ID:1321 IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE ENFERMEIROS DE CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO RECIFE



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Transcrição:

ID:1321 IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE ENFERMEIROS DE CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO RECIFE Rodrigues Oliveira, Danielle; Lessa Cordeiro, Eliana; Costa Larré, Emanuelli Fernanda; Tavares de França, Mariana Matos Cavalcanti, Manuella Cristine; de Oliveira Moura, Thaís Andréa. Brasil RESUMO Objetivo: Este Trabalho teve como objetivo identificar os fatores de risco para Síndrome de Burnout entre os enfermeiros do Centro de Atenção Psicossocial do Distrito VI, da cidade do Recife. Método: Estudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa, tendo como amostra oito enfermeiros de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS e CAPSad) do Distrito VI, na cidade do Recife. A coleta dos dados ocorreu por meio de um formulário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas, aplicado após os enfermeiros terem assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo realizada no período de outubro a novembro de 2011. Para a análise de dados utilizou-se o micro computador, com o programa Microsoft Office Excel(2003) com os resultados e pesquisa do Hospital da Restauração sob o protocolo do nº de CAAE:2005.0.000.102-11 Resultados: O presente estudo referese à amostra dos profissionais de enfermagem de CAPS do ² distrito VI da cidade do Recife-PE, onde a analise e discussão dos dados foi realizada através de uma pesquisa com avaliação pessoal da população estudada, utilizando-se de um questionário semi-estruturado. Conclusão: Apesar das dificuldades do estudo, como o númerolimitado de trabalhadores, os dados dessa pesquisa evidenciam a necessidade de detectar precocemente os fatores de risco associados ao trabalho que possam gerar a Síndrome de Burnout em alguns indivíduos. Pois as enfermeiras dos CAPS do distrito VI do Recife, embora não estejam acometidas pela síndrome, possuem sintomas característicos da mesma, pois as longas jornadas de trabalho e multiplicidade de funções foram referidos por todas as enfermeiras e que os mecanismos para enfrentamento dos riscos ocupacionais apontadas por elas para prevenir os mesmos foram: menos burocracia, limitação do número de pacientes atendidos,a criação de canais de identificação das necessidades e expectativas do trabalhador, bem como canais de retorno desta avaliação. Descritores: Fatores de risco; CAPS; Burnout. INTRODUÇÃO A Síndrome do Esgotamento Profissional é reconhecidamente a mais importante patologia que envolve os fatores relacionados ao stress no trabalho, é um tipo de resposta prolongada os estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Burnout ou síndrome do esgotamento profissional, publicado por Herbert J. Frendenberg em 1980, tem o sentido de preço que o profissional de saúde paga para sua dedicação ao cuidar de outras pessoas ou de sua luta para alcançar uma realização 1. Portanto é de suma importância o desenvolvimento deste trabalho para a categoria de enfermeiros dos centros de atenção psicossocial, pois visa identificar as condições de trabalho em que esta categoria é exposta diariamente, tais como os estressores: físicos, emocionais e ambientais.

As mudanças tecnológicas, decorrentes da globalização mundial, possibilitaram às empresas o aumento da produtividade e, conseqüentemente, dos lucros, assim como acarretou impactos significativos à saúde do trabalhador, com manifestações nas esferas físicas e psíquicas 2. Esta exposição dos trabalhadores de enfermagem as mudanças tecnológicas e as condições inadequadas de trabalho, vêm provocando agravos à saúde, que podem ser de natureza física ou psicológica, ocasionando transtornos alimentares, de sono, de eliminação fisiológica, fadiga, agravos aos sistemas corporais, diminuição do estado de alerta, estresse, desorganização no meio familiar e neuroses 3. Ao estudar a manifestação do estresse ocupacional entre enfermeiros há uma compreensão de que alguns problemas, tais como a insatisfação profissional, a produtividade do trabalho, o absenteísmo, os acidentes de trabalho e algumas doenças ocupacionais podem levar a patologias ocupacionais e conseqüentemente impossibilitando a ascensão funcional 4. O estresse é uma delas, o organismo ao receber um estímulo, desencadeia uma resposta, como o preparo para fuga ou reação de enfrentamento da situação geradora do mesmo e, de acordo com a vulnerabilidade individual e abrangendo a esfera físico-psico-social, leva a alterações orgânicas e mentais, de uma maneira ampla e diversificada 5. Esta reação decorre da ativação de uma série de eventos em nível bioquímico, iniciados na estrutura do Sistema Nervoso Central (SNC), interagindo com Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e Sistema Límbico desencadeando uma cadeia de reações e com ativação do eixo hipotálamo-hipófise, liberando o hormônio adreno-corticotrópico (ACTH) na corrente sanguínea, estimulando as glândulas supraadrenais, que vão produzir, principalmente, a adrenalina e os corticosteróides, levando o homem a seu estado de alerta, pronto para lutar ou fugir, uma manifestação instintiva, desde os primórdios da humanidade 6. Devido ao fato dessa síndrome e do estresse serem ocasionadas a partir de situações relacionadas ao trabalho, há quem desconsidere suas diferenças. No entanto, embora não haja na literatura um consenso em relação à gênese das mesmas, Burnout não é o mesmo que estresse ocupacional, mas sim, o resultado de um prolongado processo de tentativas de lidar com determinadas condições de estresse 7. Aponta-se para a necessidade de intervenções institucionais de capacitação e apoio para que o profissional possa lidar com os aspectos subjetivos da atividade assistencial, prevenindo-se contra a instalação do Burnout. As alternativas apontadas pelas pesquisas para a prevenção da síndrome foram: menos burocracia, limitação do número de pacientes atendidos, e maior quantidade de formação continuada 8. É necessário ressaltar a importância que, a função daquele que se propõe a cuidar dos cuidadores é a de ajudar o grupo de profissionais a lidar com seus problemas, os quais podem ser de ordem socioeconômica ou emocional, de uma maneira mais construtiva, desenvolvendo condutas éticas de respeito à dignidade dos pacientes e valorização dos colegas. O sofrimento psíquico inerente à atividade dos profissionais de saúde, ao ser cotidianamente compreendido e elaborado pelos seus protagonistas, poderá ser transformado em desenvolvimento pessoal e construção de conhecimentos 9. Por isto este estudo teve a finalidade de identificar os fatores de risco para Síndrome de burnout entre os enfermeiros de Centros de Atenção Psicossocial do Distrito VI da cidade do Recife, para isso foi necessário caracterizar os enfermeiros quanto aos aspectos de risco tais como: a falta de suporte social e familiar, valores e normas culturais, expectativa profissional, sobrecarga profissional, nível educacional, super envolvimento e padrões de personalidade assim como, verificar os mecanismos

utilizados para o enfrentamento dos riscos ocupacionais, realizando assim uma co-relação dos riscos com os mecanismos de enfrentamento para a Síndrome de Burnout pelos enfermeiros que atuam nos CAPS do DSVI do Recife. MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo-exploratório com abordagem quantitativa, realizado em 03 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS, CAPSad e CAPSi) do Distrito Sanitário VI da cidade do Recife, no Estado de Pernambuco, escolhido por prestar assistência a uma demanda psiquiátrico-psicológica de uma determinada região geo-político-cultural, delimitada além de ser de fácil acesso para as autoras. A população é constituída pela totalidade de 08 enfermeiros que prestam assistência nesses Centros de Atenção Psicossocial subdividindo-se em: 04 enfermeiras do CAPS e 04 enfermeiras do CAPSad. A pesquisa é composta por enfermeiros que prestam assistência a pacientes dos referidos CAPS e enquadram-se dentro de critérios como: Trabalharem nos Centro de Atenção Psicossocial há pelo menos 06 meses, e tenham assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, excluindo-se da pesquisa todos os enfermeiros que não se adequarem aos critérios de inclusão. A coleta de dados foi feita no período de Outubro e Novembro de 2011, onde utilizar-se-á um formulário semi-estruturado com 06 perguntas de aspectos subjetivos e 20 perguntas objetivas, contendo um questionário sóciodemográfico que caracterizou os sujeitos da pesquisa incluindo as variáveis: idade, sexo, estado civil, pós-graduação, cargo ocupado, tempo de formação, tempo de trabalho em CAPS e carga horária exercida. Os dados foram analisados utilizando a junção dos questionários para avaliação das informações coletadas de acordo com os objetivos traçados sendo processados em micro - computador, no programa Microsoft Office Excel 2003, considerando os resultados estatisticamente significantes e de confiança. Para isto o trabalho de pesquisa seguiu ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital da Restauração(HR), localizado na cidade do Recife, sendo aprovado pelo nº de CAAE:2005.0.000.102-11.

RESULTADOS Tabela 1: Perfil dos enfermeiros dos CAPS do DS VI da cidade do Recife, em 2011 VARIÁVEIS N = 4 % IDADE 20 30 0 0 31 41 2 50 >42 2 50 ESTADO CIVIL Solteira 0 0 Casada 3 75 Viúva 0 0 Separada 0 0 União Simples 1 25 ESCOLARIDADE Superior 1 25 Pós-Graduação 3 75 Mestrado 0 0 Doutorado 0 0 FILHOS 2 3 75 >3 0 0 Não possui 1 25 N*respostas múltiplas 12 Na tabela 6, verificou-se que como estratégia de prevenção para a síndrome de burnout, as enfermeiras optaram por atividades pessoais como lazer e cuidar dos filhos. Sendo notado com os dados, que o aperfeiçoamento, revelou-se de menor interesse entre as mesmas. Também foi observado que embora todas façam uso de estratégias de coping, nenhuma notou sua utilização diária. DISCUSSÃO Vários estudos têm demonstrado que o Burnout incide principalmente sobre os profissionais de ajuda, que prestam assistência ou são responsáveis pelo desenvolvimento ou cuidado de outros. Existem algumas explicações para a ocorrência desse fenômeno, onde uma delas seria o rápido desenvolvimento tecnológico, a divisão e expansão das especialidades médicas que determinam o ambiente de trabalho como um complexo sistema de divisão deste, com elevada hierarquia de autoridade, com canais formais de comunicação e um grande conjunto de regras e normas para seu funcionamento. Assim, existem neste contexto duas linhas paralelas de autoridade: a administrativa e a profissional, sendo freqüente o surgimento de conflitos devido a diferentes conjuntos de valores 10.

Este confronto, que se repete continuamente, é gerador de ansiedade e estresse, que pode contribuir para a baixa motivação profissional em profissionais da saúde. Observa-se que uma das causas de Burnout nestes profissionais deveseao fato de que grande parte do seu tempo de trabalho é utilizado em contato intenso com outras pessoas, pacientes e seus familiares. Esta relação interpessoal 13 geralmente está acompanhada de sentimentos de tensão, ansiedade, medo e até mesmo de hostilidade encoberta 11. Neste sentido, o presente estudo refere-se a amostra dos profissionais de enfermagem de CAPS do distrito VI da cidade do Recife-PE, onde são representados por 8 enfermeiros. Os pesquisadores encontraram dificuldades na realização da coleta de dados, tendo em vista que 2 dos profissionais desta instituição, estavam de férias, e 2 se negaram a responder o questionário, afirmando não disponibilizar de tempo, obtendo-se o universo da amostra de 50% dos enfermeiros de CAPS do DS VI da cidade do Recife. Diante disto, o objetivo dessa pesquisa foi identificar os fatores de risco para Síndrome de Burnout, entre os enfermeiros dos Centros de Atenção Psicossocial do Distrito VI, da cidade do Recife- PE. Equiparando a tabela 1 com a tabela 2, verificou-se que os profissionais de enfermagem que participaram da pesquisa, foram de totalidade do sexo feminino, onde 75% eram casadas, pósgraduadas, com até 2 filhos e possuindo renda familiar mensal acima de 8 salários mínimos, enquadrando-se em um padrão favorável a estabilidade emocional, em contra partida foi observado que para se manter nesse enquadramento, 75% possuíam 2 vínculos empregatícios e trabalhavam 60 horas, ou mais semanais, o que as expõe aos fatores de risco para a Síndrome de Burnout, pois historicamente as atividades de cuidar dos doentes tem como características próprias: o assistir, higienizar, alimentar, prover dos elementos indispensáveis ao bom desenvolvimento do mesmo, seguindo os padrões da divisão social do trabalho, sempre estiveram ligadas à mulher 12. 14 Ressaltase, que ao analisar a tabela 3, constatouse que 75% dos profissionais de enfermagem apresentam conhecimentos sobre a síndrome, embora apenas 50% reconheçam a presença dos fatores de risco em seu dia-a-dia e também saibam como prevenila. O que reflete uma situação contraditória, já que mesmo conhecendo-a, nem todos sabem como evitála. De acordo com as tabelas 4 e 5, analisou-se que a relação dos fatores que predispõe a ocorrência do Burnout, esta verificada que 75% dos pesquisados sentem-se realizados com o trabalho e possuem autonomia na realização das tarefas, mesmo assim 75% das entrevistadas afirmam reconhecer em seus colegas de trabalho vários sintomas, sendo o estresse citado em 100% dos casos, servindo de alerta como subsídio para que os enfermeiros possam evitar a evolução para seu estado cronificado, caracterizado pelo Burnout e seus sintomas físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos. Vale salientar que uma pessoa não necessariamente precisa apresentar todos estes sintomas para estar acometido pela Síndrome de Burnout, pois muitos deles também são características de estados de estresse, principalmente os sintomas defensivos 13. Burnout tem sido definido como um fenômeno multidirecional, formado por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional. As três dimensões da síndrome são assim definidas pelos autores: Exaustão emocional (EE): ocorre quando o individuo percebe, não possui mais condições de despender a energia que o seu trabalho requer, este estado costuma deixar os profissionais pouco tolerantes e facilmente irritáveis no ambiente de trabalho. Despersonalização (DE): é considerada uma dimensão típica da síndrome 15 de Burnout e um elemento que distingue esta síndrome do estresse. Originalmente apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da carga emocional derivada do contato direto com o outro, devido a isso, desencadeiam-se atitudes

insensíveis em relação às pessoas nas funções que desempenha. Reduzida realização profissional (RRP): ocorre na sensação de insatisfação que a pessoa passa a ter com ela própria e com a execução de seus trabalhos, derivando daí, sentimentos de incompetência e baixa auto-estima 14. Na tabela 6, verificou-se que como estratégia de prevenção para a síndrome de burnout, as enfermeiras optaram por atividades pessoais como lazer e cuidar dos filhos. Sendo notado com os dados, que o aperfeiçoamento, revelou-se de menor interesse entre as mesmas. Também foi observado que embora todas façam uso de estratégias de coping, nenhuma notou sua utilização diária. O trabalho em enfermagem, também aponta para uma situação em que condições insatisfatórias, com excessivo número de tarefas, ritmo desordenado, funcionários mal preparados, falta de material com constante improvisação, são situações que interferem na saúde mental dos trabalhadores e também na qualidade da assistência prestada 15. Os indivíduos que estão neste processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, tanto psicológica quanto fisicamente, eles investem menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é absolutamente necessário e faltam com mais freqüência. Além de trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo desgastado já não está 16 disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade e na quantidade de trabalho produzido é o resultado profissional do desgaste 15. Segundo a OMS, nossa saúde mental tem um impacto opressivo em nossas habilidades para funcionar e participar na sociedade. Temos de começar a colocar mais de nossos recursos a favor da saúde mental, onde para mudanças positivas, as decisões nas instituições têm de ser baseadas em evidências científicas sobre a abordagem e o tratamento que mantenham a saúde mental para, só assim alterarem as políticas de benefícios e os recursos humanos direcionados 16. O contato com o sofrimento, doenças, tristezas, ansiedades e morte é um desafio que exige além do conhecimento, uma série de técnicas e habilidades e preparo emocional para lidar com estas questões 16. Apesar das limitações do estudo, como, o número limitado de trabalhadores, os dados desta investigação evidenciam a necessidade de detectar precocemente os problemas associados ao trabalho que possam gerar a Síndrome de Burnout em alguns indivíduos, bem como instaurar ações preventivas e interventivas, a fim de amenizar o desgaste do trabalhador 15. Portanto é preciso investir tanto nas estratégias organizacionais como nos programas de promoção da saúde entre os profissionais de enfermagem dos CAPS do Distrito Sanitário VI, visando melhorias no ambiente de trabalho, na estrutura dos serviços e adoção de medidas voltadas para o fortalecimento das relações sociais de apoio à equipe. Neste contexto, o profissional de saúde conhecendo as características, conseqüências e estratégias para prevenção da Síndrome de Burnout, poderão ter uma maior satisfação laboral e prestar cuidados com uma melhor qualidade 17. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar das dificuldades do estudo, como o número limitado de trabalhadores, os dados dessa pesquisa evidenciam a necessidade de detectar precocemente os fatores de risco associados ao trabalho que possam gerar a Síndrome de Burnout em alguns indivíduos. Pois as enfermeiras dos CAPS do distrito VI do Recife, embora não estejam acometidos pela síndrome, possuem sintomas característicos da mesma.

Diante das situações consideradas fatores de risco para doenças ocupacionais, a insatisfação profissional, improdutividade do trabalho, absenteísmo, monotonia ou até mesmo a intensidade e ritmo excessivo de trabalho, foram observados e estes a longo prazo podem vir a provocar as patologias ocupacionais e consequentemente impossibilitar a ascensão funcional. As longas jornadas de trabalho e multiplicidade de funções foram referidos em todos as enfermeiras do CAPS do distrito VI. Não havendo relato sobre posições incômodas. Os mecanismos para enfrentamento dos riscos ocupacionais apontadas pelos enfermeiros para prevenir os mesmos foram: menos burocracia, limitação do número de pacientes atendidos, a criação de canais de identificação das necessidades e expectativas do trabalhador, bem como canais de retorno desta avaliação. Diante de situações consideradas de risco, utilizam-se mecanismos psicológicos para reduzir o impacto dos estressores e assim, retornar ao equilíbrio tais estratégias são denominadas estratégias de coping ou de enfrentamento 18. REFERÊNCIAS 1. Grazziano, E.S.; Bianchi, E. R. F. Impacto do stress ocupacional e burnout para enfermeiros. Revista Electrónica Cuatrimestral de Enfermería. n.18, Fev. 2010. 2. Murofuse, N.T.; Abranches, S.S. Napoleão, A.A. - Reflexões sobre estresse e Burnout e a relação com a enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem 13: 255-261, 2005. 3. Barboza DB, Soler ZA. Afastamentos do trabalho na enfermagem: ocorrências com trabalhadores de um hospital de ensino. Rev. Latino-am Enfermagem 2003. 4. Stacciarini JMR, Tróccoli, BT O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev. Latino-am Enfermagem 2001; 9(2):17-25. 5. Stacciarini JMR, Tróccoli, BT O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev. Latino-am Enfermagem 2001; 9(2):17-25. 6. França, A.C.L. & Rodrigues, A.L. Stress e Trabalho. Uma abordagem Psicossomática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 154 p. 7. França, A.C.L. & Rodrigues, A.L. Stress e Trabalho. Uma abordagem Psicossomática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 154 p. 8. Paschoalini, B; et al. A síndrome de Burnout em profissionais de saúde: uma revisão bibliográfica. Rev. Acta Paulista de Enfermagem v. 21, n. 3, p. 487-492, 2008. 9. Kelly, M; et al. A síndrome de Burnout em profissionais de saúde: uma revisão bibliográfica. 10. Benevides-Pereira, A. M. T. Burnout: O processo de adoecer pelo trabalho. In Benevides-Pereira (Org.), Burnout: Quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo (2002).

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