exercício; cavalo; marchador DMRT3 mutant allele in batida and picada gaited horses from Campolina and Mangalarga Marchador breeds ABSTRACT Recently, few papers had shown that DMRT3 allele has association with different aspects of the locomotion in horses and other animals, principally ones that have relationships with animal legs associations and now is denominated the Gait Keeper. This allele, when mutant, produce dissociated gaits, with ou without flying phase. However, there is no information about the DMRT3 mutant allele presence when it is compared different types of marcha, batida and picada, and different gaited horses breeds, Campolina (CAMP) and Mangalarga Marchador (MM). The aims of this paper were the evaluation of the DMRT3 wild type and mutant alleles in gaited horses with batida and picada gait from CAMP and MM breeds. It was used DNA samples from 105 adult horses (50 CAMP (batida n=27; picada n=25); 53 MM (batida n=27; picada n=26). All genetic samples was sequenced using the Borlaug Center protocol by Illumina 58

Alelo DMRT3 mutante em equinos de marcha batida e picada das raças Campolina e Mangalarga Marchador Hi-Seq 100-PE and the results were analyzed by frequency distribution of this allele between breeds and gaits. Results showed that CAMP and MM have the DMRT3 mutant allele. In CAMP breed it was not observed DMRT3 wild type allele in homozygous, in batida and picada horses. In addition, the DMRT3 mutant homozygous in CAMP breed occurred in picada (~44%) and batida (~26%) gaits animals in large frequencies. The MM breed did not have DMRT3 mutant homozygous in batida horses. The largest frequency in batida horses in MM breed was obtained in DMRT3 wild type homozygous (~43%) and in picada horses was in DMRT3 mutant homozygous (~32%). This research showed that DMRT3 mutant allele is present in CAMP and MM breeds and its frequency has relationships not only with horse s breed but also with type of the horse s gait. Finally, to understand the importance for gaited horses of the DMRT3 allele, mutant or wild type, it is necessary more studies because this knowledge has important implication for development new genetic selection methods and training programs to these breeds. KEYWORDS equid; genetic; gaits; exercise; equine, four-beat horse INTRODUÇÃO Ao longo dos últimos anos, diferentes sistemas de melhoramento animal foram empregados na seleção dos animais domésticos, sendo que a força e os andamentos sempre formaram os maiores objetivos na seleção dos equídeos. No Brasil, ao longo das décadas, formaram-se dois grandes grupos de raças de equídeos selecionados a partir da sua função e por conseguinte pelos seus tipos de andamentos. Em um dos grupos, há raças nacionais desenvolvidas para o trabalho em fazendas e atividades pecuárias, com animais que se deslocam em andamentos associados como o trote e o galope e nele estão raças de equinos (Nordestina, Pantaneira e Crioula) e de asinino (Nordestina). Já um segundo grupo, formou-se com animais utilizados mais para as cavalgadas e deslocamentos em baixa velocidade, mas com um andamento dissociados e suas variações (picada, batida, de centro e trotada) e nele estão raças de equinos (Campolina, Mangalarga e Mangalarga Marchador) e de asininos (Pêga e Brasileira). No sentido de se compreender como os andamentos do ponto de vista genético, nos últimos anos foram estudados e identificado os genes associados a locomoção dos animais. Entre eles foi demonstrado que o alelo DMRT3 é um dos mais importantes e por isso foi denominado Gait Keeper. Ele coordena os movimentos tanto entre os membros esquerdos e direitos, como também entre membros torácicos e pélvicos (ANDERSSON et al., 2012). Também foi descoberto que nos equinos o Gait Keeper ainda se apresenta tanto na forma natural ( wild type ou CC) como em uma forma mutante (AA) (ANDERSSON et al., 2012). A forma alelo DMRT3 AA ocorre a partir da troca da Cisteína pela Adenosina em determinada área do alelo e que os animais com o alelo DMRT3 AA apresentam melhor desempenho nas modalidades esportivas próprias das raças quando comparados com animais com o alelo natural (ANDERSSON et al., 2012; JÄDERKVIST et al., 2015). O alelo DMRT3 AA causa importantes modificações nos andamentos dos animais. Andersson et al. (2012) demonstram que em camundongos transgênicos, com DMRT3-null, o comprimento da passada é maior, devido a maior fase de extensão dos membros, quando comparados com os animais controles com o alelo DMRT3 CC, semelhantemente ao que ocorre nos cavalos Standardbreds. Também foi demonstrado que o alelo DMRT3 CC ocorre em maior frequência nas raças com andamentos associados, enquanto que a forma mutante está mais frequente em raças conhecidas como gaited horses ou de andamento dissociados, como a marcha e o tölk (ANDERSSON et al., 2012; PROMEROVÁ et al., 2014; PATTERSON et al., 2015). Nesse aspecto, já há estudos demonstrando que algumas raças Brasileiras possuem o alelo DMRT3 AA, tanto de andamento dissociado (Campolina: 89-95%; Mangalarga: ~7%; Mangalarga Marchador: ~45-50%) como nas de andamento associado (Marajoara: ~7%; Crioulo: ~2%) (MANSO FILHO et al., 2014; PROMEROVÁ et al., 2014; PATTERSON et al., 2015). O alelo DMRT3 AA provoca modificações nos padrões de deslocamento, favorecendo o aparecimento de andamentos dissociados, sejam eles marchados ou saltados. Entretanto, ainda não há comparações quem combinem as análises dos tipos de marcha (batida e picada) e das raças (Campolina e Mangalarga Marchador) no que se refere à presença do alelo DMRT3 AA, CC ou CA. Esse trabalho objetivou o estudo da presença do alelo DMRT3 AA e CC em equinos de marcha batida e de marcha picada e nas raças Campolina e Mangalarga Marchador. O conhecimento da distribuição desse gene entre as raças e nos diferentes andamentos poderá contribuir para o melhor entendimento dos andamentos dessas raças e das habilidades esportivas, facilitando a adoção de práticas de treinamento e de melhoramento genético que visem o bem-estar dos animais. MATERIAL E MÉTODOS Animais e colheita de amostras: Foram utilizadas amostras dos pelos da crina caudal de 105 equinos, sendo 52 da raças Campolina (batida n=27; picada n=25) e 53 da raça Mangalarga Marchador (batida n=27; picada n=26). Todos eram adultos (5-20 anos), com registro definitivo e com o andamento fixado, seguindo as regras das respectivas associações de criadores, com local nascimento tanto em Pernambuco como em outros Estados do Brasil. Esses animais também haviam competido em provas de marchas nos últimos anos ou estavam competindo em provas de marcha, conforme o seu andamento. As amostras de pelos colhidas desses animais estavam armazenadas no banco de amostras do Núcleo de Pesquisa Equina/ UFRPE e os procedimentos utilizados no atual experimento foram aprovados pelo Comitê de Ética na Pesquisa Animal da UFRPE (026/2013). Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015 59

Hélio Cordeiro Manso Filho et al. Análise do material genético e análise de dados: O material genético obtido das amostras de pelos dos animais foram sequenciadas utilizando-se protocolos do Borlaug Center através Illumina Hi-Seq 100-PE, na Texas A&M University, e estão detalhadamente descritos na literatura (ANDERSSON et al., 2012). Os resultados foram analisados através da distribuição da frequência dos alelos DMRT3 natural homozigoto (CC), mutante homozigoto (AA) e heterozigoto (CA) entre as raças e entre os andamentos.também foram obtidas as frequências alélicas e heterozigosidade esperada (He) e observada (Ho) segundo Nei (1987) e o teste para o equilíbrio de Hardy-Weinberg foram realizados com auxílio do GENEPOP versão 4.2, conforme Rousset (2008). RESULTADOS Os resultados encontrados determinaram que o alelo DMRT3 mutante (AA), estava presente nas raças Campolina (CAMP) e Mangalarga Marchador (MM). Contudo, nessas raças foi observado que o alelo DMRT3 em homozigose, tanto do alelo natural (CC) como do mutante (AA), e em heterozigose (CA) apresentavam diferentes variações nas suas frequências, tanto entre as raças CAMP e MM, como entre os animais de marcha batida e picada. Os animas da raça CAMP não apresentaram o alelo DMRT3 CC, tanto para os cavalos de marcha picada como para os de marcha batida. Ainda na raça CAMP determinou-se que os animais de marcha picada apresentaram a maior frequência do alelo DMRT3 AA (~43%). Já nos animais da raça MM não foi encontrado o alelo DMRT3 AA nos animais de marcha batida. As maiores frequências observadas na raça MM de marcha batida foi do alelo DMRT3 CC (~42%) e na marcha picada do alelo DMRT3 AA (~32%). A presença do alelo DMRT3 CA foi observada em todos os grupos avaliados, sendo que na raça CAMP a maior frequência foi determinada nos animais de marcha batida (~24%) e na raça MM nos animais de marcha picada (~15%). Ainda conforme as Tabelas 1 e 2, ambas as raças não estão em Equilíbrio de Hardy-Weinberg e apresentam um excesso de genótipos homozigóticos quando analisa-se os resultados encontrados. O coeficiente de endogamia foi baixo na raça Campolina para a marcha batida com 0,19% e alto na picada com 39,9% e com um erro padrão 0,003 e 0,0019, respectivamente. Já na raça MM a consanguinidade foi alta na marcha batida com 31,6% e baixa na marcha picada com 2,4%. Devido as características do programa Genepop não foi possível comparar os resultados entre as raças pois alguns apelos apresentavam valores inferiores a dois. DISCUSSÃO Ao redor do mundo as raças com andamentos dissociados ou gaited horses estão presentes em diferente centros de criação de equinos mas com importância produtivas diferentes. Para que uma raça possua o andamento dissociado natural, ela deverá possuir a presença do alelo DMRT3 mutante (AA), sendo que a frequência desse alelo poderá depender do sistema de seleção genética utilizado ao longo dos anos e da população avaliada. Em estudo com mais de 140 raças de equinos foi identificado que o alelo DMRT3 AA esta presente em cerca de 48% das raças analisadas, com a frequência variando de 1 até 100% (PROMEROVÁ et al., 2014). Esse estudo demonstra cla- Tabela 1 - Frequência de Alelos de acordo com o tipo de andamento e o coeficiente de consanguinidade na raça Campolina. ANDAMENTO ALELO CC AA AC N F SE Batida 0 12 15 27 0,0019 0,0003 Picada 0 3 22 25 0,3994 0,0019 Total 52 Observação: CC: alelo homozigoto natural; CA: alelo heterozigoto; AA: alelo homozigoto mutante; N: número de cavalos para cada tipo de marcha; F: coeficiente de consanguinidade dentro de cada tipo de marcha; SE: erro padrão, medida de variabilidade da média. Tabela 2 - Frequência de Alelos de acordo o tipo de andamento e o coeficiente de consanguinidade na raça Mangalarga Machador. ANDAMENTO ALELO CC AA AC N F SE Batida 23 4 0 27 0,3163 0,0021 Picada 1 8 17 26 0,0242 0,001 Total 53 Observação: CC: alelo homozigoto natural; CA: alelo heterozigoto; AA: alelo homozigoto mutante; N: número de cavalos para cada tipo de marcha; F: coeficiente de consanguinidade dentro de cada tipo de marcha; SE: erro padrão, medida de variabilidade da média. 60 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015

Alelo DMRT3 mutante em equinos de marcha batida e picada das raças Campolina e Mangalarga Marchador Figura 1. Distribuição do alelo DMRT3, natural e mutante, conforme raça e tipo de marcha em Cavalos das raças Campolina e Mangalarga Marchador. Observações: CC: alelo homozigoto natural; CA: alelo heterozigoto; AA: alelo homozigoto mutante equinos adultos das raças Campolina (n=52) (A) e Mangalarga Marchador (n=53) (B). Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015 61

Hélio Cordeiro Manso Filho et al. ramente que há interesse de diferentes criadores e associações de criadores pela seleção em favor do alelo DMRT3 AA que causa o andamento dissociado, que é refletido na diferentes distribuição dos alelos, natural e mutante, em diferentes raças. No atual estudo, ao avaliar os animais em conjunto (n=105) e independente do tipo de andamento, observa-se que o alelo DMRT3 AA esta presente em mais de 70% dos animais, sendo que na raça Campolina ele chega a 100%, enquanto que na MM é de pouco superior aos 54%. Ainda no atual experimento, observa-se que são poucos os animais CA na raça Mangalarga Marchador (~25%), diferentemente do encontrado nos animais da raça Campolina (~45%). Promerová et al., (2014) estudando essas duas raças, mas sem indicar o tipo de andamento marchado, observa que na raça CAMP (n=18) há uma frequência de ~89% do alelo DMRT3 AA enquanto que na raça MM (n=22) esse número é de ~45%. Já na publicação de Patterson et al. (2015) (n=81), analisando animais MM de marcha batida (n=44) e picada (n=37), identificou que a frequência do alelo DMRT3 mutante foi de ~50%, quando os animais dos dois andamentos foram combinados. Ambos os estudos acima apresentaram resultados bastante semelhantes aos descritos aqui e indicam que a combinação entre as três publicações fornece uma boa indicação da realidade na frequência do DMRT3 natural e mutante nas raças CAMP e MM, principalmente, sabendo-se que essas pesquisas utilizaram diferentes populações de equinos em suas análises. O alelo DMRT3 AA pode ser responsabilizado pelas diferenças, tanto intra-racial como inter-racial, na qualidade e tipo do andamento marchado dissociado nas raças CAMP e MM. Em outras raças com andamentos dissociados, a frequência desse alelo DMRT3 AA é elevada, mas ausente em raças com andamentos associados com no cavalo Árabe e Puro-Sangue Inglês (ANDERSSON et al., 2012). Jäderkvist et al (2015) observa que equinos das raças Standardbred, Icelandic e Finnhorses que possuem o alelo DMRT3 AA, são superiores nas competições indicadas para essas raças e que animais que são CC ou CA não se saem tão bem nessas provas raciais específicas, sendo mais eficientes no adestramento e hipismo clássicos. Nesse sentido, Andersson et al., (2012) ainda comentam que animais AA possuem uma certa dificuldade para a coordenação entre membros ao trote e no galope, devido às características de formação nas conexões nevosas motoras. Entretanto, a dissociação promovida pelo alelo DMRT3 AA ou CA, pode favorecer os andamentos marchados na raças nacionais, seja ela batida ou picada, aumentado a frequência dos tríplice apoios e o conforto naturalmente durante o deslocamento do cavaleiro. Deve-se observar que a dissociação entre os membros, durante os deslocamentos à marcha, é largamente buscado na seleção das raças CAMP, MM e outras raças nacionais de equídeos marchadores. A dissociação entre os membros, seja ela natural ou artificial, é um dos principais pontos na avaliação das raças durante as competições de marcha. Nesse sentido, os animais da raça MM já competem, separadamente, em provas de marcha batida e picada desde a década de 1990, prática introduzida na raça Campolina somente nos anos 2000. Esse sistema de melhoramento genético, com base nos andamento, ainda passou outra variação na forma de seleção entre as duas raças, aonde na raça MM adotou a marcha com critério de desempate entre animais nas competições muito antes que a raça CAMP, e com isso, provavelmente, se formaram populações distintas entre as raças. Entretanto, ainda não esta claro com a presença do alelo DMRT3 AA poderia ter sua frequência modificada e contribuir para todo o processo de seleção das raças, já que a marcha pode ser artificial, e que diversas prática de treinamento podem alterar a forma dos membros se associarem ou dissociarem, sendo assim diferentes aspectos da epigenética, como o treinamento e condicionamento, devem ser levados em consideração quando são analisados esses resultados. As diferenças inter-raciais, no que diz respeito ao alelo DMRT3 CC ou AA, devem ser melhor analisadas, já que estudos com diferentes parâmetros fisiológicos e bioquímicos demonstram poucas diferenças entre as raças CAMP e MM, incluíndo a estimativa de gasto energético estimado para o deslocamento à marcha (SILVA et al., 2015; MANSO FILHO et al., 2012). Entretanto, Wanderley et al (2010) demonstrou que quando cavalos da raça MM de marchas picada e batida, são avaliados numa mesma velocidade média (~3,2m/s), apresentam acúmulo de lactato significativamente diferente. Nesse caso, o animais de marcha picada apresentam maior acúmulo de lactato, frequências cardíacas e respiratória mais elevadas, indicando maior gasto energético quando comparado com os de marcha batida (WANDERLEY et al., 2010). Contudo, quando os animais das duas raças deslocam-se em velocidades médias diferentes, mas entre 3 e 4 m/s, não são observadas diferenças significativas inter-raciais, tanto para parâmetros fisiológicos (frequência cardíaca), como para parâmetros bioquímicos (concentrações de glicose e lactato). Nesse caso, compreende-se claramente que os conceitos do custo da locomoção, detalhadamente descrita por Hoyt e Taylor (1981) e por Winkler et al (2002), são responsáveis por importantes adaptações no metabolismo do cavalo atleta. Sendo assim, os conceitos da economia da locomoção deveriam fazer parte da avaliação dos animais durante as provas de andamento regularmente, ou seja, durante as avaliações os animais deveriam se deslocar em velocidades diferentes em conjunto ou de forma individual, para melhor serem analisados. Ainda analisando-se o perfil da frequência do alelo DMRT3 nas raças marchadoras, foi descrito que a maior ou menor presença do alelo DMRT3 AA ou CA poderia estar associada ao nível de consanguinidade ou de endogamia em uma determinada raça. Nesse sentido, Patterson et al. (2015) ressalta que uma maior frequência do alelo DMRT3 mutante, pode estar associado ao maior inbreeding na população da raça MM analisada. No atual estudo o nível de consanguinidade observado nas duas raças estudas variou de forma importante conforme o tipo de andamento, sendo mais baixa nos CAMP batida e MM picada (Tabelas 1 e 2), mas devido ausência de alguns alelos o programa utilizado par as análise não permitiu a indicação do valor de P. na comprando entre os alelos. Em outro estudo com a raça MM, Costa et al (2005) encontrou o coeficiente de endogamia para todos a população registrada de 1,3% e de 5,7% para os animais endogâmicos dessa raça. Semelhantemente, Procópio et al (2003) observa que o coeficiente 62 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015

Alelo DMRT3 mutante em equinos de marcha batida e picada das raças Campolina e Mangalarga Marchador de endogamia na raça CAMP é próxima a zero para toda a população registrada na associação dos criadores, sendo que nos animais endogâmicos dessa raça o coeficiente de endogamia foi de 6,0%. Sendo assim, essas diferenças na frequência dos alelos DMRT3 detectadas no atual experimento e as diferenças entre os níveis de endogamia entre as populações de equinos das raças CAMP e MM podem possuir alguma relação mas que devem ser melhor estudadas. Para se compreender melhor os efeito da variação do DMRT3 nas populações das raças MM e CAMP deve-se observar também o período de fechamento do livro de registro aberto. Nesses livros eram registrados animais sem ancestrais conhecidos, mas com a morfologia no padrão da raça em questão. Na raça MM ele foi fechado para os machos na década de 60 e para as fêmeas na década de 80, do século XX. Já na raça CAMP esse livro foi fechado no final década de 60 para os machos, e nos anos 90 para as fêmeas, também no século XX. Esses fatores, fechamento dos livros abertos e nível de consanguinidade, podem também terem contribuído para o atual tipo de andamento marchado e nas diferentes frequências do alelo DMRT3 CC e AA nas raças CAMP e MM. Finalmente deve-se observar que nos últimos anos a raça MM realizou alguns termos de ajuste de conduta (TAC) junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), reconhecendo a utilização, nos cruzamentos e programas de reprodução, de animais de outras raças em sua população, principalmente animais da raça Mangalarga. Essa última raça que possui um andamento marchado associado e com baixa frequência do alelo DMRT3 mutante (PROMEROVÁ et al., 2014). Finalmente, deve-se ressaltar que os diferentes aspectos da epigenética podem ser importantes no entendimento dos atuais resultados, já que a marcha, picada ou batida, pode ser um andamento natural ou artificial, e que os treinamentos, tanto para o condicionamento físico como o condicionamento para habilidades específicas, podem modificar a qualidade dos andamentos e a forma pela qual os membros se associam ou se dissociam durante o deslocamento do animal. Esses efeitos ainda não estão bem claros e devem ser melhor explicados nos próximos anos com o advento de novas técnicas de estudos genético, em populações maiores, associados aos estudos da cinemática. Ainda deve-se recordar que as tentativas de se introduzir o andamento marchado dissociado em raças com andamentos tipicamente associados, raramente, terminam em grande sucesso. Quando os animais de raças tipicamente de andamentos associados conseguem desenvolver algum tipo de andamento marchado e dissociado, eles tendem a desenvolver lesões nos membros locomotores mais precocemente do que os animais naturalmente marchadores. Sendo assim, estudos mais complexos devem ser realizados para que o conhecimento da frequência do alelo DMRT3, CC ou AA, e a importância dos animais alelo DMRT3 CA, possam ser melhor aplicados na seleção das raças CAMP e MM, e assim estimular novas práticas de melhoramento genético e de treinamento nos cavalos marchadores no Brasil. CONCLUSÕES Esse estudo demonstrou que na população analisada das raças CAMP e MM existem a presença do alelo DMRT3 mutante, e que ele apresenta diferenças na sua frequência, não só entre as raças mas também entre os tipos do andamentos que as duas raças apresentam. Também foi demonstrado que há ausência do alelo CC na CAMP, em ambos andamentos, e a do alelo AA na MM nos animais de marcha batida, na população analisada. Por isso, estudos mais detalhados, para se determinar o possível uso da análise do alelo DMRT3 como ferramenta dentro dos programas de melhoramento genético, devem ser realizado pois as diferentes frequências pode ser importantes nas práticas de treinamento físico, específico ou não, que possam ser utilizados nos equinos marchadores com andamento dissociados. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, CAPES e a Guabi Nutrição Animal pelo suporte financeiro a esse projeto, e aos membros do Clube do Cavalo Campolina e do Núcleo dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, ambos do Estado de Pernambuco, pela inestimável ajuda com seus animais. INFORMAÇÃO RELEVANTE Parte desse trabalho, que descreve a presença do alelo DMRT3 mutante nas raças CAMP e MM, foi publicado nos Anais do Congresso Anual da Associação Brasileira de Médicos Veterinários de Equídeos - ABRAVEQ, em Julho de 2014, Campos do Jordão-SP. REFERÊNCIAS ANDERSSON, L.A; LARHAMMAR, M.; MEMIC, F.; WOOTZ, H.; SCHWOCHOW, D.; RUBIN, C-J.; PATRA, K.;, ARNASON, T.; WELLBRING, L.; IMSLAND, G.H.F.; PETERSEN, J.L.; McCUE, M.E.; MICKELSON, J.R.; COTHRAN, G.; AHITUV, N.; ROEPS- TORFF, L.; MIKKO, S.; VALLSTEDT, A.; LINDGREN, G.; LEIF ANDERSSON, L.; KULLANDER, K. Mutations in DMRT3 affect locomotion in horses and spinal circuit function in mice. Nature, 488: 642-646, 2012. DOI:10.1038/nature11399; PATTERSON, L.; STAIGER, E.A.; BROOKS, S.A. DMRT3 is associated with gait type in Mangalarga Marchador horses, but does not control gait ability. Animal Genetics, 46 (2): 213 215, 2015. DOI: 10.1111/age.12273 ; MANSO FILHO, H.C.; COTHRAN, E.G. ; JURAS, R.; MANSO, H.E.C.C.C.; SILVA, N.M.V. ; SILVA, G.B. ; ABREU, J.M.G.; GO- MES FILHO, M.A. Presença do alelo DMRT3 mutante nos cavalos das raças Campolina e Mangalarga Marchador. In: Anais XV Conferência Anual da ABRAVEQ, 2014, Campos do Jordão. XV Conferência Anual da Associação Brasileira dos Médicos Veterinários de Equídeo. São Paulo: ABRAVEQ, 2014. v. XV. p. 102 ; Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015 63

Hélio Cordeiro Manso Filho et al. PROMEROVÁ, M.; ANDERSSON, L.S.; JURAS, R.; PENEDO, M.C.; REISSMANN, M.; TOZAKI, T.; BELLONE, R.; DUNNER, S.; HOŘÍN, P.; IMSLAND, F.; IMSLAND, P.; MIKKO, S.; MODRÝ, D.; ROED, K.H.; SCHWOCHOW, D.; VEGA-PLA, J.L.; MEHRABA- NI-YEGANEH, H.; YOUSEFI-MASHOUF, N.; COTHRAN, G.E.; LINDGREN, G.; ANDERSSON, L. Worldwide frequency distribution of the Gait keeper mutation in the DMRT3 gene. Animal Genetics, 45(2): 274-282, 2014. DOI: 10.1111/age.12120 ; SILVA, F.S.; MELO, S.K.M.; MANSO, H.E.C.C.C.C.; ABREU, J.M.G.; MANSO FILHO, H.C. Heart rate and blood biomarkers in Brazilian gaited horses during a standardized field gaited test. Comparative Exercise Physiology, 10 (2): 105-111, 2014. DOI: 10.3920/ CEP140003 ; MANSO FILHO, H.C.; MANSO, H.C.C.C.C.; McKEEVER, K.H.; DUARTE, S.R.R.; ABREU, J.M.G. Heart rate responses of two breeds of four-gaited horses to a standardised field gaited test. Comparative Exercise Physiology, 8(1): 41-46, 2012. DOI: 10.3920/ CEP11013 ; WANDERLEY, E.W.; MANSO FILHO, H.C.; MANSO, H.E.C.C.C.; SANTIAGO. T.A.; McKEEVER, K.H. Metabolic changes in four beat gaited horses after field marcha simulation. Equine Veterinary Journal, 42 (s38): 105 109, 2010. DOI: 10.1111/j. 2042-3306.2010.00288.x ; PROCÓPIO, A.M.; BERGMANN, J.A.G.; COSTA, M.D. Formação e demografia da raça Campolina. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, 55 (3): 361-365, 2003. DOI: 10.1590/ S0102-09352003000300018; COSTA, M.D.; BERGMANN, J.A.G.; RESENDE, A.S.C.; FONSECA, C.G. Análise temporal da endogamia e do tamanho efetivo da população de eqüinos da raça Mangalarga Marchador. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, 57 (1): 112-119, 2005. DOI:10.1590/S0102-09352005000100015 ; ROUSSET, F. Genepop 007: a complete reimplementation of the Genepop software for Windows and Linux. Molecular Ecology Resources, 8: 103-106, 2008; HOYT, D.F.; TAYLOR, C.R. Gait and energetic locomotion in horses. Nature, 292: 239-240, 1981. DOI: 10.1038/292239a0 ; WICKLER, S.J.; HOYT, D.F.; COGGER, E.A.; McGUIRE, R. The cost of transport in an extended trot. Equine Veterinary Journal, 34: 26-30, 2002. DOI: 10.1111/j.2042-3306.2002.tb05404.x ; JÄDERKVIST, K.; HOLM, N.; IMSLAND, F.; ÁRNASON, T.; AN- DERSSON, L.; ANDERSSON, L.S.; LINDGREN, G. The importance of the DMRT3 Gait keeper mutation on riding traits and gaits in Standardbred and Icelandic horses. Livestock Science. 176: 201533 201539, 2015. DOI: 10.1016/j.livsci.2015.03.025; JÄDERKVIST, K.; JOHANSSON, L.; MYKKÄNEN, A.; MÄENPAÄÄ, M.; ANDERSSON, L.S.; ANDERSSON, L.; ARNASON, T.; LIND- GREN, G. The DMRT3 Gait keeper mutation affects harness racing performance and riding traits in Finnhorses. Journal of Equine Veterinary Science, 35: 398-399, 2015; 64 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 18, n. 1 p. 6-11 - janeiro/abril, 2015