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Transcrição:

Folha de rosto contendo Título do trabalho: PODER JUDICIÁRIO E DESENVOLVIMENTO: aspectos históricos e políticos do funcionamento do Conselho Nacional de Justiça no Brasil Nome do(s) autor(es), endereço eletrônico e filiação institucional: Alisson Droppa, alissondroppa@yahoo.com.br, Doutorando em História Social/UNICAMP Walter Oliveira, waltero@trt4.jus.br, Doutorando em Ciência Política/UFRGS RESUMO: O presente artigo debate o papel do Poder Judiciário no Brasil, na perspectiva de auxílio na formulação da política econômica. A compreensão de que as instituições judiciais são importantes à consolidação da democracia e para o desenvolvimento econômico do país integra a agenda da chamada segunda geração de reformas econômicas. A hipótese do trabalho é que o objetivo central da reforma do sistema judicial brasileiro é de integrá-lo nas reformas de mercado para consolidar a democracia, além de considerar que a adoção da súmula vinculante redefine o conceito de independência do Judiciário, limitando, desse modo, a independência individual dos juízes. As fontes do estudo são os relatórios do Conselho Nacional de Justiça, publicações dos organismos internacionais envolvendo discussões sobre as responsabilidades do Poder Judiciário na concretização de políticas econômicas e os anais do parlamento brasileiro sobre essas mesmas discussões. Palavras-chave: Poder Judiciário; Desenvolvimento; Reformas econômicas; Sumulas Vinculantes ABSTRACT: This article discusses the role of the judiciary in Brazil with a view to aid in the formulation of economic policy. The understanding that judicial institutions are important to the consolidation of democracy and the country's economic development agenda includes the so-called "second generation" economic reforms. The work assumes that the central objective of the reform of the Brazilian judicial system is to integrate it on market reforms to consolidate democracy, and considers that the adoption of binding precedent redefines the concept of judicial independence, limiting thus the independence of individual judges. The sources of the study are the reports of the National Council of Justice, publications of international organizations involving discussions on the responsibilities of the judiciary in the implementation of economic policies and the annals of the Brazilian parliament on these same discussions Keywords: Judiciary; Development; Economic reforms; binding precedent Indicação da Área temática: 8. Direito e Desenvolvimento

PODER JUDICIÁRIO E DESENVOLVIMENTO: aspectos históricos e políticos do funcionamento do Conselho Nacional de Justiça no Brasil Walter Oliveira Doutorando em Ciência Política UFRGS Alisson Droppa Doutorando em História Social UNICAMP I Introdução. O presente artigo debate o papel do Poder Judiciário no Brasil, na perspectiva de auxílio na formulação da política econômica. A compreensão de que as instituições judiciais são importantes à consolidação da democracia e para o desenvolvimento econômico do país integra a agenda da chamada segunda geração de reformas econômicas. Nesse sentido, a reforma do Judiciário é uma dimensão essencial da reforma econômica, que destaca a centralidade das instituições de governança para ancorar reformas orientadas para o mercado, com definição e interpretação dos direitos e garantias sobre a propriedade. No Brasil, esse desafio enfrenta a cultura da não-responsabilização do Judiciário vis-à-vis a sociedade e a política. O problema está na utilização dos meios mais adequados para a imparcialidade do sistema judiciário, que garanta a separação e o equilíbrio de poderes. A Emenda Constitucional n. 45, de 08 de dezembro de 2004, criou e incluiu como órgão do Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça - CNJ composto de quinze membros 1, com competência para o controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. A proposta original era de que houvesse um órgão de controle externo do Judiciário, porém o CNJ não cumpre esse papel porque possui apenas dois integrantes, em tese, que não são membros do Judiciário, do Ministério Público ou da categoria dos advogados. O CNJ adota medidas de gestão como a incorporação de novas tecnologias de informação, padronização e racionalização de procedimentos e de sistemas operacionais, capacitação de pessoal e de desburocratização. O problema é avaliar se essas medidas caracterizam um novo papel para Judiciário. Do ponto de vista dos que defendem um Judiciário comprometido com o desenvolvimento econômico importa em avaliar se ele é eficaz e previsível. Do ponto de vista da sociedade em geral, deve ser ampliado os meios de acesso à justiça, e, conseqüentemente, o sistema de justiça deve ser democrático, rápido, eficiente e transparente. Assim, propõe-se a avaliação dos seguintes elementos: sistema disciplinar, administração judicial, acesso à justiça, criação de mecanismos alternativos de resolução de conflitos, custos dos tribunais, defensoria pública e ensino jurídico. 1 O CNJ é composto por um Ministro do STF, um Ministro do STJ, um Ministro do TST, um desembargador de Tribunal de Justiça, um juiz estadual, um juiz do Tribunal Regional Federal, um juiz federal, um juiz do Tribunal Regional do Trabalho, um juiz do trabalho, um membro do Ministério Público da União, um membro do Ministério Público estadual, dois advogados e dois cidadãos indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 2

Portanto, há uma convergência de interesses para uma reforma do sistema judicial brasileiro, tanto pelo contexto externo da inserção do país no mercado global, quanto pelas próprias demandas da sociedade para uma justiça mais democrática e eficiente. Logo, a reforma do Judiciário integra o processo de redefinição do Estado e suas relações com a sociedade, especificamente para o aumento da eficiência e da equidade na solução dos conflitos. A hipótese de que o objetivo central da reforma do sistema judicial brasileiro é de integrá-lo nas reformas de mercado para consolidar a democracia, pode ser verificada. É importante considerar também que a adoção da súmula vinculante redefine o conceito de independência do Judiciário, limitando, desse modo, a independência individual dos juízes. O incremento da atividade política, decorrente da transição do regime autoritário para o democrático, implica diretamente em maior atividade judicial. Ilustra o fato o acionamento freqüente do Judiciário à resolução de conflitos políticos. Especificamente, quanto a isso, passa a ocorrer com mais amplitude e profundidade o deslocamento de poder do Legislativo para os Tribunais e outras instituições jurídicas, transformando questões políticas em jurídicas, movimento esse que se denomina de judicialização 2. Essa dimensão da judicialização da política não é um fenômeno isolado, porquanto integra o movimento de expansão global do poder judicial 3 em que o Judiciário se apresenta como uma nova arena de deliberação, absorvendo procedimentos políticos para a tomada de decisão judicial. Todavia, a maior parte dos estudos e pesquisas do modo de expansão do poder judicial são adstritos às circunstâncias de sistemas judiciais com matriz na common law, diferentemente do nosso sistema que tem por fonte a preferência da lei 4, ou civil law. II A reforma do Poder Judiciário e a realização da Justiça. A partir do diagnóstico 5 de que o Poder Judiciário era incapaz de assegurar a resolução de conflitos de forma previsível e eficaz, com garantia dos direitos individuais e de propriedade, concluiu-se que a reforma do Judiciário era necessária 2 John Ferejohn no artigo Judicializing Politcs, Politicizing Law (publicado na Hoover Digest 2003, n. 1) observa que esse deslocamento ou transformação do político para o jurídico recebeu o nome de judicialização. 3 C. Neal Tate and Tobjörn Vallinder, The Global Expansion of Judicial Power, New York University Press, 1995, p.2. Tate e Vallinder usam o termo judicialização. 4 Esse padrão norte-americano de expansão do poder judicial desconsidera a realidade de outras matrizes e sistemas, em especial, o da primazia da lei. Nesse sentido a crítica e o contraponto ao entendimento de C. Neal Tate and Tobjörn Vallinder de que In fact there are several factors that support this development, this move toward what all would recognize as the American pattern: the expansion of judicial power, in The Global Expansion of Judicial Power, New York University Press, 1995, p.2. 5 O Documento Técnico 319 do Banco Mundial intitulado O Setor Judiciário na América Latina e Caribe Elementos para Reforma -, apresenta diagnóstico bastante abrangente sobre o Poder Judiciário em vários países dessa região com orientação aos governos para a necessidade de reformas no sistema legal e nas instituições judiciais com a finalidade de adequar essas instituições para um ambiente propício ao comércio, financiamentos e investimentos. 3

para, além de promover o desenvolvimento econômico, redefinir o papel do Estado e as suas relações com a sociedade. A reforma deveria abordar a administração das cortes de justiça, a independência do Poder Judiciário, o treinamento de juízes, a qualificação dos servidores e advogados, a criação de mecanismos alternativos de resolução de conflitos (público e privado) e a ampliação do acesso à justiça. Carlos Santiso, considerando esse paradigma (desenvolvimento econômico a partir de reformas econômicas orientados para o mercado, garantindo os direitos individuais e de propriedade), entende que as duas principais funções do Judiciário em qualquer democracia são a política, relacionada com o sistema republicano do checks and balances e a aplicação da lei na resolução de conflitos. A relação entre instituições legais e desenvolvimento econômico é objeto do movimento Law and Development (L&D) que teve início nos anos 1960 como resultante das atividades de advogados liberais que trabalhavam em agências de desenvolvimento, fundações e em universidades nos Estados Unidos e Europa. Trubek 6 relata que nos anos 1990 o Banco Mundial investiu vários bilhões de dólares em projetos de reformas dos sistemas legais e institucionais de países em processos de transição política e de desenvolvimento econômico, atualizando o movimento L&D para o denominado Rule of Law (ROL), com base em valores como os direitos humanos, dentre outros. O método é o uso do direito como instrumento para o desenvolvimento econômico. Todavia, algumas questões se impõem: qual o desenvolvimento econômico propugnado? Que tipo de Estado de Direito é necessário para esse pretendido desenvolvimento econômico? As possíveis respostas são inferidas a partir das orientações para os países em desenvolvimento ditadas pelo FMI e Banco Mundial. São oferecidos projetos de democracia, de proteção aos direitos domésticos e de desenvolvimento de mercados, com a necessária redefinição do papel do Estado à execução desses projetos. Desse modo, considerada a nova divisão internacional do trabalho, os Estados são chamados a redefinirem as suas instituições nacionais, para uma economia de mercado. A questão da justiça resta subsumida à dimensão da política econômica adotada pelos governos dos países em desenvolvimento. Para Nancy Fraser 7 à realização da justiça são necessários arranjos sociais que permitam que todos participem como pares na vida social e que para superar a injustiça significa remover os obstáculos institucionalizados que impede a participação de sujeitos na interação social. Fraser identifica como um dos obstáculos, a estrutura econômica que impede a plena participação de todos. Destaca, também, que a característica política da injustiça é a falsa representação que se traduz na negativa de participação de alguns no processo de interação social. Classifica essa falsa representação em dois níveis. O primeiro diz 6 TRUBEK, D.M. The Rule of Law in development assistance: past, present and future. In: TRUBEK, D.M & SANTOS, A. The new law and economic development: a critical appraisal. New York: Cambridge Un. Press, 2006. 7 Fraser denomina essa noção da justiça nos limites do Estado nacional como enquadramento Keynesiano-Westfaliano 4

com a questão política dos debates da ciência política sobre os méritos referentes aos sistemas eleitorais alternativos; o segundo diz respeito ao aspecto das fronteiras do político, quando essas fronteiras excluem a possibilidade da participação dos debates autorizados sobre a justiça. Fraser critica o enquadramento da justiça nos marcos do Estado nacional, porquanto a globalização ao incluir na agenda global a questão da justiça permite que se compreenda a justiça não mais restrita aos limites nacionais. Desse modo, o pensar a justiça a partir dos espaços políticos domésticos a isola da crítica e do controle os poderes que estão fora dos limites nacionais, protegendo de modo indevido àqueles Estados violadores dos direitos humanos, por exemplo, ou protegem-se as estruturas de governança da economia global que estabelecem termos e condições abusivos e que se eximem do controle democrático. Para superar esse estado de coisas propõe que se adote o princípio de todos os afetados, ou seja, que estabelece que todos aqueles afetados por uma dada estrutura social ou institucional têm o status moral de sujeitos da justiça com relação a ela. 8 Werneck Vianna et al. 9 entendem que desde o inicio da década de 1990, a partir da crítica ao sistema processual convencional, percebeu-se a incapacidade de o sistema jurídico incorporar os novos personagens e conflitos resultantes das transformações estruturais pelas quais o Brasil tem passado, e com a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9.099, de 26.9.1995) ampliou-se a possibilidade do acesso à justiça e a capacidade do Judiciário intervir institucionalmente na sociedade. Entusiasmados com essa possibilidade do contato dos juízes dos Juizados com a questão social em sua expressão bruta e independente da compreensão que possam ter acerca das suas novas circunstâncias e atribuições, declaram que os Juizados Especiais são o reduto da invenção social e institucional do juiz, e o momento em que o Poder Judiciário torna-se reflexivo. Como se verifica, os debates, argumentos e abordagens são vários e diversos. A onda de reformas dos sistemas legais e judiciais obedece às orientações de uma agenda internacional controlada por poucos países desenvolvidos economicamente por meio de instituições financeiras internacionais (Banco Mundial e o FMI) com vistas a integrar o Judiciário no sistema de governo dos países em desenvolvimento para as reformas de mercado. Para Fraser, a verdadeira justiça está fora dos limites do Estado Nacional. Para Werneck Vianna et al., pode-se mobilizar o 8 Segundo Fraser, Nessa visão, o que transforma um coletivo de pessoas em sujeitos da justiça de uma mesma categoria não é proximidade geográfica, mas sua coimbricação em um enquadramento estrutural ou institucional comum, que estabelece as regras fundantes que governam sua interação social, moldando, assim, suas respectivas possibilidades de vida segundo padrões de vantagens e desvantagens. 9 Werneck Vianna et al. in A Judicialização da Política e das Relações Sociais no Brasil. Ed. Revan. Rio de Janeiro, 1999, p. 155, entendem que nessas novas circunstâncias os juízes são potenciais engenheiros da organização social, papel cujo desempenho dependerá dos nexos que lograrem estabelecer com outras agências da sociedade civil e da sua capacidade como institutional-builders. 5

Judiciário para o exercício de um novo papel na resolução de conflitos coletivos, para a agregação do tecido social e mesmo para a adjudicação da cidadania, realizando desse modo o acesso à justiça. III Reforma do Poder Judiciário brasileiro. Efeitos. Após treze anos de tramitação foi aprovada a EC 45/2004, que criou o Conselho Nacional de Justiça CNJ como órgão do Poder Judiciário e o Conselho Nacional do Ministério Público CNMP. Dentre as inovações da EC 45/2004 destacamse: a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação; a previsão do cumprimento do princípio à ordem jurídica justa, a justiça itinerante e a sua descentralização, a autonomia administrativa, financeira e funcional da Defensoria Pública Estadual, a possibilidade de criação de varas especializadas para a solução de questões agrárias, a constitucionalização dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, a submissão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional (TPI), a federalização de crimes contra os direitos humanos, possibilidade de controle da Magistratura e do Ministério Público, regulação do procedimento de encaminhamento da proposta orçamentária, a criação do requisito da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, criação da súmula vinculante, a limitação dos recursos repetitivos, o princípio da transcendência, e a criação das Escolas Nacionais de Formação de Magistrados. Com essa reforma e a redistribuição de competência, o Supremo Tribunal Federal STF teve redução de cerca de 40% de processos para julgar, ampliando o espaço para o exercício de sua função essencial de ser uma Corte Constitucional. Outro fato relevante é a centralização no CNJ, no Departamento de Acompanhamento Orçamentário, dos dados relativos ao orçamento dos órgãos do Poder Judiciário. No quadro abaixo, pode-se verificar o incremento da participação dos órgãos do Poder Judiciário integrantes do Orçamento Geral da União (OGU) excluído o refinanciamento da dívida mobiliária federal -, e consideradas as despesas com pessoal, correntes, investimentos, inversões financeiras e os precatórios. 6

Da tabela 01 verifica-se também o incremento, ano a ano, da participação percentual do Judiciário no OGU, com exceção do ano de 2006 (com relação ao ano anterior houve decréscimo de 2,59%. Houve acréscimo percentual de 19,12 do período 2009-2005 em relação ao período 2004-2000, após a Reforma o Judiciário. A média da participação do orçamento do Judiciário integrante do OGU no período 2001-2009 foi de 3,88%, e relativamente aos períodos 2009-2006 (média de 4,28%) e 2005-2002 (3,13%), o incremento de um período em relação ao outro foi de 36,74%, evidenciando que a reforma do Judiciário resultou no aumento da participação no OGU. No que diz respeito à despesa com o pessoal, o quadro evidencia que no período 2009-2001 houve decréscimo dessa despesa, em média -0,104%. No período 2009-2006 o acréscimo na despesa com o pessoal foi de 1,33%, enquanto que no período 2005-2002, houve decréscimo de -0,76%. Quanto aos investimentos a média do período 2009-2001 foi de 3,46%. No período 2009-2006 houve decréscimo, em média, de - 7,74%, e no período de 2005-2002, acréscimo, em média, de 13,80%. Como se verifica, após a reforma do Judiciário houve decréscimo com a despesa de pessoal e dos investimentos. Veja a representação no gráfico: 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 2009 Coluna B 1,000 0,500 0,000 EXERCÍCIO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Um dos objetivos da reforma do Judiciário é a de ampliar o acesso à justiça. No projeto de reforma, a questão do acesso à justiça era classificada como direito humano, e um caminho possível à redução da pobreza e da promoção da equidade econômica e social. Nesse sentido, o acesso à justiça consiste em conferir condições 7

para que a população tenha conhecimento dos seus direitos fundamentais (individuais e coletivos) e sociais, com vista a inclusão nos serviços públicos de educação, saúde, segurança, assistência social etc. O CNJ institui vários programas quanto ao tema do acesso à justiça. O Programa Advocacia Voluntária que visa prestar assistência jurídica gratuita tanto aos presos que não têm condições de pagar advogado quanto aos seus familiares. O objetivo do programa é agilizar os processos da justiça e garantir a aplicação do direito às pessoas de baixa renda. As Casas de Justiça e Cidadania consistem na constituição de rede integrada de serviços de assistência jurídica gratuita, informações processuais, audiências de conciliação (pré-processual), emissão de documentos, ações de reinserção de presos e egressos, tendo por objetivo promover a cidadania e a cultura de proteção dos direitos fundamentais, bem como o acesso à cultura e à justiça. O CNJ instituiu, por meio da Resolução 125, a Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesses, com o objetido de solucionar os conflitos por meio de outros mecanismos, principalmente da conciliação e da mediação, além de outros serviços de valorização da cidadania. A criação de juizados especiais constitui em importante meio de acesso à justiça, porque oferece à população a possibilidade da busca de soluções para os seus conflitos cotidianos de forma rápida, eficiente e gratuita. Os Juizados Especiais Cíveis conciliam e julgam ações de menor complexidade, que não excedam quarenta salários mínimos, como as ações de despejo para uso próprio, possessórias sobre bens imóveis, arrendamento rural e de parceria agrícola, de cobrança de condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio, de ressarcimento de danos causados em acidente de veículos etc. Mutirões de Cidadania, com o objetivo de estabelecer medidas concretas para a garantia de direitos fundamentais do cidadão em situação de vulnerabilidade, como à proteção à criança e ao adolescente, ao idoso, aos portadores de necessidades especiais e à mulher vítima da violência doméstica e familiar. A promoção da conciliação junto ao Sistema Financeiro Habitacional, com o objetivo de retorno de recursos financeiros ao FGTS e, consequentemente, novos financiamentos à aquisição da casa própria. No que diz respeito a formação e capacitação de pessoal, o CNJ criou alguns programas como Banco de Tutores do Poder Judiciário, que visa a integração dos Tribunais e Escolas Judiciais, centralizando informações sobre magistrados e servidores que tenham interesse em atuar como tutores e/ou instrutores de cursos presenciais e/ou a distância; o programa CNJ Acadêmico que visa fomentar, coordenar ou desenvolver projetos de pesquisa, eventos e programas de cooperação com instituições nacionais e internacionais para o aprimoramento do sistema judiciário. O CNJ estabelece compromisso e metas do Judiciário com vistas a coordenar e executar a política judiciária nacional. O CNJ, por meio da Corregedoria Nacional de Justiça, criou programas específicos de inspeções e audiências públicas, com o objetivo de melhorar o 8

atendimento judicial, e o resultando dessas inspeções e audiências compõem relatório as deficiências e as boas práticas encontradas, além de recomendações para a melhoria do desempenho. A formação do Cadastro Nacional de Condenados por Improbidade Administrativa é outra medida que possibilita monitorar e combater a corrupção na administração pública brasileira. Incumbe à Corregedoria Nacional de Justiça receber e processar reclamações e denúncias de qualquer pessoa ou entidade com interesse legítimo, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários auxiliares, serventias, órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou sejam por este oficializados (art. 2º, do Regulamento Geral da Corregedoria Nacional de Justiça). A Lei 11.364/2006 criou, no âmbito do CNJ, o Departamento de Pesquisas Judiciárias, com o objetivo de contribuir para a formulação de políticas judiciárias e para a gestão estratégica da Justiça brasileira, na busca da qualidade da prestação jurisdicional e para práticas democráticas em suas próprias estruturas. O DPJ coordena os seguintes projetos: Sistema de Estatísticas do Poder Judiciário, Justiça em Números, Gestão Documental (PRONAME), Gestão Socioambiental e CNJ Acadêmico. A gestão judicial conta ainda com a cooperação técnica do Centro de Estudos de Justiça das Américas (CEJA), que é um organismo intergovernamental com autonomia técnica e operacional, criado em 1999 pela Assembléia Geral da Organização dos estados Americanos (OEA), cuja principal atribuição é o compartilhamento do conhecimento judicial nas Américas e disseminar as boas práticas judiciárias, promover o aperfeiçoamento dos recursos humanos e de outras formas de cooperação técnica, bem como o apoio aos processos de reforma e modernização dos sistemas de justiça na região. O CEJA constitui-se no órgão executor dos projetos de reforma do sistema judicial da América Latina e Caribe dispondo-o (o sistema judicial) como contribuinte à reformas de mercado, com o fundamento de consolidação da democracia na região. IV Considerações finais A Reforma do Judiciário tem o mérito de destacar a importância das instituições judiciais na formulação de políticas públicas e no sistema de governo, principalmente à consolidação da democracia. As propostas de reforma do judiciário oriundas de instituições internacionais e orientadas pela nova divisão internacional do trabalho, desconsideram as necessidades peculiares de cada Estado nacional na medida em que sobrepõem as garantias dos direitos individuais e de propriedade sobre a democracia. Nessa concepção, a consolidação da democracia nos países da América Latina e Caribe decorre do modelo econômico baseado na livre concorrência e na 9

redefinição do papel do Estado como mero regulador do livre jogo das forças que atuam no mercado. No Brasil, a Reforma do Judiciário iniciada com a EC45/2004 introduz na agenda política a redefinição do papel das instituições judiciais nacionais. O CNJ centraliza a formulação e a execução das políticas judiciárias nacionais. Todavia, são poucos os efeitos práticos. Pesquisas têm demonstrado que a população ainda percebe o Judiciário como lento, ineficaz e de difícil acesso. Apesar disso, 57,8% 10 das pessoas recorre ao Judiciário para solucionar situação de conflito. O Judiciário não é um poder monolítico, a sua estrutura e suas decisões não são uniformes, como não é única a visão de mundo dos juízes que o integram: as tensões sociais refletem-se no papel que essa Instituição desempenha, reproduzindo a condensação material de forças presentes na sociedade 11. O estudo busca aprofundando a dinâmica e a complexidade na qual esse poder interage nas relações sociais, econômicas e políticas do país. Vislumbra-se que a tendência de um Judiciário eficaz e previsível, como parece indicar a adoção da súmula vinculante, a limitação dos recursos repetitivos, do princípio da transcendência e da repercussão geral, aproximando-se do paradigma de um Judiciário orientado pelo desenvolvimento econômico, em detrimento de um sistema judicial democrático, célere e passível de ser responsabilizado. As despesas com o pessoal e investimentos tiveram decréscimo após a EC 45/2004, indicando a limitação dos recursos necessários à redefinição do papel do Judiciário como instituição essencial à consolidação da democracia. 10 Pesquisa IBGE/PNAD 2009 Vitimização e Justiça Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/programas/cnj-academico/apres_ibge_amostra2009.pdf 11 NOBRE JÚNIOR, Hildeberto B; KREIN, José Dari; BIAVASCHI, Magda Barros. A formalização dos contratos e as instituições públicas. In: Previdência Social: como incluir os excluídos. Debates Contemporâneos 4. São Paulo: LTr, 2008. 10

V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRASER, Nancy. Reenquadrando a justiça em um mundo globalizado. Lua Nova, São Paulo, n. 77, 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-64452009000200001&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 jul. 2011. doi: 10.1590/S0102-64452009000200001. NOBRE JÚNIOR, Hildeberto B; KREIN, José Dari; BIAVASCHI, Magda Barros. A formalização dos contratos e as instituições públicas. In: Previdência Social: como incluir os excluídos. Debates Contemporâneos 4. São Paulo: LTr, 2008. SANTISO, Carlos. Economic Reform and Judicial Governance in Brazil: Balancing Independence with Accountability. In: GLOPPEN, Siri, GARGARELLA, Roberto & SKAAR, Elin. Democratization and The Judiciary The Accountability Function of Courts in New Democracies. London: Frank Cass Publishers, 2004. TRUBEK, D.M & SANTOS, A. The new law and economic development: a critical appraisal. New York: Cambridge Un. Press, 2006. VIANNA, Luiz Wernneck; CARVALHO, Maria Alice Resende de; MELO, Manuel Palácios Cunha e BURGOS, Marcelo Baumann. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999, 1ª edição. Documento Técnico 319, disponível em http://www.sitraemg.org.br/conheca-odocumento-319-do-banco-mundial/ Pesquisa IBGE/PNAD 2009 Vitimização e Justiça Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/programas/cnjacademico/apres_ibge_amostra2009.pdf 11